"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, março 20, 2014

Como o padrinho faz as regras, de Canberra a Kiev


Com a sua cartola negra e fato coberto de medalhas, Kerr era a corporificação do império. Ele era o vice-rei australiano da Rainha da Inglaterra num país que ainda a reconhece como chefe de estado. Seus deveres eram cerimoniais, mas Whitlam estava inconsciente, ou preferiu ignorar, os antigos laços de Kerr com a inteligência anglo-americana. 

resistir info - 19 mar 2014

O golpe esquecido
por John Pilger

O papel de Washington no putsch fascista contra um governo eleito na Ucrânia surpreenderá apenas aqueles que vêem os noticiários e ignoram o registo histórico. Desde 1945, dúzias de governos, muitos deles democracia, tiveram um destino semelhante, habitualmente com banhos de sangue.
A Nicarágua é um dos mais pobres países sobre a Terra, com menos população do que Gales, mas na década de 1980, sob os reformistas sandinistas, ela foi considerada em Washington como uma "ameaça estratégica". A lógica era simples; se o mais fraco escorregar, estabelecendo um exemplo, quem mais tentaria a sua sorte? 

O grande jogo da dominância não dá imunidade nem mesmo ao mais leal "aliado" dos EUA. Isto é demonstrado por talvez os menos conhecido dos golpes de Washington – na Austrália. A história deste golpe esquecido é uma lição saudável para aqueles governos que acreditam que uma "Ucrânia" ou um "Chile" não podiam lhes acontecer. 

A deferência da Austrália para com os Estados Unidos faz a Grã-Bretanha, em comparação, parecer um traidor. Durante a invasão americana do Vietname – a qual a Austrália implorou para aderir – um responsável em Canberra divulgou uma queixa rara a Washington: que os britânicos sabiam mais acerca dos objectivos estado-unidenses naquela guerra do que os seus camaradas de armas nos antípodas. A resposta foi suave: "Temos de manter os britânicos informados para mantê-los felizes. Vocês estão connosco aconteça o que for". 

Esta declaração foi brutalmente posta de lado em 1972 com a eleição do governo trabalhista de Gough Whitlam. "Embora não considerado como de esquerda, Whitlam – agora com 98 anos – era um social-democrata independente, orgulhoso, proprietário e de extraordinária imaginação política. Ele acreditava que uma potência estrangeira não deveria controlar os recursos do seu país e ditar a sua política económica e externa. Ele propôs "recuperar o controle" e falar com uma voz independente a Londres e Washington. 

No dia seguinte à sua eleição, Whitlam ordenou que a sua equipe não deveria ser "verificada ou perturbada" pela organização de segurança da australiana, ASIO – então, como agora, devedora de favores à inteligência anglo-americana. Quando seus ministros condenaram publicamente a administração Nixon/Kissinger como "corrupta e bárbara", Frank Snepp, um oficial da CIA naquele tempo estacionado em Saigon, disse posteriormente: "Disseram-nos que os australianos podiam muito bem ser encarados como colaboradores dos norte vietnamitas". 

Whitlam quiz saber se e porque a CIA estava a dirigir uma base de espionagem em Pine Gap, próximo de Alice Springs, ostensivamente uma instalação conjunta australiana/americana. Pine Gap é um aspirador de pós gigante o qual, como revelou recentemente o denunciante Edward Snowden, permite aos EUA espiar sobre tudo. Na década de 1979, a maior parte dos australianos não fazia ideia de que este enclave estrangeiro secreto colocava seu país na linha de frente de uma potencial guerra nuclear com a União Soviética. Whitlam sabia claramente o risco pessoal que estava a assumir – como demonstram as minutas de uma reunião com o embaixador dos EUA. "Tente apertar-nos ou fazer-nos saltar", advertiu ele, "[e Pine Gap] tornar-se-á um pomo de discórdia". 

Victor Marchetti, o oficial a CIA havia ajudado a montar Pine Gap, contou-me depois: "Esta ameaça de fechar Pine Gap provocou apoplexia na Casa Branca. As consequências eram inevitáveis ... uma espécie de Chile foi posto em movimento". 

A CIA havia acabado de ajudar o general Pinochet a esmagar o governo democrático de outro reformador, Salvador Allende, no Chile. 

Em 1974, a Casa Branca enviou Marshall Green para Canberra como embaixador. Green era um arrogante, uma figura muito experiente e sinistra no Departamento de Estado que trabalhava nas sombras do "estado profundo" ("deep state") da América. Conhecido como o "mestre do golpe", ele havia desempenhado um papel central no golpe de 1965 contra o presidente Sukarno na Indonésia – o qual custou um milhão de vidas. Um dos seus primeiros discursos na Austrália foi ao Australian Institute of Directors – descrito por um membro alarmado da audiência como "um incitamento aos líderes de negócios do país a levantarem-se contra o governo". 

As mensagens top-secret de Pine Gap eram descodificadas na Califórnia por um empreiteiro da CIA, a TRW. Um dos descodificadores era o jovem Christopher Boyce, um idealista que, perturbado pelo "engano e traição de um aliado", se tornou um denunciante. Boyce revelou que a CIA havia-se infiltrado na elite política e sindical australiana e referia-se ao governador geral da Austrália, sir John Kerr, como "o nosso homem Kerr". 

O governador-geral era um membro entusiasta da Australian Association for Cultural Freedom, descrita por Jonathan Kwitny do Wall Street Journal, no seu livro, The Crimes of Patriots, como uma elite, um grupo em que se entra só por convite ... revelado no Congresso como sendo fundado, financiado e geralmente dirigido pela CIA". A CIA "pagava a viagem de Kerr, construía seu prestígio ... Kerr continuava a ir à CIA por dinheiro". 

Em 1975, Whitlam descobriu que o MI6 britânico desde há muito estava a operar contra o seu governo. "Os britânicos estavam realmente a descodificar mensagens secretas vindas ao meu gabinete de negócios estrangeiros", disse ele posteriormente. Um dos seus ministros, Clyde Cameron, contou-me: "Sabíamos que o MI6 plantava microfones na reuniões do gabinete para os americanos". Em entrevistas na década de 1980 com o jornalista americano de investigação Joseph Trento, responsáveis executivos da CIA revelaram que o "problema Whitlam" fora discutido "com urgência" pelo director da CIA, William Colby, e o chefe do MI6, sir Maurice Oldfield, que foram feitos "arranjos". Um vice-director a CIA disse a Trento: "Kerr fez o que lhe disseram para fazer". 

Em 1975, Whitlam soube de uma lista secreta de pessoal da CIA na Austrália mantida pelo chefe do Australian Defence Department, sir Arthur Tange – um mandarim profundamente conservador com um poder territorial sem precedentes em Canberra. Whitlam pediu para ver a lista. Sobre ela esta o nome, Richard Stallings que, sob cobertura, havia montado Pine Gap como uma instalação provocadora da CIA. Whitlam agora tinha a prova de que estava à procura. 

