"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, novembro 14, 2008

Medvedev modera retórica na política externa

darussia.blogspot.com - 13/11/08

O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, declarou que o seu país renunciará à instalação de mísseis Iskander em Kalininegrado se a nova Administração norte-americana voltar a analisar a necessidade de instalar elementos de defesa antimíssil na Europa.

“A Rússia poderá renunciar a essa decisão se a nova Administração dos Estados Unidos voltar a analisar todas as consequências das decisões correspondentes sobre a instalação do sistema antimíssil e do radar, voltar a reflectir sobre a sua eficácia e sobre numerosos outros factores, em particular, até que ponto estes meios são adequados para reagir às ameaças da parte dos chamados países “proscritos””, declarou Medvedev, numa entrevista publicada no sítio presidencial kremlin.ru.
O Presidente russo considerou de promissora a primeira reacção por parte dos EUA, anunciando para breve um encontro com Barack Obama.
“O Presidente eleito e eu acordámos realizar um encontro rapidamente, o que é muito importante tanto para os Estados Unidos, como para a Rússia”, declarou.
Na sua Mensagem ao país, no passado 05 de Novembro, Medvedev anunciou que a Rússia instalará mísses Iskander em Kalilinegrado, enclave russo no Báltico, para responder ao escudo antimíssil norte-americano na Europa.
Ao abordar a Cimeira dos G-20, Dmitri Medvedev apelou aos sirigentes que se irão reunir no sábado em Washington a lançar as bases de “novo sistema Bretton-Woods” face à crise financeira mundial.
Assinados em 1944, os acordos de Bretton-Woods lançaram os fundamentos do sistema financeiro mundial actual.
“O novo sistema deve ser aceite por todos os países, ele deve poder resolver os problemas no interesse de todos, e não no interesse de um só país, por muito grande que seja”, sublinhou o dirigente russo.
“Não só vou levar propostas, mas já as enviei ao Presidente Sarkozy, ao primeiro-ministro Berlusconi, à chanceler Merkel e ao primeiro-ministro Brown”, revelou Medvedev, acrescentando que “não é segredo que partilhamos da mesma visão sobre a génese e a natureza da crise”.
Na mesma entrevista, o Presidente russo reafirmou que Moscovo “agiu com toda a seriedade” ao reconhecer a independência da Abkházia e Ossétia do Sul.
“Trata-se de uma decisão definitiva e irreversível”, frisou.

UM CASO CLÁSSICO DE INFORMAÇÃO "SELECIONADA"

Site do Azenha - Atualizado em 13 de novembro de 2008 às 17:04 | Publicado em 13 de novembro de 2008 às 08:54

Não conheço o delegado Protógenes Queiroz. Aliás, já escrevi aqui que em 30 anos de carreira nunca tive um delegado "de bolso". Acho terrível a promiscuidade entre repórteres e autoridades. Dá em situações patéticas como aquela gravação da conversa entre o delegado Edmilson Bruno e alguns repórteres, na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006. Ali o delegado Edmilson Bruno avisou aos repórteres que iria mentir aos superiores, que iria jogar a culpa pelo vazamento na faxineira, que tinha uma foto "da Globo" e outras barbaridades. Mas os repórteres, que estavam atrás da notícia, nem quiseram saber.

Depois do vazamento o delegado Bruno mentiu diante das câmeras. Repórteres que sabiam que ele estava mentindo escutaram calados. E, no dia seguinte, a Folha de S. Paulo reproduziu a mentira do delegado mesmo sabendo que ele era o autor do vazamento. Um vazamento que ele depois assumiu e que tem até gravação de áudio. O delegado Bruno foi punido? Nunca ninguém investigou a que se referia o delegado Bruno quando falou em "foto da Globo". Ele tirou uma foto só para a Globo? Ou algum funcionário da Globo entrou com ele onde estava o dinheiro e fez a foto? Como se vê, a curiosidade da mídia é seletiva.

O áudio do delegado Bruno conversando com os repórteres e a transcrição estão aqui.

O trecho em que o delegado Bruno diz que vai mentir e que uma repórter diz "Tá"; e que contém o trecho em que ele fala da "foto da Globo" está aqui.

Vejamos agora o caso do delegado Protógenes.

Quem primeiro vazou o conteúdo completo do inquérito resultante da operação Satiagraha foi o site Consultor Jurídico, "amigo" de Gilmar Mendes e Daniel Dantas. Houve busca e apreensão nesse caso? Ou só interessava mesmo era punir o delegado Protógenes por eventual vazamento?

