"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, março 15, 2009

50.000 Acessos

Gostaria de agradecer a todos que acessam o blog e assim me estimulam a continuar publicando. Deixarei como agradecimento especial uma frase do fenomenal Milton Santos:

"Comunicação é troca de emoção"
Milton Santos - geógrafo baiano

UM ACTO POLÍTICO

aijesus.blogspot.com - 13/03/09

Escolher um livro é um acto político. É o que defende
[e explica num mini-dossiê, a propósito do Salon du Livre de Paris, a decorrer até dia 18 deste mês]
a última Politis.

[Leia aqui ou aqui]

escrito por ai.valhamedeus

Chuíça (*): em escola de SP quem faz a faxina é o aluno

Conversa Afiada - 14/março/2009 11:23

O jornal Agora mostra a eficiência tucana na educação

O jornal Agora mostra a eficiência tucana na educação

Saiu no jornal Agora, na capa:

Escola (de Serra) suspende aulas e põe aluno para fazer a faxina. Nem giz nem lápis nem caderno. Alunos, pais e professores trabalham com rodos e vassouras. No dia-a-dia, duas auxiliares de serviços cuidam da merenda e dos banheiros. Leia a íntegra do texto no site do Agora.

Agora, pág. A4:

Déficit de vagas nas creches é pior na Zona Sul (da cidade). (É a região onde ficam os bairros mais pobre e onde a Marta Suplicy é mais votada …)

Agora, pág. 5:

São Paulo tem um semáforo (é como em SP se chama sinal de transito …) quebrado a cada km

Agora, pág. A6:

9 PMs são investigados por prática de extorsão.

Estadão, pág. C7:

Em uma semana, SP tem 10 ataques a bancos e a caixas. Ontem, bandidos levaram R$ 30 mil de agencia; em assalto a terminais eletrônicos roubaram R$ 78 mil.

Estadão, pág. C6

Valente (um advogado suspeito de ser corrupto) ofereceu ajuda ao investigador Augusto Pena, preso (em regime de delação premiada, já que foi apanhado em ato explícito de corrupção), e disse que havia conversado com seu primo e sócio Lauro Malheiros.

Malheiros era o segundo homem da Secretaria de Segurança de São Paulo e foi citado em gravações que o próprio Estadão divulgou em atos de corrupção explicita.


Viva São Paulo !

14 anos de governos tucanos !

José Serra, o economista competente (não é uma coisa nem outra) para 2010 !

Paulo Henrique Amorim

(*) Chuíça, como se sabe, é o que o PiG (**) quer que o resto do Brasil pense que São Paulo, há 14 anos governado pelos tucanos, é: uma combinação do dinamismo da China com o IDH da Suiça.

(**)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

G20 discute ajuda aos emergentes

Blog do Luis Nassif - 14/03/09

Do Portal Luís Nassif

O Blogueiro do Portal, Falcão, está na reunião do G20 como intérprete e mandando artigos especiais para o Portal Luís Nassif.

Acompanhe as notícias diárias no Blog do Falcão (clique aqui).

Do Blog de Falcão, especial para a Comunidade

Alistair Darling: Fortalecer o Sistema Financeiro Mundial

O Chanceler do Erário Inglês Alistair Darling disse no Encontro dos Ministros em Horsham na Inglaterra que é preciso restaurar o crescimento global, incentivar o empréstimo a pessoas e empresas e as reformar para fortalecer o sistema financeiro global.

Os participantes do encontro concordam que é necessário estar preparado para o encontro do G20 dia 2 de Abril em Londres. Há uma urgência na recuperação da economia e o consenso para que os bancos passem a emprestar para que haja um crescimento global.

Ações decisivas precisam ser tomadas para gerar novos empregos e é preciso fazer o que for preciso para a retomada do crescimento.

Darling falou sobre o compromisso contra o protecionismo e a importância de se ter um mercado aberto para todos.

Os bancos precisam voltar a emprestar, o sistema financeiro deve ser restaurado se necessário com o uso de dinheiro público para capitalizar os bancos privados.

Muito foi discutido em como ajudar os países emergentes inclusive com uma avaliação do FMI sobre os impactos destas ações. As instituições financeiras devem ajudar os países mais pobres para restaurar a confiança no mercado.

Algo já começou a ser feito inclusive com a expansão do FSF o Fórum para a Estabilidade Financeira (Financial Stability Forum) para acomodar mais países do G20. Isto deve ser feito porque muitas economias cresceram e se destacaram recentemente caso do Brasil e China.

Com relação aos fundos de aplicação o G20 acredita que não existe suficiente supervisão e isto precisa ser mudado. Os reguladores precisam ter o poder para impedir os bancos de tomarem riscos que coloquem em risco as suas instituições e também a economia mundial. Os paraísos fiscais devem ser fiscalizados para impedir a lavagem de dinheiro e crimes fiscais.

A Suíça deu um importante passo ao abrir algumas contas depois de solicitação do governo dos Estados Unidos, isto é um bom começo e deve ter uma continuidade.

A cultura de dar bônus para executivos que falharam e inclusive causaram perdas de bilhões de dólares precisa acabar para evitar que em busca de um polpudo bônus, executivos coloquem em risco não apenas seu banco, mas toda a economia mundial.

Darling afirmou que não adianta solucionar os problemas bancários do Reino Unido enquanto o problema existe em outro país. È preciso que este problema seja solucionado não apenas no Reino Unido mas em todo o mundo para que a economia mundial se recupere.

Os bancos precisam contribuir para que haja uma transparência nas suas operações.

A minha pergunta ao Ministro Darling

Alguns países se perguntam por que eles não fazem parte do FMI. Com isso, a representação do FMI que deveria ser revista em 2013 deverá ser feita dois anos antes, em 2011. Isto deve ser feito para dar mais representatividade aos países que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), por exemplo.

Os países do G20 deverão fazer o que for preciso para restaurar a confiança no mercado financeiro. O Banco Central de cada país deve fazer as melhores escolhas para que isto seja alcançado. O corte na taxa de juros tem sido usado por vários países e esta medida foi encorajada a ser executada pelos membros do G20.

Alistair Darling frisou que o governo Inglês tomou atitudes drásticas como nacionalizar bancos como Northern Rock e Bradford & Bingley. Os Estados Unidos também compraram uma enorme quantidade de ativos podres.

Outra decisão tomada no encontro é que as economias precisam ser ajudadas até quando for preciso sem impor uma data limite.

O mundo tem passado por uma das piores crises da história da humanidade e as mudanças começaram a ser sentidas no encontro em Washington em Novembro de 2008.

Durante a crise de 1933 os governos de todo o mundo se uniram para solucionar o problema e hoje a mensagem é clara: é preciso fazer o que for preciso para sustentar a economia mundial.

Alistair disse que o Reino Unido, Estados Unidos e Japão aumentaram o crédito para aquecer a economia e que os países devem ter uma eficiente ação fiscal.

Por várias vezes o Ministro Inglês afirmou que fará o que for preciso para resolver o problema da crise mundial. Eu perguntei se isso incluiria a nacionalização de bancos e a proibição de short selling. Ele respondeu que a política do governo inglês é que os bancos continuem no setor privado e que short selling foi banido anteriormente e se necessário será banido novamente.

O alvo é a Satiagraha

Blog do Luis Nassif - 14/03/09

Para entender a capa da Veja, vamos ao nosso exercício semanal de juntar as pedras do quebra-cabeças óbvio, em cima das jogadas de fim de semana:

1.O alvo não é Protógenes. O delegado é carta fora do baralho no inquérito da Satiagraha. Está afastado, sendo alvo de inquéritos, tendo como juiz um desafeto, Ali Mazloun, e todos os métodos aos quais ele era acusado de recorrer: vazamento seletivo de pedaços do inquérito, com conclusões manipuladas que impedem de enxergar o conjunto. O alvo é a Satiagraha.