Em 10 de Novembro de 1975, foi-lhe mostrada uma mensagem telex top secret enviada pelo ASIO em Washington. Esta provinha de Theodore Shackley, chefe da Divisão da Ásia Oriental da CIA e uma das mais infames figuras desovadas pela Agência. Shackley fora chefe da operação da CIA com base em Miami para assassinar Fidel Castro e chefe de estação no Laos e no Vietname. Ele havia recentemente trabalhado no "problema Allende". 

A mensagem de Shackley foi lida a Whitlam. Incrivelmente, ela dizia que o primeiro-ministro da Austrália era um risco de segurança no seu próprio país. 

No dia anterior Kerr havia visitado a sede do Defence Signalas Directorate, o NSA da Austrália cujos laços com Washington eram, e permanecem, estreitos. Ele foi informado sobre a "crise de segurança". Ele pediu então uma linha segura e passou 20 minutos a conversar em voz baixa. 

Em 11 de Novembro – o dia que Whitlam devia informar o Parlamento acerca da presença secreta da CIA na Austrália – foi convocado por Kerr. Invocando a arcaica "reserva de poderes" do vice-rei, Kerr demitiu o primeiro-ministro democraticamente eleito. O problema estava resolvido. 

17/Março/2014O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/2014/03/17/the-forgotten-coup/

Crimeia – mais uma crise produzida artificialmente

Tlaxcala: 19/03/2014


Neil Clark 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu

O ministro russo de Relações Exteriores Sergey Lavrov disse que a crise Ucrânia/Crimeia foi “produzida artificialmente, por motivos puramente geoestratégicos”. Acertou.

Você age à moda do século 19” - MarkusSzy
Áustria
É importante entender que não se trata de caso único, mas apenas de mais uma numa longa sequência de ‘crises’ ou deliberadamente infladas ou artificialmente criadas pelas potências ocidentais, para promover seus próprios interesses geoestratégicos.

O secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha William Hague disse que a Crimeia é (seria) a “maior crise na Europa no século 21”. Mas não é a primeira vez que políticos ocidentais falaram em tons tão alarmistas em anos recentes.

Há exatamente 15 anos, em março de 1999, foi a ‘crise’ do Kosovo – com líderes ocidentais a ‘declarar’ que, a menos que a OTAN empreendesse ação militar urgente, milhares de albaneses kosovares seriam mortos por forças sérvias, as quais, como estávamos sendo ‘informados’, estavam engajadas em brutal guerra de genocídio.

Dia 23/3/1999, o primeiro-ministro britânico Tony Blair disse, na Câmara dos Comuns: “Temos de agir para salvar de uma catástrofe humanitária milhares de homens, mulheres e crianças inocentes, da morte, da barbárie e da limpeza étnica, praticadas por uma ditadura brutal.”[1]

Também foi ‘crise’ artificialmente criada, porque o que acontecia no Kosovo era conflito de baixa intensidade entre forças iugoslavas e combatentes do Exército de Libertação do Kosovo [Kosovo Liberation Army, KLA] apoiados pelo ocidente.

O serviço do KLA era atacar forças iugoslavas, provocar resposta violenta de Belgrado, que pudesse ser usada como pretexto para a intervenção pela OTAN que destruísse um país socialista independente que resistira contra a globalização. Era indispensável criar uma ‘crise’, para justificar a ação militar da OTAN.

Quatro anos depois, foi a ‘crise’ das Armas de Destruição em Massa do Iraque. Era preciso fazer alguma coisa contra armas mortais de Saddam que nos ‘ameaçariam’ mortalmente, todos nós – disseram os líderes ocidentais. Não podíamos esperar, sequer, que os inspetores de armas da ONU concluíssem sua inspeção.

“Se não agirmos agora, voltaremos ao que já aconteceu antes e, claro, a coisa toda recomeça e ele prossegue no desenvolvimento daquelas armas e são armas perigosas, particularmente se caírem em mãos de terroristas que nós sabemos que querem usar aquelas armas se puserem as mãos nelas” – disse Blair.[2]

Dia 28/4/2003, quando ainda não se viam nem sinal de armas de destruição em massa de Saddam, Blair disse: “Antes de começarem a gritar sobre a ausência de Armas de Destruição em Massa, sugiro que esperem um pouco mais.” Já se passaram 11 anos, e ainda estamos esperando.

Na década passada, foi a ‘crise’ nuclear do Irã. Ouvimos repetidamente a elite ocidental a repetir que a República Islâmica estaria desenvolvendo armas nucleares que seriam clara ameaça não só contra o Oriente Médio, mas para o mundo inteiro. Dar conta da ‘ameaça’ nuclear iraniana seria a nossa mais urgente prioridade. Em janeiro de 2011, o secretário britânico de Defesa Liam Fox alertou que o Irã já teria armas nucleares ao final de 2012.

Mas até 2013 já se foi, e o Irã ainda não tem as tais armas nucleares.

Depois, foi a ‘crise’ da Líbia em 2011. Contaram-nos que forças do coronel Gaddafi estariam massacrando gente inocente e estavam a um passo de lançar ataque genocida contra civis em Benghazi. Mais uma vez, teríamos de lidar com mais essa ‘crise’ urgentíssima.

“Simplesmente não podemos parar e deixar um ditador cujo povo o rejeitou matar o próprio povo indiscriminadamente”[3] – declarou o primeiro-ministro David Cameron, vivendo um dos seus grandes dias de Tony Blair.

“Confrontados com essa repressão brutal e a crescente crise humanitária, ordenei que naves de guerra dirijam-se ao Mediterrâneo. Aliados europeus declararam-se dispostos a enviar recursos para deter a matança” – disse o presidente Barack Obama, dia 28/3/2011.[4] Como no caso da ‘crise’ no Kosovo e da ‘crise’ das armas de destruição em massa no Iraque, a resposta ocidental à ‘crise’ na Líbia foi também um ataque militar.

Em agosto de 2013, mais uma ‘crise’ – o ocidente a declarar que o governo sírio teria usado armas químicas mortais contra o próprio povo. Mais uma vez a conversa foi que teríamos de agir com rapidez e firmeza para enfrentar mais aquela ‘crise’. Só a diplomacia russa e a opinião pública nos países ocidentais conseguiram impedir um ataque militar, pelos EUA ou liderado pelos EUA, contra a Síria.

E agora, em março de 2014, a nova ‘crise’ é a ‘invasão’ de Putin na Ucrânia e a ameaça que a Rússia faz contra uma Ucrânia independente e ‘democrática’, embora governada fascistas. E essa, não esquecer, é “a maior crise na Europa no século 21”.
Sem Saída, por Andy Singer, EUA:“Estudos mostram que Ripoffinol cura o câncer e prolonga a vida”
FALSO
Dick Cheney: “Está provado: Iraque envolvido nos ataques de 11/9”
MENTIRA DESCARADA
De fato, nenhum dos eventos acima foi realmente crise alguma – incluindo a Crimeia. Não havia genocídio no Kosovo. O Iraque jamais teve armas de destruição em massa. O Irã não tem programa algum de produção de armas atômicas: foram, todas essas, “Crises Manufaturadas” [Manufactured Crisis]”, para usar o título do novo livro do jornalista-investigador Gareth Porter.[5]

A forças de Gaddafi não estavam massacrando civis na Líbia – nem Gaddafi algum dia ameaçou massacrar civis em Benghazi. As forças líbias faziam lá exatamente o que forças iugoslavas faziam em 1999: combatiam uma guerra contra insurgentes inflados e pagos pelo ocidente.

