"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, novembro 16, 2013

Comentários críticos sobre cinco questões de Física na prova de Ciências da Natureza – Enem 2013

Fernando Lang da Silveira
IF-UFRGS
lang@if.ufrgs.br
 
Introdução
 
Reuni em um único documento os comentários realizados durante três dias (27 a 29 de
outubro de 2013) a respeito de cinco questões de Física com equívocos de formulação na prova
de Ciências da Natureza – Enem 2013.
 
As questões e os comentários foram postados e se encontram disponíveis na seção
Pergunte! do Centro de Referência para o Ensino de Física (CREF) do IF-UFRGS no endereço
http://www.if.ufrgs.br/cref/?area=indice. Durante os três dias houve mais de 25.000
visualizações nas diversas postagens.
 
Infelizmente o ENEM apresenta, de forma recorrente, graves problemas de formulação
em diversas questões. Muitos desses problemas decorrem da ideologia da “contextualização a
qualquer custo”, notória nos enunciados das questões. A tentativa de “sempre contextualizar”
não raro conduz a enunciados esdrúxulos, de fato completamente desconectados da realidade,
como, por exemplo, aquele da menina que se deita de biquíni em seu quarto para se bronzear
sob a luz de uma lâmpada incandescente comum (questão de 2012).

É vergonhosa para o nós brasileiros, e em particular para MEC e seu INEP, a existência
de DIVERSAS questões mal formuladas, algumas sem respostas possíveis. Pior ainda é a total
ignorância, reiterada pela publicação de um gabarito que insiste em atribuir uma resposta
quando de fato não há nenhuma resposta possível a uma questão, simplesmente porque seu
enunciado propõe algo impossível tanto na teoria quanto na prática. Refiro-me especificamente
à questão 57 do Caderno Azul da Prova de Ciências da Natureza em 2013 (vide adiante meus
comentários).
 
Além destas cinco de 2013, na prova de 2012 encontrei outras seis questões mal
elaboradas, criticadas em
https://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Quest_Fisica.pdf .
 
Nos comentários que faço à presente prova, um aspecto que julgo positivo foi a
possibilidade, concretizada através das redes sociais do Facebook, de muitas pessoas acessarem as postagens conforme indica o grande número de visualizações no CREF. Aproveitei para tentar “transformar os limões em limonada”, sempre transmitindo ensinamentos de Física, ensejados pelas cinco “pérolas” do ENEM.

Ao leitor que discordar com meus comentários agradeço antecipadamente por qualquer
manifestação que porventura fizer.
 
Questão 82 (Prova Azul) de Ciências da Natureza - 2013
 
Prof. Lang
 
Muitas pessoas, inclusive músicos, estão indignados com o enunciado da questão 82, alegando
que o Dó Maior não é uma nota mas um acorde.
 
Gostaria que o senhor comentasse.
Grato

Questão 82

Enem 88

Comentários sobre a questão 82
 
De fato o Dó Maior é um ACORDE e não uma NOTA, ou seja, uma composição de diversas notas (frequências) a partir do Dó, guardando entre si uma proporção bem definida entre as frequências.
 
Entretanto este não é o único equívoco no enunciado da questão. Outra terminologia inadequada é se referir aos dois gráficos como ONDAS.
 
Uma ONDA ocorre no espaço e no tempo, sendo a variável dependente (deslocamento, variação da pressão, intensidade de campo, ou alguma outra variável) expressa com uma função de uma ou mais coordenadas espaciais e do tempo. Quando uma onda sonora atinge, por exemplo, o microfone ela produz um SINAL. Nota que o microfone tem uma localização espacial definida e o que ele registra é uma informação que depende exclusivamente do tempo.
 
É notório nos gráficos apresentados que em um dois eixos, o eixo das abscissas, está representado o tempo. No outro eixo, o eixo das ordenadas, está sendo registrada outra variável
(não identificada na questão), por exemplo, a variação de pressão produzida pela onda no ponto
de captação.

Enem 82

Desta forma os dois gráficos representam SINAIS e não representam ondas pois não há nenhuma informação espacial no eixo das abscissas. Os SINAIS representados são consequentes da chegada de ONDAS sonoras no microfone. Acho que ninguém ao representar a vibração de um oscilador massa-mola (usualmente em um gráfico de deslocamento contra tempo) por uma senóide dirá que está representando uma onda. Ora, o microfone (parte do microfone) é um oscilador cujas oscilações dependem do som que sobre ele incide!
 
Assim sendo, vemos muita Física interessante nesta questão mal formulada. Relevando os problemas de formulação, a resposta à questão é óbvia!

Questão 77 (Prova Azul) de Ciências da Natureza - 2013: enunciado incompleto?
 
Boa tarde!
 
Eles deveriam dizer ele estava com velocidade constante pelo menos, né ?
 
Jean
 
Questão 77
 
Uma pessoa necessita da força de atrito em seus pés para se deslocar sobre uma superfície. Logo uma pessoa que sobe uma rampa em linha reta será auxiliada pela força de atrito exercida pelo chão em seus pés. Em relação ao movimento desta pessoa, quais são a direção e o sentido da força de atrito mencionada no texto?
 
a)Perpendicular ao plano e no mesmo sentido do movimento.
b)Paralela ao plano e no sentido contrário ao movimento.
c)Paralela ao plano e no mesmo sentido do movimento.
d)Horizontal e no mesmo sentido do movimento.
e)Vertical e sentido para cima.
 
Comentários sobre a questão 77

De fato o enunciado está incompleto pois pode-se subir por uma rampa com velocidade constante ou com velocidade variável.
 
Se a velocidade for variável, a aceleração em um dado momento pode ser orientada rampa acima ou rampa abaixo.
 
Se a velocidade for constante ou se variar de forma que a aceleração seja orientada rampa acima, então a única força que poderia estar orientada rampa acima é a força de atrito. É necessário portanto que a força de atrito seja orientada rampa acima para que sua intensidade se iguale à(no caso da velocidade constante) ou exceda a (no caso de a aceleração ser orientada rampa acima) intensidade da força orientada rampa abaixo (componente do peso paralela à rampa somada à força de resistência do ar).
 
Caso a velocidade seja orientada rampa acima e a aceleração tiver o sentido rampa abaixo (então a velocidade da pessoa está diminuindo em módulo) é possível que a orientação da força de atrito seja orientada ou rampa acima, ou rampa abaixo ou que nem exista a força de atrito.
 
Portanto para que a resposta seja "c) Paralela ao plano e no mesmo sentido do movimento." o
enunciado deveria especificar ou que a velocidade é constante ou que a aceleração da pessoa tem orientação rampa acima.

Questão 75 (Prova Azul) de Ciências da Natureza - 2013 - Alternativas incompletas!

 Questão 75

Enem 75

Comentários sobre a questão 75
 
O enunciado da questão admite que a segunda "resistência" (na verdade o segundo resistor, pois
resistência elétrica é a propriedade de condutor, no presente caso do fio!) seja feita do mesmo material que o material do primeiro fio. Entretanto é bem sabido que a resistência de um condutor metálico rigorosamente depende da temperatura e, ao trocar um fio pelo outro, ainda que a potência dissipada permaneça inalterada, a temperatura do fio pode se alterar. Se o fio for
mais fino, diminuirá a área de dissipação (área lateral do fio) e para a mesma potência dissipada o fio operará em temperatura mais alta, afetando desta forma a resistividade.
Então, faz-se necessário no enunciado da questão uma complementação simplificadora, a de que a resistividade do fio não seja afetada pela temperatura. Desta forma no enunciado da questão deveria ser dito:
 
...é trocar a resistência por outra de mesmo material (admitindo-se que a resistividade não dependa da temperatura) e com o (a) ...
 
Um amigo e ex aluno, o Lxxx, considera um preciosismo o que acima coloquei entre parênteses. Abaixo comentarei a necessidade de tal preciosismo.
 
É bem sabido que a resistência de um fio depende da área da seção transversal do fio e do seu
comprimento. Qualquer uma das duas características sendo variada, mantida a outra constante, alterará a resistência.
 
No caso em pauta, para manter a potência constante, dado que a tensão (ddp) foi duplicada, a resistência elétrica do fio deve ser quadruplicada pois a potência é igual ao quadrado da tensão
dividido pela resistência.

Uma das formas de quadruplicar a resistência elétrica é reduzir a um quarto a área da seção
transversal, mantido o comprimento do segundo fio igual ao do primeiro.
 
Desta forma, para que a resposta correta seja a alternativa e), é necessária a seguinte redação:
 
e) quarta parte da área da seção reta do fio original e igual comprimento do fio original.
 
Todas as outras alternativas devem fazer referência explícita à característica do primeiro fio que
é mantida inalterada no segundo fio!
 
Outra forma de garantir a cláusula ceteris paribus (todo o resto constante) é modificar o enunciado da questão para:
 
Uma das maneiras de fazer esta adaptação é por trocar uma resistência por outra, sendo que a
segunda resistência é de mesmo material que a original e difere da primeira apenas no comprimento do fio ou na área da seção transversal. Então a segunda resistência deve ter o(a)
...
 
Quanto ao preciosismo alegado pelo Lxxx: Há que se ser detalhista quando se trata de um concurso, mormente uma prova com a magnitude do ENEM. Se o redator de uma questão não atentar para os detalhes, abre a guarda para a impugnação da questão!

Questão 85 (Prova Azul) de Ciências da Natureza – 2013 SEM RESPOSTA ÚNICA!