2.Para anular a operação, no entanto, torna-se necessário desqualificar o juiz Fausto De Sactis e o procurador De Grandi, por uma razão simples: se comprovado que todas as provas recolhidas nos autos são legais, Protógenes poderá responder por eventuais irregularidades cometidas fora dos autos, mas o inquérito é preservado.

3.O que Veja faz, com a ajuda do corregedor-vazador e dos parlamentares da CPI? Tenta envolver o De Sanctis e De Grandis. Aí ficaria caracterizado o tal “consórcio” e consegue-se anular o inquérito.

4.A matéria da Veja não cita declarações de De Sanctis. Conversei com ele agora de manhã e o juiz me disse que foi procurado pela revista às 5 da tarde de sexta-feira. As edições normais da revista são fechadas ao meio dia. O juiz declarou que informou o Ministério Público - no mesmo inquérito cujos trechos selecionados foram divulgados pela revista - que nunca soube das conversas de Protógenes com a ABIN, nem formal nem informalmente. Mesmo que soubesse (observação minha), a decisão do Ministro Direito - veja nesta página - de que é legal a troca de informações entre instituições do Sistema Brasileiro de Inteligência, anula essa armação contra o delegado. Qual a acusação específica que pesa sobre ele?

5.Até agora não se obteve nenhuma prova de que Protógenes tinha contato permanente com De Sanctis ou De Grandis. De Sanctis já disse várias vezes que o contato era esporádico, no âmbito do inquérito. A quebra do sigilo telefônico de Protógenes visa encontrar as provas que até agora não surgiram.

6.Essa capa da Veja não é uma peça solta, mas obedece a uma lógica. Na terça-feira membro da CPI procurarão De Sanctis para que abra o inquérito para ele. O juiz já adiantou que o inquérito, por ser sigiloso, não será aberto. Provavelmente será convocado para que o massacre contra Protógenes desvie o foco para De Sanctis.

7.Essa nuvem de acusações é manjada. A cada semana soltam acusações que são desmentidas. Na outra semana, mais acusações; na sequencia, mais acusações. Quem acompanha de perto sabe da fragilidade do que é divulgado. Para a opinião pública, passa o barulho, tentando preparar o cenário para a degola de Protógenes, De Sanctis e De Grandis. Só que, quando se analisam os comentários postados nos blogs desses bravos jornalistas defensores dos fortes oprimidos, e nas matérias dos jornais, 90% demonstram desconfiança do que é noticiado.

8.Onde está falhando esta estratégia de mentes tão brilhantes e bem intencionadas? Leia mais »

Da série Ornitorrinco do Ano

Blog do Luis Nassif - 14/03/09

Por Luiz Eduardo Brandão

Matéria jornalística sem pé nem cabeça também é amenidade?

O inefável Fausto Macedo assina hoje no Estadão um artigo em que fala da transcrição de um suposto grampo com o diálogo entre duas pessoas não identificadas falando das queixas de um juiz que não se sabe quem é que estaria preocupado com os rumos do inquérito conduzido por Protógenes. Ah, supõe-se também que o grampo seria clandestino.

Ao bancar esse tipo de parajornalismo, o Estadão vai se amarronzando a cada dia que passa com o que corre nas cloacas do banditismo de colarinho branco.

Comentário

Clique aqui para ler esse clássico do jornalismo investigativo contemporâneo.

Pelas informações dos dois comentaristas abaixo, a fita se refere a uma gravação entre a jornalista Andrea Michel e um jornalista, onde ela teria supostamente revelado a fonte que lhe vazou os dados da Operação Satiagraha.

Mas, curiosamente, o solerte repórter Fausto Macedo preferiu publicar apenas irrelevâncias sem pé nem cabeça.

Por Brutus

Nassif, uma luz ao blog.

Após a publicação de Andrea Michael (em abril/08) alertando DD sobre a investigação, iniciaram-se na Satiagraha procedimentos para a localização do “vazador” (estivesse ele na JF, MPF ou PF).

“Um” jornalista com mais de 20 anos de experiência e atuante em Brasília disse que conseguiria saber de Andrea quem era sua fonte. Esse jornalista (X-9) gravou sua conversa pessoal com Andrea Michael (com pouco mais de sete minutos), sendo ele um dos interlocutores “M1″ (1ª voz identificada como masculina) e Andrea Michael a “F1″ (1ª voz identificada como feminina).

No diálogo Andrea Michael confirma que sua fonte dentro da PF é o “Diretor de Inteligência” Daniel Lorenz. Essa era a prova principal sobre um dos métodos de abordagem de Andrea Michael perante a PF para conseguir informações privilegiadas. Mas o “X-9″ “amarelou” e não quis depor para confirmar a gravação (pois um interlocutor pode gravar a conversa realizada com outra pessoa sem que esta saiba). Então o áudio não foi utilizado no relatório do Protógenes, mas De Grandis e De Sanctis sabiam de sua existência.

E por ansiedade, Fausto Macedo (principal beneficiário das informações sigilosas fornecidas pelo “Corregedor-vazador”), publica referido diálogo sem se atentar para seu conteúdo ou quem seriam os interlocutores; querendo atribuir a qualidade de “interceptação telefônica ilegal” aquilo que é o áudio gravado por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro em um encontro pessoal.

Acontece que o “Corregedor-vazador” aliado ao “Diretor de Inteligência-vazador”, queriam mais do que uma investigação contra Protógenes, eles queriam que ele fosse indiciado, demitido, desacreditado, desonrado, humilhado e articularam com Ali Mazlum a busca e apreensão de 05 de novembro p.p., e no pendrive tinha o quê? O aludido áudio, agora apreendido por ordem judicial como prova dentro de uma investigação sobre vazamento.

Xeque.

Por Jeferson Melo

A reportagem “Corregedoria da PF diz que Protógenes vazou operação”, publicada no dia 11 de novembro de 2008 pela Folha (clique aqui), contem um trecho sobre o episódio. No subtítulo “Reportagem”, o jornal informa:

“No decorrer da apuração sobre o vazamento, Amaro tomou o depoimento do diretor de Inteligência Policial da PF, Daniel Lorenz. Segundo o relatório, Lorenz contou ter ouvido do delegado Paulo de Tarso a informação de que Protógenes detinha a gravação de uma conversa da jornalista Andréa feita sem o seu conhecimento, num restaurante em Brasília. Nessa gravação, segundo os comentários ouvidos por Lorenz, havia inferências de que ele estava por trás do vazamento à Folha.

Lorenz, que nega ser o autor do vazamento, disse a Amaro que gostaria que a fita fosse apreendida para que não fosse usada para “descredenciá-lo”. Paulo de Tarso, segundo o relatório, contou ter tomado conhecimento da fita pelo próprio Protógenes. A Folha apurou que essa gravação foi apreendida nas buscas da semana passada. Agora deverá ser degravada e anexada ao inquérito da corregedoria”.

STF rejeita ação do PPS contra ABIN

Blog do Luis Nassif - 14/03/09

Por Stanley Burburinho

Parece que a decisão do ministro Direito é um balde de água fria na CPI dos Grampos. Não essa notícia publicada na imprensa.

Comentário

A ação do PPS (leia-se, Freire e Jungmann) visava impedir o acesso da ABIN a documentos do Sistema Brasileiro de Inteligência.

O parecer do Ministro Direito vega provimento à ação:

“A ação direta de inconstitucionalidade não é instrumento hábil ao controle da validade de atos normativos infralegais em face da lei sob cuja égide foram editados, ainda que, num desdobramento, se estabeleçam, mediante prévia aferição da inobservância dessa mesma lei, o confronto consequente com a Constituição Federal”.

Notícias STF

Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Arquivada ação do PPS que questionava acesso da ABIN a dados sigilosos

Sob o entendimento de que o Decreto 6.540/08 apenas regulamentou a Lei 9.883/99, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu a petição inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4176. A ADI foi ajuizada pelo Partido Popular Socialista (PPS) contra dispositivo que autoriza a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) a manter, em caráter permanente, representantes dos órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência no Departamento de Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência.

