"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, dezembro 06, 2008

O banco central dos EUA: O templo e os seus segredos sujos

Resistir Info - Dezembro
por Stephen Lendman [*]
. Há uns anos atrás li um excelente livro de William Greider, publicado em 1987, acerca do funcionamento do Sistema da Reserva Federal dos EUA. É minucioso e explícito e proporciona uma leitura agradável e informativa, à excepção da solução que apresenta para o terrível problema que expõe... é demasiado tímida. Este artigo visa propor uma solução bem diferente. Greider chamou ao seu livro “Segredos do Templo”, com o subtítulo “A Forma Como a Reserva Federal Governa o País”. Um subtítulo mais apropriado teria sido a forma como o Fed (e outros bancos chave centrais) governa o mundo. Este artigo tentará sintetizar o que é que o banco faz, como é que ele o faz, em benefício de quem e às custas de quem. Os que não estiverem a par destes assuntos, ficarão chocados com algumas das informações e comentários que se seguem.

Vamos ser claros logo à partida. A Reserva Federal dos EUA, Banco da Inglaterra, Banco do Japão e o Banco Central Europeu (para os 12 países Europeus que em 1999 adoptaram a moeda única) são instituições com um poder imenso, muito maior do que a maioria das pessoas imagina. Estes bancos preponderantes, tal como a maioria dos restantes, têm uma enorme influência nas condições financeiras de praticamente todos os países, incluindo obviamente o seu próprio, num mundo financeiro de fronteiras progressivamente esbatidas, onde um acontecimento económico significativo numa nação tende a afectar a maioria das outras, tanto para melhor como para pior.

Há um outro banco poderoso que também faz parte do mundo financeiro contemporâneo. Este tem de ser mencionado devido à sua importância, embora seja necessário um artigo separado para explicar em profundidade o seu funcionamento. Trata-se do sigiloso, inviolável e completamente autónomo, Bank for International Settlements [1] (BIS), fundado em 1930 e sediado em Basiléia, Suíça. Este banco, de que a maioria das pessoas nunca ouviu falar, é o banco central dos bancos centrais membros, uma espécie de “patrão dos patrões” da banca, equivalente ao que parece existir no mundo obscuro dos padrinhos da Mafia. Tal como os outros bancos centrais, incluindo a Reserva Federal (explicado a seguir), é domínio privado dos seus membros.

Alguns académicos e outros que estudaram o BIS crêem que a elite do capitali financeiro fundou este banco dos bancos para ser o ápice de poder sobre o sistema financeiro mundial, um sistema possuído e controlado por eles. Pensa-se que o plano era utilizar este banco para dominar o sistema político de cada país e controlar a economia mundial de uma forma feudal. Resumindo, a ideia é que este escol quer reinar no mundo controlando o dinheiro, e montou este supranacional e todo-poderoso banco dos bancos para o conseguir. Por muito importante que seja esta discussão terá de ficar para outra altura, já que o intuito deste artigo é debruçar-se somente sobre a Reserva Federal dos EUA.

Os bancos centrais dominantes e o BIS, em conjunto com grande parte dos demais, exercem a sua influência através de uma aliança semelhante a um cartel, que assegura que todos beneficiam mais do que lhes seria possível isoladamente. Com o seu imenso poder não é exagero dizer que estas instituições financeiras governam de facto o mundo. Como são capazes de gerar dinheiro, eles fundeiam as necessidades dos seus governos nacionais, dos seus militares e de todas as actividades de negócios que não poderiam funcionar sem uma pronta injecção dessa que é a mais necessária de todas as comodidades. É o dinheiro, não o amor, que faz girar o mundo, e os banqueiros centrais têm o poder de criar e tirar de circulação tanto ou tão pouco quando lhes apetecer e para qualquer efeito que tenham em mente. Esse tipo de poder pode mover montanhas, ou arrasá-las.

Não há nenhuma nação hoje em dia que tenha um banco central tão poderoso como a Reserva Federal dos EUA, mas tal com nem sempre foi assim, também agora sofre uma concorrência pelo primeiro lugar que não conhecia desde a Segunda Grande Guerra. O Fed, como se pode abreviar, existe desde 1913 altura em que foi criado por um decreto do Congresso. Mas o Banco da Inglaterra já cá anda desde que a Britannia começou a controlar os mares, ou mais exactamente desde 1694 quando o rei Guilherme III precisou de ajuda para financiar o tipo de empreendimento que mais rapidamente absorve divisas: a guerra. Na altura era com a França, e o rei precisava de um banqueiro que se lhe aliasse para levar a guerra adiante. Ele também precisava de ajuda financeira para facilitar o comércio e gerir a dívida do país, que sempre cresce em altura de guerra. O Banco da Inglaterra não foi o primeiro banco central, mas foi o primeiro do mundo moderno a ser detido por interesses privados num país poderoso. Foi denominado Banco da Inglaterra para impedir o público de se aperceber de que, tal como a Reserva Federal dos EUA, era e é ainda propriedade privada e não parte do governo. Também veio a ser esse o modelo utilizado para a criação do banco central dos EUA e a grande maioria dos outros.

Os britânicos podem ter tido um avanço de 219 anos sobre o Federal, mas os bancos centrais são apenas tão poderosos quanto os países que eles representam e as suas respectivas economias. Hoje os antigos dominadores britânicos têm de se contentar com o papel consideravelmente reduzido de ser apenas mais um parceiro de uma hegemonia norte americana estabelecida após a Segunda Grande Guerra. Ainda hoje continua a ser a potência dominante, embora alguns especialistas de renome acreditem que os EUA já viram e deixaram para trás o seu zénite de desenvolvimento e se encaminhem agora para o declínio. Alguns vão ainda mais longe e afirmam que esse declínio foi acelerado pelas políticas desastrosas da administração Bush, que de forma irracional defende que a estratégia de levar guerra incessante ao mundo é a melhor forma de o controlar, promover crescimento e domínio económicos infinitos e assim preservar a posição proeminente dos EUA como campeão económico reinante.

Não é difícil contestar essa posição e perceber que esse campeão, que já subiu demasiadas vezes ao ringue e tem planos de lá voltar para sempre, está sujeito ao mesmo destino daqueles muitos da nossa História que não souberam parar quando deviam e acabaram com aquela afectação crónica do cérebro chamada demência. A lição que a História nos dá é sempre a mesma. O preço do comportamento aguerrido é alto, doloroso e inevitável. Aplica-se a países e indivíduos, mas infelizmente parece que nem um nem outro se apercebem do erro até ser tarde demais. A grande diferença entre os EUA de hoje e as outras nações que já pagaram o preço de não cederem depois das suas horas de ribalta passarem é que os EUA têm um arsenal todo-poderoso que os outros nunca tiveram. Se decidirem usá-lo, não sobrará muito do mundo para o sucessor. Um pensamento desagradável sim, mas completamente real.

TUDO COMEÇOU EM 1910 NA ILHA JEKLL

Soa ao título de um filme de terror, mas os acontecimentos reais que se desenrolaram nesta ilha privada à beira da costa da Geórgia em 1910 teriam desafiado a imaginação da fábrica de pesadelos de Hollywood.

Foi aí que sete ricos e poderosos homens se reuniram em segredo durante nove dias para criar o Sistema da Reserva Federal que veio a nascer três anos mais tarde a 23 de Dezembro de 1913 através de um decreto do Congresso norte americano. Desde essa altura os EUA e o mundo jamais seriam os mesmos, mas só os ricos e os poderosos foram os beneficiados. A ideia no entanto era precisamente essa e o plano resultou na perfeição.

O Decreto da Reserva Federal que deu início a tudo isto deve seguramente estar cotado entre as legislações mais escandalosas e desastrosas para o interesse público alguma vez emitidas por qualquer órgão legislativo. É também, e até talvez já o fosse na altura, ilegal ao abrigo do Artigo 1º, Secção 8 da Constituição dos EUA que não é senão a lei inviolável do Território. O artigo em questão decreta que o Congresso dos EUA tem o direito de cunhar (criar) dinheiro e regular o seu valor. Em adição o Supremo Tribunal dos EUA decretou em 1935 que o Congresso dos EUA não pode constitucionalmente delegar esse poder a outro grupo ou entidade. Portanto o Congresso agiu em 1913 em violação da constituição que jurou proteger e praticar, e ao fazê-lo criou o Sistema da Reserva Federal que, como será explicado de seguida, é uma corporação privada com fins lucrativos a funcionar às custas do interesse público. Com este decreto os legisladores cometeram fraude contra o povo, e até agora têm saído ilesos sem que o público saiba sequer do mal provocado.