 
Questão 85

Enem 85

Comentários sobre a questão 85
 
A questão 85 NÃO possui informações suficientes para que se chegue a uma ÚNICA resposta pelas razões explicitadas a seguir:
 
- Os dados sobre a velocidade média e o intervalo de tempo de aceleração da barra até atingir a
catraca permitem calcular a deformação sofrida pela mola até no momento do impacto: 5,0m/sx0,006s=0,030m=3,0cm.
 
- A seguir podemos calcular a intensidade da força elástica na mola no momento do impacto pois conhecemos a deformação e a constante elástica: 5x10-2N/cm x 3,0cm=0,15N.
 
- Um complicador adicional é que ao mover a barra através do campo magnético surge uma fem
induzida que reduzirá a intensidade da corrente. 
 
- Mesmo que admitamos constante a intensidade da corrente (desprezando os efeitos indutivos), há que se fazer uma suposição sobre a intensidade da força magnética no momento do impacto para bem de se resolver o problema. Se o enunciado da questão explicitasse o que se entende por "dispostivo funcione corretamente" talvez houvesse uma solução única para a questão.

 
- Se supusermos que a intensidade da força magnética é 10 vezes a intensidade força elástica (ou talvez igual à intensidade força elástica, ou talvez ... sabe-se lá qual valor), então poderemos
encontrar a intensidade do campo magnético (na verdade intensidade da INDUÇÃO MAGNÉTICA). Fazendo o cálculo com o fator resulta

10 x 0,15N=6,0A x 0,05m x B,
 
B=5,0T.
 
Admitida outra hipótese, por exemplo, que a intensidade da força magnética seja igual à da força
elástica, resultaria B=0,5T.
 
Se a intensidade da força magnética fosse igual a um décimo da intensidade da força elástica,
resultaria B=0,05T.
 
E assim por diante ...
 
Das três possibilidades acima, arbitrariamente, e tendo-se em conta que o dispositivo deve
produzir uma indução magnética uniforme sobre no mínimo uma região com área de 3,0cm x
5,0cm = 15 cm2
e dado que uma característica inelutável das questões do ENEM é a
“contextualização a qualquer custo”, a terceira possibilidade (B=0,05T) seria a mais realista.
 
De qualquer forma há MUITAS respostas possíveis (virtualmente infinitas) para esta questão!

Questão 57 (Prova Azul) de Ciências da Natureza - 2013 SEM RESPOSTA!
 
A questão 57 da Prova Azul de Ciências da Natureza NÃO tem resposta entre as alternativas oferecidas e, adicionalmente, a figura e o enunciado da questão propõem ABSURDOS sobre aquilo que de fato acontece em uma garrafa pet, cheia de água e com três pequenos orifícios na
sua lateral.


Enem 57

Comentários sobre a questão 57
 
A figura representando os jatos de água que saem de uma garrafa pet com três pequenos orifícios é inconsistente com a teoria sobre tal situação e com a experimentação. É fácil se demonstrar teoricamente que o alcance do jato é máximo na metade da altura da coluna de água interna à garrafa: se a garrafa estiver cheia até o gargalo, o alcance máximo acontece aproximadamente para a água que sai do orifício superior da figura da questão.
 
Os experimentos corroboram que o alcance da água que sai do orifício na região mediana da coluna de água interna à garrafa é MAIOR do que próximo à base da garrafa. Vide por exemplo
 http://www.if.ufrj.br/~pef/producao_academica/dissertacoes/2013_Geraldo_Plauska/dissertacao _Geraldo_Plauska.pdf ou a foto abaixo gentilmente enviada por Simone Benvenuti (ou ainda mais adiante em outra foto que eu realizei).

Enem 57_2

Ainda que se ignore o ABSURDO da figura na questão, há outra inconsistência no enunciado, inexistindo resposta correta a esta questão, e sendo enunciado da questão duplamente ABSURDO.
 
Vou a seguir argumentar sobre o segundo ABSURDO do enunciado.
 
Quando a garrafa está fechada e admitindo que a água NÃO escoe, a situação é do domínio da
ESTÁTICA DE FLUIDOS.
 
A LEI DE STEVIN ou LEI FUNDAMENTAL DA ESTÁTICA DE FLUIDOS afirma que NÃO há diferença de pressão entre pontos de um fluido estático se tais pontos estiverem no mesmo nível, isto é, se estiverem sobre uma superfície equipotencial gravitacional (neste caso uma superfície horizontal).

Portanto se a pressão externa à garrafa junto a um orifício for maior do que a pressão interna, o ar seria forçado para dentro da garrafa. E sendo menor, a água é forçada para fora da garrafa. Para a água não sair por um orifício, a pressão externa e a pressão interna no orifício devem ter o mesmo valor. Entretanto não existe uma única pressão interna à garrafa pois a pressão dentro da garrafa é variável espacialmente, ao longo da coluna de água. Entre dois pontos em níveis diferentes de um fluido, o ponto superior se encontra a uma pressão MENOR que o ponto inferior (Lei de Stevin).
 
Na figura abaixo vemos uma garrafa pet sem a tampa com três pequenos orifícios pelos quais a água vaza em acordo com o discutido anteriormente, demonstrando mais uma vez que a figura da questão está errada. Nota-se nesta foto que de fato o alcance máximo ocorre no orifício intermediário.

Enem 57_3

A próxima figura mostra uma garrafa cheia de água, com a tampa atarraxada e os três orifícios
lacrados com parafina.

Enem 57_4

Sendo o lacre de parafina retirado do orifício mediano a foto seguinte comprova que NÃO vaza
água para fora da garrafa .

Enem 57_5

A última foto mostra a garrafa VAZANDO após o orifício de cima também ter sido aberto demonstrando experimentalmente a impossibilidade de não vazar água quando existe mais de um orifício aberto.

Enem 57_6

Vou demonstrar teoricamente que a suposição de, havendo mais de um orifício aberto, não ocorrer o vazamento de água conduz a um ABSURDO.
 
1 – Como a pressão interna a cada orifício deve ser igual à externa, internamente à garrafa dever-se-ia ter a mesma pressão junto aos orifícios.
 
2 – A Lei de Stevin garante que dois pontos em níveis diferentes dentro da garrafa estão a pressões diferentes.

3 – Portanto é impossível se obter a situação estática com mais de um orifício aberto. Ou seja, acontece o que de fato vemos na foto anterior: a água vaza da garrafa pelo orifício mediano quando o orifício superior é aberto, entrando ar na garrafa pelo orifício superior.
 
Quando se abre o terceiro orifício no pé da garrafa, vê-se água vazando pelos dois orifícios inferiores e ar entrando na garrafa pelo orifício superior.
 
Portanto o problema envolve em seu enunciado duas suposições ABSURDAS sendo IMPOSSÍVEL QUE A ÁGUA NÃO VAZE DA GARRAFA TAPADA COM OS TRÊS ORIFÍCIOS ABERTOS!


Considero que todas as Universidades Federais do Brasil deveriam ser OBRIGADAS a adotar o Enem como forma de ingresso. Sem essa estória de parcialidade. O vestibular local deveria ser completamente substituído pelo Enem. Mas, o Enem deve, nesse caso ser levado mais a sério.

Se esse tipo de análise feito pelo profº Lang fosse extendido para outras disciplinas, provavelmente seria demonstrado esse mesmo tipo de erro em outras áreas de conhecimento.

Assim fica difícil defender o Enem.

sexta-feira, novembro 15, 2013

Tiroteio entre policiais e bandidos dura quase três horas no Morro da Mineira

O Dia - 15/11/2013 09:49:56

Policiais ficaram enclausurados durante troca de tiros, na madrugada, no Morro da Mineira, na Zona Norte

LUARLINDO ERNESTO

Rio - Quatro policiais militares da UPP do Morro de São Carlos trocaram tiros, na madrugada desta sexta-feira, com bandido que estava entrincheirado em casa no Morro da Mineira, no Catumbi. Os policiais acabaram encurralados porque, de outros pontos, bandidos começaram a disparar suas armas, fuzis, pistolas e até granadas, contra os soldados.

Os policiais, cercados em um beco próximo a Praça do Oitenta, conseguiram pedir reforços, por rádio. Logo chegaram soldados de outras UPPs e do BOPE. Quase três horas depois do início do tiroteio, os policiais foram resgatados. O bandido que estava na casa, fugiu por janela e sumiu em matagal.

A casa está com dezenas de marcas de tiros. O tiroteio, que aconteceu na madrugada, foi registrado na 17ª DP, em São Cristóvão, a Central de Flagrantes. Não se sabe, até agora, se houve feridos. No morro, ninguém quer falar sobre o assunto. Todos temem represálias.

quinta-feira, novembro 14, 2013

Nucléaire iranien, la France s’oppose à une solution

Le Monde Diplomatique - dimanche 10 novembre 2013, par Alain Gresh

Traduction de l’article en arabe ici.

Allez d’urgence voir le dernier film de Bertrand Tavernier, Quai d’Orsay (et profitez en pour relire la bande dessinée dont il est tiré). Il s’agit d’une description assez cocasse du fonctionnement du ministère des affaires étrangères français, et d’un portrait un peu outré de M. Dominique de Villepin. On en retiendra pourtant ici la dernière scène du film (ni outrée ni cocasse) : le discours de Villepin devant le conseil de sécurité de l’ONU, le 14 février 2003, contre la guerre en Irak. Cette brillante intervention souleva une vague d’applaudissements aux Nations unies, un lieu pourtant peu habitué aux démonstrations d’enthousiasme.