Trata-se do parágrafo 4º do artigo 6º do Decreto 4.376/2002, com a redação que lhe deu o artigo 2º do Decreto nº 6.540, de 18 de agosto de 2008. Esse dispositivo autoriza os mencionados representantes a acessarem, por meio eletrônico, “as bases de dados de seus órgãos de origem, respeitadas as normas e limites de cada instituição e as normas legais pertinentes à segurança, ao sigilo profissional e à salvaguarda de assuntos sigilosos”.

O PPS alegava que a norma seria uma porta aberta para a invasão da privacidade e do sigilo dos dados dos cidadãos, na medida em que a ABIN teria acesso a informações dos diversos órgãos que integram o Sistema Brasileiro de Inteligência.

Ao pedir a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo, fundamentava-se no artigo 5º da Constituição Federal (CF), incisos X (garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e da imagem), XII (assegura o sigilo de correspondência e das comunicações, inclusive telefônicas) e LIV (garantia contra a privação da liberdade ou de bens sem devido processo legal).

Decisão

Ao indeferir a petição inicial, o ministro Menezes Direito citou parecer da Procuradoria Geral da República pelo não conhecimento (arquivamento) da ação, secundado também por manifestações no mesmo sentido do Presidente da República, por intermédio da Advocacia Geral da União (AGU).

Segundo eles, o dispositivo impugnado apenas regulamenta a previsão contida no parágrafo único do artigo 4º da Lei nº 9.883/99. Assim, portanto, o parágrafo 4º do artigo 6º-A do Decreto nº 4.376/02, com a redação que lhe deu o artigo 2º do Decreto nº 6.540/08, apenas instrumentaliza norma contida no parágrafo único do artigo 4º da Lei nº 9.883/99, que já previa o intercâmbio de informações entre a ABIN e os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência.

“Nessas condições, de duas uma: ou o decreto ofende a lei, a revelar um problema de legalidade, ou é a própria lei que ofende a Constituição, caso em que esta deveria figurar como objeto primordial da ação”, avaliou o ministro.

Ele conclui que, “tratando-se de norma de caráter secundário, inviável o seu controle isolado, dissociado da lei ordinária que lhe empresta imediato fundamento de validade, no âmbito da ação direta de inconstitucionalidade”.

Ao fundamentar sua decisão, o ministro cita como precedente a ADI 264, cujo relator, ministro Celso de Mello, observou, ao negar um recurso de agravo: “A ação direta de inconstitucionalidade não é instrumento hábil ao controle da validade de atos normativos infralegais em face da lei sob cuja égide foram editados, ainda que, num desdobramento, se estabeleçam, mediante prévia aferição da inobservância dessa mesma lei, o confronto consequente com a Constituição Federal”.

FK/LF

Processos relacionados

ADI 4176 - http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=4176&classe=ADI&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=104646&caixaBusca=N

Internauta descobre suspeito de vazar a Satiagraha

Site do Azenha - Atualizado em 14 de março de 2009 às 19:53 | Publicado em 14 de março de 2009 às 17:18

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Um leitor do blog do Nassif descobriu, lendo com atenção o "rasgão" que aparece logo acima (reproduzido na revista Veja), que foi Daniel Lorenz o intermediário da repórter Andréa Michael, da Folha de S. Paulo, aquela que antecipou no jornal a Operação Satiagraha.

Para dar boas risadas com o amadorismo dessa gente, clique aqui.

PS: Para quem não acompanha o caso, explico: a Veja faz escândalo com algo óbvio e conhecido. O pedido para iniciar a Operação Satiagraha, em 2004, veio da presidência da República para o então diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda. Segundo depoimento do delegado Protógenes Queiroz, a partir de informações coletadas pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Faz sentido: diante do indício de um crime o presidente da República, que se informa através da ABIN (que existe para isso) pede à PF que apure. Caso contrário, poderia ser acusado de cumplicidade com o crime, de prevaricar.

No entanto, como é possível notar no pé do recorte que aparece acima -- passou batido pelo pessoal da Veja? -- temos uma notícia: foi Daniel Lorenz que comunicou ao delegado Protógenes que uma jornalista, de nome Andréa Michael, "queria torcar informações a respeito de Daniel Dantas". O que nos leva a perguntar o que leva Lorenz, chefe de inteligência da Polícia Federal, a fazer o papel de intermediário entre uma jornalista e um delegado que estava investigando Daniel Dantas.

Terá sido Lorenz a fonte de Andréa Michael nesta reportagem, publicada alguns meses antes da operação Satiagraha ter sido deflagrada? A reportagem foi usada pela defesa do banqueiro Daniel Dantas num pedido de habeas corpus antecipado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A repórter, como se vê, deu várias informações que faziam parte de uma investigação que corria sob segredo de Justiça.

Foi Lorenz o vazador?

Lula absolve privatização de FHC

Conversa Afiada - 13/março/2009 8:14

Mercadante e Berzoini amarelaram

Mercadante e Berzoini amarelaram


Saiu na Folha (*), pág. A10:

“Justiça (de Brasília) absolve acusados de beneficiar Telemar em leilão. Ação apontava irregularidade na privatização do Sistema Telebrás, em 1998. Procuradoria vai recorrer… Processo semelhante corre no Rio.”

. A Folha (*), como sempre, se atrasou e errou.. A notícia já saiu no Valor. Clique aqui para ler na edição de ontem, pág. A10

. A notícia do Valor informa que o juiz responsabilizou o PT e o Governo Lula pela falta de provas contra os acusados.

. O Juiz disse, segundo o Valor, que, se os que acusavam a privatização no Governo Fernando Henrique, como Aloysio Mercadante e Ricardo Berzoini, tivessem, no Governo Lula, investigado o que denunciaram, talvez o veredicto fosse diferente.

. Resumo da ópera: Lula absolveu FHC.

. E mais: quando Lula assinou a BrOi, fez o seguinte acordo (“el gran acuerdo”) com Fernando Henrique: eu seguro o teu Daniel Dantas e você segura o meu Daniel Dantas.

Petista escondeu as explicações de Lacerda da CPI

Conversa Afiada - 13/março/2009 18:06

Dantas oficiou o casamento do serrista Lunus Itagiba com o petista Pellegrino

Dantas oficiou o casamento do serrista Lunus Itagiba com o petista Pellegrino

O repórter Leandro Fortes, da Carta Capital, publica na edição desta semana da revista, página 32, reportagem sobre a CPI dos Grampos, que ganhou 60 dias para tentar fuzilar o ínclito delegado Protógenes Queiroz

Segundo Leandro Fortes, Paulo Lacerda entregou um documento de 91 páginas ao relator da CPI, o deputado Nelson Pellegrino, do PT da Bahia, que desmonta a tese central da CPI dos Grampos: de que a ligação de Queiroz com Lacerda foi ilegal:

“Essa parte do relatório, engavetada por Pellegrino, desqualifica, na essência, a principal acusação levantada contra Lacerda e Queiroz, pela utilização irregular de agentes da ABIN na Operação Satiagraha.”



O amigo navegante percebe que Daniel Dantas transforma em farinha do mesmo saco o presidente da CPI, deputado serrista Marcelos Lunus Itagiba e o relator, o petista baiano Nelson Pellegrino.Lunus Itagiba e Pellegrino se irmanaram na tarefa em que se notabiliza o ministro da Justiça, Abelardo Jurema: desqualificar a Operação Satiagraha, salvar a pele de Dantas, jogar os 12 HDs na fogueira do inferno.Paulo Henrique Amorim

Serra tem vocação para Deus. Construiu uma nova América do Sul !

Conversa Afiada - 13/março/2009 10:56

Zé Pedágio é capaz de tudo

Zé Pedágio é capaz de tudo

O Conversa Afiada recebeu do amigo navegante Declever Naliati Duo o seguinte alerta: José Pedágio realmente tem vocação para Deus. Ele acaba de distribuir na rede pública de ensino uma apostila que traz DOIS Paraguais… Isso mesmo, amigo navegante: um Paraguai que fica na Bolívia e outro no Uruguai. Veja abaixo a nota publicada originalmente no Diarioweb.

