"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, novembro 03, 2013

Boim, PA

Hiram Reis e Silva, Aveiro, Pará, 30 de outubro de 2013.

Terra Dos Tupinambás

Elísio Eden Cohen e Maria das Graças Pinto Paz
Boim! Boim! Terra dos Tupinambás
Boim! Boim! Não te esquecerei jamais (bis)
Boim dos meus amores
Terra boa de viver
Quero sempre estar bem perto
Pra contigo conviver
Tem festa de Santo Inácio
Que é a grande reflexão
A este Santo Milagroso
Que é nossa proteção
Tem tuas praias encantadas
Igarapés de águas correntes
E a Ponta do Pau-da-letra
Atração p’ra muita gente
Os seringais e os castanhais
Deus deixou foi para nós
E a baia da luz da lua
No majestoso Tapajós
Este povo hospitaleiro
Que em ti vive e reside
Dando prova de amor
Que em ti sempre existe
Digo a Deus muito obrigado
Por viver aqui assim
Com essa gente tão querida
Que é o povo de Boim
Esta terra abençoada
Que Deus, achou por certo
Já, nos deu dois Bispos
Frederico e Gilberto
Quero agradecer a Deus
Por ter dado para nós
O orgulho de teus filhos
Das margens do Tapajós
Volto a reportar informações sobre a região de Boim tendo em vista as conversas que mantive com ribeirinhos e moradores de Aveiro e, em especial, o Sr. Júnior, gerente da Agência do Bradesco em Aveiro.
-  Boim
Distrito de Santarém, PA, assentado na Baía do Boim, margem esquerda do Rio Tapajós, a, aproximadamente, noventa quilômetros da sede do Município de Santarém. O termo “Boim” é de origem tupi e significa “cobrinha”, obtido através da conexão dos termos “mboîa” (cobra) e “mirim” (pequeno).
Foi fundada, em 1737, pelo Padre jesuíta José Lopes com o nome de “Aldeia de Santo Inácio de Loiola”. No dia 9 de março de 1758, a Aldeia teve sua denominação alterada para Vila de Boim.
-  Relato Pretérito (Rufino Luiz Tavares, 1876) 
Boim: foi em outros tempos a Aldeia de São Ignácio, habitada por alguns Índios Tupinambás, que os jesuítas fizeram passar de uma outra existente no Lago Uuicurupá, na margem direita do Rio Tupinambarana. É hoje paróquia do Município de Vila Franca sob o nome de Boim. Acha-se situada sobre terras altas e planas da margem esquerda do Tapajós aos 06°36’05” de Longitude Oeste de Belém e aos 02°25’ de Latitude Sul, 76 quilômetros ao Sul de Santarém.
Os moradores ocupam-se exclusivamente do fabrico de borracha, que extraem das seringa existentes nas vizinhanças. Colhem também algum breu, estopa de castanheira, castanhas, plantam mandioca, da qual fabricam farinha de inferior qualidade que exportam para Santarém e Belém. Não tem a menor importância comercial e sua decadência é manifesta. O aspecto da freguesia é o pior possível, contém apenas uma só casa coberta de telha à margem do Rio, todas as mais em número de 62 são palhoça toscamente construídas. A Igreja, parte coberta de telha e parte de palha, é um barracão impropriamente destinada a tão elevado serviço, está consagrada a Santo Ignácio que é o padroeiro da paróquia, mas não tem pároco. É na verdade para lastimar que, sendo Boim uma das freguesias mais populosas e mais bem situadas do Tapajós, contendo terras produtivas, se ocupem somente seus habitantes da extração da goma elástica e da plantação da mandioca. A população conta de 849 indivíduos, 439 do sexo masculino, 406 do sexo feminino, todos livres com exceção apenas de uma mulher. Acham-se presentemente providos de duas escola de instrução elementar, a do sexo masculino frequentada por 55 alunos, a do feminino apenas por 9. (TAVARES) 
-  Igreja Católica de Boim
Igreja de Boim
A Igreja de Boim está localizada no centro da Comunidade próxima à Praça Padre António da Fonseca e ao Porto. Tentaram várias vezes, sem sucesso, construí-la de frente para o Rio Tapajós. Os moradores afirmam que cada vez que metade da obra era concluída os temporais a arrasavam. Certa vez um dos operários sonhou que a igreja deveria ser construída na mesma posição em que fosse encontrada a imagem de Inácio de Loiola. No dia seguinte a estátua do Santo foi encontrada de lado para o Rio. Hoje a Igreja de Boim é a única assim posicionada em todo o Tapajós. A versão mais aceita, porém, é a que reproduzimos a seguir.
-  Lenda da Igreja
    Fonte: Maickson Santos Serrão, 18 de janeiro de 2011.
Santo Inácio
Em 1895, auge da Revolta dos Cabanos, o povo boinense fugiu para a mata. Um certo homem religioso, todavia, tratou de esconder a imagem de Santo Inácio de Loyola. Embora pesada, escondeu-a atrás de uma árvore de Sapupema e a cobriu com folhas de Piririma e Samambaia. Após o fim da revolta, os moradores retornaram à vila e deram pela falta do Santo. O homem, então, disse o local do esconderijo e os comunitários puderam levá-lo à Igreja.
Entretanto, noutro dia novamente o Santo havia sumido. Dessa vez, ninguém sabia onde encontrá-lo. Resolveram procurar atrás da árvore e, para surpresa geral, lá estava ele. Levaram-no por três vezes à Igreja e em todas ele voltava para trás da Sapupema.
Uma senhora idosa, curandeira, consultou os astros e disse que o Santo queria uma Igreja nova. Começaram, portanto, a construção de um novo templo com a frente para o rio, como é de costume. Quando a construção estava quase finalizando, um forte temporal a destruiu completamente. Não desistiram. Voltaram aos trabalhos e novamente veio a baixo. Fizeram por três vezes e todas caíram. Novamente consultaram a curandeira, que garantiu que deveriam construir a Igreja como tinham encontrado o Santo, ou seja, de lado para o rio. Assim fizeram e a Igreja está até hoje de pé, com algumas remodelações feitas em 1949 e em 2005.
-  Flerte de Santo Inácio e Nossa Senhora do Rosário
    Fonte: Manuel Dutra baseado na obra de Elísio Eden Cohen
Entronizado pelos jesuítas, Santo Inácio não foi o primeiro padroeiro, cargo que pertencia a Nossa Senhora do Rosário. As duas imagens ficavam lado a lado, no interior da capela e os moradores logo descobriram que havia um flerte entre os dois. De 1910 para cá, Santo Inácio virou padroeiro e ninguém sabe onde foi parar a Nossa Senhora do Rosário. Insatisfeito com a solidão, o santo guerreiro da Espanha basca, como bom cavaleiro que foi na vida terrena, buscou alternativa.
À noite, quando todos dormiam, exceto o boto conquistador, Inácio Lopez de Loyola deixava o seu pedestal e, descendo algumas léguas Tapajós abaixo, em pouco tempo estava ao lado de Nossa Senhora da Saúde, na Vila de Alter do Chão. Não foi uma nem duas vezes que os fiéis, ao chegarem para a reza matinal, assustaram-se ao perceber as vestes do santo úmidas pelo orvalho e a orla de seu manto apinhada dos carrapichos do mato por onde andara na noite anterior. Seja como for, nada diminui a fé de quantos até hoje prometem-lhe mil coisas em troca de outras tantas, sobretudo pistolas. Assistir a uma festa religiosa em Boim é ouvir o estourar dos fogos do começo ao fim.
Por cima de tudo, Santo Inácio é santo mesmo. Não é o tronco de carvalho no qual a imagem de quase um metro e meio foi esculpida. Ele assume a mesma estatura do fiel que, com devoção, se aproximar dele em oração. Antes da última restauração, que deixou a estátua bem vistosa para a festa de 31 de julho, havia um buraquinho entre os lábios, deixado por um antigo restaurador de imagens de Santarém. Porém, não se tratava de um lapso do artista. Era naquele orifício que Inácio colocava o cigarro que fumava em suas sortidas noturnas, para espantar os carapanãs.
 Boim Contra os “ingerados”
    Fonte: Maickson Santos Serrão