On ne savait pas encore que c’était la dernière fois que la France allait, en accord avec une ligne qu’avait définie le général de Gaulle dans les années 1960, faire entendre une voix indépendante, une voix pour la paix, une voix qui portait loin. Depuis, et notamment sous la présidence de Nicolas Sarkozy, elle est allée de renoncement en renoncement, du retour dans le commandement intégré de l’Organisation du traité de l’Atlantique nord (OTAN) à un rapprochement stratégique avec Israël, en passant par un ralliement aux positions néoconservatrices américaines sur le dossier iranien. L’arrivée à la présidence de François Hollande n’y a rien changé. Là aussi, la continuité est frappante.

Lire Olivier Zajec, « Cinglante débâcle de la diplomatie française », Le Monde diplomatique,octobre 2013Depuis des années, le dossier iranien est traité au Quai d’Orsay par des diplomates dont la connaissance du pays avoisine le zéro et qui se perçoivent comme les nouveaux croisés d’une nouvelle guerre froide : pour eux, l’Iran est l’incarnation du Mal. Ces diplomates, très en phase avec les néoconservateurs américains, ont été pris de court par l’élection de Barack Obama et n’ont cessé depuis de faire savoir à quel point le président américain était faible sur le dossier, prêt à tous les compromis. Leur vision est proche de celle du gouvernement israélien. Cette intransigeance ne concerne pas que le dossier nucléaire : Paris explique qu’il refuse la participation de l’Iran aux négociations de Genève II sous prétexte que Téhéran aide le régime syrien. Etrange argument : n’est-ce pas justement les parties en conflit qui doivent négocier ? Une telle conférence serait-elle possible sans la présence de l’Arabie saoudite et du Qatar qui aident les insurgés syriens ? Ce jusqu’au-boutisme de la diplomatie française sur le dossier syrien avait débouché, on s’en souvient, sur une « cinglante débâcle ».

Cette leçon ne semble avoir servi à rien. Et malgré les rumeurs selon lesquelles le dossier iranien serait désormais directement traité à l’Elysée, mécontent de la politique décidée par Laurent Fabius, les négociations de Genève des 7, 8 et 9 novembre ont illustré le rôle négatif de Paris.

Un accord était en vue après les derniers propositions iraniennes. Les ministres des affaires étrangères russe, américain et chinois rejoignaient les négociateurs. Catherine Ashton, la haute représentante de l’Union européenne pour les affaires étrangères, faisait de même. Laurent Fabius, de son côté, multipliait les mises en garde.

Après un entretien avec son homologue iranien, M. Fabius estimait que « des questions importantes subsist[aient], en particulier sur le réacteur[nucléaire] d’Arak ainsi que sur le stock et l’enrichissement de l’uranium ». Sur France Inter, il affirmait qu’il n’y avait « aucune certitude qu’on puisse conclure à l’heure où je vous parle », et mettait en garde contre « un jeu de dupes »(lemonde.fr, 7 novembre).

Finalement, les négociations échouèrent ; elles devraient reprendre dans une dizaine de jours et les pays occidentaux ont tenté d’affirmer publiquement qu’ils étaient sur la même longueur d’onde. Ceci est faux, et diverses confidences « off » de diplomates américains et européens ont confirmé le rôle néfaste de la France, qui exigeait notamment de l’Iran qu’il renonce à l’enrichissement de l’uranium, une revendication dont tout le monde sait qu’elle est inacceptable (et qui n’est vraiment demandée que par Benjamin Nétanyahou qui a, comme Laurent Fabius, exprimé son hostilité à l’accord).

Ainsi, parmi d’autres, Reza Marashi, directeur adjoint du National Iranian American Council (NIAC), un think tank animé par des Américains d’origine iranienne, présent à Genève, raconte sur son compte twitter comment Fabius « a fait de la vie de Kerry un enfer », et rapporte cette confidence d’un diplomate européen : « il y avait un accord en vue jusqu’à ce que les Français lancent une grenade (acurveball, terme de baseball intraduisible). Toute la journée il a fallu limiter les dégâts » (9 novembre).

Le ministre des affaires étrangères suédois Carl Bildt expliquait aussi dans un tweet le 9 novembre : « Il semble que les discussions les plus difficiles à Genève n’ont pas lieu avec l’Iran mais au sein du groupe occidental. Ce n’est pas bon ».

On lira aussi l’article de Julian Borger and Saeed Kamali Dehghan dans The Observer (Londres, 10 novembre), « Geneva talks end without deal on Iran’s nuclear programme » qui reprend les multiples critiques contre l’attitude de Fabius. Et le billet de la sénatrice Nathalie Goulet, sur Médiapart (10 novembre), « Iran :Pourquoi Laurent Fabius se ferme-t-il comme une huître dès que l’on parle de l’Iran ».

On pourrait multiplier les citations et les confidences qui toutes confirment une réalité : la France n’exprime désormais sa différence avec les Etats-Unis que pour aller dans un sens plus intransigeant, plus néoconservateur. Elle le fait en accord avec deux de ses alliés, Israël et l’Arabie saoudite. Fabius a déclaré qu’il fallait prendre en compte les craintes israéliennes sur sa sécurité — rappelons qu’Israël possède au moins deux cents têtes nucléaires (« Iran nuclear deal unlikely as split emerges in Western camp : diplomats », Reuters, 9 novembre). La monarchie wahhabite, concurrente de l’Iran, profondément impliquée en Syrie, est quant à elle désormais régulièrement consultée par Paris sur ce dossier. C’est sans doute la manière qu’a la France de soutenir les printemps arabes.

Mali : le MNLA évacue les locaux du gouvernorat et de la radio-télévision nationale à Kidal

RFI - Article publié le : jeudi 14 novembre 2013 à 19:21 - Dernière modification le : jeudi 14 novembre 2013 à 19:24

 

Un combattant du MNLA monte la garde devant l'assemblée régionale de Kidal, le 23 juin 2013.

Un combattant du MNLA monte la garde devant l'assemblée régionale de Kidal, le 23 juin 2013.

REUTERS/Adama Diarra

Par RFI

Remettre de l'ordre à Kidal, rétablir les instances étatiques dans cette ville du nord du Mali, c'était l'objectif des discussions qui se sont tenues il y a 8 jours à Ouagadougou. Au sortir de cette rencontre, sous la pression de la communauté internationale, le MNLA, le mouvement touareg, s'était engagé à libérer le gouvernorat et les locaux de la radio télévision malienne. Engagement dont la date butoir tombait ce jeudi 14 novembre. Quelques incidents ont été signalés sur place à Kidal aujourd’hui. Une partie de la population, notamment des sympathisants du MNLA, s'est opposée à la remise de ces locaux à l'Etat. Ce soir, selon un habitant de Kidal, les éléments de la Minusma sécurisent le gouvernorat et les locaux de l’ORTM, la radio-télévision nationale.

Ce jeudi 14 novembre au matin, des femmes et des jeunes se sont rassemblés devant le quartier administratif de Kidal. Des tentes ont été dressées dans la rue, en face du gouvernorat. Ces militants du MNLA sont en rupture avec leurs leaders politiques, ils refusent que leur mouvement libère ces bâtiments publics. « Des documents administratifs anciens ont été brûlés, des tables, des chaises ont été volées ou détruites, il n'y a pas eu de destructions graves », nous indique un responsable d'ONG qui était sur place.

→ A (RE) LIRE : Mali : Kidal sous tension après l’annonce de la rétrocession du gouvernorat à l’Etat

A la mi-journée, « les lieux ont été évacués par des éléments armés du MNLA », affirme un habitant. « La colère des populations est légitime, affirme un cadre du MNLA. Notre mouvement multiplie depuis des mois les concessions mais l'Etat malien ne bouge toujours pas. Nous avons expliqué aux habitants de Kidal qu'il fallait quitter les lieux, ce qu'ils ont fait ».

Une longue réunion s'est ensuite tenue en début d'après-midi sur la base française Serval pour tenter de trouver une solution. Signe que le dossier est sensible, le chef militaire de la Minusma, le rwandais Jean Bosco Kazura, et le numéro deux de l'organisation onusienne, le sénégalais Abdulaye Bathily, ont fait le déplacement depuis Bamako à Kidal pour discuter directement avec le MNLA

Selon nos informations, les leaders du mouvement azawadien ont donc remis ce jeudi le gouvernorat mais en échange ils souhaitent des compromis sur la sécurisation de Kidal. Quant à la radio, outil capital pour informer et passer des messages, le MNLA exige de pouvoir diffuser ses messages dès qu'il le souhaite.

Sécuriser le Sahel: mission impossible ?

RFI - Article publié le : jeudi 14 novembre 2013 à 10:14 - Dernière modification le : jeudi 14 novembre 2013 à 14:35

 

Le Sahel est devenu ces dernières années le bastion de nombreux rebelles islamistes

Le Sahel est devenu ces dernières années le bastion de nombreux rebelles islamistes

Reuters

Par Sonia Rolley

Des représentants de 17 pays sont attendus, ce jeudi 14 novembre 2013, à Rabat pour participer à la Conférence sur la sécurité des frontières dans la zone sahélo-saharienne. L'objectif est d’amorcer une réponse coordonnée aux défis suivants : terrorisme, trafic d'armes, trafic de drogue, immigration clandestine.