Na Síria, todas as provas – além da lógica mais elementar – sugerem que foram os rebeldes, não o governo sírio, que lançaram o ataque químico em Ghouta – para tentar conseguir um ataque de intervenção militar por exércitos ocidentais. E, claro, não há nem houve qualquer “invasão” russa na Ucrânia.

Mas – e aqui está o ponto mais importante – as respostas ocidentais a essas ‘crises’ criadas artificialmente, elas, sim, geraram crises reais. A ‘crise’ do Kosovo foi ‘enfrentada’ com 78 dias de bombardeio brutal na Iugoslávia, que destruiu toda a infraestrutura do país e deixou milhares de mortos e feridos; e, porque a OTAN usou bombas de urânio baixo-enriquecido, levou a um pico no número de casos de câncer. Os direitos humanos, sim, também foram gravemente feridos.

“Em nenhum local [na Europa] há tal nível de medo entre tantas minorias, depois que foram atacadas simplesmente pelo que são” – lia-se no relatório sobre o Kosovo, distribuído pelo Minority Rights Group International em 2006.

A ‘crise’ das armas de destruição em massa do Iraque levou à invasão ilegal, da qual o Iraque ainda não se recuperou, nem dá sinais de conseguir recuperar-se ainda por muito tempo – com mais de 1 milhão de mortos e o país assolado por violento conflito sectário. O ano passado foi o mais mortífero no Iraque desde 2008, com mais de 7 mil mortos. Em 2002-3 os neoconservadores não paravam de falar da ‘crise’ das armas de destruição em massa no Iraque e de como seria necessária ação urgente. Agora, que a crise é real no Iraque, estão calados.

A ‘crise’ nuclear iraniana levou a sanções draconianas impostas ao país – o que levou o povo iraniano a ter de enfrentar dificuldades extremas – (como noticiado por Russia Today) e a aumento acentuado no preço do petróleo também para a Europa, exatamente algo de que não precisávamos em tempos de forte recessão. Milhões de pessoas sofreram desnecessariamente por causa de medidas tomadas para enfrentar uma ‘crise’ que, para começar, nunca existiu.

A ‘crise’ líbia de 2011 levou a um assalto brutal, pela OTAN, contra o país, que provocou milhares de mortes; a agora a Líbia, como o Irã, é país destroçado, ainda afligido por vasto conflito. Também nesse caso, os que não paravam de falar sobre uma “crise humanitária” na Líbia em 2011 mantêm-se hoje estranhamente silenciosos.

A ‘crise’ gerada por um ataque de armas químicas que jamais aconteceu quase levou à eclosão de grande guerra regional e, pode-se supor, teria levado a uma 3ª Guerra Mundial, mas, na sua obsessão por derrubar o governo Baathista, o ocidente e seus aliados regionais ainda apoiam os rebeldes violentos e, assim prolongam o sofrimento da guerra para milhões de sírios.

Agora, outra vez estão em ação os inventores seriais de ‘crises, dessa vez tentando convencer-nos de que um referendo na Crimeia e a possibilidade de que a Crimeia, cuja população é formada de quase 60% de russos étnicos, volte à Rússia, seria uma grave ‘crise’.

E mais uma vez os passos que nos propõem – sanções contra a Rússia – só levarão a mais crises e a crises mais graves que a ‘crise’ inventada: as sanções serão desastrosas para as economias ocidentais, especialmente para as economias europeias.

Ao mesmo tempo em que as elites ocidentais esperam que percamos o sono por causa de crises artificialmente criadas, como a da Crimeia, as verdadeiras crises, as crises reais que afetam a vida de milhões de pessoas comuns no ocidente e por todo o mundo são ignoradas por aquelas mesmas elites. O aquecimento global. O número recorde de desemprego entre os jovens. A distância sempre crescente entre ricos e pobres. A queda rápida no padrão de vida das pessoas comuns em todo o ocidente. Essas são as crises que governos seriamente democráticos deveriam estar enfrentando. Em vez de enfrentá-las, a elite ocidental prefere inventar crises novas.

A história recente ensina que sempre que governos ocidentais e a empresa-imprensa que sempre lhes é servil só fazem falar de uma ‘crise’ internacional e alertar que “algo tem de ser feito”, o melhor a fazer é nada. Absolutamente nada.

Concentremo-nos em enfrentar as crises reais – a destruição do meio ambiente, o crescimento da pobreza, da desigualdade e do desemprego. E não nos deixemos enganar pelas ‘crises’ artificiais, em direção às quais as elites ocidentais tentam desviar nossa atenção.
Notas


(esq) “Verdades desagradáveis”
(dir.) “Mentiras confortadoras”
Scott Chambers, EUA

Neoconservadores atravessaram a tempestade

Tlaxcala: 17/03/2014



Robert Parry 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu

Em meados da década passada, nuvens de tempestade acumulavam-se sobre os neoconservadores usamericanos: a ‘mudança de regime’ que tentaram n Iraque era um desastre; a “Missão Cumprida” do presidente George W. Bush era piada que se ouvia pelas ruas; a imprensa começava a publicar opiniões sobre o “lado obscuro” da atuação deles na “guerra ao terror”; e o público estava farto de sangue e dinheiro desperdiçados.
Seria de esperar que os neoconservadores tivessem sido banidos para os confins mais distantes da política usamericana, para tão longe que não se ouviria outra vez falar deles. Pois nada disso. Em vez de sumir, os neoconservadores provaram que são capazes de permanecer no poder e, agora, reemergem como arquitetos da estratégia dos EUA para a Ucrânia.

Os neoconservadores trabalharam nas coxias e instigaram o golpe de 22 de fevereiro que derrubou presidente democraticamente eleito, com a ajuda de milícias neofascistas; os neoconservadores arrrastaram a Washington oficial para um frenesi de apoio bipartidário ao governo do golpe; e agora trabalham a favor de uma nova Guerra Fria, caso o povo da Crimeia decida separar-se da Ucrânia e unir-se à Rússia.

Há algumas semanas, a maioria dos usamericanos sequer havia ouvido falar de Ucrânia e muito menos sabia que a Crimeia fosse parte da Ucrânia. Mas, de repente, o Congresso dos EUA, normalmente sempre obcecado com o déficit, já está mandando bilhões de dólares para ajudar o golpe em Kiev, como se o futuro da Ucrânia fosse a questão mais importante que o povo usamericano tivesse de enfrentar.