Desde a infância, sempre nas contações de histórias que ouvimos dos mais velhos da comunidade, nos deparamos com a figura dos “ingerados”, que são pessoas, segundo a crença, demoníacas que se transformam em outros seres, principalmente animais.
De madrugada o fulano se “ingera” para cavalo. O ciclano se “ingera” para uma onça. A beltrana se “ingera” para uma porca. Essa metamorfose acontece devido essas pessoas possuírem “orações feias”, ou seja, pactos demoníacos.
As incertezas pairam entre as pessoas, mas àquelas de mais idade garantem que é real. Afirmam que já viram, presenciaram esse momento macabro. Os “ingerados” circulam geralmente altas horas da noite e perseguem pessoas, principalmente quando estão sozinhas, e cães nas ruas. Mas há aqueles que, talvez, sejam mais “poderosos” ou mesmo “sem vergonha” e resolvem passear cedo da noite mesmo, sempre em locais com pouco movimento.
Um dia desses um senhor da comunidade foi surpreendido por um desses seres. Próximo ao cemitério deparou com uma porca que o fez correr. O senhor acabou passando mal e foi parar na água doce. Alguns comunitários, em solidariedade, foram caçar a tal porca, que é uma pessoa “ingerada”. Não a encontraram. Acabam surgindo suspeitos nas conversas de vizinhança e outros até apostam que sabem quem é a pessoa que se “ingera” para a porca.
A caçada continua. Quarta, dia 16 de outubro de 2013, algumas pessoas a avistaram no bairro do Tucumatuba. Os mais corajosos da comunidade garantem que o fim dos seres “ingerados” está próximo. Será? Existem mesmo? Já imaginou você encontrando um cavalo, uma onça, que o persiga à noite? Prefiro não duvidar e espero nunca encontrá-los em minhas andanças por aí!
Fontes: TAVARES, Rufino Luiz. O Rio Tapajoz  Memória onde se estuda Semelhante Tributário do Amazonas, não só como Elemento de Riqueza e uma das Melhores Vias de Comunicação, como Também Porque Todo o Território que Banha, pelo Primeiro Tenente Reformado da Armada Nacional e Imperial Rufino Luiz Tavares – Brasil – Rio de Janeiro – Typographia Nacional, 1876.
–  Livro do Autor 
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Pesquisador do Departamento de Cultura e Ensino do Exército (DCEx);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional;
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Itaituba/Aveiros