Em seguida os detalhes do inquérito que investigou o vazamento supostamente cometido por Protógenes vazaram. Vazaram em grande estilo. É só olhar os trechos que foram reproduzidos pelo Estadão, por exemplo: o repórter reproduz trechos de documento oficial. Cadê a investigação para apurar este vazamento?

Na "reportagem" que reproduzo abaixo há até a sugestão de que o uso de rádios da Polícia Federal por agentes da Agência Brasileira de Inteligência seria ilegal. Ora, se a ABIN pode colaborar com a PF -- isso está previsto na legislação -- qual é a ilegalidade? E se o deputado citado no texto não deve nada, qual o problema de filmá-lo?

Notem, no entanto, a seletividade da mídia. Correram atrás de vazar os detalhes do inquérito que supostamente compromete Protógenes -- assim como a Folha de S. Paulo já havia vazado anteriormente a própria existência da operação Satiagraha, atrapalhando o trabalho da PF e facilitando a defesa de Daniel Dantas. No entanto, o nome do deputado que foi filmado a caminho da sede do Grupo Opportunity ninguém publicou. Ninguém foi atrás do agente José Maurício Michelone para saber qual deputado visitou o Opportunity. Não há crime em visitar o Opportunity, mas eu gostaria de saber o nome do deputado. É relevante, sim. E se for um deputado integrante da CPI dos Grampos, por exemplo? E se for um deputado que prestou "serviços" ao banqueiro no Congresso?

Sigam o meu raciocínio: a Folha de S. Paulo disse que vazou a operação Satiagraha em nome do "interesse público". Mas, que eu saiba, não moveu uma palha para identificar o deputado. Nem o Estadão. É por isso que eu fico com a sensação de que só é notícia aquilo que interessa ao banqueiro.

O que eles -- Folha, Estadão, Veja, entre outros -- vão levar em troca da "seletividade"?

A matéria do Estadão:

SÃO PAULO - Arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) filmaram um deputado durante a Operação Satiagraha. O parlamentar foi seguido desde o Aeroporto Santos Dumont, no Rio, até a sede do Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. A revelação é de José Maurício Michelone, agente de operações da Abin, que foi incumbido pelo delegado Protógenes Queiroz de vigiar os passos de Dantas.

Em depoimento à Polícia Federal, Michelone - lotado na Superintendência Estadual da Abin em Goiânia - disse que também fotografou Dantas, a irmã dele, Verônica, e um personagem identificado por Guga. "Foi possível realizar uma filmagem de um encontro em um aeroporto entre Guga e um deputado, cujo nome não se recorda neste instante, o qual chegou no Aeroporto Santos Dumont, procedente de Brasília, se deslocou até o prédio do Banco Opportunity, tendo permanecido por um período de uma hora ou uma hora e pouco, pegou um táxi e retornou para o aeroporto e seguiu em um vôo para São Paulo."

As imagens foram anexadas a um relatório reservado da Satiagraha. "O equipamento utilizado no trabalho era máquina fotográfica simples e filmadoras pequenas", informou o agente da Abin. "Também foram fornecidos rádios Nextel para alguns servidores, sendo que tais equipamentos foram provenientes da Polícia Federal."

Os arapongas também monitoraram, até por interceptação telefônica, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O grampo o pegou sucessivas vezes em contato com Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete do presidente Lula. [GRIFO DO VIOMUNDO: QUE EU SAIBA ISSO FOI FEITO COM AUTORIZAÇÃO DA JUSTIÇA. MAS A HORA AGORA NÃO É DE EXPLICAR, É DE CONFUNDIR].

Greenhalgh revela empenho em obter informações sobre a investigação contra Dantas. Ele teria sido contratado pelo banqueiro para fazer lobby no governo com o objetivo de tornar viável a compra da Brasil Telecom pela Oi, segundo suspeita a PF. O ex-deputado já alegou que seu trabalho consistiu em analisar processos envolvendo o Opportunity, nas áreas civil e criminal.

Para a PF, a integração de agentes e oficiais da Abin na Satiagraha caracteriza violação do sigilo funcional. "Conforme se viu, servidores da Abin foram introduzidos clandestinamente nos trabalhos internos da operação, todos levados pelo delegado Queiroz, sem que se observasse qualquer formalidade e, pior, sem a necessária autorização judicial, sendo-lhes permitido conhecimento de dados sigilosos", atesta documento reservado da PF.