Até jornalistas e comentaristas que de início resistiram ao estouro da manada comandado pelos neoconservadores já se ‘alinharam’, aparentemente por medo de serem rotulados como “apologistas” do presidente Vladimir Putin da Rússia. De fato, já é quase impossível encontrar político ou ‘especialista’ midiático que não se tenha alinhado ao lado dos neoconservadores em sua posição de beligerância na questão da Ucrânia.

Pois os céus parecem ainda mais abertos para eles. Os neoconservadores podem esperar, que aparecerão ainda mais poderosos, à medida que o presidente Barack Obama vá se tornando ‘pato manco’ e, com ele, também suas iniciativas diplomáticas para a Síria e para o Irã (em parte porque a crise da Síria distanciou muito os presidentes Obama e Putin), e a Democrata (mas com clara tendência neoconservadora) Hillary Clinton já conseguiu espantar, de medo, qualquer oposição de peso à sua indicação como candidata à presidência para 2016, e até seus rivais Republicanos já se beneficiam das bênçãos dos neoconservadores.


Proeminente intelectual neoconservador Robert Kagan, filho de Donald Kagan, um historiador nascido na Lituânia e um dos signatários originais da Declaração de Princípios de 1997 do think tank neoconservador  Projeto pelo Novo Século Americano, irmão de Frederick Kagan, estudioso do American Enterprise Institute, e marido de Victoria Nuland, Secretária de Estado adjunta dos EUA para Assuntos Europeus e da Eurásia. Foto: 
Mariusz Kubik
De fato, essa virada surpreendente dificilmente seria prevista, depois que os neoconservadores arrastaram os EUA para a catastrófica guerra no Iraque e aquele horrível morticínio, que incluiu a morte e a incapacitação de dezenas de milhares de soldados usamericanos e o desperdício de talvez $1 trilhão de dólares dos contribuintes usamericanos.

Na eleição de 2006 para o Congresso, os candidatos do “Velho Grande Partido” [orig. Grand Old PartyGOP (os Republicanos)] levaram uma surra, porque Bush e os Republicanos estavam associados, muitos deles, com os neoconservadores. Na eleição de 2008, a senadora Hillary Clinton, neoconservadorista, que havia votado a favor da Guerra do Iraque, perdeu a indicação como candidata Democrata para o senador Barack Obama, que se opusera à invasão do Iraque. Na sequência, na eleição geral, Obama derrotou o porta-estandarte dos neoconservadores, John McCain, e chegou à Casa Branca.

Naquele momento, parecia que os neoconservadores enfrentavam sérios problemas. De fato, vários deles tiveram de limpar as gavetas de deixar o governo, para procurar emprego em think tanks, institutos ou fundações e em outras organizações não governamentais (ONGs) amigas de neoconservadores.

Ainda mais significativo: a grande estratégia neoconservadora parecia ter caído em descrédito. Muitos usamericanos viam o sonho dos neoconservadores, de mais ‘mudança de regime’ no Oriente Médio – em países que se opunham a Israel, principalmente Síria e Irã –, como nada além de um pesadelo sem fim de morte e destruição.

Depois de assumir o governo, o presidente Obama falou a favor do fim das guerras de Bush e de os usamericanos cuidarem melhor de “construir a nação em casa”. O grande público pareceu concordar. Até alguns Republicanos de direita estavam começando a repensar a defesa que os neoconservadores faziam de um Império usamericano, e a reconhecer o impacto devastador daquele projeto sobre a República usamericana.
O revide
Mas os neoconservadores de modo algum estavam derrotados. Eles se haviam posicionado muito espertamente.

Ainda controlavam as operações pagas pelo governo usamericano, como o Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)]; ainda mantinham posições proeminentes nos think-tanks, institutos e fundações, do Instituto da Empresa usamericana [orig.American Enterprise Institute for Public Policy Research] ao Conselho de Relações Exteriores [orig. Council on Foreign Relations] e à Brookings Institution; tinham aliados poderosos no Congresso, como os senadores McCain, Lindsey Graham e Joe Lieberman; e dominavam todos os programas de entrevistas e ‘análises’ da televisão comercial e as colunas assinadas em jornais da imprensa-empresa, especialmente no Washington Post, o jornal da capital.

Desde o final dos anos 1970s e início dos 1980s, quando pela primeira vez emergiram como força notável em Washington, os neoconservadores tornaram-se “fonte interna”. Eram, simultaneamente, admirados e temidos por sua ferocidade discursiva, mas – mais importante para sua sobrevivência de longo prazo – haviam assegurado livre acesso ao dinheiro do governo, inclusive ao dinheiro grosso do Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)], cujo orçamento passou a ser superior a $100 milhões durante os anos Bush.

O Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)], fundado em 1983, é mais conhecido por investir na “construção da democracia” em outros países (quer dizer: em campanhas de desestabilização estilo CIA, conforme o ponto de vista do leitor), mas grande parte do dinheiro do Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)] vai, na realidade, para ONGs em Washington, o que implica que viraram linha de sobrevivência para operadores neoconservadores que se viram ameaçados de desemprego com a chegada de Obama.

Enquanto defensores ideológicos de outros movimentos fracassados tiveram de voltar para casa ou mudar de profissão, os neoconservadores encontraram meios financeiros de sobrevivência (do Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)] e de outras muitas fontes), e o barco de propaganda ideológica deles pôde atravessar os dias de mau tempo.

E, apesar da oposição de Obama à obsessão dos neoconservadores com guerras sem fim, ele não os excluiu de seu governo. Neoconservadores que se haviam implantado fundo no governo dos EUA como “funcionários civis” ou “oficiais de carreira do serviço diplomático” permaneceram como “força de retaguarda”, procurando novos aliados e aproveitando o tempo.

Obama criou esse problema de “força de retaguarda” com a fatídica decisão, tomada em novembro de 2008, de encampar a tendenciosa ideia de “uma equipe de rivais”, que incluiu manter o agente Republicano (e aliado dos neoconservadores) Robert Gates no Departamento de Defesa, e pôr a Democrata-mas-com-tendências-a-falcão-Republicano Hillary Clinton, também aliada dos neoconservadores, no Departamento de Estado. Os neoconservadores, provavelmente, quase nem acreditaram na própria sorte!
De volta às boas graças do poder
Longe de terem sido marginalizados e afastados – como com certeza mereciam ser, depois do fiasco da Guerra do Iraque – neoconservadores chaves continuaram a ser alvo da mais alta e distinta consideração. Como se lê em suas memórias Duty, Gates deixou que o teórico militarista neoconservador Frederick Kagan o persuadisse a apoiar a “avançada” de mais 30 mil soldados usamericanos, enviados para a Guerra do Afeganistão, em 2009.

Gates escreveu que “uma importante estação do meu ‘pilgrim’s progress[1] do ceticismo até o apoio a enviar mais soldados para o Afeganistão, foi um ensaio do historiador Fred Kagan, que me enviou um rascunho antes de o ensaio ser publicado.”