Hiram Reis e Silva, Aveiros, Pará, 30 de outubro de 2013.

Tarde Santarena
(Juliane Oliveira)

São inúmeras as músicas que embalam o amor dos santarenos pela Pérola do Tapajós. Algumas delas falam das praias, do encontro das águas, dos pescadores, dos casais de namorados e por aí vai. Outras falam da sua fauna e flora. Não precisa ser muito sensível ou mesmo inspirado pra fazer poesia para a terra que é banhada pelo verde-esmeralda do Tapajós e cobiçada pelo barrento Rio Amazonas. 
–  21.10.2013 – Itaituba/Tabuleiro Monte Cristo
 005 b
A fidalga e pronta recepção por parte do 53º Batalhão de Infantaria de Selva (53º BIS), capitaneado interinamente pelo Major Paulo Correia Lima Neto foi providencial. O pernoite, nas impecáveis instalações da Área de Lazer dos Oficiais, de quinta a domingo permitiu-nos recompor as energias e recuperar a musculatura. O recompletamento do combustível da lancha de apoio, por sua vez, garantiu-nos a possibilidade de dar continuidade à nossa jornada. Infelizmente, apesar de procurar o Major Correia Lima na sua residência em duas oportunidades, não consegui encontrá-lo para agradecer em meu nome, de minha equipe e do DCEx.
005 c
Alvorada às 05h00 e partida às 05h40. O deslocamento que fizéramos anteriormente do Tabuleiro Monte Cristo até Itaituba fora extremamente cansativo, por isso, resolvemos partir cedo. Quando o sol surgiu preguiçosamente na margem Oriental já tínhamos remado uma hora. Um dia ameno, uma suave brisa refrescava nossos corpos extenuados e vez por outra uma nuvem providencial atenuava os causticantes raios solares. Chegamos ao Tabuleiro pouco depois do meio-dia, três horas menos do que levamos, no dia 17, para percorrer a mesma distância no sentido inverso. Embora navegar contra a corrente pudesse justificar essa diferença temos de considerar que o Tapajós em virtude da estiagem pouca ou nenhuma influência tem em relação ao deslocamento Rio acima, o que realmente prejudicou nossa progressão anterior foi o terrível calor e a ausência de ventos e nuvens que amortecessem estes efeitos.
Paramos novamente nas instalações do IBAMA (Tabuleiro Monte Cristo). Infelizmente, apenas três tartarugas tinham realizado a postura, não seria desta vez que conseguiríamos apreciar a desova das enormes tartarugas amazônicas (Podocnemis expansa). Estávamos descansando nas confortáveis instalações do “Lar das Tartarugas” quando observamos a “Expedição Tapajós – 2013” de caiaques subindo o Rio. Um grupo de veteranos estrangeiros alemães estava subindo até o Salto São Luís. Espero que não seja mais um grupo de ativistas manifestando-se contra a construção da hidrelétrica de São Luís do Tapajós, que junto com outras quatro faz parte do Complexo Tapajós, tão necessária ao desenvolvimento da região e do país.