O resultado vergonhoso é que aquela que nunca deveria ter nascido é hoje a instituição mais poderosa do mundo, e tudo devido ao que se passou naquela ilha privada com um nome arrepiante. Se o Congresso tivesse agido de forma responsável talvez o decreto que criou o Fed nunca tivesse acontecido. A legislação que lhe deu azo era tão prejudicial para o interesse público que nunca teria sido aprovada, não tivesse sido ela conduzida através de uma reunião do Comité de Conferência do Congresso, cuidadosamente preparada e agendada entre a 1h30 e 4h30 da manhã (altura em que a maioria dos membros do Congresso se encontravam a dormir) de 22 de Dezembro de 1913. O decreto foi então votado no dia seguinte e aprovado apesar de muitos membros do Congresso se terem ausentado para as férias do Natal e muitos outros que tinham ficado não terem tido tempo de ler e compreender os seus conteúdos. Soa familiar? Pois mesmo assim passou (como um ladrão na noite) e foi assinado rumo à lei por um descuidado ou cúmplice Woodrow Wilson, que mais tarde chegou a admitir ter cometido um terrível erro dizendo "Eu inadvertidamente arruinei o meu país." Mas era tarde demais para lamentações, e o povo norte americano pagou caro desde então. Já é altura de o público perceber isso e começar a reivindicar um fim aos já mais de 90 anos de danos provocados.

Isso quase aconteceu há 43 anos, quando um presidente decidiu agir em favor do povo que o elegeu. Esse homem era John Kennedy, que antes da sua morte planeara acabar com o Sistema da Reserva Federal de forma a eliminar a dívida nacional que um banco cria ao ser ele a imprimir o dinheiro para o transmitir ao governo sob a forma de empréstimo. Essa dívida monta hoje a mais de 8.400.000.000.000 de dólares (6,57 milhões de milhões de euros) que os contribuintes têm de pagar, tendo pago já uma parte no valor de 174.000.000.000 dólares (136 mil milhões de euros) apenas nos primeiros três meses de 2006. Este serviço de dívida traduz-se agora numa quantia anual que ronda os 530 mil milhões de euros. Fez dos banqueiros homens extremamente ricos (sendo precisamente essa a ideia) e do público homens mais pobres porque é a eles que a dívida é taxada. Não é exagero chamar a isto a maior falcatrua financeira de sempre, que perdura e cresce a cada dia que passa.

A dívida não era tão onerosa há 40 anos, mas o presidente Kennedy percebeu que constituía um perigo para o país e um fardo para o público. Assim, no dia 4 de Junho de 1963, ele emitiu a ordem presidencial EO 11110 que conferia ao presidente a autoridade de emitir o dinheiro. Seguidamente ordenou à Tesouraria dos EUA que imprimisse mais de 4 mil milhões de "Notas dos Estados Unidos" para substituir as Notas da Reserva Federal. Ele queria substituir as notas todas assim que houvesse em circulação uma quantidade suficiente da nova moeda, para depois poder acabar com o Sistema da Reserva Federal e o controlo que ela cedia aos banqueiros internacionais sobre o governo dos EUA e o seu povo. Escassos meses depois do plano do presidente Kennedy entrar em vigor, ele foi assassinado em Dallas no que foi seguramente um golpe de estado dissimulado, e que pode bem ter sido levado a cabo em parte para salvar o Sistema da Reserva Federal e a consequente concentração de poder que estabelecia e que era tão lucrativa aos banqueiros mais poderosos do país. Aqueles que daí colhiam benefícios tinham boas razões para se envolverem numa trama que lhes salvasse os seus privilégios especiais, de que não estavam dispostos a abrir mão sem ripostar. É uma explicação plausível que pode bem esclarecer quem teria estado por detrás do assassinato e por que razão. Onde quer que esteja a verdade, a coligação bancária só esteve em apuros por um escasso período. Assim que Lyndon Johnson assumiu a presidência, revogou a ordem presidencial de Kennedy e restabeleceu o anterior poderio da coligação. Desde então tem sido mantido, estando hoje em dia mais forte que nunca. Nem mesmo os presidentes conseguem travá-los, e aqueles tentassem têm a lição da História recente para os dissuadirem.

Os antecessores da possível conspiração para golpe Kennedy foram os homens que se reuniram na Ilha Jekyll em 1910. Eles representavam alguns dos mais ricos e poderosos do mundo — os Morgans, Rockefellers, Rothschilds da Europa (que já dominavam toda a banca europeia em meados do séc. XIX e se tornaram e podem bem ser ainda a mais rica e mais poderosa de todas as famílias) e outros de grande influência e poder. Incluídos estavam um senador dos EUA, um alto dignatário da Tesouraria dos EUA, o presidente do maior banco norte americano da altura, uma figura de renome de Wall Street e o homem que mais tarde veio a ser o dirigente máximo da Reserva Federal. Era um grupo e pêras e o seu propósito era um só. Eles queriam alterar a ideologia e rumo dos negócios nos EUA, substituindo a até então vigente concorrência de mercado livre por monopólio. Eles também percebiam bem aquilo que o Barão M.A. Rothschild compreendera um dia ao dizer "dêem-me o controle sobre a moeda de um país e não me interessará mais quem faz as suas leis". Eles também compreendiam a sabedoria do que está inscrito em Provérbios 22:7: "Os ricos reinam sobre os pobres, e o que pede emprestado é o servo de quem empresta."

Foi a aurora da era da coligação dos poderosos, quando os sete titãs financeiros que se reuniram em segredo no edifício recreativo da ilha decidiram deixar de competir uns com os outros e quiseram o poder para o conseguir. Eles já estavam em conluio informal uns com os outros, mas sabiam que tudo correria melhor sob a égide de um cartel legalmente sancionado. Eles queriam um cartel bancário e criaram um que ainda hoje floresce sem qualquer observação pública com a ferramenta que mais desejavam — a capacidade de controlar a oferta monetária da nação — o que lhes confere poder quase ilimitado. O cartel trabalha em cooperação com o governo e com todas as outras poderosas corporações internacionais, numa aliança global dominante que lhes permite controlar os mercados mundiais, os recursos, o trabalho barato e as nossas vidas.

O SISTEMA DA RESERVA FEDERAL NÃO É UMA AGÊNCIA DO GOVERNO — É UMA COLIGAÇÃO PRIVADA DE BANCOS PODEROSOS PROTEGIDA PELA LEI DOS EUA

É comum, mas errado, considerar-se que o Sistema da Reserva Federal é uma função do governo dos EUA, sujeita ao seu controlo. Falso. É mesmo muitas vezes referido como um banco descentralizado e semi-governamental, mas isso é apenas uma forma de mascarar aquilo que, de facto, é na verdade: uma coligação detida e operada por privados, estruturada de forma a parecer que é o governo quem lá manda. O facto de ter a sua sede em Washington, no formidável e impressionante edifício Eccles (nome de um ex-dirigente do Federal), é apenas mais um astuto subterfúgio. Vejamos o que se passa realmente:

O Federal é composto por um painel de Governadores em Washington e 12 bancos regionais em cidades principais espalhadas pelo país (incluindo a minha própria cidade de Chicago onde em tempos, agora já não, qualquer pessoa podia chegar ao guichet de um caixa e comprar títulos do Tesouro dos EUA). O Sistema também inclui muitos e variados bancos membros, nomeadamente todos os bancos nacionais que são necessários ao Sistema. Foi ainda permitida a entrada a outros bancos e muitos aproveitaram a oportunidade. A Reserva Federal começou a funcionar em Novembro de 1914, quase um ano depois de ter sido criada pelo decreto do Congresso mencionado antes. Foi sancionado por lei que seria imbuída do maior poder de toda e qualquer instituição do país — o poder de criar e controlar o fluxo de dinheiro do país.

A maioria das pessoas pouco ou nada sabem acerca de dinheiro e banca, talvez nunca sequer venham a pensar no assunto, e não fazem ideia do modo como o Fed e os banqueiros influenciam as suas vidas. Antes de escrever este artigo eu tinha pouco mais que um modesto conhecimento que aprendi no decorrer de um curso sobre esta matéria e contabilidade básica, partes integrantes do MBA [2] que tirei há 46 anos. Esses cursos omitiram os capítulos mais importantes da história e nunca deram a entender a natureza sinistra do real funcionamento do sistema bancário. Ninguém deverá supor por um momento que os bancos foram instituídos ou pensados para funcionarem em nosso benefício. Não foram com certeza e alguém que pretenda o contrário deverá continuar a ler. São tão benéficos para o bem estar público como foi o MX Peacekeeper [3] ICBM (a escolha de palavras é de se lhe tirar o chapéu) construído em meados da década de 80 para transportar ogivas nucleares e que tinha a modesta capacidade destruir toda e qualquer forma de vida no planeta, e um dia ainda poderá fazê-lo.