O secretário da Defesa, na sequência, colaborou com remanescentes do alto comando de Bush, inclusive com o general favorito dos neoconservadores, David Petraeus, e com a secretária de Estado Clinton, para empurrar Obama para cordas políticas, nas quais ele sentiu que não teria escolha senão acolher a recomendação dos dois para a “avançada”.

Obama, como se sabe, arrependeu-se da decisão quase imediatamente depois de tomá-la. A “avançada” afegã, como, antes, a “avançada” na Guerra do Iraque, custou a vida de mais mil e tantos soldados usamericanos, mas, feitas as contas, nada mudou na direção estratégica da guerra.

No Departamento de Estado de Clinton, outros neoconservadores foram postos em cargos influentes. O irmão de Frederick Kagan, Robert, neoconservador do governo Reagan e cofundador do projeto neoconservador Projeto para um Novo Século Norte-Americano [orig. Project for the New American Century], foi nomeado conselheiro do Foreign Affairs Policy Board. E a secretária Clinton também nomeou a esposa de Robert Kagan, Victoria Nuland, ao cargo de porta-voz do Departamento de Estado.

Embora a tal “equipe de rivais” de Obama tenha na sequência deixado a cena (Gates, em meados de 2011; Petraeus num escândalo sexual no final de 2012; e Clinton no início de 2013), todos esses três garantiram aos conservadores tempo crucialmente importante para respirar, reagrupar-se e se reorganizar. Assim, quando o senador John Kerry substituiu Clinton como secretário de Estado (com a considerável ajuda de seu amigo neoconservador John McCain), os neoconservadores do Departamento de Estado estavam outra vez posicionados para retorno com muito poder.

Nuland foi promovida a secretária de Estado assistente para Assuntos Europeus, e assumiu como missão principal derrubar o governo da Ucrânia, que se tornara alvo preferencial dos neoconservadore porque mantém laços próximos com a Rússia, cujo presidente Putin estava dificultando as estratégias de ‘mudança de regime’ dos neoconservadores na área que eles mais valorizam, o Oriente Médio. Pior ainda: Putin estava ajudando Obama a evitar guerras na Síria e no Irã.

Assim, como o presidente do Fundo Nacional para a Democracia [orig. National Endowment for Democracy (NED)] Carl Gershman escreveu no Washington Post em setembro de 2013,[2] a Ucrânia tornou-se “o maior prêmio”; mas acrescentou que alvo ainda mais sumarento, além da Ucrânia, era Putin, o qual, Gershman acrescentou, “pode descobrir-se no lado perdedor, não na região próxima, mas dentro da própria Rússia.”

Em outras palavras, o objetivo final no jogo da Ucrânia não é só ‘mudança de regime’ em Kiev, mas ‘mudança de regime’ em Moscou. Se conseguir livrar-se de Putin, homem de pensamento independente e vontade firme, os neoconservadores, ao que parece, deliram com conseguir pôr um de seus delegados (talvez uma versão russa de Ahmed Chalabi) no Kremlin.

Isso feito, então os neoconservadores poderão avançar, sem impecilhos, na direção de seu plano original de ‘mudança de regime’ no Oriente Médio, com guerras contra a Síria e o Irã.

Fato tão perigoso – e ensandecido – como essa visão dos neoconservadores (que levanta o espectro de possível confronto nuclear entre EUA e Rússia), os neoconservadores parecem estar claramente de volta ao controle da política exterior dos EUA. E em posição na qual quase não podem perder, se se consideram os seus exclusivos interesses, tome a crise da Ucrânia o rumo que tomar.

Se Putin recuar ante os ‘ultimatos’ dos EUA sobre Ucrânia e Crimeia, os neoconservadores poderão bater no peito e declarar que os mesmos ultimatos devem ser feitos aos outros alvos dos neoconservadores, i.e. Síria e Irã. E se esses países não se submeterem, não haverá escolha, além de deixar que os EUA ponham-se a bombardeá-los, com mais “choque e pavor”.

Por outro lado, se Putin não recuar e a Crimeia decidir separar-se da Ucrânia e voltar a ser parte da Rússia (país com o qual a Crimeia mantém laços antigos, desde os 1700s de Catarina a Grande), nesse caso os neoconservadores surfarão a onda do ultraje da Washingto oficial, e exigirá que Obama extinga qualquer via para qualquer futura cooperação com Putin – o que deixará aberta a via para os EUA escalarem no confronto com Síria e Irã.

Ainda que Obama consiga se manter à tona, e contorne as exigências dos neoconservadores por mais dois anos, sua estratégia conciliatória, de colaboração com Putin para resolver as questões com Síria e Irã estará já morta, ao final de seu mandato. Os neoconservadores bem podem esperar que suas próprias velas voltem a inflar-se, quando, seja uma Hillary Clinton presidente, seja algum outro Republicano (que precisará do apoio dos neoconservadores) chegue à Casa Branca em 2017.

Mas os neoconservadores já podem começar a comemorar. Conseguiram atravessar a tempestade.
NTs
[1] Referência a The Pilgrim's Progress from This World to That Which Is to Come; Delivered under the Similitude of a Dream [O Avanço do Peregrino, desse mundo até o próximo; Apresentado sob a forma de um sonho] é uma alegoria cristã do caminho de vida do cristão, escrita por John Bunyan e publicada em 1678. A teologia protestante explícita de The Pilgrim's Progress tornou-o muito popular. Em 2004 e 2008, um espetáculo musical (letras e músicas de Kenneth Wright), foi apresentado no LifeHouse Theater, em Redlands, California [com informações de wikipedia].

EUA e Rússia concordam em deixar rolar a bola na Ucrânia

Tlaxcala: 17/03/2014

MK Bhadrakumar 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu

Conforme já escrevi no postado de ontem– e diferente do que a imprensa-empresa está informando (que a reunião de cinco horas entre os ministros de Relações Exteriores da Rússia e dos EUA em Londres na 5ª-feira teria fracassado) – os dois diplomatas, sim, abriram uma via para negociações sérias.
Mural fresco em Sevastopol: Putin salvando o povo da Ucrânia
O entendimento alcançado na reunião de Londres parece ser que o referendo na Crimeia prosseguirá, mas a Rússia adiará a decisão de responder ao resultado do referendo; e que Moscou e Washington manterão as consultas.

Por sua vez, os EUA e seus aliados podem vir a impor sanções contra a Rússia, além das sanções apenas cosméticas anunciadas antes.

Significativamente, foi o secretário de Estado dos EUA John Kerry quem telefonou ao ministro russo de Relações Exteriores Sergey Lavrov, no sábado. Isso apesar de já se saber que o referendo na Crimeia seria, sim, realizado no domingo, e da alta probabilidade de que o povo escolha unir-se à Rússia.

Já estava claro, de fato, desde quando Kerry informou o presidente Obama sobre o andamento dos entendimentos em Londres e retornou para retomar a conversação com Lavrov.