–  Amazônica Intocável

A polêmica em relação à construção das hidrelétricas por parte de manifestantes que defendem que a Amazônia deva permanecer intocável é um sofisma primário que não encontra amparo lógico nem na história da humanidade e muito menos no bom senso. É interessante verificar que todos estes militantes estrangeiros são oriundos de países que cometeram e ainda cometem os maiores desatinos ambientais do planeta e que em vez de cobrarem de seus próprios governos medidas corretivas em relação à poluição e recuperação de áreas degradadas de seus países surgem na “terra brasilis” como insanos arautos do apocalipse ambiental demonizando os brasileiros em geral e os amazônidas em particular.
Uma vez indaguei a um deles qual seria então alternativa energética proposta e o astuto germânico prontamente respondeu – energia nuclear. Logicamente o Brasil deveria comprar os equipamentos de sua querida Alemanha que dominava todas as fases desse tipo de geração – legítimos talibãs verdes a soldo e a serviço de grandes corporações.

–  Madrugando no Passado
005 d
Quantas vezes nós mesmos volvemos os olhos para o distante pretérito em busca das mais gratas recordações. Como seria bom que o tempo parasse, estacionasse em uma das melhores fases de nossas vidas, mas, seria este também o melhor tempo dos outros indivíduos?
Lembro quando acompanhava o velho Cassiano, meu saudoso e honorável pai, desde os seis anos de idade, nas pescarias em açudes de meu querido Rosário do Sul, RS. Era um evento formidável, memorável mesmo, partíamos de caminhão, amigos, parentes, assador (Seu Felipe), duas ovelhas vivas, lenha, barco, tralhas de acampamento e pescaria e uma velha cambona preta. A cambona era feita de uma velha lata de óleo com alça de arame e era colocada diretamente no braseiro para aquecer a água do chimarrão.
Durante o dia o pequeno piá Hiram se divertia pescando lambaris com sua tarrafinha que eram usados, mais tarde, no espinhel para pegar as cobiçadas traíras e jundiás. À noite caçava pirilampos que soltava na barraca fechada transformando-a numa mágica miniatura da abóboda celestial salpicada de pulsantes estrelas cor de esmeralda. Bons momentos, talvez dignos de um congelamento temporal.
Lembro, porém, que, na mesma época, a viagem de Porto Alegre a Rosário, no inverno era uma verdadeira odisseia. A estrada de chão esburacada apresentava um obstáculo por vezes intransponível – o temível banhado do Inhatium. Deveríamos ficar reféns eternos do ameaçador estorvo? Rosário era na época abastecido por uma termoelétrica que, quando estava funcionando, fazia as luzes pulsarem e os poucos eletrodomésticos pifarem. Continuaríamos para sempre satisfeitos com este tipo de fornecimento. Parece que não!
O problema é que estes problemas nos afetam diretamente. É diferente quando estas dificuldades dizem respeito aos habitantes dos ermos dos sem fim – os amazônidas. É fácil fazer propostas que embarguem o desenvolvimento e tragam mais conforto para estas populações quando não somos diretamente atingidos. Esquecem, porém, os “talibãs verdes” que não existe desenvolvimento sem energia e que não se faz “omelete sem quebrar ovos”.
As minas de Juriti e Porto Trombetas precisam de muita energia para transformar a bauxita em alumínio ou será que somos incapazes de alterar nossa destinação histórica subserviente de exportar minério bruto e importar o produto final dos países desenvolvidos.

–  22.10.2013 – Tabuleiro Monte Cristo/Aveiros
 Aveiros a
Resolvemos ir até Aveiros, mais de 72 km em linha reta, 76 km de percurso, desde o Tabuleiro, e partimos às 05h30. Atingimos Fordlândia às 09h00 e aproamos decididamente rumo a Aveiros. O tempo colaborou até atingirmos a Praia do Tecaçu por volta das 12h40. Daí em diante até nosso destino final, onde aportamos, cansados, às 15h40, o sol castigou-nos impiedosamente. Em Aveiros, o Marçal foi para sua casa e eu e o Mário nos instalamos em um hotel da cidade com ar-condicionado.