Le Sahel n’est pas devenu la région de tous les trafics. Zone d’échange depuis qu'il existe des sources écrites, la bande sahélo-saharienne a toujours abrité différents types de commerces, que l’on classifie aujourd’hui, notamment depuis la création des frontières, de légal ou d’illégal, avec des populations qui sont habituées à transporter des marchandises librement. Et c’est toujours le cas, puisque ces frontières sont très largement incontrôlées.

Difficile de contrôler les frontières

Judith Scheele, anthropologue à l'université d’Oxford en Grande-Bretagne a passé seize mois entre le sud algérien et le nord du Mali à circuler avec des transporteurs, fraudeurs ou non. Elle estime que l’idée de fermer les frontières à tout type de trafic est extrêmement difficile à mettre en œuvre. « On peut encourager les forces de l'ordre de la région à être plus vigilantes, cela voudra dire plus de corruption, mais pas moins de déplacements », explique-t-elle, ajoutant que rien n’empêchera véritablement ces populations de passer. Cela pourrait être même contreproductif. « S’il y a plus de surveillance, les gens vont payer plus cher les forces de l'ordre pour pouvoir passer », poursuit l’anthropologue Judith Scheele.

« Ceux qui font de la fraude sérieuse, comme les trafiquants de drogue, auront les moyens de continuer. Et ce seront les pauvres qui font du trafic de pâtes et de couscous qui seront pénalisés ». Or, les populations vivant dans le Sahel sont déjà très largement paupérisées et survivent essentiellement grâce à la fraude ou aux trafics. L’auteur de Smugglers and Saints of the Sahara, édité aux Presses Universitaires de Cambridge en 2012, explique qu’au sein même des familles, chaque membre peut mener sa propre activité, frauduleuse ou non. Les jeunes sont attirés par le trafic de drogue, car c’est un moyen rapide d’obtenir son premier pick-up ou de se marier. Plus tard, ils auront tendance à choisir des activités moins risquées.

Rivalités et méfiance entre les pays riverains

Il y a la rivalité entre les deux pays du Maghreb qui entendent jouer un rôle dans la sécurisation de l’espace sahélo-saharien : le Maroc, qui organise cette conférence de Rabat, et l’Algérie, qui a refusé d’y participer, sur fond de tensions autour de la question du Sahara occidental.

L’absence de l’Algérie est déjà un problème majeur pour le succès de cette réunion tant ce pays est incontournable quand il s'agit de parler de sécurisation du Sahel. Pour Medhi Taje, professeur de géopolitique, c’est la puissance régionale « qui ne peut qu'avoir un rôle extrêmement important relatif à la sécurisation des frontières, à la fois sur le plan militaire, mais aussi sur le plan économique et sur le plan humain » et notamment par sa proximité géographique avec le Mali. « L'Algérie partage une frontière de 1 300 à 1 400 kilomètres avec le nord du Mali avec des populations qui sont imbriquées de part et d'autres. Des liens qui sont donc extrêmement étroits », poursuit cet expert auprès de l'Institut tunisien des études stratégiques, ajoutant qu’Alger avait développé une stratégie de « pompier pyromane ». Ce qui entraîne une méfiance de nombreux pays de la région et notamment des riverains du sud.

« De nombreux responsables sécuritaires de pays sahéliens ne le cachent pas en privé, mais ne le disent pas publiquement parce qu’ils ont peur des mesures de rétorsions, compte tenu justement de sa capacité de nuisance », explique Mehdi Taje. « Dans l’Etat profond algérien, différents clans sont en lutte pour l’accaparement de la richesse pétrolière algérienne, pour la mainmise sur les trafics ou sur le pouvoir politique ». Et certains de ses clans, poursuit ce professeur de géopolitique tunisien, ont des liens avec des groupes comme Aqmi ou Ansar Dine, le groupe dirigé par le touareg malien, Iyad Ag Ghali.

Un manque de volonté politique manifeste

L'Algérie n'est pas le seul pays pointé du doigt. La Libye, depuis la chute de Mouammar Kadhafi, reste un « grand marché d'armes à ciel ouvert », estime Matthieu Pellerin, chercheur associé à l'Institut français des relations internationales (IFRI). Un Etat quasi inexistant, des milices qui règnent en maître et dans le sud du pays, des groupes terroristes qui profiteraient de ce chaos pour s'y installer, comme l’ont très souvent dénoncé ses voisins du sud, le Tchad et le Niger. Mais pour Matthieu Pellerin, tous les pays de la région manquent de volonté politique pour lutter contre les réseaux criminels au Sahel. « On voit bien que ces réseaux sont protégés », explique-t-il.

« Aujourd'hui, vous avez des narcotrafiquants notoires, notamment au Mali, certains ayant des mandats d'arrêt sur leur tête qui continuent de circuler librement dans la région ». Cette absence de volonté politique s’explique, selon plusieurs experts sur le Sahel, par les liens incestueux qu’entretiennent les pouvoirs locaux ou nationaux avec les trafiquants. Matthieu Pellerin estime également qu’il y a dans les pays riverains du Sahel une « absence de capacité manifeste ». Manque de moyens financiers, de personnel formé et des frontières à contrôler de milliers de kilomètres, autant de handicaps qui s’ajoutent pour mettre en place une surveillance efficace.

Preparação de quadros para a revolução mundial

darussia.blogspot - QUINTA-FEIRA, NOVEMBRO 14, 2013

PUBLICADA POR JOSÉ MILHAZES

Contributo para a História da Lusofonia


Guerrilheiros africanos no Centro de Preparação na Crimeia

A União Soviética preparou milhares de guerrilheiros para “combater o imperialismo” nas mais diferentes regiões do globo. Deixo aqui a tradução de um texto publicado no jornal ucraniano Vzgliad a 14 de Novembro de 2013.

N.B. Publico isto no meu blogue para que todos possam ler e utilizar estas informações. Porém, gostaria de pedir aos que irão utilizar isto em futuros livros ou artigos que citem de onde retiraram as informações. Faço este apelo porque andam aí uns Joaquins a aproveitarem-se do trabalho dos outros.

Durante a época da URSS, o Centro de Treinos na Crimeia, na vila de Perevalnii, fornecia quadros de comando aos exércitos e destacamentos de guerrilha nos países da Ásia e da África. Muitos dos que passaram por ali e tiveram a sorte de sobreviver na luta contra os imperialistas e colonizadores, chegaram a generais, comandantes de exércitos e ministros da Defesa em Moçambique, Guiné-Bissau, Iémene, Tanzânia, Angola, Namíbia, Laos, Etiópia, Afeganistão e noutros países em desenvolvimento. Durante 25 anos de funcionamento do centro (mais tarde, transformado na Escola Militar de Simferopol) foram preparados mais de 10 mil oficiais para os exércitos de libertação nacionais.

No período soviético, o Utz-165 (assim era de forma conspirativa conhecido o Centro de preparação de militares estrangeiros junto do Ministério da Defesa da URSS) era considerado um local secreto e estava sob o comando direto da Direção do Estado-Maior General. Mas não foi possível manter tudo em segredo, porque o funcionamento da escola de Perevalnii exigia a participação de quase 500 civis, fundamentalmente habitantes das aldeias vizinhas e de Simferopol. Porém, eles não sabiam toda a verdade, nem podiam saber, por isso inventavam coisas e contavam lendas e mitos sobre os “soldados negros”, “franco-atiradores amarelos” e “escorpiões vermelhos”. Então, era impossível aproximar-se da escola sem autorização e a simples curiosidade podia acabar numa detenção e algumas horas na “prisa” para identificação. Hoje, nesse lugar, encontra-se uma cidade militar e o polígono da divisão da 36ª brigada especial da guarda-costeira da Armada da Ucrânia.

Centúria Negra”

Os primeiros alunos foram trazidos na Primavera de 1965. Tratava-se de guerrilheiros da Guiné-Bissau que, nessa altura, combatiam pela independência contra os colonizadores portugueses. Os recrutas foram recebidos por Vladilen Kintchevskii, primeiro comandante do centro de treino . O avião, que vinha da Bulgária mas não estava no horário dos voos, aterrou já a noite ia avançada.

Segundo recorda Vladilen Kintchevskii, o secretismo era tão grande que os que os recebiam não sabiam de que país vinham os pupilos.

Na rua estava escuro, não se via as caras, mas apenas silhuetas, diz Kintchevskii. - Só quando nos aproximámos é que vimos que eram africanos negros. Os nossos tradutores tiveram de suar antes de compreenderem que a única língua que os guerrilheiros entendiam um pouco era o português. E nem todos, muitos falavam nos seus dialectos locais, era preciso recorrer à linguagem dos gestos para nos compreendermos uns aos outros”.

Dormir debaixo da cama, não comer arenque

O número de enviados por Amílcar Cabral, secretário-geral do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde, foi de 75 pessoas com idades compreendidas entre 16 e 35 anos.

Os “estudantes” guineenses foram transportados para a URSS com transferências, por vias indiretas para não provocar o interesse da espionagem inimiga. Logo após a aterragem, foram enviados para a base para um período de quarentena. Ainda bem que, embora a base ficasse a pouco mais de um quilómetro da estrada de Ialta, ela estava completamente cercada por colinas e montanhas. Por isso, os banhistas que corriam para o mar, de nada suspeitavam.

Desde a primeira “fornada” que o comandante passou a ter muitas dores de cabeça. Como se veio a saber, muitos dos guerrilheiros nunca antes tinham dormido em camas e, depois do recolhimento, deitavam-se a dormir por debaixo delas, como se fosse um teto. Além disso, praticamente nenhum guineense sabia o que eram botas e tivemos de lhes dar sapatos a todos, mas, nos tempos livres, eles voltavam a andar descalços.