O decreto da Reserva Federal de 1913 (a lei do território) estipula que os bancos da Reserva Federal de cada região são posse dos bancos membros dessa mesma região. Estes bancos Federais são corporações privadas que se esforçam por esconder o facto de que na verdade são donas daquilo que o público pensa ser propriedade do governo e tesouraria nacional. É fácil ser-se induzido em erro quando os dirigentes do Fed e sete dos seus Governadores são nomeados pelo Presidente e aprovados pelo Senado. Assim, o Fed é uma espécie de entidade semi-governamental, mas a verdade não deixa de ser que o Sistema é uma empresa privada com fins lucrativos semelhante a qualquer outro negócio. Tem accionistas como outras corporações públicas que recebem anualmente juros sem risco de 6% sobre as suas acções ordinárias. O público não sabe disto e não seria uma boa manobra de relações públicas se viesse a saber. O povo dos EUA ficaria ainda mais preocupado se viesse a saber que alguns dos proprietários da Reserva Federal são poderosos investidores estrangeiros do Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Itália. Eles são parceiros de gigantescos bancos dos EUA como o JP Morgan Chase e o Citibank, bem como de poderosas firmas de Wall Street como Goldman Sachs, todos juntos na coligação bancária da nova ordem mundial, que influencia e altera a actividade de negócios em todo e qualquer lado, bem como as nossas vidas.

A questão da propriedade privada dos Bancos da Reserva Federal tem sido repetidamente contestada em tribunais federais mas em vão. Em todas as vezes os tribunais sustentaram o actual sistema em quem cada Banco da Reserva Federal é uma corporação autónoma detida pelos bancos comerciais da sua região. Um desses casos foi o de Lewis versus Estados Unidos que foi decidido pelo 9º Tribunal de Recursos do Circuito, que emitiu o veredicto de que os Bancos da Reserva são corporações independentes, de propriedade privada e localmente controladas.

OS PAIS FUNDADORES DOS EUA TINHAM IDEIAS DIFERENTES DAS DOS HOMENS PODEROSOS QUE SE REUNIRAM NA ILHA JEKLL

Ao longo da História dos EUA houve sempre desacordo acerca de quem deveria controlar o poder da oferta monetária e o direito de emitir. Os Pais Fundadores dos EUA entenderam que o Parlamento Britânico fora forçado a cobrar impostos injustos às colónias e aos seus próprios cidadãos porque o Banco da Inglaterra acumulara demasiada dívida e o governo precisava de receitas para a reduzi-la. Benjamin Franklin acreditava mesmo que essa era a verdadeira causa da Revolução Americana. Muitos dos Fundadores também se apercebiam do perigo que advinha da acumulação excessiva de riqueza e poder por parte da banca. James Madison, o principal autor da Constituição dos EUA, chamou-lhes "cambistas" referindo-se à passagem da Bíblia que descreve como Jesus por duas vezes expulsou os cambistas e vendilhões do templo de Jerusalém há cerca de 2000 anos atrás. Madison disse:

"A História regista como os cambistas têm usado de toda e qualquer forma de abuso, intriga, embuste e violência possíveis para manter o controlo sobre os governos ao supervisionar o dinheiro e a sua cunhagem".

Thomas Jefferson foi igualmente forte na sua condenação ao dizer:

"Acredito sinceramente que as instituições bancárias são mais perigosas para a nossa liberdade que exércitos permanentes. Edificaram já uma aristocracia monetária que se posicionou em desafio ao governo. O poder de emissão deve ser retirado aos bancos e devolvido à população a quem verdadeiramente pertence."

Jefferson e Madison compreendiam os perigos de qualquer tipo de monopólio comercial e tentaram assegurar que eles nunca existiriam na nova nação. Eles queriam mesmo adicionar duas emendas suplementares à “Carta de Direitos” da Constituição, nunca tendo no entanto chegado a fazê-lo. Eles acreditavam que para proteger a liberdade da população a nação devia estar "livre de monopólios comerciais" (aquilo que são agora corporações gigantes como os bancos internacionais e grandes firmas de investimento de Wall Street) e livre de uma militarização permanente, ou exércitos permanentes. Tentem imaginar aquilo que o país seria hoje, se Jefferson e Madison tivessem conseguido impor as suas ideias, um país sem gigantescas corporações de rapina, que exploram tudo e todos para aumentar os lucros, e também livre de um exército enlouquecido que leva a guerra ao mundo inteiro ameaçando destruí-lo, o que por sinal até faria com que as corporações gigantes ganhassem ainda mais lucros.

Eles claramente nunca chegaram a legislar os seus pontos de vista, e o povo tem pago caro desde então, sobretudo pelos danos causados pelo facto de o governo ter prescindido do direito de emissão da moeda. Cedeu este direito em segredo sem que o público pudesse ter a mais pequena noção do mal que lhes estava a ser causado. Tem sido ainda pior a partir da década de 80 porque o poder do Fed cresceu sob o mandato de um presidente Republicano favorável, e os meios de comunicação corporativos ajudaram à farsa escondendo esses efeitos. Para estes, tudo é permitido aos bancos gigantes membros ou os seus parceiros de Wall Street.

A situação tornou-se praticamente descontrolada durante o mandato de Alan Greenspan — um dirigente do Fed que ninguém deveria ter considerado digno de louvor, fosse antes de ter tomado posse do federal quando era conselheiro presidencial ou depois durante o seu mandato. Foi só depois de a sua firma de consultoria económica ter falido que ele se pôs ao serviço do governo, certamente porque precisava de mudar de ramo. Foi aí que ele conseguiu tornar-se numa espécie de profeta omnipresente da banca central sendo praticamente santificado pelos pontífices de negócios que viam no seu reinado a razão de os céus serem azuis e as nuvens debruadas a prata. Alan entretanto retirou-se para os prados ainda mais verdejantes dos contratos livreiros e palestras milionárias, o que apenas prova que quando se faz um bom trabalho (às nossas custas) para os ricos e poderosos que lá o puseram, sempre as recompensas o esperarão no fim. É bem provável que o novo dirigente do Federal se tenha apercebido disso e vá zelosamente cumprir com a tradição que o antecedeu.

Mas tentem imaginar um dirigente do Federal que seja diferente, um que conhecesse, acreditasse e praticasse as palavras e sabedoria de outro presidente notável dos EUA — Abraham Lincoln. Em 1886 Lincoln disse o seguinte: "O dinheiro rapina a nação em tempos de paz e conspira contra ela em tempos adversos. É mais déspota que a monarquia, mais insolente que a autocracia e mais egoísta que a burocracia. Denuncia como inimigos públicos todos os que questionem os seus métodos ou alumiem os seus crimes. Eu tenho dois grandes inimigos, o Exército Sulista à minha frente e os banqueiros atrás de mim. Dos dois o meu pior inimigo é o que está às minhas costas."

Lincoln também parece ter dito (embora alguns o contestem): "Vejo uma crise a desenhar-se no futuro, uma que me enerva e faz tremer pela segurança do meu país... as corporações foram entronizadas e uma era de corrupção nas altas esferas seguir-se-á. O poder do dinheiro procurará prolongar o seu reinado exercendo-se sobre as fraquezas do povo, até que toda a riqueza esteja concentrada numas poucas mãos e a República seja destruída." Imaginem o que Lincoln não diria hoje.

Dada a opinião que Lincoln tinha dos banqueiros e do poder do dinheiro, parece impor-se esta questão evidente: terá isso contribuído ou terá sido essa a razão para a sua morte prematura às mãos de John Wilkes Booth? Os banqueiros internacionais tinham claramente Lincoln em baixa estima, depois de ele ter conseguido que o Congresso homologasse em 1862 o decreto "Legal Tender" [4] que dava à tesouraria dos EUA o poder de emitir dinheiro em papel chamado "greenbacks". [5] Lincoln precisava desta lei depois de se ter negado a pagar os exorbitantes 24 a 36% de juros que os banqueiros pediam sobre os empréstimos de que Lincoln necessitava para financiar a guerra com o Sul. Com a nova lei, Lincoln podia então imprimir os milhões de dólares de que precisava sendo estes livres de dívida e juros. Isto não ia obviamente de encontro aos desejos dos banqueiros gananciosos já que só podem lucrar quando o seu naco de carne vem de transacções financeiras sob o seu controlo. Assim que acabou a guerra, Lincoln foi assassinado e logo de seguida a dita lei "Greenback" foi revogada, um novo decreto bancário foi aprovado e todo o dinheiro voltou a acarretar juros.

FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DA RESERVA FEDERAL

O Sistema da Reserva Federal é o resultado de o Congresso e o Presidente terem concordado em privatizar o sistema monetário nacional e delegar um poder que deveria ter permanecido direito exclusivo do governo. Este decreto foi tão afrontoso que o Fed teve de ser propositadamente concebido de forma a que se assemelhasse a um ramo do governo federal, para que não transparecesse que se trata na verdade de uma coligação bancária privada e todo-poderosa, cujos bancos membros (incluindo todos os nacionais) partilham dos imensos lucros obtidos pelo controlo do privilégio que só os governos deviam controlar — o direito de emitir dinheiro, qualquer que seja a quantia, controlar o seu fornecimento e o seu preço — colhendo benefícios ao conceder empréstimos com uma margem de lucro, mesmo ao próprio governo, que paga assim juros que nunca pagaria se simplesmente imprimisse o seu próprio dinheiro. Interprete o que aconteceu como se o governo tivesse legalizado o direito de falsificar a moeda nacional para lucro privado. Não há qualquer exagero em afirmar que estamos perante a maior falcatrua financeira de sempre, prejudicando terrivelmente o público sem que este disso se aperceba. Eis como isto funciona em linhas gerais:

Foi dada ao Fed a autoridade de conduzir a política monetária da nação em decorrência do poder de controlar o fornecimento e o preço do dinheiro. O Fed tem três maneiras de o fazer: através de transacções no mercado livre (open market); da taxa de desconto que cobra aos bancos membros; e da percentagem de reservas obrigatórias dos bancos membros, bens que o Fed requer que permaneçam na sua posse, não sendo utilizáveis em empréstimos. O Painel de Governadores é responsável por tratar da percentagem de desconto e das reservas obrigatórias, ao passo que o Comité Federal do Mercado Livre (Federal Open Market Committee, FOMC) está encarregado das operações em mercado livre de compra e venda de títulos, como será pormenorizado a seguir. Usando destas ferramentas, o Fed consegue influenciar a oferta e procura de dinheiro logo controlar directamente a taxa a curto prazo sobre os fundos federais, que é sempre fixa, a não ser que o Fed a queira subir ou descer. Taxas de maior longevidade são controladas pelos grandes corretores institucionais do mercado da bolsa.

O FOMC E O SEU FUNCIONAMENTO

O Comité Federal do Mercado Livre é a verdadeira chave de todo o processo de criação ou contracção de dinheiro. Consiste de 12 membros — sete membros do Painel de Governadores do Fed, o presidente do Banco Federal de Nova Iorque (o mais importante deles todos) e quatro dos restantes 11 presidentes dos Bancos da Reserva Federal que exercem períodos rotativos de um ano. O FOMC reúne-se oito vezes por ano a intervalos regulares para avaliar as condições económicas e decidir quão solta ou tensa se pretende que a política económica seja, de forma a preservar o objectivo implícito de um crescimento económico sustentável e estabilidade de preços.

O FOMC tem literalmente o poder de criar dinheiro do nada. Consegue fazer isto num processo de quatro etapas:

1- O FOMC começa por aprovar a compra de títulos do governo dos EUA em mercado livre.

2- O Banco Federal de Nova Iorque compra os títulos aos vendedores (os mercados financeiros têm sempre um número igual de compradores e vendedores).

3- O Fed paga a sua compra com créditos electrónicos aos bancos dos vendedores. que, por sua vez, creditam as contas bancárias dos vendedores. Estes créditos são literalmente criados a partir do nada.

4- Os bancos que recebem os créditos podem usá-los como reservas que lhes permitem conceder empréstimos até 10 vezes esse valor (se a reserva obrigatória deles for de 10%) através da magia (que só os bancos possuem) da banca de reserva fraccionária e, claro, recebem juros sobre todo esse dinheiro. Que negócio, e é tudo legal! Imaginem quão ricos todos poderíamos estar se como indivíduos privados pudéssemos fazer o mesmo. Pedir um milhão emprestado ao Federal e, como que por magia, ele tornar-se 10 vezes mais, e podermos cobrar juros em tudo isso excepto os 10% iniciais que temos de manter em reserva. É esta a magia da criação de dinheiro da banca de reserva fraccionária e explica quão poderoso é o estimulo económico quando o Fed quer aumentar o crescimento económico.

Quando o Fed quer contrair a economia reduzindo o fornecimento de dinheiro, tem simplesmente de reverter o processo descrito em cima. Em vez de comprar títulos, vende-os para que o dinheiro saia dos bancos compradores em vez de entrar. Os empréstimos têm então de ser reduzidos 10 vezes se a reserva obrigatória for de 10%.

COMO O FED PREJUDICA O INTERESSE PÚBLICO

O Sistema da Reserva Federal existe apenas para servir os seus proprietários e bancos membros e ao fazê-lo torna-se contrário ao interesse público. Isto porque se trata de uma coligação bancária com o poder de refrear a concorrência para melhorar os lucros conseguidos às nossas custas. Vai dos nossos bolsos para o deles e o público fica a perder pelo menos de quatro maneiras:

Uma - Através da taxa invisível de inflação que resulta da diluição do poder de compra causado pela entrada em circulação do dinheiro recentemente criado, reduzindo o valor da moeda já existente. O Fed de Greenspan foi particularmente expansivo, nunca foi chamado a responder pelo seu excesso e foi capaz de passar à sociedade e ao dirigente seguinte do Fed o problema grave que provocou. O homem que agora se reverencia como mago monetário começou de forma comedida. Desde 1982, antes de tomar posse em 1987, e até 1992, o fornecimento de dinheiro aumentou em média 8% por ano. Mas de 1992 a 2002 a tipografia trabalhou horas extraordinárias em sintonia com a desregulamentação e crescimento dos mercados globais, expandindo a moeda em mais de 12% por ano. Tornou-se ainda mais extremo depois do 11 de Setembro e desde 2002 cresceu a uma taxa de 15%. Tornou-se mais do dobro em apenas uma década. Parece que o novo dirigente do Fed se apercebeu já que começou a reduzir a taxa de expansão monetária enquanto tem reduzido a taxa dos fundos federais para qualquer que seja o nível que tenha em mente.

Os que transaccionam moeda também parecem ter-se apercebido do movimento geral da expansão do fornecimento monetário. Exceptuando uma pausa em 2005, é bem provável que a fraqueza do dólar desde 2002 se deva à excessiva quantidade criada para financiar os custos prolíficos da administração Bush nas suas guerras infindáveis e nos seus imprudentes cortes aos impostos dos ricos. O problema é ainda mais complexo se considerarmos que desde 1964 até ao presente o serviço de dívida cresceu de 9% para 16,5% do orçamento federal com tendência para subir, o défice orçamental subiu de 1% para quase 7% e o endividamento federal cresceu quase 40% desde 2001 sendo financiado em grande parte devido à "benevolência de estranhos (estrangeiros)" que devem estar a ficar impacientes. Além disso desde Março de 2006 o Fed parou de publicar o agregado M3 sobre a quantia total dos dólares em circulação. Com a perda dessa transparência os grandes compradores de títulos da Tesouraria dos EUA têm agora de calcular o valor do dólar baseados em especulação e incerteza ao invés de dados concretos — não é propriamente a melhor maneira de inspirar confiança aos mercados financeiros que funcionam melhor numa atmosfera de claridade e abertura.

Duas - O público também perde porque a coligação bancária pode praticar usura — devido ao seu poder sobre uma moeda flexível e à flutuação artificial das taxas rumo a níveis convenientes, o que é impossível aos pequenos profissionais do crédito que funcionam num mercado verdadeiramente livre e aberto. Além disso o domínio do mercado por parte da coligação força a maioria das pessoas que precisam de pedir empréstimos (especialmente os mais pequenos, incapazes de lançar os seus próprios instrumentos de dívida) a dirigirem-se a eles para o pedir, de forma que vão receber aquele que deveria ser o dinheiro do público, disponível ao custo mais baixo possível a partir de variados pequenos profissionais do crédito, regulados de perto pelo governo, em concorrência directa por clientes.

Três - Através dos impostos nós, o público, temos de pagar para cobrir os juros da gigantesca dívida nacional (agora acima dos 8,4 milhões de dólares, ou 6,62 milhões de euros) acumulada sobre o dinheiro que o Fed imprimiu e cedeu ao governo a título de empréstimo. Como disse antes, isso totaliza hoje uma quantia anual no valor de mais de 2/3 de milhão de milhões de dólares (cerca de 525 mil milhões de euros), aumentando diariamente. Fez dos banqueiros homens mais ricos, das pessoas comuns pessoas mais pobres e do público pessoas ignorantes acerca de como foram enganadas.

Quatro - Juntando todos os abusos expostos, a coligação é capaz de fazer com que seja o público a saltar por cima do sistema, de forma a, através dele, ficar com mais dinheiro dos impostos. Acontece quando qualquer um dos bancos demasiado grandes para falir precisam de ajuda financeira para sobreviver. O mesmo se verifica para grandes corporações como a Chrysler ou a Lockheed, grandes firmas de investimento ou fundos de avanço como o Long-Term Capital Management ou mesmo países como o México. Também acontece quando um só banco fecha as portas e os clientes têm de ser compensados ou até em situações mais sérias como estar às portas de um cataclismo financeiro como aquele que varreu com muitas caixas económicas (saving & loans banks) nos anos 80. Quer seja um só banco ou várias dúzias de uma assentada, o dinheiro público dos impostos é usado para salvar o sistema ou simplesmente pagar as indemnizações previstas pelo programa de seguros do governo até um tecto específico por conta.

COMO ADAM SMITH TERIA REAGIDO AO SISTEMA DA RESERVA FEDERAL

Esta concentração de riqueza e poder numa coligação bancária é o oposto daquilo que Adam Smith, o padrinho ideológico do capitalismo de mercado livre, defendia nos seus escritos, incluindo a sua obra seminal A Riqueza das Nações. Smith escreveu acerca de uma "mão invisível" que ele disse operar melhor num mercado com muitos pequenos negócios concorrendo localmente uns com os outros. Ele opôs-se fortemente ao mercantilismo concentrado da sua era (ou o pouco que então existia) o que seria hoje o equivalente das gigantes corporações transnacionais e da coligação bancária com o poder de restringir a concorrência, manter preços mais altos que os praticáveis e ganhar maiores lucros às custas do público.