O Ministério de Relações Exteriores em Moscou revelou: “Lavrov e Kerry concordaram em manter os contatos em busca de solução para a situação na Ucrânia, com reforma constitucional a ser feita o mais depressa possível, acompanhada pela comunidade internacional de forma aceitável para todos, com o devido respeito aos interesses de todas as regiões da Ucrânia.”

Sim, é importante passo adiante e bem obviamente foi ideia que Obama já adiantara. De fato, a ideia pode ser que se deve encontrar meio pelo qual as reformas constitucionais na Ucrânia respeitem também os interesses vitais da Rússia.

O pensamento parece ser fixar fundamentos constitucionais que assegurem que o governo em Kiev não poderá impor decisões inaceitáveis para a Crimeia ou outras regiões do campo russo. Significa que nenhum maioritarismo pode prevalecer numa sociedade multicultural como é a Ucrânia.

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia falou de um papel a ser desempenhado pela comunidade internacional “de forma aceitável para todos” – o que significa que a Rússia poderia estar diretamente envolvida de algum modo em qualquer processo que leve a mudanças constitucionais na Ucrânia.

A declaração do Ministério de Relações Exteriores da Rússia também dava a impressão de que Washington está sensível à profunda ansiedade que se vê em Moscou, ante a ascensão ao poder de grupos ucranianos ultranacionalistas.

Lavrov procurou a intervenção de Washington junto às autoridades em Kiev para pôr sob controle aqueles grupos radicais; e Kerry, parece, respondeu que os EUA estavam agindo e seus esforços dariam resultado. Lavrov e Kerry concordaram em manter futuros “encontros de trabalho” sobre a Ucrânia.

Notícias de Kiev sugerem que foi aberto o acesso a bases militares ucranianas e a instalações na Crimeia, para reabastecimento de suprimentos ao pessoal, nos dois casos. Deve-se pressupor que os ministros da Defesa de Rússia e Ucrânia estiveram em contato. Se foi assim, é mais um sinal de que as previsões catastrofistas da imprensa-empresa sobre as conversações de Londres e as recriminações retóricas estão comprovadamente erradas. 

quarta-feira, março 19, 2014

Direitos telefônicos bloqueados

Idec - 11 março 2014


Pesquisa do Idec aponta que as empresas ainda não fornecem informações adequadas aos consumidores de celulares pré-pagos e ainda cobram mais de quem prefere validades maiores, apesar do preço por minuto ser muito mais caro do que nos planos pós.
 
Esse levantamento faz parte da mobilização do Idec, em conjunto com a Consumers International, que este ano tem como mote de campanha para o Dia Mundial do Consumidor os direitos dos consumidores na telefonia: “Telefônicas: desbloqueiem nossos direitos”.
 
O número de linhas da telefonia móvel tem aumentado vertiginosamente desde que o celular chegou ao território brasileiro. Em janeiro deste ano, já eram 272.353.241, de acordo com dados da consultoria Teleco. Destas, 212.293.343 (77,95%) são pré-pagas. Considerando a popularidade dessa modalidade e que o tema escolhido pela Consumers International (CI) para o próximo Dia Mundial do Consumidor - comemorado em 15 de março - é “Telefônica: Desbloqueiem nossos direitos”, o Idec fez uma pesquisa para avaliar o serviço prestado aos usuários de chips pré-pagos das quatro maiores operadoras do país: Claro, OI, TIM e Vivo. 
 
Como foi feita a pesquisa
 
A pesquisa, realizada entre janeiro e fevereiro, com recursos do projeto da Fundação Ford, teve como objetivo avaliar o serviço prestado pelas quatro maiores operadoras que atuam no país – Claro, OI, TIM e Vivo – aos usuários de celulares pré-pagos.
 
Os chips foram comprados em postos alternativos (banca de jornal e loja C&A) para avaliar se os funcionários desses estabelecimentos fornecem ao consumidor informações sobre o produto que ele está adquirindo.
 
Numa segunda etapa, avaliamos se as operadoras oferecem créditos com validade de 90 e 180 dias, obrigatórios de acordo com o regulamento do setor. Verificamos ainda o serviço de consulta de saldo; se o prazo para envio do relatório detalhado de chamadas é cumprido, assim como se ele apresenta todas as informações estabelecidas pelo regulamento; e se é possível transferir os créditos não utilizados para outra operadora em caso de portabilidade, assim como receber o dinheiro pago por eles de volta em caso de cancelamento.
 
Também verificamos, no site das empresas, os preços dos minutos nos planos pré-pagos, assim como as mensalidades e tarifas excedentes nos planos pós-pagos mais baratos de cada uma. 
 
Os resultados você confere a seguir:
 
  1. Operadoras não cumprem o direito à informação dos consumidores
  2. Operadoras informam prazos de validade e preços diferentes no SAC e site 
  3. As ligações pré-pagas são mais caras
  4. Nem sempre as empresas informam o saldo disponível para ligações
  5. Relatório de chamadas não chega no prazo estipulado por regulação
  6. Somente a Claro permite a portabilidade de crédito e nenhuma devolve o valor em caso de cancelamento, segundo informações do SAC

Confira a resposta das empresas aos resultados da pesquisa:
Oi -  a empresa não respondeu até o fechamento da matéria

"Mais celulares, mas quantos direitos?" - Artigo da advogada do Idec Veridiana Alimonti, responsável pela pesquisa

 Entrega de contrato na compra do chipInformações do site coincidem com o SACCumprem prazo de 48 horas para o envio de relatório de chamadasPortabilidade de créditosDevolvem o valor dos créditos em caso de cancelamento
Claro
Oi
TIM
Vivo

domingo, março 16, 2014

Ukraine: vers un plébiscite pour l'union de la Crimée à la Russie

Publié le 16-03-2014 Modifié le 16-03-2014 à 21:06

par RFI

mediaDes partisans criméens du rattachement à la Russie. Place centrale de Simferopol, le 16 mars 2014.REUTERS/Thomas Peter

Ils ont été nombreux à voter au référendum sur le rattachement de leur région à la Fédération russe : plus de 80%, selon l'agence de presse russe Interfax. Et c'est un plébiscite, si l'on en croit une autre agence de presse russe, RIA, qui s'appuie sur un sondage de sortie des urnes réalisé par l'institut criméen de recherche politique et sociale. Selon ce sondage, 93% des électeurs de Crimée se sont prononcés pour l'union à la Russie. Le Premier ministre criméen annonce que le rattachement sera officiellement demandé ce lundi.

Plus de 80% de participation, 93% d'électeurs favorables à l'intégration de la Crimée à la Russie. Telles sont les premières estimations du scrutin référendaire tant décrié organisé en Crimée. De quoi ravir les plusieurs milliers de pro-russes, qui s'étaient rassemblés sur la place centrale de Simferopol en début de soirée, devant l'estrade installée depuis une semaine par les autorités séparatistes de la péninsule.