Segundo Kintchevskii, os “estudantes” interessavam-se principalmente pelo mundo que os rodeava. Diz que os guineenses insistiam constantemente em ver o que havia para além dos muros da base.

Tínhamos de os puxar à força pelas calças, como alunos mal comportados, recorda o tenente-coronel na reserva. - Isto porque os habitantes locais apanhavam valentes sustos quando viam cabecinhas pretas por cima do muro. As coisas também não corriam bem com a alimentação. Não, havia comer com fartura, mas os cozinheiros militares não conheciam as particularidades da cozinha guineense e ficaram durante muito tempo surpreendidos pelo facto de a comida ficar intacta. Afinal os africanos não comiam porque pensavam tratar-se de arroz estragado. Por exemplo, servíamos ao jantar ovos cozidos e eles, esquisitos, rolavam-nos pela mesa e riam-se, porque não sabiam o que fazer com eles. Ou arenque ao almoço: arrastavam-no pelo rabo no prato, mas não comiam”.


De guerrilheiros a ministros

Visita de hóspedes estrangeiros

Um ano depois de os primeiros pupilos terem começado os treinos na Crimeia, foram visitados por líderes africanos da revolução. Na base estiveram Amílcar Cabral, secretário-geral do PAIGC e Agostinho Neto, dirigente do Movimento Popular pela Libertação de Angola. Mostrámos às visitas as casernas, o refeitório, os polígonos e até os deixaram dar tiros com armas de guerra.

Inicialmente, propusemos pistolas, recorda Vladilen Kintchevskii. - Cabral não disparava nada mal, mas Neto ficou nervoso por alguma razão, as mãos tremiam fortemente. Ele nem sequer acertou no alvo. Mas, depois, deixámos-lhes disparar de canhões sem recuo, que tinham sido antecipadamente preparados pelos nossos artilheiros: apontaram, fixaram o alvo e restava apenas disparar. Mas mesmo assim não acertaram e os pupilos viram a pontaria dos dirigentes da revolução”.

É triste, mas foi precisamente um aluno do Centro da Crimeia que matou a tiro o líder do movimento de libertação nacional. O jovem foi durante vários anos guarda pessoal de Amílcar Cabral, mas, no fim de contas, foi subornado e matou o seu chefe. Por outro lado, um tal José Marques chegou até ao cargo de comandante da secção operativa do Estado Maior.

Depois do primeiro curso, o centro recebeu combatentes de Angola e de Moçambique, do Laos e do Vietname, de Cuba e do Afeganistão. E deve reconhecer-se que os ensinamentos aprendidos pelos guerrilheiros na Crimeia deram resultados. Por exemplo, em Abril de 1974, Portugal reconheceu a República da Guiné-Bissau como Estado soberano e começou a retirada de tropas do seu território.

Sabotadores do imperialismo

O coronel Mikhail Strekozov foi o autor dos primeiros programas da “escola de guerrilheiros”. Em 1965, regressou da Síria, onde foi, durante quatro anos, conselheiro militar de comandante de frente e dirigiu a secção de ensino do centro em Perevalnii. O programa de treinos, além das disciplinas práticas de combate, havia tempo para a preparação política. Como era devido, os africanos, que mal sabiam ler, eram obrigatoriamente sobrecarregados com a teoria do marxismo-leninismo, tinham curso de história dos movimentos revolucionários internacionais. Continua a ser um mistério se eles conseguiam assimilar alguma coisa ou não, pois os professores de ciências sociais não testavam os conhecimentos dos alunos e os guerrilheiros não tomavam notas. Mais, até as mais simples operações aritméticas eram ensinadas segundo um método especial para os analfabetos.

No campo militar, eles estavam à altura, recorda Mikhail Vassilievitch. - Não sabiam o que era cansaço no polígono. Eles eram treinados, no fundamental, com armas da época da Grande Guerra Pátria (2ª Guerra Mundial) em todas as especialidades do exército. Era o ideal para a luta de guerrilha. Insistia-se particularmente na preparação de sapadores de minas. Ensinávamos-lhes a fazer explodir vias férreas, pontes, edifícios. No fim do curso, sabiam trabalhar com explosivos, sabiam montar e desmontar minas. Mas mais nada, não conseguiam fazer um detonador. Nós não precisávamos de extremistas.

Recrutas árabes

Até ao início dos anos 70, o Centro preparava fundamentalmente combatentes e comandantes para os países africanos permanentemente em guerra. A URSS apoiava a luta armada das “forças progressistas” pela independência em Angola, Moçambique, Congo, Zimbábue, Guiné. E só em 1975 na Península da Crimeia apareceram os primeiros recrutas dos países árabes. Inicialmente, eram pequenos grupos de guerrilheiros de Omã: soldados da Frente Popular de Libertação de Dofar. Depois começaram a chegar os rapazes de Yasser Arafat, que, nessa altura, era muito amigo de Brejnev.

No Outono de 1975, a Simferopol chegaram 90 palestinianos. O primeiro escândalo com eles ocorreu no aeroporto. Os nossos guardas-fronteiriços detetaram que um dos combatentes do “Movimento de Libertação da Palestina” (FATH) não tinha declarado que trazia consigo 10 mil dólares! O chefe do grupo, para salvar os dólares do subordinado, tentou explicar que esse era dinheiro comum que lhes foi dado para gastos pela direção da FATH.

Porém, posteriormente, viu-se que os palestinianos estavam longe de ser uma prenda. Depois de chegarem à base, eles recusaram-se a cumprir horários e exigiam para si horário mais brando com o direito de sair do quartel. Então, a fim de evitar um escândalo, depois de consultas intensas com Moscovo, os nosso oficiais fizeram cedências. Porém, as consequências não se fizeram esperar: os combatentes de Arafat começaram a ser apanhados nos braços de prostitutas mesmo em Sevastopol, cidade fechada aos estrangeiros. Ocorriam sérios problemas dentro do Centro: quando chegaram rapazes da Síria para treino, representantes do Partido BAAS. Os seus conflitos com os da FATH  acabavam frequentementeà facada.

Quadros para todo o mundo

Depois da base, em 1980, se ter transformado no Instituto Militar de Simferopol (IMS-80), do programa desapareceram “disciplinas guerrilheiras” específicas e o curso de preparação passou para 2 anos. A geografia dos recrutas alargou-se: chegaram grupos do Vietname, Laos, Cambodja, Mongólia, Cuba, Afeganistão, Líbano, Índia, Nicarágua e até de Granada. Além disso, o ensino era lecionado só em russo. No centro já não se preparava guerrilheiros, mas oficiais de carreira para os exércitos dos amigos da URSS: tanquistas, artilheiros, operadores de armas anti-aéreas, ligações e condutores. Paralelamente, no IMS-80, funcionavam breves “cursos de melhoramento da qualificação”. Por exemplo, em 1983, oficiais de Muamar Kaddafi: um coronel e três majores, foram à Crimeia receber treino especial de sapadores.

Com a autorização do CC [do PCUS], os pupilos passaram a fazer excursões a Ialta e Aluchta. . Um lugar especial era o kolkhoz de vanguarda “Amizade dos Povos”. Mostravam-lhes as casas dos kolkhozianos para mostrar como as pessoas simples viviam bem. Quatro pupilos cubanos casaram-se com jovens locais. Outros tentavam levar para a pátria pesados instrumentos musicais.

Um jovem de Madagáscar martirizava toda a gente com a perguntas sobre onde comprar um piano, recorda Vldilen Stepanovitch. - Eu fiquei surpreendido: para que quer um piano em África? E ele responde-me: “Não compreendes, chefe, que um piano, no nosso país, são dois “mercedes”? Leve para casa, vendo e compro dois carros: um para mim e outro para o meu pai”. “E assim fez, quando partiu, fizeram-lhe um contentor de madeira e ele levou um piano no navio. Era assim que os africanos me davam lições de economia de mercado”...

Bem vestidos e alimentados como pilotos

...A propósito, todos os pupilos durante a sua permanência na URSS tinham garantida roupa civil: um fato, duas camisas, sapatos, meias, no valor total de 250 rublos. Para despesas recebiam 20 rublos mensalmente. Por isso não era surpreendente quando os pupilos mais despachados conseguiam juntar quantias bem boas. Eles eram melhor alimentados do que os soldados do Exército Vermelho. Os pupilos ultramarinos tinham direito a uma ração segundo a “norma de verão”: 3 rublos e 50 kopeques, quase como numa casa de repouso dos sindicatos. Além disso, recebiam cada um uma farda militar: gabardina, fato, duas camisas, gravata, chapéu, meias e sapatos. Em média, a URSS gastava e cada um de 6,5 a 8 mil rublos. Por isso, a manutenção do centro de ensino não ficava barata à direção soviética, porque só a Líbia, Laos e Etiópia pagavam os cursos dos seus alunos com dinheiro vivo. Todos os restantes preferiam estudar a crédito.