O tipo de coligação bancária que existe hoje em dia é precisamente aquilo que Smith teria condenado. Mas existir um banco central não é em si um malefício desde que este seja propriedade do governo, controlado e operado para o bem estar do público. Os problemas começam quando esse banco usa de subterfúgios para se estabelecer como um simulacro de propriedade e obediência ao governo quando na é verdade para fins lucrativos privados como o dos EUA é, bem como muitos outros. E nos EUA, para que o compromisso funcione, uma figura de nomeação deveras pública tem de existir para encabeçar o Sistema e servir de escudo aos membros privados da coligação bancária que à partida conceberam o próprio sistema e o fizeram aprovar por um Congresso corrupto. Para funcionar, a coligação precisa da camuflagem da sua parceria com o governo, mas é com esse compromisso que fere tanto o interesse público para atingir os seus lucros privados.

E eis-nos no cerne da questão: o Congresso que foi eleito para servir o povo, traiu-o ao criar uma coligação bancária todo-poderosa com o poder legal de praticar banca de reserva fraccionária, ganhando dinheiro criado a partir do nada. Permitiu então aos seus membros o direito monopolista de ditar as taxas de juro que querem, cobradas aos que contraem empréstimos. Todo o processo equivale a um roubo legalmente sancionado perpetrado pelos bancos poderosos que se aliam ao governo para seu próprio proveito. É também parte de um extenso processo coordenado pelo governo de transferir riqueza da população para os bolsos dos ricos e de grandes corporações, fazendo-o sem que os prejudicados tenham noção disso.

OUTRA FORMA DE O SISTEMA DA RESERVA FEDERAL PREJUDICAR O PÚBLICO DOS EUA

O Federal prejudica o bem estar público de uma outra forma importante, e novamente quase ninguém se apercebe. A Reserva Federal foi supostamente criada para estabilizar a economia, suavizar o ciclo de negócios, manter uma taxa saudável de crescimento sustentável e manter os preços estáveis, beneficiando toda a população. Por isso vejamos, terá sido esse trabalho bem feito? Desde a sua criação em 1913, e portanto com eles a mandar, tivemos o desastre financeiro de 1921 e sobretudo o marcante e ainda bem lembrado de 1929. A isso seguiu-se a grande depressão que durou até ao início da segunda guerra mundial, acerca da qual o renomado economista conservador Milton Friedman explicou que se devia na origem e no agravamento ao facto de a Reserva Federal ter estranhamente decido baixar o fornecimento da moeda numa altura de contracção ao invés de a aumentar. Tivemos então novas recessões em 1953, 1957, 1969, 1975, 1981, 1990 e 2001. Também tivemos uma acentuada inflação que começou na década de 60 e se arrastou pela década de 70 e início da década de 80. E ainda tivemos uma enorme crise bancária nos anos 80, período em que faliram mais caixas económicas do que em toda a história até então. Isto aconteceu com o início de uma desregulamentação do mercado em que os bancos puderam explorar os seus interesses sem uma supervisão do governo que verificasse a sua disponibilidade para assumir o risco em excesso ou impedi-los de se tentarem safar de fraudes propositadas.

Além da estabilidade económica que o Fed nunca conseguiu proporcionar, também tivemos uma subida exponencial da dívida do consumidor; recordes em alta nos défices de orçamento e mercado; um elevado nível de falências pessoais e uma subida na delinquência em empréstimos para hipotecas; juros impostos a uma dívida nacional crescente que consome uma enorme e também crescente percentagem do orçamento federal; perca da nossa base de manufactura juntamente com os seus empregos mais bem pagos com bons benefícios, devido a estarem a ser exportados para países de mão de obra barata; uma economia em que os serviços montam a quase 80% de toda a actividade de negócios, que providencia sobretudo um leque de empregos mal pagos, que requerem menos formação e oferecem poucos ou nenhuns benefícios; e um fosso cada vez maior nos rendimentos e riqueza que prejudica os baixos e médios assalariados de forma a beneficiar os poucos ricos bem privilegiados assim como o governo que o permite e encoraja.

Junte-se tudo isto e a conclusão é clara. A única coisa que o Federal fracassou em cumprir acima de tudo foi precisamente a razão da sua criação. Mas é muito mais grave que isso se compreendermos os reais motivos de uma coligação bancária. Não é servir o interesse público. É abusar dele porque é assim que ela mais lucra. E consegue fazê-lo com o seu poder concentrado sancionado por lei e um governo favorável que se lhe alia no papel de parceiro ou auxiliador. É a partir desse acordo confortável e escondido da vista que é possível sair-se impune do maior dos crimes de furto.

UMA SOLUÇÃO NECESSÁRIA PARA UM PROBLEMA GIGANTESCO

Da informação que foi anteriormente exposta, é claro que o Sistema da Reserva Federal foi criado através de subterfúgios e falsidades por uma mão cheia de políticos corruptos ao serviço dos seus aliados poderosos da banca e de Wall Street. Fizeram-no para defraudar o público sem que este tivesse a mais pequena ideia do que lhe tinha sido feito ou como viria a ser prejudicado o seu bem estar e interesse. Os membros do Congresso e o Presidente Wilson (um homem formado em direito, uma vez advogado, antigo e estimado académico e presidente da Universidade de Princeton) ou sabiam ou deviam ter sabido que o decreto que ele e eles aprovaram a estabelecer o Fed violava directamente a Constituição que haviam jurado defender. Não quiseram saber, infringiram a lei, e o público pagou caro pelo desde esse dia pelo crime que eles cometeram.

Assim, s� resta um recurso e o povo pode mobilizar-se para alcan��-lo: A �nica solução sensata e justa � desfazer o mal causado a tantos durante tanto tempo — abolir o Sistema da Reserva Federal e devolver o poder que agora detém ao governo federal, em prol do bem estar público. Retirar esse poder da poderosa coligação bancária que age contra o público e não permitir que lhes volte a parar às mãos. Essa é a única maneira. O grande poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht teria concordado e disse uma vez que "é mais fácil roubar criando um banco do que assaltando um".

Libertarmo-nos destes "Cambistas" traria enormes benefícios para todos. Estabeleceria uma política prudente de criação de dinheiro que minimizaria a nossa taxa mais injusta - a inflação, que é provocada pelos banqueiros privados com fins lucrativos que manipulam o fornecimento de dinheiro da nação para ampliar os seus rendimentos pessoais. Estabilizaria a economia e atenuaria os extremos do ciclo de negócios exacerbado pela coligação que trabalha naturalmente para o seu benefício e contra o nosso. Baixaria o custo do dinheiro para quem contraísse empréstimos já que poria fim ao poder monopolista que a coligação agora tem de definir as taxas de juro que lhe convém abrindo o mercado a mais concorrência. Reduziria a crescente e opressiva dívida nacional, eventualmente libertada da quantidade de dinheiro extra necessária para a pagar. Reduziria o fardo público dos impostos já que seria menor a receita necessária para o serviço de dívida. Seria um passo gigante para reduzir e se possível um dia eliminar o poder esmagador de todos os gigantes predadores corporativos que se servem de nós como suas presas para crescerem e prosperarem. Pode até desencorajar estas guerras que só são feitas pela riqueza e poder - nunca pela glória, ou pela segurança do mundo, ou pela democracia, ou outros falso pretextos. Sem a poderosa coligação bancária e outros gigantes industriais que se alimentam da miséria humana que eles próprios criam, haveriam menos razões para seguir tais exemplos. Tentem imaginar essa forma de mundo e um governo que trabalhe para o bem estar público ao invés de o prejudicar como agora tem de fazer ao serviço do capital. Esse mundo é possível e as pessoas responsáveis precisam de trabalhar para que ele aconteça, já que o que temos agora faliu e tem de ser mudado antes que seja tarde demais.

UMA VISÃO DO MUNDO CRIADA PELOS INTERESSES DO CAPITAL E O GOVERNO DOS EUA QUE A APOIA

É o vil, corrupto mundo do capitalismo neoliberal de "mercado livre", controlado por corporações gigantes, que apenas beneficiam os poucos privilegiados, causando grande miséria humana e desespero; um mundo déspota que não pode perdurar nem devemos permiti-lo por muito mais tempo; com guerras sem fim movidas a dinheiro e lucro; onde as pessoas são mercadoria para ser usada ao sabor dos caprichos e descartada depois disso; sem preocupação em preservar uma ecologia capaz de nos suster, o que não se passará durante muito mais tempo porque estamos a destruí-la e a nós próprios por lucros; onde as necessidades essenciais humanas não importam à luz de um modelo económico que apenas valoriza a riqueza privada; onde a democracia é incompatível com o capitalismo de rapina; um mundo em que ninguém deveria querer viver nem ser obrigado a viver; um mundo que temos de mudar, ou perecer. Na linguagem do capital, é o fim da linha. Só um movimento em massa de gente empenhada pode mudar o mundo. Terá de ser assim, ou seremos todos nós a ser mudados.