Revisão malfeita
Apostila de Serra tem dois Paraguais, um no Uruguai e outro na Bolívia
São José do Rio Preto, 13 de março de 2009

Lucas Lourenço
O material didático produzido e distribuído este ano pelo governo José Serra à rede pública de ensino possui erros geográficos que indignaram professores e alunos de Rio Preto. Na apostila do primeiro bimestre de geografia dos alunos da 6ª série do ensino fundamental, o Paraguai está localizado no lugar do Uruguai e vice-versa, no Mapa da América do Sul. Além disso, o Paraguai também aparece dentro da área geográfica da Bolívia. O mapa, impresso na página 8 da apostila, também impede que os alunos visualizem o Equador, um dos países sulamericanos que não fazem fronteira com o Brasil. Desta forma, a tarefa que pede a interpretação do mapa fica prejudicada, já que uma das perguntas feitas é justamente “quais são os países sulamericanos que não possuem fronteira com o Brasil?”

“Como o aluno vai identificar o Equador se ele sequer aparece neste mapa?”, indagou um professor de geografia ouvido pelo Diário. Segundo ele, a apostila é a única autorizada pelo governo estadual a ser aplicada em sala de aula. “A correção dos erros acaba ficando por conta do professor. É o que estou fazendo com meus alunos. Muitos deles já tinham percebido o engano também”. Não é a primeira vez que erros aparecem em apostilas distribuídas pelo Estado à rede pública. Em matéria do dia 7 de junho do ano passado, o Diário mostrou que em uma apostila que orientava professores de inglês das 8ª séries, a palavra ensino, na página 11, estava grafada com “C” (“encino”).

Outros problemas
Além de apresentar erros no mapa da América do Sul, a apostila de Geografia não agrada aos professores.
“Ela não possui texto. Assim, todo ensino fica baseado na oralidade e no conhecimento prévio do professor. Só por esta apostila, o aluno tem uma dificuldade imensa de aprender alguma coisa”, disse o professor ouvido pelo Diário. Segundo ele, por norma da Secretaria de Educação, as escolas não podem usar outro material didático. Porém, os professores acabam complementando o conteúdo da apostila com lições colhidas em outros livros. “Passo para eles copiarem na lousa o que vejo em outros materiais”. Cada apostila de geografia tem 40 páginas e é adotada bimestralmente. Assim, outras três ainda vão chegar à rede pública de ensino.

Secretaria de Educação
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que os erros na apostila de Geografia já haviam sido identificados e informados aos professores de toda rede; por isso, o material não será trocado. Segundo a Secretaria, os erros ocorreram na impressão e que uma errata foi disponibilizada no site www.educacao.sp.gov.br. O órgão alega que os cadernos são materiais complementares aos livros didáticos e não os únicos materiais de trabalho. O Diário tentou acessar a nota de correção, mas não conseguiu encontrá-la no site citado.

O “Estadão” é racista ?

Conversa Afiada - 13/março/2009 9:55

Os advogados do Estadão deveriam começar a estudar a obra de Afonso Arinos, um liberal

Os advogados do Estadão deveriam começar a estudar a obra de Afonso Arinos, um liberal

Saiu na primeira página do Estadão:

“Inclusão muda perfil da Medicina da USP. Cai participação de escolas particulares. As três melhores escolas particulares do Estado segundo o Enem não tiveram neste ano um só aluno aprovado para a Medicina da USP. Os diretores dos colégios apontam como uma das razões o programa de inclusão que dá bonificação no vestibular a alunos de escolas públicas.”

Caro amigo navegante: se você fosse negro você processaria o Estadão pela Lei Afonso Arinos ?Paulo Henrique Amorim

O estrago que Dantas já fez no Brasil. Ou: Simon, um homem de coragem

Conversa Afiada - 13/março/2009 9:14

O Mino diagnosticou o câncer bem cedo

O Mino diagnosticou o câncer bem cedo

Em homenagem aos leitores navegantes do Conversa Afiada, seleciono três comentários enviados até as 21:35 de ontem, quinta feira:

PHA: Eis aí, finalmente, uma voz de peso dentro do Congresso e que pode marcar posição em favor dos que prezam a justiça como um bem inalienável. De Fernando Cury

SIMON,
DEPOIS DO DESAPARECIMENTO DE JEFFERSON PEREZ,
TUA VOZ É COMO UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL…
ÉS UM DOS ÚLTIMOS HOMENS DE BEM DO CONGRESSO…COMPLETE TUA OBRA …AJUDE A MORALIZAR O JUDICIÁRIO…
TEMOS POUCAS ARMAS…De Zequinha
Enfim alguém com coragem pra defender o Juiz Fausto De Sanctis e o Delegado Protógenes, homens dignos. Alguém do Senado com moral suficiente pra chamar o presidente do STF às falas e mandá-lo calar a boca … Cuide-se Gilmar, Pedro Simon tem moral. De Carlos Jatai

. Eles se referem à entrevista que o senador Pedro Simon deu ontem à noite ao Conversa Afiada.
. Simon diz aí o que está na cabeça de muita gente: se tivessem prendido um ladrão de galinha e, não, Daniel Dantas, Protógenes Queiroz e Fausto De Sanctis não corriam o risco de ir em cana – enquanto Daniel Dantas está solto.
. Registre-se que Pedro Simon é o ÚNICO congressista brasileiro que ousou enfrentar essa sinistra associação de Daniel Dantas com o Supremo Presidente do Supremo, Gilmar Mendes, segundo Ricardo Noblat.
. Leia sobre a indagação do Conversa Afiada – que sinistra ligação é essa entre Daniel e Gilmar ?
. Mino Carta, o primeiro a perceber que Daniel Dantas ia disseminar o câncer no Brasil, publicou uma capa com o título Daniel Dantas, “o dono do Brasil”, depois de Gilmar Dantas, segundo Noblat, conceder o segundo HC a Dantas, num espaço de 48 horas !
. Clique aqui para ir à Carta Capital, nessa edição histórica
. Senão, vejamos, caros amigos navegantes, o estrago quem Dantas já fez no Brasil:
. Desmoralizou o Supremo Tribunal Federal.
. Por extensão, desmoralizou a Justiça brasileira, que só prende ladrão de galinha, como diz o Senador Pedro Simon.
. Desmoralizou o Conselho Nacional de Justiça, que se tornou uma extensão do arbítrio do Presidente Supremo do Supremo.
. Leia “quem precisa de controle externo é o Gilmar”
. Fechou a Abin.
. Desmoralizou a Polícia Federal.
. Desmoralizou o BNDES.
. Desmoralizou a CVM.
. Desmoralizou a Anatel.
. Desmoralizou o Congresso, onde só Pedro Simon se levanta para pôr a mão no câncer.
. Desmoralizou o Congresso, que monta CPIs de fancaria para desqualificar e humilhar os investigadores e beneficiar o investigado.
. Desmoralizou o PiG (*), que se tornou cúmplice do Golpe de Estado de Direita, desfechado quando Dantas entrou em cana.
. Desmoralizou o Presidente da República, que se deixou chamar às falas pelo Supremo Presidente do Supremo; assinou a patranha da BrOi, na esperança (vã) de calar a boca de Daniel Dantas com US$ 1 bilhão; demitiu pessoalmente dois servidores públicos íntegros – Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda; e mantém como Ministro da Justiça um subserviente que ratifica, sempre que pode, a tese da defesa de Daniel Dantas: a Operação Satiagraha não presta.
. Por que Dantas tem tanto poder, amigo navegante ?
. Porque ele comprou o Brasil.
. O recibo está nos 12 HDs que a equipe do ínclito delegado Protógenes Queiroz apreendeu atrás da parede falsa do apartamento de Dantas.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: ao denunciar a privatização de Fernando Henrique – aquela em que Daniel Dantas foi tratado com especial deferência. Clique aqui para ler “Lula absolve privatizações de FHC” – Pedro Simon também fez um discurso memorável. É muito provável que esse discurso tenha sido responsável pela demissão de Luiz Carlos Mendonça de Barros e André Lara Resende do sacrossanto Governo de FHC.