Para termo de comparação, o salário mínimo na URSS rondava os 80 rublos
Texto publicado em:
http://vz.ua/novosti/obshchestvo/vuz_dlya_diversantov_kak_v_krymu_gotovili_povstantsev_dlya_azii_i_afriki

A ciclovia do Rio Danúbio

Luis Nassif - qui, 14/11/2013 - 11:59 - Atualizado em 14/11/2013 - 12:02

Sugerido por Tamára Baranov

Do 360 Graus

Ciclovia do Danúbio atravessa 10 países num cenário encantador

O Rio Danúbio nasce na Floresta Negra (Alemanha), atravessa oito países e diversas capitais até desaguar no Mar Negro depois de percorrer 2875 quilômetros. O Danúbio é o segundo maior rio da Europa e sua ciclovia é uma das mais famosas rotas para cicloturismo da Europa. Tem tudo que um cicloturista sonha: é plana, possui lindas paisagens e rico patrimônio cultural.
A ciclovia atravessa os seguintes países: Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária, Moldávia, Ucrânia e România. Não necessariamente toda a ciclovia permanece ao lado do rio. Em diversos trechos a ciclovia pode se distanciar centenas de metros ou mesmo mais de um quilometro. Algumas vezes permanece do lado direito, e outras do lado esquerdo e ao atravessar pequenas vilas e cidades pode se confundir com outras ciclovias regionais. Siga sempre a placa “Donauradweg” que em alemão na tradução literal quer dizer “Caminho de Bicicleta do Danúbio”. Também é muito importante ter um bom mapa da ciclovia que pode ser adquirido facilmente na Alemanha.
Apesar de atravessar uma região montanhosa, a ciclovia foi traçada de forma a manter uma altimetria plana. Atravessa parques nacionais, campos, vilas, cidades medievais, mosteiros, igrejas seculares e diversas capitais a saber: Viena, Bratislava, Budapeste, Belgrado.


Fontes:
www.de.wikipedia.org/wiki/Donauradwegwww.fahrrad-tour.de/DonauradwegVerlauf.htm
Mapa da Ciclovia:
www.esterbauer.com/db_detail.php?buecher_code=DRW1
Visite os seguintes blogs de cicloturistas que já percorreram a rota:
www.pedalnodanubio.blogspot.com.brwww.danubiodecaboarabo.blogspot.com.br/www.expressodoorientedebike.blogspot.com.br/
Para quem quiser participar de uma cicloviagem pelo Danúbio pode entrar em contato com:maricislavec@yahoo.com.br

Teste de azeite de oliva: pior resultado entre os quatro já realizados pela Proteste

Luis Nassif - qui, 14/11/2013 - 13:26 - Atualizado em 14/11/2013 - 15:32

PROTESTE Associação de Consumidores

A Proteste Associação de Consumidores testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro têm indícios de fraude contra o consumidor. Na análise sensorial, apenas oito delas apresentam qualidade de extravirgem. Sete são virgens. Uma das marcas avaliadas, Borges, cujo azeite era virgem, em lugar de extra virgem, como indicado na rotulagem, tentou obter censura prévia na justiça antes mesmo da divulgação dos resultados. O juiz Gustavo Coube de Carvalho, da Nona Vara do Fórum Central de São Paulo contudo, negou a liminar.
O juiz disse na sentença que não há previsão de censura prévia no ordenamento jurídico brasileiro, cabendo ao ofendido "o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem", nos termos do art. 5º, incisos IV e V, da Constituição Federal.
De quatro testes que a Proteste já realizou com esse produto, este foi o que teve pior resultado, com o maior número de fraudes contra o consumidor. Foram detectados indícios de fraude nas marcas de azeite de oliva extravirgem: Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real. Os quatro produtos foram desclassificados do teste, pois não poder sequer ser considerados azeites. As propriedades antioxidantes do azeite de oliva são os grandes atrativos desse produto, devido ao seu efeito benéfico à saúde. Mas para que o azeite mantenha suas características, é importante que ele não seja misturado a outras substâncias. Assim, as fraudes, além de serem um abuso contra o consumidor, podem reduzir ou até eliminar as qualidades benéficas para a saúde.
Os quatro, na verdade, são uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras. Em diversos parâmetros de análise, essas marcas apresentaram valores que não estão de acordo com a legislação vigente. Os testes realizados indicaram que os produtos não só apresentam falta de qualidade, como também apontaram a adição de óleos de sementes de oleaginosas, o que caracteriza a fraude.
Outros sete não chegam a cometer fraude como esses, mas também não podem ser vendidos como extravirgens. O consumidor paga mais caro acreditando estar comprando o melhor tipo de azeite e leva para casa um produto de qualidade inferior.
Não é a primeira vez que a Proteste detectou fraude nesse tipo de alimento e, novamente, vai notificar o Ministério Público, a Anvisa e o Ministério da Agricultura, exigindo fiscalização mais eficiente. Nos três testes anteriores, foram detectados problemas. Em 2002, foram avaliados os virgens tradicionais e foi encontrado fraude. Em 2007, a situação se repetiu com os extravirgens. Em 2009, uma marca se dizia ser extravirgem e não era. Isso demonstra que os fabricantes ainda não recebem a fiscalização necessária.
É considerado fraude quando o produto é comercializado fora das especificações estabelecidas por lei. Para as análises, foram considerados diversos parâmetros físico-químicos para detectar possíveis fraudes: espectrofotometria (presença de óleos refinados); quantidade de ceras, estigmastadieno, eritrodiol e uvaol (adição de óleos obtidos por extração com solventes); composição em ácidos graxos e esteróis (adição e identificação de outros óleos e gorduras); isômeros transoleicos, translinoleicos, translinolênicos e ECN42 (adição de outras gorduras vegetais).
Na análise sensorial, defeitos ficam óbvios
Para a análise sensorial, convidamos especialistas para avaliar a qualidade das amostras quanto ao aroma, à textura e ao sabor de acordo com parâmetros técnicos. Segundo a legislação, em azeites extravirgens não podem ser encontrados defeitos na análise sensorial. Nessa avaliação, apenas oito marcas tinham qualidade de azeite extravirgem de acordo com os especialistas. Entre as outras, sete tinham defeitos que, pela legislação, os caracterizavam como azeites virgens. São elas: Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata. As quatro marcas com problemas de fraude foram consideradas, pela análise sensorial, como azeites lampantes.
Para os especialistas, o produto mais apreciado foi o Olivas do Sul. Outros bem avaliados foram os azeites Cocinero e Carrefour.
Todas as marcas testadas foram: Olivas do Sul; Carrefour; Cardeal; Cocinero; Andorinha; La Violetera; Vila Flor; La Espanhola; Carbonell; Serrata; Beirão; Qualitá; Gallo; Pramesa; Borges; Tradição; Quinta da Aldeia; Figueira da Foz e Vila Real.
Entre as marcas testadas podem ser considerados extravirgem: (Olivas do Sul; Carrefour; Cardeal; Cocinero; Andorinha; La Violetera; Vila Flor; Qualitá); são virgens: (La Espanhola; Carbonell; Serrata; Beirão; Gallo; Pramesa; Borges); e são mistura de óleos refinados: (Tradição; Quinta da Aldeia; Figueira da Foz e Vila Real).
A Proteste também verificou que nem sempre vale a pena optar pelo mais caro. Preço e renome nem sempre são sinônimos de maior qualidade. O melhor do teste foi, de fato, o que custa mais caro entre os testados. Porém, a avaliação mostra que há outros produtos de boa qualidade que custam bem menos.
Data de validade difícil de ler
A maioria das marcas traz na rotulagem a data de fabricação, com exceção da Cocinero e La Violetera. Essa informação não é exigida por lei, mas a Proteste considera importante para que se possa optar pelo produto mais fresco. No caso da Cocinero, há o agravante de a data de validade não ser muito fácil de ler, assim como na do Borges.
Além disso, nenhum azeite testado informa o prazo de validade depois de aberto. E o Serrata é o único que não traz um telefone ou outra forma de contato com o serviço de atendimento ao consumidor (SAC) do fabricante.
Na avaliação do estado de conservação dos produtos, nenhum deles teve um mau desempenho, mas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real tiveram resultado apenas “aceitável” nessa avaliação. E os mesmos, com exceção do Tradição, apresentaram problemas também nas medições que se referem à qualidade.

terça-feira, novembro 12, 2013

Pourquoi la parole raciste gagne du terrain

Charles de Saint Sauveur et Henri Vernet | Publié le 06.11.2013, 18h44

Chez les politiques, dans la rue, les médias, sur Internet, les insultes xénophobes fusent. Signe d’une société en plein doute…

 

 

Ici à Amiens (Somme) comme ailleurs, où des jeunes femmes blondes croisent des femmes voilées, où toutes les communautés cohabitent, la parole d'est durcie à l'égard des «étrangers».

Ici à Amiens (Somme) comme ailleurs, où des jeunes femmes blondes croisent des femmes voilées, où toutes les communautés cohabitent, la parole d'est durcie à l'égard des «étrangers».

Mais qu’arrive-t-il à la France qui célébrait joyeusement, sans arrière-pensées, le triomphe de son équipe de foot black-blanc-beur un soir de juillet 1998? Aujourd’hui, les anathèmes voire les insultes racistes fusent de partout. Proférées par des fillettes qui traitent de « guenon » la garde des Sceaux, Christiane Taubira, en brandissant des bananes en marge d’une récente manif anti-mariage gay; gravées sur la page Facebook d’une candidate FN aux municipales, qui compare la même Taubira à un singe (ce qui a provoqué la démission hier d’une candidate FN d’origine algérienne en Haute-Garonne); inscrites en une de magazines qui multiplient les dossiers alarmistes sur « l’invasion » de l’islam en France; dans les propos d’élus de la République qui s’en prennent ouvertement aux Roms, nouveaux boucs émissaires d’une société au bord de la crise de nerfs.