A não ser que nos possamos afastar do nosso modelo económico falido para uma melhor alternativa, este vai acabar por si só um dia, de um ou outro modo. Mas pode ser um desfecho que ninguém desejaria - a sua própria autodestruição, ceifando com isso todo o resto, seja por holocausto nuclear ou por um ambiente tão inóspito que não suportará a nossa capacidade de o habitar. A nossa única hipótese é trabalhar para a mudança enquanto ainda há tempo.

UMA VISÃO DE UM MUNDO DIFERENTE

A História dá-nos provas de que é possível um mundo melhor quando pessoas empenhadas trabalham arduamente para esse fim. É assim que foi abolida a escravatura; que os trabalhadores ganharam o direito de se organizarem e reivindicarem colectivamente; as mulheres ganharam o direito de igualdade no sufrágio, de controlar os seus corpos, e mais direitos e estatuto no local de trabalho; negros e outras minorias ganharam direitos civis importantes; e políticos decretaram importante legislação social, mesmo que só o tenham feito por receio do que aconteceria se não o fizessem.

Thomas Jefferson explicou uma vez que "O preço da liberdade é a vigilância constante". É também esse o preço de manter os nossos arduamente conseguidos direitos sociais. Na última geração esses direitos têm vindo a degradar-se enquanto não prestávamos atenção e só uma intervenção popular em massa pode reavê-los. O objectivo devia ser um mundo de atenção e partilha, onde as vidas das pessoas melhoram porque todos trabalhamos em conjunto para ele, um mundo em paz e não com guerras constantes para proveito dos ricos e poderosos às nossas custas, onde todas as necessidades humanas essenciais são garantidas porque os governos trabalham para o bem comum que o assegura, assente numa democracia verdadeiramente participativa onde o público e as autoridades eleitas trabalham em conjunto para o manter forte e vibrante, sem gigantes corporativos opressivos ou coligações bancárias porque a lei não os permitiria, um mundo onde a sustentação e preservação da natureza são centrais, com ar puro, água, solo e comida que é saudável e segura de ingerir, um mundo muito mais simples, mais localmente baseado, onde noções contemporâneas como a globalização não estão sequer no vocabulário, onde nos baseamos em igualdade social e justiça para todos com um governo, autoridades e tribunais a trabalhar para que assim continue, onde todos nós queiramos lá viver e esperemos que um dia possamos, um mundo que quereremos passar às gerações vindouras, um mundo que não nos podemos dar ao luxo de não ter porque a alternativa é não ter mundo nenhum.

Podemo-nos bem encontrar num ponto de viragem onde o nosso destino está pendurado por um fio. Ou trabalhamos juntos para um mundo melhor e sustentável ou seremos a primeira espécie no mundo a destruir-se a si mesma. Se isso acontecer provavelmente levaremos connosco quase todas as outras e não deixaremos para trás grande coisa às sobreviventes mais ferrenhas. Já não nos podemos dar ao luxo de debater o tipo de mundo de que precisamos para sobreviver. Não serão os bancos e corporações gigantes que nos vão dar esse mundo nem será um governo hostil que se lhes alie. Depende de nós pô-lo em marcha ou certamente perecer se falharmos. Um bom começo seria expulsar os “cambistas” da Reserva Federal do nosso templo e fazê-los acompanharem-se das corporações gigantes. É possível um mundo melhor se nos lembrarmos e praticarmos as palavras inspiradoras do teórico de política Antonio Gramsci acerca de “o optimismo da vontade.” Com vontade as pessoas organizadas conseguirão vencer o dinheiro organizado.

NOTAS
1 - Banco para Liquidações Internacionais (N. do T.)
2 - Mestrado em Administração de Negócios (N. do T.)
3 - Pacificador (N. do T.)
4 - moeda corrente (N. do T.)
5 - notas de verso verde (N. do T.)


[*] Residente em Chicago, lendmanstephen@sbcglobal.net , responsável pelo blog sjlendman.blogspot.com .

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/

Bernanke e "A grande moderação" quatro anos mais tarde

Resistir Info - 05/12/08
por John Bellamy Foster [*]

Em 2003-2004 a economia dos EUA parecia a muitos ter-se recuperado rápida e miraculosamente do crash do mercado de acções de 2000 e da recessão de 2001. Entretanto, havia naquela altura quem argumentasse que isto não era uma recuperação genuína da acumulação, e que a retomada rápida devia-se ao advento de uma maciça bolha habitacional, a qual estava destinada finalmente a explodir. Os editores da Monthly Review (John Bellamy Foster, Harry Magdoff e Robert W. McChesney) escreveram então "Que recuperação?" , publicado em Abril de 2003:

A grande ironia ... é que a economia dos EUA está a ser impulsionada para a frente na actual fraca recuperação em grande medida pelo crescimento do consumo pessoal, apesar de os salários reais estarem a declinar. O principal factor a suster o consumo é a tomada de empréstimos com base no valor acrescido das casas – ou uma bolha habitacional... A bolha habitacional pode ser esticada tanto quanto possível sem explodir... Mesmo sem uma diminuição nos preços habitacionais, há indicações de que as pessoas esticaram o seu crédito de modo que a expansão da procura do consumidor pode não ser capaz de continuar ao mesmo ritmo... A dependência da economia de bolhas na habitação e nos gastos do consumidor torna-se mais alarmante quando se reconhece que outras fontes de procura estão a falha. A locomotiva de uma economia capitalista é a acumulação capital ou investimento. Contudo, os investimentos fixos em negócios nos Estados Unidos declinaram a uma taxa anual de 3 por cento nos primeiros três trimestres de 2002.

. Não é preciso dizer que os economistas ortodoxos geralmente abordaram tais contradições com olhos bem fechados. Eles insistiram (não pela primeira vez) que o seu ramo da Ciência Económica havia efectivamente suprimido o ciclo de negócios capitalista. O economista Robert Lucas , da Universidade de Chicago (vencedor do Nobel Memorial Prize em ciências económicas do Banco da Suécia) declarou no seu discursos presidencial à American Economic Association que a depressão económica era uma coisa do passado. O "problema central da depressão-prevenção" foi "resolvido, para todos os propósitos práticos". Mais significativamente, o economista de Princeton Ben Bernanke, então governador do Federal Reserve Board, fez um importante discurso à Eastern Economic Association em 20 de Fevereiro de 2004, intitulado "The Great Moderation" , no qual argumentava que a política monetária havia-se tornado tão refinada que era capaz de eliminar a volatilidade na economia. Devido ao avanço da técnica monetária, afirmou ele, "as recessões tornaram-se menos frequentes e menos severas". (John Kenneth Galbraith, no título do seu último livro, denominou tais ilusões como The Economics of Innocent Fraud .)

Bernanke, que em 2005 foi nomeado chefe do Conselho de Consultores Económicos de Bush e em 2006 presidente do Federal Reserve Board, questionou continuamente a existência de uma bolha habitacional e argumentou que os "fundamentos" da economia eram sadios (ver John Bellamy Foster e Fred Magdoff, "Financial Implosion and Stagnation," Monthly Review, December 2008). Uma autoridade reconhecida na Grande Depressão, na qual ele seguiu a liderança de Milton Friedman, Bernanke asseverou que aqueles temores haviam felizmente desaparecido, e que mesmo as perturbações da estagflação na década de 1970 haviam sido ultrapassadas. O novo debate em macroeconomia nos próximos anos, sustentava ele, já não seria acerca das fontes da Grande Depressão, ou mesmo da crise de estagflação dos anos 1970. Ao invés disso focaria "as fontes da Grande Moderação". Para confirmar, o Japão estava então a emergir de uma década de estagnação a seguir a um crash financeiro. Mas para Bernanke isto não era uma indicação das crescentes contradições do capitalismo e sim, simplesmente, destacava o facto de que alguns bancos centrais administravam o dinheiro melhor do que outros.

The Great Financial Crisis. Hoje estamos em meio do que foi denominado a "Grande crise financeira" (ver John Bellamy Foster e Fred Magdoff, The Great Financial Crisis: Causes and Consequences , Monthly Review Press, January 2009). A "Grande moderação" de Bernanke – ou "o declínio substancial na volatilidade macroeconómica nos últimos vinte anos" – parece-se não com o "extraordinário desenvolvimento económico" como ele lhe chamou quatro anos atrás, mas meramente a calma que precede a tempestade. Mesmo então o seu triunfalismo centrado nos EUA ignorava o desastre económico que devastou a Argentina, o México e a Indonésia, bem como os estados da antiga União Soviética retornados ao capitalismo, nos vinte anos de "moderação" anteriores a 2004, como se isto houvesse acontecido para não humanos. Não era feita qualquer menção ao facto de que a estabilidade económica dos EUA fora alcançada em parte através do saqueio dos recursos, tanto naturais como financeiros, daqueles e de outros países.