A cobertura da reunião do G20

Blog do Luis Nassif - 13/03/09

O comentarista Marcos Falcão está cobrindo a reunião do G20 com exclusividade para o Blog e para o Portal Luís Nassif

Do Blog de Falcão

especial para o Portal Luís Nassif

Entrevista com Guido Mantega no G20 em Horsham.

O Ministro da Fazenda Guido Mantega concedeu nesta tarde uma entrevista aos Jornalistas presentes ao encontro dos Ministros do G20 em Horsham na Inglaterra.
Ele anunciou as decisões tomadas em conjunto pelos países que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

1 - O Fórum para a Estabilidade Financeira (Financial Stability Forum) fundado em 1999 pelos Ministros da Fazenda e Presidentes do Banco Central do G7 é um grupo pequeno que pode ser aumentado e ser mais usado. O BRIC quer ter três assentos no FEF.

2 - O BRIC não irá acelerar o aporte de fundos capitais ao FMI enquanto for mantido o “Status Quo” do Fundo, isto é, enquanto não houver uma reforma na quota e vozes com relação à participação do BRIC junto ao Fundo Monetário Internacional.
O Ministro reconhece que não é provável que uma mudança aconteça já no encontro do G20 em Londres no mês de Abril, pode ser que isso acontece no encontro de Outubro.

O FMI é composto por mais de 190 países e qualquer mudança leva tempo.

3 - È preciso aumentar o fluxo financeiro e comercial para os países sem recursos.

4 - Estimular os Estados Unidos a resolver a sua crise financeira, pois a mesma foi a fonte da crise mundial. A solução desta crise ajudará que outros países se recuperem.

5 - È necessário que seja feita uma regulação maior do sistema financeiro mundial, principalmente o “Shadow System”, o sistema que existe às escondidas.

Mantega disse que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi convidada a participar da Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários ou IOSCO (International Organization of Securities Commissions).

O Ministro citou também o GAFI - Grupo de Ação Financeira contra a lavagem de dinheiro que tem sido muito útil contra crimes financeiros.

Guido Mantega falou sobre a preferência entre regulação e aumento fiscal. Segundo ele a ação fiscal dos estados não foi suficiente, é preciso fazer mais para aquecer a economia. Ele citou o PAC como um programa de estímulo fiscal e investimento.
Mantega disse também que é preciso restabelecer o crédito mundial para aumentar a confiança dos investidores e do mercado.

Os países com ativos podres (bad assets) precisam resolver este problema. Os Estados Unidos e a Europa estão com o sistema bancário fragilizado e tem comprado grande parte destes ativos podres.

Mantega frisou que o Brasil tem o sistema financeiro mais regulado do mundo. Segundo ele, as regras da Basiléia falam em 8% enquanto no Brasil o nível de alavancagem é de 15%. O mercado de derivativos e as operações de balcão são também regulados. O Ministro afirmou que em termos de regulação o Brasil está à frente de muitos países.

Com relação à situação mundial Mantega que o Brasil se encontra em uma boa posição, pois o país foi um dos últimos a desacelerar e sentir os efeitos da crise, apenas no último trimestre de 2008.

O governo conta também com 160 bilhões de reais para serem usados para enfrentar esta crise.

Encerrando a entrevista coletiva Guido Mantega afirmou que o Brasil está em uma condição boa onde as exportações representam apenas 13% do PIB e citou que a recente Pesquisa Mensal do Comércio apontou um aumento do consumo no varejo.

Mais notas, clique aqui

A CPI seletiva

Blog do Luis Nassif -13/03/09

Da Carta Capital

Um documento de 91 páginas repousa, desde o dia 9 de fevereiro, numa gaveta do gabinete do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da Comissão Parlamentar das Escutas Telefônicas Clandestinas, a chamada CPI dos Grampos. Trata-se de um texto escrito pelo delegado Paulo Lacerda, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atual adido policial do Brasil em Lisboa. No texto, Lacerda faz um esclarecimento geral sobre as dúvidas recorrentes da CPI, mas, sobretudo, procura desmontar a tese da ilegalidade da participação de agentes na Abin na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz. Pellegrino jamais deu publicidade ao papel nem levou em consideração o conteúdo do documento. Ao contrário.

Com o beneplácito do parlamentar baiano, Lacerda e Queiroz vão ser obrigados, novamente, a depor na CPI dos Grampos, ressuscitada aos 45 minutos do segundo tempo em mais uma movimentação para lá de nebulosa com a participação dos atores veteranos nesta operação: a revista Veja, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da comissão. Prestes a votar o relatório final, de autoria de Pellegrino, os parlamentares acertaram prorrogar os trabalhos por mais 60 dias após uma reportagem da revista da Abril que tinha por objetivo demonstrar ilegalidades cometidas por Queiroz durante a investigação do banqueiro Daniel Dantas.

A culpa dos economistas

Blog do Luis Nassif - 13/03/09

Viajei hoje de manhã e não tive tempo de colocar esse artigo que saiu no Valor, do Dani Rodrik. Mais uma crítica contundente contra os cabeças de planilha.

Culpe os economistas, não a economia

Dani Rodrik

13/03/2009

À medida que o mundo ruma atabalhoadamente para a beira de um precipício, críticos do ofício da economia vêm levantando questionamentos sobre a sua cumplicidade na crise atual. E com razão: os economistas têm muito pelo que responder.

Foram os economistas os que legitimaram e popularizaram a ideia de que um setor financeiro sem amarras representava um benefício para a sociedade. Eles falavam quase de maneira unânime quando se tratava dos “perigos da regulamentação excessiva do governo”. Seu conhecimento técnico - ou o que se assemelhava a isso à época - lhes conferiu uma posição privilegiada de formadores de opinião, bem como acesso aos corredores do poder.

Muito poucos dentre eles (exceções notáveis, como Nouriel Roubini e Robert Shiller) soaram os sinos de alarme sobre a crise que se anunciava. Pior ainda, talvez, a profissão fracassou em oferecer orientação proveitosa para desviar o mundo da sua rota de desordem atual. A respeito do estímulo fiscal keynesiano, as opiniões dos economistas variaram de “absolutamente essencial” a “ineficaz e prejudicial”.

A respeito da re-regulamentação das finanças, há um grande número de boas ideias, mas pouca convergência. Do quase consenso em torno das virtudes do modelo centrado em finanças do mundo, o ofício da economia passou para uma quase total ausência de consenso sobre o que deve ser feito.

Assim sendo, será que a economia está precisando de uma grande sacudida? Devemos deitar fogo nas nossas cartilhas atuais e reescrevê-las do zero?

Na verdade, não. Sem recorrer à caixa de ferramentas do economista, sequer poderemos começar a entender a crise atual.

Por que, por exemplo, a decisão da China, de acumular divisas estrangeiras, levou uma instituição de crédito imobiliário em Ohio a assumir riscos excessivos? Se a sua resposta não usar elementos de economia comportamental, teoria da agência, economia da informação e economia internacional, entre outros, provavelmente continuará seriamente incompleta.

A falta não reside no campo da economia, mas no campo dos economistas. O problema é que os economistas (e os que lhes dão ouvidos) ficaram excessivamente confiantes nos seus modelos preferidos do momento: os mercados são eficientes, a inovação financeira transfere risco aos melhor capacitados para arcá-lo, a auto-regulamentação funciona melhor e a intervenção do governo é ineficaz e prejudicial.

Eles esqueceram que havia muitos outros modelos que levavam a direções radicalmente diferentes. O orgulho arrogante gera pontos cegos. Se algo necessita de reparo, é a sociologia da profissão. As cartilhas - pelo menos as usadas nos cursos avançados - são ótimas.