Peu avant l'annonce des premières estimations, sur la scène, des groupes de danse folklorique ont succédé aux orateurs chargés d'annoncer au fil de la soirée les résultats, a relaté notre envoyé spécial sur place, Daniel Vallot. Dans la foule : une véritable forêt de drapeaux russes et criméens étendus sous la statue de Lénine et devant le siège des autorités locales. Mais aussi des slogans favorables à la Fédération russe, à Vladimir Poutine. A l'annonce du premier sondage, les gens se sont mis à faire la fête. Idem à Sébastopol.

→ À (RE)LIRE : « La Crimée a tout à gagner en se tournant vers la Russie »

Vladimir, pro-Russe croisé sur la place Lénine de Simferopol16/03/2014 - par Daniel Vallot

Écouter

Sergueï Axionov, le dirigeant séparatiste qui s'est emparé du pouvoir il y a deux semaines, et qui a mené à son terme ce référendum - qualifié d'illégal par l'Ukraine, par les Etats-Unis et en Europe -, est lui aussi célébré par la foule ce dimanche soir. Après l'annonce des premières estimations, il s'est réjoui du choix « historique » opéré par les habitants de la péninsule. Et d'annoncer que la Crimée demandera officiellement son rattachement à la Russie lundi.

Aux Etat-Unis, la Maison Blanche « rejette » le scrutin et prévient que la Russie devra assumer un « coût accru » pour son intervention militaire, considérée à Washington comme une violation du droit international. Le scrutin s'est déroulé en présence de troupes russes, qui contrôlent la région depuis deux semaines aux côtés de milices séparatistes. Avant même l'annonce des premières tendances, le drapeau de la Russie surplombait déjà les bâtiments officiels de Sébastopol, port d'attache historique de la flotte russe en Crimée.

→ À (RE)LIRE : Chez les Tatars de Simferopol, l'abstention

Natalia, pro-Russe, a voté à Simferopol ce dimanche16/03/2014 - par Daniel Vallot Écouter

La communauté russophone s'est fortement mobilisée. Quant aux adversaires au rattachement à la Russie, qu'il s'agisse des Tatars et des habitants de souche ukrainienne, ils ont fait profil bas. Aucun rassemblement n'a été organisé durant cette journée de vote, qui s'est déroulée sans incident majeur. Les partisans de l'Ukraine avaient appelé au boycott du référendum, le qualifiant d'illégal. A l'avance, ils estimaient que les résultats en seraient falsifiés.

Mais qu'à cela ne tienne, l'issue de ce bras de fer est scrutée avec la plus grande attention dans les autres régions ukrainiennes. A l'issue d'une manifestation en faveur du rattachement à la Russie, tenue ce dimanche 16 mars sous les averses de pluie et de neige, des manifestants pro-russes ont pénétré dans les sièges du parquet et des services spéciaux à Donetsk, une ville russophone de l'est du pays.

→ À (RE)LIRE : L’est de l’Ukraine tourné vers le référendum en Crimée

Comme le rapporte notre envoyé spécial sur place, Laurent Geslin, les pro-Russes de Donetsk entendaient compter leurs forces et réclamer la libération de Pavlo Goubarev, l'homme qui s'est auto-proclamé gouverneur de la région et revendiquait le droit à un vote pour un rattachement à la Russie - avant d'être arrêté le 6 mars dernier. Mais seules quelques milliers de personnes se sont rassemblées place Lénine, dans le centre de la capitale du Donbass, avant de se diriger, dans un premier temps, vers le parquet régional.

Après quelques minutes de face-à-face avec les forces de l'ordre, et sans que la police n'oppose la moindre résistance, les protestataires ont finalement investi le bâtiment et hissé le drapeau russe. Puis le même scénario s'est répété une heure plus tard devant le siège du SBU, les services secrets ukrainiens. Comme les semaines précédentes, les manifestations pro-russes de Donestk sont donc loin de mobiliser les foules, mais les nouvelles autorités nommées par Kiev dans la région semblent totalement incapables de prendre le contrôle des forces de police.

Despojos de guerra e mudança de regime

resistir info – 16 mar 2014

Reservas-ouro da Ucrânia evacuadas secretamente

– Confiscadas pelo New York Federal Reserve?
– Como os ucranianos foram "libertados" do seu ouro pelo governo fantoche
– Um governo de banqueiros, fascistas e oligarcas imposto pelo golpe orquestrado pelos EUA

por Michel Chossudovsky

Patos ucranianos.Um sítio internet russo de notícias, o Iskra (Fagulha)com base em Zaporozhye, na Ucrânia do Leste, informou em 7 de Março que "as reservas de ouro da Ucrânia haviam sido apressadamente transportadas por via aérea para os Estados Unidos a partir do Aeroporto de Borispol, a Leste de Kiev.
Esta alegada remoção aérea e confisco das reservas ouro da Ucrânia pelo New York Federal Reserve não foi confirmada pelos media ocidentais.
Segundo o
Iskra News :

Às 2 horas da manhã [7 de Março] um avião de transporte não identificado estava na pista do Aeroporto de Borispol. Segundo a equipe do aeroporto, antes da vinda do avião chegaram ao local quatro camiões e dois minibuses Volkwagen, todos eles sem matrícula de identificação.
Quinze pessoas com uniformes negros, máscaras e armadura corporal saíram, alguns armados com metralhadoras. Eles carregaram o avião com mais de 40 caixas pesadas.
Depois disso chegou um homem misterioso que entrou no avião.
Todo o carregamento foi feito às pressas.
O avião decolou numa base de emergência (emergency basis).
Aqueles que assistiram esta misteriosa operação especial imediatamente notificaram os responsáveis do aeroporto, os quais lhes disseram para não se meterem nos assuntos dos outros.
Posteriormente um telefonema de resposta de um alto responsável do antigo Ministério das Receitas Fiscais (Ministry of Revenue) informou esta noite que, por ordens de um dos novos líderes da Ucrânia, os Estados Unidos haviam tomado a custódia de todas as reservas ouro na Ucrânia. iskra-news.info. Zaporozhye, Ukraine, March 7, 2014, traduzido do russo pelo
Gold Anti-Trust Action Committee Inc (GATA) , ênfase acrescentada)

A seguir a esta revelação, o secretário tesoureiro do GATA, Chris Powell, requereu ao New Federal Reserve e ao Departamento de Estado dos EUA que indicasse se o NY Fed havia "tomado a custódia" do ouro da Ucrânia.

Um porta-voz do New York Fed disse simplesmente: "Qualquer indagação respeitante a contas ouro deveria ser dirigida ao possuidor da conta. Você pode contactar o Banco Nacional da Ucrânia para discutir esta informação".
Uma indagação semelhante do GATA, na noite passada, ao Departamento de Estado dos EUA ainda não teve qualquer resposta.
Na noite passada o GATA chamou a atenção sobre este assunto a cerca de 30 jornalistas financeiros e redactores de newsletters "de referência" (mainstream) na esperança confessadamente bizarra de que pudessem também colocar a questão.
1) A primeira regra do jornalismo financeiro "de referência" e particularmente do jornalismo financeiro acerca do ouro é nunca apresentar uma pergunta específica acerca do metal monetário a qualquer dos participantes primários no mercado do ouro, os bancos centrais. Ou seja, quase toda a informação sobre o mercado do ouro é, intencionalmente, na melhor das hipóteses distracção irrelevante e na pior desinformação.
2) A verdadeira localização e disposição das reservas ouro nacionais são segredos muito mais sensíveis do que a localização e disposição de armas nucleares. Chris Powell, Secretary/Treasurer
Gold Anti-Trust Action Committee Inc.