'O comit� para salvar o mundo'. Ironicamente, o conjunto de políticas neoliberais que Bernanke estava então a celebrar como a fonte da "Grande moderação" – promovido pelo triunvirato de Greenspan, Rubin e Summers (baptizado pela revista Time, 15/Fevereiro/1999, como "o comité para salvar o mundo") – só serviu para tornar a crise, quando finalmente chegou, muito mais severa. Com a "Grande moderação" a encabeçar o Fed, e o Summers do "Deixe-os comer poluição" agora outra vez no poder junto ao presidente eleito Obama, é difícil não esperar o pior. Na verdade, a presente atitude do "não ver o mal, não ouvir o mal, não falar no mal" em relação ao capitalismo condensada em Bernanke e Summers servirá apenas para agravar a crise, com efeitos desastrosos para milhares de milhões de pessoas no mundo todo.

[*] Editor da Monthly Review e professor de sociologia na Universidade do Oregon.

O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/foster031208.html

É hora de Gilmar prestar contas

Blog do Luis Nassif - 06/12/08

Há indícios fortes de que o presidente do Supremo Tribunal Federal STF) Gilmar Mendes foi o responsável pelo vazamento de informações sigilosas à revista Veja.

Há indícios fortes de que o suposto grampo da conversa de Gilmar Mendes e do Senador Demóstenes Torres foi uma farsa. Provavelmente não haverá como identificar quem foi o autor da provável farsa, já que não existe sequer a prova do crime – o áudio – mas um mero papel com a transcrição da conversa.

Se comprovada a farsa ou se nada for apurado, mesmo Gilmar Mendes não tendo participação direta na sua montagem coube a ele – na condição de presidente do STF – emprestar credibilidade ao fato, fazer pré-julgamentos, desrespeitar o chefe de um outro poder e quase provocar uma crise institucional. No mínimo Gilmar Mendes terá sido o responsável por transformar uma farsa em episódio político grave.

Pergunto: o elefante está no meio da sala, escondido debaixo do tapete. Será possível ignorar esses episódios, evitar sua apuração, sem que isso configure uma humilhação à Nação, às tradições jurídicas, ao estágio atual de desenvolvimento do país?

Acho que não.

PARA MATAR FHC DE INVEJA

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 06 de dezembro de 2008 às 10:59

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'PAC mundial', propõem economistas

Instituto Humanitas Unisinos - 06/12/08

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, defendeu ontem a criação de um fundo global de desenvolvimento com recursos de até US$ 500 bilhões para financiar projetos de infra-estrutura nos países em desenvolvimento. A proposta foi apoiada pelo Nobel de Economia, Joseph Stiglitz.

A reportagem é de Denise Menchen e publicada no jornal Folha de S.Paulo, 06-12-2008.

Ele chamou esses projetos de "PAC mundial", numa referência ao Programa de Aceleração de Crescimento, do governo Lula. Segundo Coutinho, a proposta é uma das contribuições brasileiras para as discussões do G20 sobre a atual crise econômica internacional.

Coutinho comentou a proposta ao participar da conferência promovida pela Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos, no Rio. Também estavam presentes os Prêmios Nobel de Economia Joseph Stiglitz (2001) e Edmund Phelps (2006), além do ex-presidente da Bolsa de Valores de Nova York William Donaldson.

Joseph Stiglitz, que apóia a idéia de criação do fundo, ressaltou a necessidade de que a busca de soluções para a crise passe por instituições com legitimidade e representatividade, como a ONU. Segundo ele, o enfrentamento da crise depende das economias em desenvolvimento. Ele ressaltou, porém, que esses países não podem fazer grandes concessões fiscais e reduzir os direitos trabalhistas para atrair investimentos.

Para Edmund Phelps, o crucial para essas economias é instaurar um clima pró-negócios. Segundo ele, a crise pode representar uma oportunidade estratégica para os países da América Latina, já que os investimentos nos Estados Unidos e na Europa serão reduzidos.

Donaldson defendeu uma série de mudanças globais para mitigar os efeitos da crise atual e evitar que situações semelhantes se repitam no futuro.

Ao explicar a idéia à imprensa, Coutinho comparou o fundo mundial ao FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador]. Criado a partir de contribuições trabalhistas, o FAT tem parte de sua verba destinada ao financiamento de programas de desenvolvimento no país. "É como se fosse um superFAT mundial, capaz de oferecer "funding" de longo prazo para as instituições de desenvolvimento e para o sistema bancário ser um repassador." Esses recursos deveriam ser aplicados prioritariamente em infra-estrutura. Ele citou, também, a importância de serem criadas linhas de suporte à pequena empresa e à exportação.

Coutinho disse ainda que a idéia já foi "ventilada" por várias lideranças, mas que a governança do fundo ainda é objeto de discussão. Ele defende que o fundo funcione no âmbito de instituições internacionais já existentes. Os recursos viriam de contribuições de diferentes países, especialmente aqueles com grande acúmulo de reservas. Segundo Coutinho, o valor proposto para o fundo, de US$ 400 bilhões a US$ 500 bilhões, corresponde a cerca de 10% das reservas cambiais atuais.

Chrysler prepara pedido de concordata

Instituto Humanitas Unisinos - 06/12/08

A montadora Chrysler contratou o escritório de advocacia Jones Day como consultora para um eventual pedido de concordata, segundo o jornal Wall Street Journal, citando fontes familiarizadas com o tema. A co-diretora da Jones Day, Corinne Ball, está trabalhando no caso, mas se negou a comentar o assunto.

A reportagem é do jornal O Estado de S.Paulo, 06-12-2008.

O movimento sugere que a Chrysler está se preparando para um iminente fracasso financeiro, caso fracassem seus esforços para convencer o Congresso a aprovar um pacote de ajuda federal. A Chrysler, controlada pelo fundo de private equity Cerberus Capital Management, informa que precisa de US$ 7 bilhões antes do fim do ano.

As três grandes montadoras de Detroit estão pedindo ao Congresso dos EUA US$ 34 bilhões em financiamento imediato. A General Motors diz que precisa de US$ 4 bilhões até o fim deste mês. A Ford Motor, que tem uma posição de caixa levemente melhor - depois de ter hipotecado quase todos os seus ativos, em 2006 -, pretende uma linha de crédito de US$ 9 bilhões que espera não usar.

Corinne trabalhou em outras concordatas do setor automotivo, como a da autopeças Dana, e em muitos casos envolvendo a United Auto Workers (UAW), sindicato dos metalúrgicos da indústria automobilística dos EUA.

Conversa Afiada - 06/12/08

Presidente da GM pede desculpas ao povo. E a BrOi?

Conversa Afiada - 5/dezembro/2008 10:52

Jereissati e Andrade: ou é melhor fugir enquanto é tempo?

Jereissati e Andrade: ou é melhor fugir enquanto é tempo?

O presidente da GM americana pediu desculpas ao povo por pedir dinheiro ao Governo (quer dizer, dinheiro do contribuinte, do povo …)

.Clique aqui para ler no Huffington Post

E Jereissati e Andrade ?

O fator Cirillo

Blog do Luis Nassif - 05/12/08

A Carta Capital desta semana traz matéria de Leandro Fortes com Sérgio de Souza Cirillo, o ex-assessor de segurança do Supremo Tribunal Federal que mantinha contatos com Hugo Chicarone – o lobista que tentou subornar o delegado da Polícia Federal.

Segundo a matéria, antes de Mendes assumir a presidência do Supremo, em 23 de abril de 2008, a segurança dos Ministros e do Tribunal dependia da Coordenadoria de Segurança e Transportes, ligada à Diretoria Geral da casa. Mendes desfez à estrutura e criou a Secretaria de Segurança, diretamente subordinada à presidência. “Ou seja, criou seu próprio grupo de arapongas”, diz a matéria.

Seu conselheiro para a tarefa foi o general Alberto Cardoso, que comandou a ABIN (Agência Brasileira da Inteligência) no governo FHC. Cardoso indicou o coronel da reserva Gabriel Alonso Gonçalves, especialista em estratégias de segurança e inteligência militar, que assumiu um dia após a posse de Mendes. Três meses depois, contratou Cirillo, 23 dias depois de deflagrada a Satiagraha.

A segurança do STF foi dividido em cinco departamentos, um dos quais o de Operações Especiais, incumbido de “monitoramento e varreduras eletrônicas” e embrião do futuro núcleo de inteligência planejado por Mendes. “Foi desse setor que vazou para a Veja o documento, datado de 14 de julho de 2008” com a suposta escuta ambiental.

A demissão de Gonçalves e Cirillo, em agosto, aparentemente, tem relação direta com o tal relatório inconcluso do Departamento – sobre a suposta escuta ambiental no Supremo – que serviu de matéria prima para a campanha de Veja contra o “estado policial”.