Não-economistas tendem a enxergar a economia como uma disciplina que venera mercados e um conceito estreito de eficiência (de alocação). Se o único curso de economia que você frequenta é o típico giro introdutório, ou se você for um jornalista pedindo que um jornalista dê uma rápida opinião sobre um tema de política pública, é o que realmente vai encontrar. Mas pegue mais alguns cursos de economia, ou consuma mais tempo em salas de seminários avançados, e receberá um quadro diferente.

Economistas do trabalho se concentram não só na forma como sindicatos podem distorcer mercados, mas também, na forma como, sob certas condições, eles podem melhorar a produtividade. Economistas do comércio estudam as implicações da globalização sobre a desigualdade dentro de e através de países. Os teóricos das finanças escreveram abundantemente sobre as consequências do fracasso da hipótese de “mercados eficientes”. Macroeconomistas da economia aberta examinam as instabilidades das finanças internacionais. O treinamento avançado em economia requer aprendizagem detalhada das falhas de mercado, e sobre o sem-número de formas nas quais os governos podem ajudar os mercados a funcionarem melhor.

A macroeconomia pode ser o único campo aplicado na disciplina de economia no qual mais treinamento aumenta a distância entre o especialista e o mundo real, devido à sua dependência de modelos altamente irreais, que sacrificam a relevância em favor do rigor técnico. Lamentavelmente, em vista das necessidades atuais, os macroeconomistas fizeram pouco progresso em planos de ação desde que John Maynard Keynes explicou como as economias podem ficar atoladas no desemprego devido à demanda agregada insuficiente. Alguns, como Brad DeLong e Paul Krugman, dirão que o campo já regrediu.

A ciência econômica é na verdade um conjunto de ferramentas com múltiplos modelos - cada qual uma apresentação diferente e estilizada de algum aspecto da realidade. A habilidade de um economista depende da sua capacidade de escolher cuidadosamente o modelo apropriado para a situação.

A fertilidade dos economistas não se refletiu no debate público porque os economistas tomaram demasiada liberdade. Em vez de apresentar menus de opções e relacionar as vantagens e desvantagens relevantes - a razão de ser da Economia - muitas vezes os economistas preferiram transmitir suas próprias preferências políticas e sociais. Em vez de serem analistas, eles têm sido ideólogos, preferindo um conjunto de ordenamentos sociais em detrimento de outros.

Além disso, os economistas têm hesitado em compartilhar as suas dúvidas com o público, temendo “fortalecer os bárbaros”. Nenhum economista pode estar completamente seguro de que seu modelo predileto esteja correto. Mas quando ele e outros o defendem a ponto de excluir as alternativas, acabam transmitindo um grau exagerado de confiança sobre o tipo de rota de ação exigido.

Paradoxalmente, portanto, a desordem reinante na profissão representa, talvez, um reflexo melhor do verdadeiro valor agregado da profissão face ao seu enganoso consenso anterior. A economia pode, na melhor das hipóteses, tornar claras as opções para os formuladores de políticas; ela não pode fazer essas escolhas para eles.

Quando os economistas discordam, o mundo fica exposto a legítimas diferenças de opinião sobre como a economia funciona. É no momento em que eles concordam tanto que o público deve tomar cuidado.

Dani Rodrik é professor de economia política na Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade Harvard e foi o primeiro a receber o Prêmio Albert O. Hirschman do Conselho de Pesquisa de Ciências Sociais © Project Syndicate/Europe´s World, 2009. www.project-syndicate.org

Fatos contra os desejos

Blog do Luis Nassif - 13/03/09

Enquanto o Globo transforma desejos em fatos, os fatos conspiram contra os desejos da sua direção - e o jornal ignora.

No Estadão de hoje, duas notícias sobre a sucessão:

1. O PMDB de Minas Gerais aclamou Aécio Neves e quer que seja o candidato do partido a 2010.

2. O DEM, através de Rodrigo Maia, ameaça desembarcar da canoa de Serra.

Clique aqui.

Sem negar que já apoiou abertamente Serra, o presidente nacional do DEM, ˜deputado Rodrigo Maia (RJ), recuou. “A realidade que eu tinha naquele momento era uma, a que eu tenho hoje é outra. O governador Aécio Neves é de fato candidato a presidente da República”, afirmou, negando ter simplesmente mudado de ideia. “Não é que eu mudei de ideia, quem mudou de ideia foi o Aécio.”

Alguma surpresa? Só para quem analisa o jogo político como torcedor.

Assim como na economia, há uma defasagem entre os eventos políticos e as consequências. Assim como na economia, os movimentos de opinião pública são como ondas. Determinados candidatos sobem, atingem o seu pico, não tem consistência, seus fundamentos não são considerados sólidos, e entra-se na curva descendente. A arte da política - e do jornalismo - consiste em prever esses movimentos. Serra, que sempre teve muitas virtudes, sempre foi um amador para esse tipo de análise. E não existem partidos como melhor ˜feeling” para esses movimentos que o PMDB e, principalmente, o DEM.

Os erros fatais

Serra começou a cavar o buraco em que se meteu muito antes, quando emergiu das eleições para governador. Esperava-se que surgisse o estadista - que durante os anos 90 era apenas uma promessa - com visão desenvolvimentista, amplo trânsito em círculos de centro-esquerda de diversos partidos, movimentos sociais.

O que se viu foi um político sem rumo, quase um dependente emocional sendo conduzido pela mão pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Não faltaram alertas que FHC não representava mais nada, que era como um chupim que se agarra ao tronco da árvore. Não adiantou. Seja pela dependência emocional, seja pelo fato de FHC ter-lhe legado o apoio da mídia - especialmente da Editora Abril e O Globo (a Folha foi uma conquista pessoal de Serra e os Frias lhe serão eternamente gratos, como são até hoje ao ex-presidente Sarney) - o governador mudou. Tornou-se o alter ego de FHC.

Indecisões crônicas

À medida que não tinha mais o álibi de não ter vôo próprio - afinal, agora era o governador do maior estado brasileiro - tornaram-se mais explícitas duas características negativas.

A primeira, a da indecisão, do receio de entrar em divididas, de expor suas idéias e desagradar novos e antigos aliados. O intelectual corajoso, na política não passa de um formulador inibido. Não teve coragem de criticar o modelo econômico quando as coisas pareciam estar a favor do mercadismo. Era o momento de ter-se firmado corajosamente, para colher os frutos quando a crise chegasse. Amarelou, ficou com receio de tirar o discurso de seus aliados - Lucia Hipólito, Jabor, Mirian, Veja. Os bravos passam anos atacando qualquer ação próativa do Estado e, agora, o seu campeão resolve dizer o que pensa, que a ação de Estado não pode ser vista com esse dogmatismo superficial?

A segunda, da truculência. Enquanto Serra tentava passar a imagem do político equilibrado, pronto a colaborar com outros poderes, a tropa de choque de Serra expunha-se de maneira totalmente imprudente, jogando o governador no centro da maior roubada política dos últimos dez anos: a conspiração contra a Operação Satiagraha, conduzida pelo inspetor Roberto “Clouseau” Civita e seu exército de trapalhões.

Com isso, holofotes em cheio sobre Marcelo Itagyba, trazendo de volta as informações sobre suas ligações com Serra na época do Lunus e na montagem da operação - uma armação da Polícia Federal com a TV Globo de Ali Kamel.

Quem são os atores convocados para as tramas da Veja? Itagyba, Jungman, Jarbas, todos homens de Serra. Quem ataca os adversários de Serra com as baixarias mais expressivas da história da grande imprensa brasileira? Mauro Chaves, homem de confiança de Serra (um episódio baixo apenas). Reinaldo Azevedo, de confiança de Serra.

Intelectuais, pensadores, progressistas que poderiam estar junto com Serra só se manifestam quando provocados pelos jornais. Antes Serra tinha um exército pequeno e apaixonado por suas ideias. Sobrou o que? Um bando de iludidos que constatou que as tais idéias eram apenas para consumo interno e para tertúlias com as macarronadas de Gianotti.