SUR LE MÊME SUJET

59% des Français estiment que le racisme a progressé
Liste loin d’être exhaustive, à laquelle pourraient s’ajouter les innombrables sorties sur les musulmans, les Roms ou les juifs, émanant parfois de ténors censés maîtriser leur parole publique, de Copé avec ses pains au chocolat à Mélenchon s’en prenant en termes ambigus à Moscovici, en passant par Valls et ses polémiques à répétition… Pour des Français en pleine crise économique, en désarroi identitaire face à une mondialisation jugée de plus en plus menaçante, la parole raciste n’est plus taboue. En tout cas, elle s’est décomplexée. Selon un sondage OpinionWay pour la Licra, paru le mois dernier à l’occasion des trente ans de la Marche des Beurs, 59% des Français estiment d’ailleurs que le racisme a progressé ces trois dernières décennies. Figure emblématique de la réussite sociale des Noirs de France, le présentateur télé Harry Roselmack déplorait hier, dans une tribune au « Monde », le retour au quotidien d’un certain racisme « au plus profond de la société française ». Sombre tableau. D’autant plus désespérant si l’on se souvient que le candidat François Hollande prétendait justement apaiser le pays. Parmi ces promesses figurait même la suppression du mot race» dans notre Constitution. Las, un an et demi après son élection à l’Elysée, il n’en est toujours rien. Une certitude, son discours demain pour lancer le centenaire de la Grande Guerre de 1914-1918 sera empreint de cette nécessité de retrouver le goût du « vivre ensemble », une formule qu’il répète à l’envi ces derniers mois. Car cet incorrigible optimiste est convaincu que rien n’est perdu.
« Je n’ai pas l’impression que la société soit plus raciste, au contraire : la France est championne du monde des couples mixtes! » se réjouit le député PS Malek Boutih. Lequel constate, en une drôle de formule, que « les Français aiment bien l’immigré… mais pas l’immigration ». L’ancien président de SOS Racisme pointe un paradoxe : « Naguère, les gens retenaient plus leur langage, mais les actes racistes étaient plus violents et les discriminations plus prégnantes. » Bien des préjugés qui existaient il y a encore vingt ou trente ans sont inconnus des jeunes générations, habituées à une France métissée. La France d’aujourd’hui…

Egypte : levée de l'état d'urgence

Le Parisien - Publié le 12.11.2013, 22h22 | Mise à jour : 23h15

ALEXANDRIE (EGYPTE), LUNDI 4 NOVEMBRE 2013. Des militaires égyptiens tiennent en respect des partisans islamistes du président  déchu Mohamed Morsi venus manifester en sa faveur au premier jour de son procès.

ALEXANDRIE (EGYPTE), LUNDI 4 NOVEMBRE 2013. Des militaires égyptiens tiennent en respect des partisans islamistes du président  déchu Mohamed Morsi venus manifester en sa faveur au premier jour de son procès. | AFP

L'Egypte respire un peu mieux. Trois mois après son entrée en vigueur, la justice a ordonné, mardi, la levée de l'état d'urgence dans le pays. Le gouvernement, sous la houlette du général Sissi, l'avait mis en place après les violentes manifestations qui ont fait plus d'un millier de morts entre pro et anti-Mohammed Morsi.

Washington a immédiatement salué cette levée, une mesure exceptionnelle imposée en août par les forces de sécurité et que les Etats-Unis ont toujours condamnée.

Le porte-parole du département d'Etat, Jennifer Psaki a, toutefois, exprimé les «inquiétudes» de son gouvernement face à des projets des autorités du Caire de «légiférer en matière de sûreté».
«Nous exhortons le gouvernement à respecter les droits de tous les Egyptiens, ce qui implique d'assurer qu'ils puissent exercer dans le calme leur liberté de rassemblement et d'expression», a-t-elle déclaré, répétant la position de la diplomatie américaine à l'égard des autorités civiles mises en place par l'armée après le renversement, le 3 juillet, du
président islamiste Mohamed Morsi, toujours en détention. Son procès a été reporté récemment.
Nouvelles régulations des rassemblements

Le tribunal égyptien a ordonné, deux jours avant la date prévue, la fin de l'état d'urgence et du couvre-feu en vigueur au Caire et dans plusieurs villes égyptiennes, imposé mi-août alors que les forces de sécurité réprimaient dans le sang les manifestations des partisans du président déchu. Cependant, le gouvernement a annoncé qu'il respecterait la décision mais attendrait une notification officielle avant de l'appliquer.
L'état d'urgence donne de larges pouvoirs aux services de sécurité, mais selon les dispositions établies par décret par le président Mansour, il n'était pas possible de l'étendre de nouveau sans un référendum.
Le président par intérim Adly Mansour doit d'ailleurs promulguer bientôt par décret de nouvelles régulations des rassemblements, qui sont perçues comme des restrictions à la liberté de manifester et de faire grève et ont déjà suscité de vives réactions de mécontentement même parmi les membres du gouvernement et ses partisans.
Les partisans de M. Morsi, premier président élu démocratiquement en Egypte, appellent régulièrement à manifester, en particulier le vendredi à l'issue de la prière musulmane hebdomadaire, même si la répression a limité leur capacité à mobiliser massivement.

Le secrétaire d'Etat américain John Kerry s'est rendu au Caire le 3 novembre, une première depuis le mois de mars, pour affirmer que son pays était déterminé à continuer à travailler avec l'Egypte. Par mesure de rétorsion, Washington a gelé partiellement le 10 octobre son aide de quelque 1,55 milliard de dollars au Caire, dont 1,3 milliard d'assistance militaire.