Agora, Cirilo abre o jogo e informa que o repasse do relatório para a Veja foi combinado em uma reunião da qual participaram Gonçalves, o chefe de Operações Especiais, Ailton de Queiroz e o assessor de imprensa Renato Parente. A condição era a de não haver reprodução do documento, para não identificar os signatários

Veja não cumpriu o acordo. Publicou parte do documento, revelando apenas a assinatura de Aílton Carvalho de Queiroz, chefe da Seção de Operações Especiais. Foram suprimidas outras quatro assinaturas que constavam do documento original, porque uma delas era a de Gabriel Alonso Gonçalves, a fonte do vazamento.

Ao depor na CPI, Queiroz demonstrou ter se agastado com o fato de ter sido o único nome divulgado pela revista. Entregou ao deputado Marcelo Itagiba o relatório original, com os demais nomes. E informou que havia apenas duas cópias do documento, a dele e a que ficou com a chefe de gabinete de Gilmar Mendes, Isabel Cristina Ferreira de Carvalho. Questionado sobre a origem do vazamento, admitiu que poderia ser da própria presidência do Supremo.

A conta acabou recaindo sobre Queiroz, que foi afastado do cargo, 45 dias depois da publicação da reportagem, assim como Cirillo.

Segundo a matéria, indignado, Gonçalves exigiu uma audiência do Gilmar Mendes. No gabinete do presidente foi informado por Mendes de que não estaria sendo atencioso com as demandas dos demais ministros. “Agora percebo que o motivo pode ter sido a ligação de Chicarone com o Sagres”, contou Cirillo à reportagem. Se já sabia disso, porque a manifestação de surpresa de Gilmar com a menção ao fato na sentença do juiz

Conclui a reportagem

“O novo imbróglio a envolver o STF, o Instituto Sagres e Daniel Dantas poderá ajudar a Polícia Federal a sair do atoleiro em que se meteu desde setembro, quando começou a investigar o suposto grampo em Mendes. O presidente do inquérito, delegado William Morad, ouviu mais de cem pessoas, mas ainda não tem um único indício de que o crime tenha sido sequer cometido. No dia 19 de novembro, Morad ouviu o coronel Gonçalves. O depoimento do antigo auxiliar do ministro Mendes está sob sigilo. O próximo convocado deverá ser o coronel Cirillo".

Comentário

Clique aqui para ler a sentença de De Sanctis.

De Renato Parente, da Comunicação Social do STF

“Jamais vazei qualquer coisa para quem quer que seja na minha vida. Desafio qualquer pessoa a demonstrar. O repórter da Veja trouxe em mãos o documento para a reunião. Limitei-me a juntar as pessoas que poderiam falar, como faria com qualquer repórter.”

A íntegra da reportagem do Leandro traz essa explicação do Renato.

Por walter fanganiello maierovitch

Um cidadão-comum poderia pensar numa apuração pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) da matéria publicada na revista Carta Capital. Lógico, o ministro Gilmar Mendes seria o indagado.

Existem, até, indicativos com lastro de suficiência sobre fuga-de-notícia (vazamento) para a revista Veja, pelo presidente Gilmar Mendes e mediante interpostas pessoas.

Ao elencar os deveres do magistrado, a Lei Orgânica da Magistratura fala na obrigação de se manter "conduta irrepreensível" e o vazamento, com exclusão da "par condictio" (igualdade) aos demais órgãos e não uso da imprensa oficial (Diário Oficial) mostra algo reprovável. E que se agrava quando o magistrado é o presidente do STF, ou seja, o chefe do Poder Judiciário.

Ocorre que o CNJ, ao contrário do que afirmava com vanglória o ex-ministro Márcio T.Bastos, não é de controle externo. Pior, não tem competência para fiscalizar ministros do Supremo Tribunal Federal.

Na sua maioria, o CNJ é composto por magistrados. Portanto, o controle é corporativo e não externo.

O STF, órgão de cúpula do Poder Judiciário, está topograficamente acima do CNJ, que não tem competência correcional ou fiscalizatório sobre os ministro do STF.

PANO RÁPIDO. Os ministros do STF só estão sujeitos a Impeachment, conforme previsto na Constituição. Controle externo, só no discurso para enganar incautos.

Nélio e o estado policial

Instituto Humanitas Unisinos - 05/12/08

Esse caso Opportunity será paradigmático em muitos aspectos, um dos quais sobre o papel dos advogados.

Daniel Dantas é um sujeito de prosa agradável. Estudou fora, tem boa bagagem intelectual. No Rio, cerca-se de um público relativamente refinado e tem especial prazer em financiar sites de defesa da ecologia. Apenas não conseguiu ajudar no movimento de qualidade do Rio, porque as empresas que estão financiando a implantação do projeto para o governo Sérgio Cabral gentil e firmemente recusaram sua oferta.

Aí entra no jogo mais barra-pesada da moderna história corporativa brasileira e se cerca de guardas-costas – no sentido literal e jurídico. E contrata esse advogado Nélio Machado.

Longe de mim questionar a competência de Nélio para alguns tipos de trabalho. Ele deve ser bom transitando no submundo dos arapongas, da contravenção, das cadeias e presídios, identificando fatos, produzindo provas, intimidando testemunhas, tudo em benefício do cliente.

Mas Dantas cometeu um erro imperdoável ao trazer esse tipo do porão para a sala de visitas.

Nélio é tipicamente um advogado de bicheiro. Não se entenda como depreciativo advogar para bicheiro. Não estou falando dos clientes, mas dos modos. Ele age com truculência de quem defende bandido contra bandido. Por isso nunca precisou ter discernimento sobre como se comportar em público. Quando a Operação Satiagraha tornou-se pública, Nélio se tornou a cara de Dantas no processo. Aí, lascou.

Graças a essa falta de verniz, de esperteza, Nélio (felizmente) expôs todos os jornalistas que jogavam a favor de Dantas. Quando a bomba explodiu, tinha jornalista em pânico querendo varrer para baixo do tapete a questão do uso do tal Relatório Italiano para melar a Satiagraha. E lá vem o truculento Nélio declarar em público que iria utilizar o relatório para melar a Satiagraha. E assim por diante. Não foi assim o combinado? Que se cumpra, então, o acertado. Gênio jurídico, sem dúvida.

No meio dessa discussão toda, em que as táticas de “assassinato de reputação” estão sendo detalhadas, em que os órgãos e jornalistas ligados a Nélio estão sendo identificados, o que faz esse gênio jurídico? Vai ao Conjur e concede uma entrevista ao Cláudio Tognolli tentando assassinar a reputação de vários adversários de Dantas. E me coloca como tendo sido contratado como assessor de imprensa pelo Demarco.

As prerrogativas dos advogados

Nélio conseguiu não apenas desmoralizar a causa do seu cliente, como muitas outras bandeiras relevantes. A questão da prerrogativa dos advogados, por exemplo. As sucessivas diligências da Polícia Federal em escritórios de advocacia traziam insegurança jurídica, de fato. Como a OAB pretende ganhar a opinião pública para essa bandeira, tendo como advogado criminalista símbolo no Brasil atual Nélio Machado? Coloque o retrato de De Sanctis, Protógenes, Saadi e Nélio Machado. Pergunte a qualquer pessoa quem é a ameaça. Preciso responder?

Do mesmo modo, a questão da bandeira dos direitos individuais ameaçados pelo Estado policial. Como ficam as acusações de abusos cometidos pela PF, pelo Ministério Público, pelos juízes de primeira instância, quando se descobre que houve um conluio entre o crime organizado, órgãos relevantes de mídia, autoridades de diversos poderes visando destruir reputações, atropelar direitos individuais e até fabricar provas?

Quem são as vítimas? Essa fineza do Nélio Machado ou a juíza Márcia Cunha, que ousou julgar contra Dantas? Dantas ou desembargadores alvos de dossiês, por votarem contra Dantas? Ou jornalistas – como é o meu caso – alvos há um ano de campanha difamadora sistemática?

Prezados Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, Américo Lacombe, Arnaldo Malheiros Jr, guardo com orgulho os elogios que me fizeram por assumir a defesa das vítimas dos efeitos-manadas da mídia, nos casos Escola Base, Shopping Osasco Plaza, Bar Bodega, Chico Lopes, Eduardo Jorge.

Mas, a esta altura do campeonato, não me venham falar de estado policial. Vocês estão na companhia de Nélio Machado e do presidente da OAB-SP. Eu, neste momento, do outro lado. E, nos dois momentos, tenho certeza de estar defendendo a causa dos direitos individuais.

Comentário

Clique aqui para acessar a sentença do juiz De Sanctis e o processo de Cayman.

Gilmar e a pichadora da Bienal

Blog do Luis Nassif - 05/12/08

Por sergio ferreira

Enquanto isso, por falar em justiça...

Pichadora da bienal está presa há quarenta dias, sem HC do Gilmar Mendes.

Ou seja, ela, que ainda não foi julgada, curte uma prisão, enquanto outros... (clique aqui) a mãe tenta trocar de advogado, pois o atual não conseguiu um HC.

Não entendo por que ela não liga para o Gilmar ou para o Nélio