Apesar da informação não confirmada respeitante às reservas ouro da Ucrânia não ter sido objecto de cobertura pelos noticiários financeiros "de referência", a história no entanto foi levantada pelo Shanghai Metals Market, em Metal.com , o qual declara, citando uma informação do governo ucraniano, que reservas ouro da Ucrânia haviam sido "removidas num avião ... de Kiev para os Estados Unidos... em 40 caixas seladas" carregadas numa aeronave não identificada.
A fonte não confirmada citada pelo Metal.com diz que a operação de remoção aérea do ouro da Ucrânia foi ordenada pelo primeiro-ministro interino Arseny Yatsenyuk tendo em vista manter seguras no NY Fed as reservas ouro da Ucrânia, prevenindo uma possível invasão russa a qual levaria ao confisco das mesmas.
No dia 10 de Março, o
kingworldnews , um importante blog financeiro online publicou uma entrevista incisiva de William Kaye , administrador do hedge fund Pacific Group Ltd., com sede em Hong Kong, o qual anteriormente trabalhou para a Goldman Sachs em fusões e aquisições.
Os despojos de guerra e a mudança de regime
Acto de vassalagem.É significativa nesta entrevista com William Kaye a analogia entre a Ucrânia, o Iraque e a Líbia. Não se deve esquecer:   tanto o Iraque como a Líbia tiveram as suas reservas ouro confiscadas pelos EUA.

Kaye: Há agora informações vindas da Ucrânia de que todo o ouro ucraniano foi removido por via aérea, às 2 horas da madrugada, a partir do aeroporto principal, Borispil, em Kiev, e está a ser transportado para Nova York – sendo o presumível destino o New York Fed...
Verifica-se que estas 33 toneladas de ouro valem algo entre US$1,5 e US$2,0 mil milhões. Essa quantia seria um pagamento inicial (down payment) muito lindo para os US$5 mil milhões que a secretária de Estado Assistente Victor Nuland gabou-se de os Estados Unidos terem gasto nos seus esforços para desestabilizar a Ucrânia e instalar ali o seu próprio governo não eleito.
Eric King: "Se os Estados Unidos derrubam Saddam Hussein no Iraque ou Muamar Kadafi na Líbia, parece que há sempre ouro no fim do arco-íris, do qual então os EUA apropriam-se".
Kaye: "Essa é uma boa observação, Eric. Os Estados Unidos instalaram um antigo banqueiro na Ucrânia o qual é muito amistoso para com o ocidente. Ele é também um rapaz com experiência de banco central. Esta teria sido a sua primeira grande decisão:   transportar aquele ouro para fora da Ucrânia, para os Estados Unidos.
Você pode recordar que exigências alegadamente logísticas impediram o New York Fed de devolver à Alemanha as 300 toneladas de ouro que os Estados Unidos armazenam. Após um ano de espera, o New York Fed devolveu apenas 5 toneladas de ouro à Alemanha. Só 5 toneladas de ouro foram enviadas do Fed para a Alemanha e não eram as mesmas 5 toneladas que haviam sido originalmente armazenadas no Fed.
Mesmo o Bundesbank admitiu que o ouro que lhes fora enviada pelo New York Fed tinha de ser fundido e testado quanto à pureza porque não eram as barras originais da Alemanha. Se isso é assim, uma vez que exigências logísticas supostamente são uma questão tão grande, como é que num voo, assumindo que esta informação é correcta, todo o ouro que a Ucrânia possuía no seu cofre foi retirado do país e entregue ao New York Fed?
Penso que qualquer um com células cerebrais activas sabe que tal como a Alemanha, a Ucrânia terá de esperar um tempo muito longo e provavelmente nunca verá aquele ouro outra vez . Significa que o ouro se foi". (
KingsWorldNews , March 10, 2014, ênfase acrescentada)

Ver no sítio web oficial do Banco Nacional da Ucrânia a omissão da informação quanto à entrega das suas reservas-ouro:

  • www.bank.gov.ua/control/en/index
    O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...
  • EPAL cortou água a quase 12 mil famílias em 2013

    jornal I - publicado em 15 Mar 2014 - 19:32

    Por Filipe Paiva Cardoso

    Água -consumo

     

    Em 2013, ano do "enorme aumento de impostos", interrupções por falta de pagamento cresceram 15%. No ano anterior, tinham subido 2%

    A EPAL cortou o abastecimento de água a 11 836 clientes domésticos ao longo de 2013, um valor que representa uma subida de 15,41% face aos cortes realizados em 2012 pela mesma empresa e de 17,8% em comparação com as interrupções por falta de pagamento realizadas em 2011.

    Os números foram esta semana avançados pelo Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia em resposta ao grupo parlamentar do Partido Comunista Português.

    Segundo os dados avançados pelo ministério, em 2011 a EPAL cortou o fornecimento de água por falta de pagamento a 10 mil famílias, tendo no ano seguinte aumentado as suspensões no abastecimento a 10,2 mil clientes domésticos, uma subida de 2,1% de 2011 para 2012.

    Em 2013, ano do "enorme aumento de impostos" do governo CDS/PSD, a evolução do total de clientes que foram impedidos de ter água em casa cresceu em 15,41%, com mais de 11,8 mil famílias a serem alvo de interrupções de fornecimento por parte da EPAL.

    A Empresa Portuguesa de Águas Livres é responsável pelo abastecimento de água à cidade de Lisboa, contando por isso, segundo os números do ministério, com 300 mil clientes domésticos. Os cortes realizados no ano passado afectaram assim 3,9% dos seus clientes, depois de em 2012 terem afectado 3,4%.

    Ainda segundo a resposta da tutela ao PCP, "as suspensões de fornecimento de água não são necessariamente motivadas por impossibilidade de pagamento justificada por razões de ordem económica". O ministério refere ainda que "nos números relativos a 2013, apenas 0,03% das suspensões diziam respeito a beneficiários da tarifa social".

    CORTES CAEM 4% EM AVEIRO Além da EPAL, o ministério avançou ainda números sobre os cortes por falta de pagamento feitos pela Águas da Região de Aveiro (AdRA), notando-se aqui uma evolução inversa à da EPAL de 2012 para 2013: as suspensões de fornecimento de água passaram de seis mil em 2011 para 5,8 mil no ano seguinte. Já no ano passado, o valor caiu até aos 4,9 mil, o equivalente a 3% dos 152 mil clientes domésticos servidos pela AdRA. Neste caso, assegura a tutela, "apenas 0,01% das suspensões de fornecimento de água diziam respeito a beneficiários da tarifa social".