Brasilia Legal a
Aveiros b






Brasilia Legal b
Brasilia Legal c






–  Livro do AutorO livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Pesquisador do Departamento de Cultura e Ensino do Exército (DCEx);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional;
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Enseada da Pedra Branca/Itaituba

Hiram Reis e Silva, Itaituba, Pará, 21 de outubro de 2013.

Rio Tapajós

(Helvecio Santos)

Verde Rio bravio de minha terra natal, p’ra quem canta o rouxinol do nascer ao por do sol. Verde Rio que brilha como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, ao longo das alvas praias em seu correr indolente. Verde Rio que encrespado, soprado pelo vento Leste, brabo que nem filho da peste, brilha e rebrilha quando a luz do Sol nele se dá.

Verde Rio que ameaça o Augusto Montenegro, o Lauro Sodré, o negro navio do Loyde, desafiante no rebojo, apavora o novel marujo. Verde Rio de faceta amiga e branda p’ro famoso Macambira, seu amado pescador, que em frágil montaria retorna ao final do dia com sua colheita de amor.

Verde Rio de alvas pérolas na crista de suas ondas, subindo, descendo, renovando em eterno chua! chuá! Descanso da vista cansada ou mesmo só pra alongar. Serenai, verde Rio! Por piedade, serenai! O valente caboclo se entrega em teus braços, navega em teu leito estufando o peito. Aonde vai? (...)

– 12.10.2013 – Enseada da Pedra Branca/Igarapé Moratuba

004 b

A nostálgica tranquilidade de nossa permanência na bela Enseada da Pedra Branca só fora parcialmente quebrada, ao longe, pela frenética preparação da praia que abrigaria, no dia seguinte, os folguedos do Dia da Criança. Partimos ao alvorecer, e eu, sem saber, levava comigo algumas aborrecidas e birrentas parceiras – pequenas espículas de cauxi, que infestavam as areias e as águas da região, cravadas em minha pele. Encontramos, no decorrer do dia, diversos ribeirinhos, de comunidades próximas, que se deslocavam ansiosos para participar da festa montada na Pedra Branca. Os ventos oriundos do quadrante Este eram menos intensos que no dia anterior e fomos incomodados apenas pelo calor abrasivo do verão amazônico. Aportamos na foz do Igarapé Moratuba onde montamos acampamento e a partir da tarde comecei a sentir os intensos pruridos das espículas de cauxi que persistente e cruelmente me acompanhariam durante toda a jornada.

– 13 a 17.10.2013 – Igarapé Moratuba/Itaituba

004 Boim a

Mantivemos nossa rotina diária e pude verificar a localização completamente equivocada de comunidades e cidades como Bom Fim e Pinhel em todos os mapas disponíveis. No dia 16, aportarmos, depois de um extenuante dia de navegação de sol a pino no Tabuleiro Monte Cristo onde o IBAMA possui confortáveis instalações. Fomos gentilmente recebidos, convidados para acantonar e participar de um saboroso jantar à base de peixes.

004 Boim b

004 Fordlândia

 

 

 

 

 

– Tabuleiro Monte Cristo

O IBAMA implantou o projeto CENAQUA, na área do Tabuleiro Monte Cristo, há quase 20 anos. O Projeto tem como objetivo preservar tartarugas, tracajás, pitiús e aves como o talhamar, a gaivota, o bacurau dentre outras.

004 Lar da Tartaruga

Localizado a 6 km ao Norte de Barreiras, Distrito de Itaituba. O Tabuleiro está incrustado numa extensa região formada por lagos, ilhas e praias banhadas pelas cristalinas águas do Rio Tapajós. Anualmente, nesta época, normalmente na mudança de lua, tartarugas, tracajás e pitus desovam na praia protegida pelos olhos vigilantes e atentos dos fiscais do IBAMA. Cada animal chega a botar, por vezes, mais de 100 ovos por cova.

– Festival de Barreiras

004 Ponta do Escrivão a

Partimos às cinco horas do dia 17, pois a jornada até Itaituba era muito longa, quase 50 km. Passamos antes do alvorecer pela comunidade de Barreiras que tem sua economia baseada no extrativismo e na pesca artesanal. O grande evento cultural da cidade baseia-se na história dos peixes Aracu e Piau que é manifestado com toda pujança no Festival que acontece no mês de julho apresentando a disputa entre os dois cardumes. O evento inclui danças e evoluções diversas, procurando representar os contos e as lendas do imaginário caboclo. A disputa empolgante entre os peixes Aracu e Piau é realizada no “peixódromo”.