Os conflitos

Some-se a isso o fato de não ter conseguido administrar conflitos básicos e fundamentais, como a greve da Polícia Civil e da USP. Além de ter confirmado as lendas que o cercavam, de permanentemente pedir cabeça de jornalistas.

Reforçou a marca política da truculência e não conseguiu definir uma marca como gestor. Pergunte a qualquer pessoa - do motorista de táxi ao intelectual - qual a marca do governo Serra e ninguém saberá.

Havia o Serra que defendia os recursos públicos com unhas e dentes. Foi substituído pelo Serra que despeja publicidade da Sabesp em rede nacional e inunda horários nobres, como os do Jornal Nacional, com propagandas de trens. Ou o Serra que celebra inúmeros contratos com a Editora Abril, em troca de apoio.

Próximos passos

O jogo está apenas começando. Quem tem intuição para perceber os rumos do vento já percebeu que, nos próximos meses, Serra desce aceleradamente; Aécio sobe. E agora? Um novo caso Lunus?

Se o movimento tornar-se muito forte, a mídia poderá embarcar na candidatura Aécio. O ponto central da grande mídia será apoiar um candidato que iniba, através de leis e regulamentos, a entrada de novos competidores em um mercado cartelizado. Quem é o homem de Aécio no PMDB? O homem da mídia: Hélio Costa.

Não se surpreenda se Aécio tornar-se a grande esperança branca da mídia e do DEM.

Será a disputa do desenvolvimentismo e da gestão.

Da arte da guerra

Blog do Luis Nassif - 13/03/09

O governador José Serra comparece à inauguração de um conjunto habitacional do governo paulista. A imprensa cai em cima para fomentar a guerra. Serra comenta que o governo federal está entregando a propriedade das casas às mulheres, que são mais firmes e responsáveis que os maridos. Trata-se de uma constatação das políticas sociais que já foi empregada nos tempos de dona Ruth e incorporada no Bolsa Família.

Serra lembra que Mário Covas já fazia isso em seu tempo. Frase de Serra: “Eu acho ótimo. Não tem nenhuma concorrência. Na vida pública, a gente pega idéia dos outros. Não tem patente”.
Manchete do Estadão: “Planalto usa idéias do governo de SP, diz Serra”.

Para quem se vale dos serviços de Reinaldo Azevedo, Serra não tem nem como reclamar desse “esquentamento” da disputa.

O caso Madoff e o caso Dantas

Blog do Luis Nassif - 13/03/09

Coluna Econômica - 13/03/2009

Bernard Maddof deu um golpe de US$ 65 bilhões no mundo. Menos de um ano depois de descoberto está preso. Ontem houve uma audiência e ele saiu de lá algemado até uma cela pequena. O juiz distrital Denny Chin Madoff considerou que Madoff poderia fugir, já que é prevista uma pena de 150 anos para ele. Madoff foi ao Tribunal com um colete à prova de bala, tal a fúria do público que cercou o local - parte deles, vítima de seus golpes.

Apesar de declaração de arrependimento, não divulgou o nome de familiares que participaram do golpe, nem de investidores que tinham recursos de origem duvidosa aplicados com ele.

Maddof estava livre após pagar fiança de US$ 10 milhões. O juiz revogou a fiança.
***

É longa a relação de crimes admitidos por Maddof: fraudes com títulos, lavagem de dinheiro, falso testemunho, traição a quase 5 mil clientes, perdas de US$ 65 bilhões.

O esquema começou a ser praticado na década de 80. Consistia em pagar dividendos aos clientes mais antigos com os recursos depositados pelos novos clientes - o chamado “esquema Ponzi”, a popular corrente da felicidade que quebra quando o fundo deixa de crescer.

Para manter a bicicleta rodando, Madoff fez de tudo, fraudou contas, extratos, rodada o dinheiro entre bancos de Nova York e Londres, para passar a impressão de prosperidade.

Para girar uma roda de US$ 65 bilhões em depósitos, Maddof possuía apenas US $ 1 bilhão em ativos.

***

Enquanto tais fatos ocorriam nos Estados Unidos, no Brasil, um banqueiro preso depois de um flagrante de tentativa de suborno, foi libertado duas vezes pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O uso de algemas na sua prisão indignou Gilmar Mendes; a gravação do suborno, não.

Ao mesmo tempo, políticos, grandes jornais, redes de televisão entraram em uma corrente de criminalização dos funcionários da lei que desvendaram a trama do banco Opportunity. E pouco falam dos crimes de Daniel Dantas.

***

No fundo esta é a grande diferença entre os Estados Unidos e o Brasil. Economistas liberais, jornalistas conservadores, cansaram os ouvidos da população com as reclamações contra a falta de segurança jurídica no país. Que o capital, para entrar e ajudar o país a se desenvolver, deveria ter regras rígidas nas quais confiar.

Uma dessas regras fundamentais - em qualquer economia capitalista moderna - é a capacidade das autoridades de levantar crimes e prender criminosos.

Quando se chega nesse universo dos colarinhos-brancos, cessa o discurso neoliberal. O exemplo que vem do norte não mais é invocado. Prisão de banqueiros desonestos, levantamento de esquemas de lavagem de dinheiro, condenação rápida dos infratores e esse conjunto de medidas rápidas, permite o renascimento permanente da economia norte-americana, após cada grande crise.

***

Enquanto isto, o Brasil patina na impunidade, na complacência, nas armações - como a que junta a revista Veja com a CPI dos Grampos.

No fundo, esse é o grande desafio para o Brasil aspirar a ser uma nação grande e justa: romper com esse pacto de banditismo que parece ter se consolidado nos quatro poderes do país.

Lobby de Israel detonou Freeman

Site do Azenha - Atualizado em 13 de março de 2009 às 16:57 | Publicado em 13 de março de 2009 às 16:55

Lobby de Israel-EUA detonou Freeman, indicado por Obama (e carta de Freeman)

Robert Dreyfuss, 19/3/2009, The Nation

http://www.thenation.com/blogs/dreyfuss/416170/israel_lobby_defeats_freeman_appointment

A renúncia de Chas Freeman, do cargo de chefe do Conselho Nacional de Inteligência [National Intelligence Council], depois de duas semanas de ataques violentíssimos contra ele, pelo coro do lobby sionista norte-americano é uma ferida aberta no governo de Obama.

Como escrevi semana passada, quando começou a campanha contra Freeman, se Barack Obama não consegue manter-se em pé à frente de gente como Marty Peretz, Jonathan Chait, Steve Rosen e outros assemelhados, e se a Casa Branca não consegue defender um nome indicado em área crucial da inteligência, quando seu indicado é selvagemente atacado pelos tubarões republicanos que farejaram sangue na água, não sei como esperar que Obama mantenha-se em pé frente a Bibi Netanyahu e Avigdor Lieberman, ainda mais radical, quando discordarem de Obama em assuntos de políticas para o Oriente Médio.

É triste e preocupante.

Espere-se muito júbilo nas páginas de The New Republic, National Review, The Weekly Standard, no canal Fox News, nos corredores do American Enterprise Institute, no AIPAC, em toda a direita e nos blogs dos neocons.

Unidos no esquartejamento de Freeman estiveram (não sejamos hipócritas) os judeus linha-dura do Congresso Democrático, entre os quais o senador Charles Schumer de New York, o deputado Steve Israel (é, o nome dele é "Israel") de New York e, é claro, aquele ex-Democrata, Joe Lieberman – todos na fila do gargarejo para aplaudir o esquartejamento, ao lado do AIPAC.

O The Post, hoje cedo, comentando a oposição ao nome de Freeman manifestada por sete membros Republicanos da Comissão do Senado para Assuntos de Inteligência, citou Freeman, em 2007: "A brutal opressão dos palestinos pela ocupação israelense parece não ter fim. (...) A identificação dos EUA com Israel tornou-se total."