Seis razões pelas quais privatizações geralmente terminam em desastres

resistir info – 12 nov 2013

por Paul Buchheit

Sistemas privados estão focados em gerar lucros para as poucas pessoas bem posicionadas. Sistemas públicos, quando abastecidos suficientemente por impostos, funcionam para todo mundo de uma forma igualitária.
Em seguida, as seis razões específicas que mostram porquê privatizações simplesmente não funcionam.
1. A motivação por lucro move a maioria do dinheiro para o topo
O administrador do sistema de saúde federal ganhou como salário 170 mil dólares em 2010. O presidente do MD Anderson Cancer Center, no Texas, recebeu dez vezes mais em 2012. Stephen J. Hemsley, o CEO da United Health Group (Grupo Único de Saúde), ganhou 300 vezes mais em um ano, 48 milhões de dólares, a maior parte por causa das ações da empresa.
Em parte por causa dessas desigualdades, nosso sistema de saúde é o mais caro do mundo desenvolvido. O preço de cirurgias comuns é de três a dez vezes mais caro nos Estados Unidos do que na Grã Bretanha, Canadá, França ou Alemanha.
O sistema de saúde público, por outro lado, que não tem a motivação por lucros e a competitividade de cobrança, é administrado de forma eficiente, para todos os americanos elegíveis. De acordo com o Conselho do Seguro de Saúde Acessível e outras fontes, os custos administrativos médicos são muito maiores nas empresas privadas do que no sistema de saúde público.
Mas os privatistas continuam invadindo o setor público. Nosso governo reembolsa os CEOs de empresas privadas em uma taxa aproximadamente duas vezes maior do que o que pagamos para o presidente. No geral, pagamos aos chefes de corporações mais de 7 bilhões de dólares por ano.
Muitos americanos não percebem que a privatização da segurança e saúde social transferiria muito do nosso dinheiro para mais outro grupo de CEOs.
2. Privatizações atendem pessoas com dinheiro, o setor público atende todo mundo
Um bom exemplo é o U.S.Postal Service (USPS, Serviço Postal dos EUA em tradução livre), que é legalmente obrigada a atender toda casa do país. O Fedex e o United Parcel Service (UPS, Serviço Único de Encomendas em tradução livre) não conseguem atender lugares deficitários. Além de que a USPS é muito mais barata para pacotes pequenos. Uma comparação online revelou o seguinte por uma entrega de dois dias de pacotes com tamanhos similares para outro estado:
- USPS – 2 dias US$ 5,68 (46 centavos sem a restrição de dois dias)
- FedEx – 2 dias US$ 19,28
- UPS – 2 dias US$ 24,09
USPS é tão barata, de fato, que a Fedex atualmente usa os Correios dos Estados Unidos para aproximadamente 30% de suas encomendas por terra.
Outro exemplo é a educação. Um relatório recente do ProPublica descobriu que nos últimos vinte anos colégios estaduais de quatro anos têm atendido uma parte cada vez menor de estudantes de baixa renda. No nível K-12, estratégias empresariais de redução de custo são uma das consequências da privatização da educação dos nossos filhos. Escolas privilegiadas são menos propensas a aceitar alunos com deficiência. Professores dessas escolas têm menos anos de experiência e uma taxa de rotatividade mais elevada. Os outros funcionários possuem planos insuficientes de aposentadoria e seguro de saúde, e são muito mal pagos.
Finalmente, no que diz a respeito ao sistema de saúde, 43% dos americanos doentes deixou de ir ao médico ou comprar medicamentos em 2011 por causa dos preços excessivos. Estima-se que mais de 40 mil americanos morrem todos os anos porque não podem pagar seguro de saúde.
3. Privatizações tornam necessidades básicas humanas em produtos
Grandes empresas gostariam de privatizar nossa água. Um economista do Citigroup se orgulhou: "Água, como uma série de ativos, será, em minha opinião, a mercadoria física mais importante, superando o petróleo, o cobre, as commodities agrícolas e os metais preciosos."
Eles querem nossa terra. Tentativas de privatização foram feitas na administração de Reagan nos anos 1980 e pelo Congresso, controlado pelos republicanos, nos anos 1990. Em 2006, o presidente Bush propôs leiloar 300 mil hectares de floresta nacional em 41 estados. O caminho da prosperidade de Paul Ryan foi baseado em parte na proposta do republicano Jason Chaffetz': "Eliminação do excesso de terras federais, Lei de 2011", que iria leiloar milhões de hectares de terra no oeste da América.
Eles querem nossas cidades. Um especialista em privatizações disse ao Detroit Free Pressque o dinheiro de verdade está em ações urbanas, como uma "fonte de receita". Então, o recurso mais valioso de Detroit era a Water & Sewerage Department (DWSD, Departamento de Água e Esgoto), que garante 350 milhões de dólares aos bancos, mantendo a demanda. Bloomberg estima um preço de quase meio bilhão de dólares, em uma cidade na qual os donos de casa mal conseguem pagar pelos serviços de água.
E eles querem nossos corpos. Um quinto dos genomas humanos é propriedade privada através de patentes. Amostras de influenza e hepatite foram reivindicadas por laboratórios de universidades e corporações, e por causa disso os pesquisadores não podem usar formas patenteadas de vida para ajudar nas pesquisas sobre o câncer.
4. Sistema público fomenta uma classe média forte
Parte da mitologia do mercado livre é que os funcionários públicos e os trabalhadores sindicalizados são aproveitadores, desfrutando de benefícios que são negados aos trabalhadores do setor privado. Mas os fatos mostram que funcionários do governo e trabalhadores sindicalizados não são pagos em excesso. De acordo com o Census Bureau, funcionários estaduais e municipais compõem 14,5% da classe trabalhadora dos Estados Unidos e recebem 14,3% da remuneração total. Membros de sindicatos representam aproximadamente 12% da classe trabalhadora, mas seus salários correspondem a apenas 10% da renda bruta, conforme relatado pelo IRS.
O trabalhador do setor privado recebe aproximadamente o mesmo salário que o funcionário estadual ou municipal. Mas o salário médio para trabalhadores dos Estados Unidos, dos quais 83% estão no setor privado, foi 18 mil dólares menor em 2009, com 26.261 dólares. A desigualdade é muito mais difundida no setor privado.
5. O setor privado tem incentivos para falhar ou absolutamente incentivo nenhum
A predisposição para falhar mais óbvia é na indústria de prisões privadas. Alguém pode pensar que essa indústria possui o objetivo digno de reabilitar e esvaziar gradualmente as cadeias. Mas o negócio é muito bom. Com cada presidiário gerando até 40 mil dólares por ano em receitas, o número de presos em instalações privadas aumentou mais de 1.600% de 1990 a 2009, de 7 mil para mais de 125 mil. A Corrections Corporation of America (Corporação de Correções da América) se ofereceu recentemente para administrar o sistema de prisões em todos os estados, garantindo manter 90% das cadeias cheias.
Privatistas nem têm incentivos para manter a infraestrutura. David Cay Johnston descreve o estado de deterioração das bases estruturais da América, com redes negligenciadas pelos monopolistas industriais, que cortam gastos em vez de prestar manutenções. Enquanto isso, eles atingem margens de lucros de mais de 50%, oito vezes a média das corporações.
Quanto à segurança pública, os sinais de alerta para privatizações não regulamentadas estão se tornando mais claros e mais fatais. A fábrica de fertilizantes Texas, onde 14 pessoas foram mortas em uma explosão e incêndio, foi inspecionada pela Occupational Safety and Health Administration (OSHA, Administração de Segurança e Saúde de Profissionais) há mais de 25 anos. O Serviço Florestal dos Estados Unidos, marcado pelo incêndio em Prescott, no Arizona, que matou 19 pessoas, foi forçado a cortar 500 bombeiros por causa dos confiscos. O desastre nos trilhos de Lac-Megantic, no Quebec, foi consequência da desregulamentação das ferrovias canadenses. No outro extremo está o setor público, e o Federal Emergency Management Agency (Fema, Agência Federal de Cuidados Emergenciais), que resgatou centenas de pessoas após o furacão Sandy enquanto providenciava alimentos e água a outros milhões.
A falta de incentive privado para a melhoria das condições humanas é evidente em todo o mundo. O World Hunger Education Service (Serviço Mundial de Educação sobre a Fome) afirma que "os sistemas econômicos nocivos são a principal causa de pobreza e fome." De acordo com Nicholas Stern, o chefe economista do Banco Mundial, a mudança climática é "a maior falha de mercado que o mundo já viu."
6. Com sistemas públicos, não temos que ouvir devaneios de "iniciativas individuais"
De volta aos tempos do Reagan, uma declaração impressionante foi feita por Margaret Thatcher: "Não existe isso de sociedade. Existe homens e mulheres individuais, e existem famílias." Mais recentemente, Paul Ryan reclamou que o apoio governamental "drena as iniciativas individuais e a responsabilidade pessoal."
É fácil para pessoas com bons empregos falarem isso.
Iniciativa individual? O apoio público da nossa rede de comunicações permite aos 10% de americanos ricos manterem sua cota de 80% no mercado de ações. CEOs contam com estradas, portos e aeroportos para enviar seus produtos, com FAA e TSA, com a Guarda Costeira e com o Departamento de Transportações para protegê-los, uma rede nacional de energia para potencializar suas indústrias, e torres e satélites de comunicação para conduzir seus negócios online. Talvez o mais importante para os negócios, mesmo quando se trata de lucros a curto prazo, seja a pesquisa a longo prazo financiada com dinheiro do governo. A partir de 2009, universidades ainda recebiam dez vezes mais financiamentos governamentais para ciência e engenharia do que financiamentos industriais.
Público supera o privado em quase todos os sentidos. Somente o hype da mídia de livre mercado mantém muitos americanos acreditando que o sistema "o vencedor leva tudo" é melhor do que trabalhar junto como uma comunidade.

Transcrição de www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=16995

A atuação dos médicos cubanos em Pernambuco

ter, 12/11/2013 - 14:50 - Atualizado em 12/11/2013 - 15:07

Sugerido por Támara Baranov

Da Folha

No agreste, pacientes agradecem médicos cubanos de joelhos

DANIEL CARVALHO

ENVIADO ESPECIAL AO INTERIOR DE PERNAMBUCO

A demanda de médicos no interior do país é gigantesca e a cubana Teresa Rosales, 47, se surpreendeu com a recepção de seus pacientes em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.

"Eles [pacientes] ficam de joelhos no chão, agradecendo a Deus. Dão beijos", afirma a médica, que atendeu 231 pessoas neste primeiro mês de trabalho dos profissionais que vieram para o Brasil pelo programa Mais Médicos, do governo federal.

O posto de saúde em que Teresa trabalha fica no distrito de São Domingos, região pobre e castigada pela seca.

Durante os últimos quatro anos, o posto não tinha o básico: médicos. Até o final de setembro, quando Teresa chegou ao distrito, quem andava quilômetros de estrada de barro até chegar à unidade de saúde sempre voltava para casa sem atendimento.

A situação se repetia a algumas ruas de lá, no posto onde o marido de Teresa, Alberto Vicente, 43, começou a trabalhar em outubro.

Daniel Carvalho/Folhapress

O médico cubano Nelson Lopez em Frei Miguelinho (PE)

O médico cubano Nelson Lopez em Frei Miguelinho (PE)

"Foi Deus quem mandou esse homem. Era uma dificuldade, chegou a fechar o posto por falta de médico", disse a aposentada Isabel Rocha, 80, que agora controla o diabetes sob orientação médica.

Alberto e Teresa integram um grupo de 400 cubanos que chegaram pelo Mais Médicos na primeira etapa do programa. Outros 2.000 dos seus conterrâneos começaram a trabalhar no dia 4 de novembro, 76 deles em São Paulo.

Uma terceira leva de 3.000 médicos da ilha chegou esta semana a cinco capitais. A previsão é que eles comecem a trabalhar em dezembro.

Eles têm alimentação e moradia fornecidas pelas prefeituras e recebem por mês entre R$ 800 e R$ 900 do governo federal. O restante da bolsa de R$ 10 mil mensais é distribuído entre parentes dos médicos e o governo cubano.

ATENDIMENTO

Alheia à polêmica salarial, a população lota os postos que há um mês estavam vazios, já que não havia médicos.

A agricultora Maria Inácia Silva, 69, havia visto um médico pela última vez em 2005.

Ela se disse impressionada pela forma como foi atendida pelo cubano Nelson Lopez, 44, novo médico do povoado de Capivara, em Frei Miguelinho (PE).

A diferença no atendimento está desde a organização dos móveis: a cadeira do paciente fica ao lado da mesa do médico, para que o móvel não seja uma barreira entre eles.

"Gostamos de examinar o paciente, dedicar um tempo a ele, considerá-lo gente", disse Lopez.

As filas e as consultas são longas. Ainda estava escuro quando Maria Inácia Silva chegou ao posto e ela só foi atendida na hora do almoço.

Passou cerca de meia hora no consultório e finalmente soube que as dores que sente se devem ao reumatismo.

"Ele é ótimo médico, apesar de estrangeiro. Em 69 anos, nunca vi um médico tão bom", disse Maria Inácia.