004 Praia do Tecaçu - Cb Mário

Engarupado na anca da história, lembrei-me de Barcelos, AM, quando desci o Rio Negro. Lá, como aqui, ocorre uma festa semelhante denominada “Festival do Peixe Ornamental”. O Festival de Barcelos, instituído em 1994, homenageia a cultura e o dia-a-dia dos pescadores conhecidos como “piabeiros”. Na época da festa, os cardumes fazem evoluções graciosas e as torcidas e os turistas elegem o cardume mais original.

Cardinal x Acará-Disco: E a piaba doida? Bem, quem não torce nem para um nem para outro, certamente é visitante. É turista! É piaba doida! O turista desavisado chega à cidade e acaba descobrindo um festival surpreendente quanto à organização dos grupos, numa região com tão poucos recursos! Na arquibancada, entre duas grandes torcidas ou “cardumes”, o visitante não sabe para que lado correr. Daí o apelido (...) (Maraísa Ribeiro)

– Itaituba, PA

Chegamos em Itaituba, por volta das 14h00, e aportamos junto ao empurrador comandado pelo dinâmico Ten MB Moreira, do 8º Depósito de Suprimento (8º D Sup). Em Fordlândia o Cb Mário já tinha conseguido, com o pessoal do 8º D Sup, um quilo de farinha e desta feita fomos recepcionados com um belo lanche a bordo e a possibilidade de tomar um banho antes de realizar contatos em terra.

Fui direto ao quartel da PM verificar se através deles poderia contatar o arisco pessoal da Prefeitura de Itaituba. Antes mesmo de sair de Porto Alegre, RS, já me comunicara com eles, via e-mail, tentando viabilizar algum tipo de apoio e me informaram que já tinham apresentado minhas pretensões à Prefeita.

Estava entrando no aquartelamento da PM quando o Major Paulo Correia Lima Neto, que estava respondendo pelo comando do 53º Batalhão de Infantaria de Selva (53º BIS), telefonou-me dizendo que tinha condições de apoiar-me com a instalação e combustível para a lancha de apoio. O Major Correia Lima tinha sido informado de minha presença pelo Tenente Coronel Miranda, Sub-Comandante do 8º BEC, Santarém, PA.

Foi um apoio providencial. Caso contrário iríamos acampar, como até então vínhamos fazendo, e iniciar nossa volta para Santarém sem poder contar como devido e necessário conforto e repouso. Estávamos cansados depois de remar durante oito dias consecutivos sob sol escaldante.

É interessante observar que foi a primeira vez que um Prefeito não se dispôs a apoiar-nos. Na descida pelos ermos sem fim do Rio Juruá, nos Estados do Acre e Amazonas, contamos sempre com apoio irrestrito do poder público. Aqui no Pará mesmo, já fomos devidamente apoiados em Juriti, Oriximiná, Óbidos e Alenquer. De Itaituba levamos conosco saudades apenas do “Braço Forte, Mão Amiga” de nosso sempre pronto Exército Brasileiro.

À noite fomos convidados pelo Ten MB Moreira a jantar em um restaurante da cidade e passamos uma noitada extremamente agradável ouvindo causos interessantes e hilários deste formidável e simpático grupo fluvial do 8º D Sup. O Moreira foi convidado e aceitou ser instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), tenho certeza de que este jovem oficial saberá desincumbir-se desta nova missão com o mesmo entusiasmo e galhardia que vem desempenhando como Comandante do Empurrador Yauaretê.

– Área de Lazer dos Oficiais (ALO) do 53ºBIS

Infelizmente, ante a falta de apoio da Prefeitura local, minhas pretensões de conhecer Jacareacanga, conversar com algumas lideranças locais a respeito do Complexo Hidrelétrico do Tapajós não foram concretizadas. Felizmente na ALO tive a ventura de conhecer o Sr. Nilton Luiz Godoy Tubino, Coordenador-Geral de Movimentos do Campo e Territórios subordinado à Secretária Geral da Presidência da República. Tubino foi bastante esclarecedor em relação a algumas de minhas indagações sobre o aproveitamento Hidrelétrico do Tapajós e conseguiu-me mapas das Barragens Jatobá e São Luiz do Tapajós.