Aparentemente, todos devem saber só disso – e de mais nada.

Há cerca de quatro anos, entrevistei Freeman sobre a desastrosa indicação de Porter Goss para o cargo de diretor da CIA, ali posto pelo ex-presidente Bush como leão de chácara político numa agência da qual se deve esperar que informe ao poder a verdade dos fatos. Goss, Freeman disse-me então, foi mandado a Langley para "impor um modo de ver a CIA que os analistas e agentes da CIA simplesmente rejeitam, por não ter qualquer base na realidade." E Freeman prosseguiu. "É um ditador. Acabaremos por fazer da CIA uma agência ainda mais direitista, ainda mais conservadora e ainda mais incapaz de formar especialistas capazes de ter idéias novas, com competência para discordar e propor soluções originais."

Acho que agora todos estamos vendo que tampouco há lugar, hoje, para quem tenha competência para discordar e propor ideias novas, também na comunidade de inteligência.

No fim da tarde de 3ª-feira, Freeman distribuiu à imprensa a seguinte carta:

"A todos que me apoiaram e dirigiram-me palavras de encorajamento durante a discussão das duas últimas semanas, dedico-lhes minha gratidão e o meu respeito.

Agora, já terão tomado conhecimento, pelo Diretor dos Serviços Nacionais de Inteligência dos EUA, Dennis Blair, que desisti de aceitar o cargo para o qual havia sido indicado e que já aceitara, de chefe do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA.

Cheguei à conclusão que a guerra de distorções criminosas sobre eventos do meu passado não cessaria nem depois de eu estar empossado. A decisão de me agredir e destruir minha reputação e credibilidade continuaria, talvez ainda mais feroz. Não me parece que o Conselho Nacional de Inteligência possa funcionar com eficácia, se o titular estiver ininterruptamente sob ataque de gente inescrupulosa, obcecadamente associada às ideias de uma facção política de uma nação estrangeira. Aceitei o convite para chefiar o Conselho Nacional de Inteligência dos EUA para fortalecê-lo e preservá-lo contra a politização, não para pô-lo a serviço de um grupo de interesses, determinado a controlá-lo mediante os recursos e formulações de uma campanha sórdida de difamação.

Como sabem todos os que me conhecem, tenho desfrutado muito bem a vida desde que me aposentei das funções de governo. Nada estava mais longe dos meus planos do que voltar ao serviço público.

Quando o Almirante Blair convidou-me a chefiar o Conselho Nacional de Inteligência, respondi que "entendia que eu estava sendo convidado a oferecer minha liberdade de falar, meu lazer, a maior parte dos meus ganhos, que me teria de submeter à colonoscopia mental de um detector de mentiras, que teria de aceitar voltar a sair para trabalhar horas incontáveis; e que teria de aceitar uma ração diária de desaforos políticos". Acrescentei que, isso dito, provavelmente ainda simplificara muito as dificuldades da missão para a qual estava sendo convidado.

Sei que ninguém é indispensável e não sou exceção. Precisei de semanas de reflexão para concluir que, dadas as circunstâncias sem precedentes, espantosamente difíceis, que nosso país enfrenta em casa e em terras distantes, não me restava alternativa senão aceitar a convocação de voltar ao serviço público. Agora, me retiro novamente de todas as posições e atividades nas quais então me engajei. Considero agora a possibilidade auspiciosa de voltar a vida privada, livre das obrigações que assumira.

Não sou tão pouco modesto a ponto de crer que essa polêmica tenha a ver comigo, mais do que com questões de política pública. Essas questões têm pouco a ver com o Conselho Nacional de Segurança e nada têm a ver com o que supus que pudesse oferecer, como contribuição, à qualidade das análises a serem apresentadas ao presidente Obama e ao seu governo.

Mesmo assim, entristece-me que a polêmica e o modo como o vitríolo usado pelos que se dedicam a manter a polêmica mostrem tão claramente o triste estado em que sobrevive hoje a sociedade civil norte-americana.

É evidente que nós, americanos, já não somos capazes de manter uma discussão pública a sério, nem podemos exercitar qualquer juízo independente sobre temas importantes para nosso país e para nossos aliados e amigos.

As calúnias que se publicaram contra mim e a trilha de e-mails facilmente rastreável mostram conclusivamente que há um poderoso lobby em atividade, determinado a evitar que se ventile qualquer opinião diferente da sua – sobretudo se tiver algo a ver com tendências e eventos no Oriente Médio.

As táticas do lobby de Israel atingem o fundo da falta de decência e de honra, e incluem a tentativa de assassinar minha reputação, citações de frases distorcidas, deliberada fraude em informações sobre meu currículo, mentiras, informações inventadas, em todos os casos sem qualquer respeito à verdade.

O lobby de Israel visa a controlar todo o processo político, mediante o controle do exercício de veto à indicação de servidores do governo dos EUA cujas opiniões não coincidam com os interesses do lobby; a substituir a correção política por opiniões parciais; e a cancelar toda e qualquer possibilidade de os norte-americanos e o governo dos EUA decidirem o que não interesse ao lobby.

Há especial ironia em eu ter sido acusado de manifestar viés de opinião, em relação a opiniões de governos e sociedades estrangeiras, por um grupo tão claramente decidido a impor aos EUA que aceite as políticas de um governo estrangeiro – nesse caso, do governo de Israel.

Creio que a incapacidade do público norte-americano para discutir – e do governo, para considerar – qualquer política alternativa para o Oriente Médio, e que se oponha ao grupo reinante hoje na política de Israel, deixa livre o terreno para que aquele mesmo grupo adote e defenda políticas que, de fato, ameaçam até a existência do Estado de Israel.

É proibido, nos EUA, para seja quem for, declarar isso. E não poder declará-lo não é tragédia apenas para os israelenses e seus vizinhos no Oriente Médio. Esse impedimento causa dano crescente à segurança nacional dos EUA.

A agitação inadmissível que se seguiu ao vazamento da notícia de que eu fora convidado levará a pensar que o governo Obama não consegue tomar decisões autônomas sobre o Oriente Médio e questões correlatas. Lamento que minha disposição de servir ao governo Obama tenha terminado por lançar dúvidas sobre a habilidade do próprio governo dos EUA considerar – e nem falo da capacidade para decidir – as políticas que mais bem atendam aos interesses dos EUA, do que atendam aos interesses de um lobby dedicado a impor aos EUA o desejo e os interesses de um governo estrangeiro.

No julgamento da opinião pública, diferente das cortes legais, o acusado é culpado até que prove a própria inocência. Os meus discursos dos quais se extraíram, distorcidos, os trechos que o lobby israelense fez publicar estão disponíveis para leitura dos que se interessem por conhecer a verdade. A injustiça das acusações feitas contra mim foi óbvia para os que tenham mente aberta. Os que trabalharam para me desmoralizar não estão interessados em qualquer tipo de discussão ou contra-argumentação que eu ou qualquer outro possamos oferecer.

Insisto, para os registros: Jamais procurei ou aceitei pagamento de qualquer governo estrangeiro, incluídos Arábia Saudita ou China, por qualquer tipo de serviço, nem jamais falei em defesa dos interesses de algum governo estrangeiro, em seu nome ou em nome de suas políticas. Jamais servi como lobbyista de qualquer grupo do governo dos EUA, nem em causas externas nem em causas domésticas. Sou homem que se defende só e, voltando agora à vida privada – com muito prazer – volto a ser completamente senhor de mim mesmo. Continuarei a falar como me pareça de deva falar, sobre questões que tenham a ver comigo e com os demais cidadãos dos EUA.

Mantenho integrais respeito e confiança no presidente Obama e no Diretor Blair. Nosso país enfrenta desafios terríveis em casa e em terras distantes. Como todos os norte-americanos patriotas, continuarei a pedir a Deus que nosso presidente consiga nos levar a superar todos esses desafios."

Tradução de Caia Fittipaldi