Mais uma vez estamos partindo para estudos de viabilidade de barragens descurando da mobilidade fluvial. Não se pode pensar em represar um Rio para geração de energia sem levar em conta a possibilidade de viabilizar a transposição das barragens por meio de eclusas. A Hidrovia Tapajós / Teles Pires / Juruena precisa ser concretizada e estes estudos de viabilidade e construção precisam e devem ser tratados concomitantemente e não de maneira estanque. É um erro histórico que continua a ser cometido pelos governos que se sucedem.

– Potenciais Hidrelétricos em Terras Indígenas (TI)

(...) Será que o governo quer acabar todas as populações da Bacia do Rio Tapajós? Se apenas a barragem de São Luís for construída, vai inundar mais de 730 Km². E daí? Onde vamos morar? No fundo do Rio ou em cima da árvore? Não somos peixes para morar no fundo do Rio, nem pássaros, nem macacos para morar nos galhos das árvores. Nos deixem em paz. Não façam essas coisas ruins. Essas barragens vão trazer destruição e morte, desrespeito e crime ambiental, por isso não aceitamos a construção das barragens... (Missão São Francisco do Rio Cururu, 06 de novembro de 2009)

A Constituição Federal de 1988 autoriza a exploração dos potenciais hidrelétricos em TI desde que haja autorização do Congresso Nacional e ouvidas as comunidades envolvidas. Logicamente este dispositivo legal se refere tão somente a projetos que causem interferência direta nas terras indígenas o que não ocorre, por exemplo, na UHE São Luiz do Tapajós a mais de 40 km de qualquer terra indígena. Infelizmente os Mundurucus tem sido usados como peça de manobra para se opor à construção da barragem sem ao menos saber do que se trata e à mídia sensacionalista só se interessa em apresentar imagens de nativos devidamente paramentados (fantasiados) com o intuito de causar o maior impacto possível às massas ignaras.

Infelizmente, as populações afetadas não estão sendo devidamente esclarecidas, propiciando que “talibãs verdes” (inocentes úteis ou a soldo de interesses inconfessos) tentem fazer prevalecer sua visão distorcida sem levar em conta as reais necessidades da nação. A questão não é mais se a construção é necessária ou não e sim a necessidade de minimizar os impactos ao meio ambiente e às populações do entorno. A discussão tem um viés importante que é o sustentável, todos os empreendimentos na Amazônia vão gerar, sem dúvida, polêmica dos “ambientalistas” e “mercenários apátridas”. Não há interesses por parte das potencias hegemônicas que surja um “tigre asiático” ao Sul do Equador. Precisamos reconhecer que nossa engenharia hidrelétrica e nossa legislação ambiental são as melhores do mundo, e que atendendo às normas vigentes e, utilizando nossa capacidade tecnológica estaremos, certamente, evitando que o país enfrente um caos energético na década que se avizinha. A carta dos Mundurucus foi redigida por mal informados e/ou mal intencionados “guardiões da floresta” que omitem, intencionalmente, os benefícios auferidos pelas populações atingidas pelas barragens.

Vejam um exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=a7thskORns8

– Vídeos

01 Santarém / Lago Maripá (10.10.2013)

http://youtu.be/9Pl0_boxgNk

02 Lago Maripá / Igarapé Moratuba (11 a 12.10.2013)

http://youtu.be/HyRQlNehYzw

03 Igarapé Moratuba / Praia do Escrivão (13 a 14.10.2013)

http://youtu.be/A-WlXlAdAc0

04 Praia do Escrivão / Itaituba (15 a 17.10.2013)

http://youtu.be/cA-IAWL_4Cc

– Livro do Autor

O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional;

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

Santarém/Enseada da Pedra Branca

Hiram Reis e Silva, Itaituba, Pará, 18 de outubro de 2013.

O Pescador do Rio Tapajós

(Valter Brumatte)


De tarde, em cima do cais, a sós,

o pescador, na margem do Tapajós

lança o anzol até onde alcança

e sente o beliscar das lembranças.

Cada vez mais, tesa-lhe a linha

onde o horizonte se alinha:

é o peixe da saudade, vadio,

que puxa o anzol, mordendo macio.

De repente, o caniço se curva

e seus olhos molhados se turvam

ante o peixe que brilha no ar.

E então, no ofício da pescaria

o pescador vê que pesca a poesia

no rio imenso do seu olhar.


–  10.10.2013 – Santarém/Lago Maripá

003 a

Pernoitei, como na véspera, no Porto do 8º BEC, a bordo do Piquiatuba. Uma moto-bomba permaneceu funcionando à noite inteira transpondo combustível de uma balsa para outra, geradores barulhentos e altamente poluentes só foram desligados ao amanhecer, movimentação intensa de embarcações, uma noite, portanto, nada reparadora tendo em vista a agitação característica do local.

003 b

Às 06h20, partimos eu e o Marçal em nossos caiaques, apoiados pelo Mário na lancha Mirandinha, rumo a Itaituba. Os ventos fortes de popa, do quadrante Este, em torno de 17 km/h, embora criassem marolas de até 1,5 m de altura aceleravam nossa progressão e conseguimos imprimir uma velocidade de até 9 km/h subindo o Rio Tapajós.

Na primeira parada o caseiro de uma das belas casas da orla franqueou-nos o acesso aos belos frutos dos cajueiros da residência. Na Ponta do Cururu, próximo a Alter do Chão, fizemos uma parada mais longa preparando-nos para atravessar o Rio da margem direita (Oriental) para a esquerda (Ocidental). Encontramos alguns turistas do Sul do país curtindo as belas águas do Tapajós.

Iniciamos a travessia, inicialmente aproei para jusante de nosso destino considerando a intensidade dos ventos, mas, a meio curso, verifiquei não ser necessária a correção e apontei a proa diretamente para uma pequena enseada que optara para nossa primeira parada. Depois de aportar e realizar um breve reconhecimento resolvemos estacionar no Lago fronteiriço à enseada, mais seguro e abrigado dos ventos e onde poderíamos pescar.

Preparei uma pequena fogueira em um buraco, e deitei cedo buscando recompor minhas energias. Tínhamos colocado uma “malhadeira” para reforçar o rancho com pescado fresco e o Mário ao recolher, sozinho, alguns peixes da rede foi mordido por uma piranha. Ajudamos o estropiado companheiro a recolher a rede e os peixes restantes, desinfetamos sua ferida e a protegemos com um pedaço de pano.

–  11.10.2013 – Lago Maripá – Enseada da Pedra Branca

003 d

Novamente partimos antes do nascer do Sol. Os ventos fortes e as grandes ondas de través prejudicaram, sobremaneira, a progressão e o equilíbrio do caiaque “Indomável” do Marçal enquanto eu aproveitava para ganhar velocidade surfando com o meu agora flamante “Cabo Horn” da Opium Fiberglass. O “Cabo Horn” foi totalmente reformado na Companhia de Equipamento do 8º BEC, os 9.404 km navegados pelos amazônicos caudais tinham provocado profundas cicatrizes no seu convés e casco. As cores originais da bandeira brasileira foram substituídas pelo azul turquesa da minha cara engenharia militar.

003 e

Encurtamos nosso destino pela metade e paramos numa bela e rasa enseada. Montamos acampamento e não reparei nas curiosas formações incrustadas nas raízes, troncos e galhos da vegetação circunvizinha, desatento confundi os cauxis com raízes aéreas e minha distração custou-me muito caro.

 

–  Cauxi (Porifera, Demospongiae)

003 Cauxi 1

As esponjas de água doce, pertencem à classe Demospongiae (Tubella reticulata e Parmula batesii), têm como característica básica a produção de um esqueleto de espículas de Óxido de Sílica. As espículas possuem um aspecto de agulhas transparentes ou opacas, com extremidades ligeiramente curvas. Essas espículas, devido à sua constituição mineral, após a morte e putrefação das esponjas, são liberadas da matriz de colágeno, que as mantém unidas em feixes estruturais e, assim permanecem nos sedimentos, disponíveis até que os banzeiros as propaguem no meio líquido. O Dr. Alfredo da Matta faz a seguinte consideração a respeito do espongiário:

Ora, por que o sagaz e astuto caboclo, ou o nordestino observador já identificado com o meio amazonense, não entra em Rio que tenha cauxi, nele não se banha e não bebe a água daí retirada? Porque o silvícola, através de gerações, ensinou a cada qual que “i cai tara”, isto é, ele se queima n’água ou a água lhe queima! E com propriedade tão irritante para a epiderme, mais pronunciada ainda ela se torna quando a água é ingerida, porque a inflamação da mucosa gastrointestinal poderá por vezes apresentar sintomas alarmantes. Por tal motivo o silvícola dizia: – “cai igaure”, isto é, queima, bebedor d’água. (DA MATTA)

Fonte: DA MATTA, A. 1934. Cai e Cauxi. Revista do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas 4 (4): 129-132.

–  Livro do Autor

O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com