O relato de Lívia Leite de Cantuária, assistente do superintendente da Abin, fala da disponibilização de equipamentos e preparação de relatório. Ela confirma o emprego da viatura técnica, veículo da Abin dotado de recursos para filmagens secretas. O carro foi apreendido quarta-feira pela PF. "A viatura técnica atuou no dia da deflagração da operação, quando ela foi movimentada para a residência do alvo principal, para a realização de filmagens da prisão de Daniel Dantas. Quem dirigiu a viatura naquele dia foi Airton e quem fez as filmagens foi Herbst."

O HC da lavagem

Blog do Luis Nassif - 13/11/08

Da Carta Capital

Uma nova estratégia
13/11/2008 12:34:23
Wálter Fanganiello Maierovitch

Certa vez, num encontro europeu sobre lavagem de dinheiro, o expositor que me antecedeu falou que tudo dependia da criatividade. À época, a última novidade era a compra de fichas em cassinos. As fichas eram aceitas em cassinos localizados em países diversos. Lógico, diverso daquele onde se realizou a compra. Acrescente-se: a ficha não era para ser empregada em jogo, mas para lavagem.

Ontem, a minha caneta-falante Concetta Rompicoglione avisou-me que o banqueiro Daniel Dantas havia ajuizado um pedido de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal. Ao refletir sobre o pedido, acabei por descobrir uma nova modalidade de lavagem de dinheiro. Pode ser feita, por via oblíqua, utilizando-se o habeas-corpus.

Certamente, será mais uma grande contribuição do banqueiro Daniel Dantas para as organizações criminosas. Ou seja, o Brasil a ensinar as Máfias.

Barões e Clérigos, que fizeram o rei João Sem-terra, em 1215 assinar a Magna Carta e criar o habeas-corpus (só para barões e clérigos), devem estar orgulhosos. O remédio heróico que inventaram, para assegurar a liberdade de locomoção, serve, também e por via oblíqua, para garantir a livre circulação de dinheiro suspeito, apreendido pela polícia.

O banqueiro Dantas coloca em prática, com o aforamento de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal, uma segunda estratégia. Uma estratégia a abrir caminho para ser ele absolvido e levantar mais de 500 milhões de reais apreendidos.

A primeira estratégia de Dantas deu certo durante alguns anos, mas a Operação Satiagraha atrapalhou.

E deu certo a primeira estratégia porque a ministra Ellen Gracie blindou os discos rígidos do Opportunity. Ou seja, proibiu a investigação sobre os dados contidos nos discos rígidos. A decisão da ministra Ellen Gracie, numa comparação, foi como impedir o exame num cadáver crivado de balas, para se descobrir a causa da morte. Sem saber, por perícia oficial, se o cadáver foi baleado depois, ou antes, de morrer, será, por falta de prova da materialidade do crime, o réu absolvido.

Com a operação Satiagraha, abriu-se uma parte dos discos rígidos e suspeitou-se de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, etc. A outra parte, o delegado que substituiu Protógenes está tendo dificuldade técnica em acessar os dados.

Com efeito. Dantas ajuizou o supracitado habeas corpus, que poderá chegar ao STF. Sua meta é anular todas as provas colhidas pela Satiagraha. Como se o delegado que presidiu o inquérito não pudesse pedir auxílio a órgãos do próprio governo, ou seja, Abin, Receita Federal, COAF, etc.

Se o habeas corpus vingar, não haverá mais prova dos crimes. Dantas, no processo criminal, será absolvido e o dinheiro sairá lavadíssimo.

Como o ministro Gilmar Mendes já antecipou ao senador Suplicy, -- o teor da conversa foi revelada no blog do jornalista Luís Nassif (Nota do Blog: a notícia veio do Blog do E.T.), que “ o diretor da Abin, Paulo Lacerda, não poderá voltar ao comando da instituição devido às irregularidades cometidas por ele e pelo Delegado Protógenes durante a operação Satiagraha”. No STF, Dantas poderá conseguir, pelo menos, um voto favorável, ou seja, o do ministro Gilmar Mendes.

Diante desse fato revelado pelo senador Suplicy, espera-se que o procurador geral da República entre, no momento apropriado, com pedido de suspeição do ministro Gilmar Mendes, por antecipar julgamentos.

Convém frisar que, no inquérito policial decorrente dos resultados da Operação Satiagraha, a Abin atuou como órgão auxiliar. Um delegado federal presidiu o inquérito, ou seja, controlou e dividiu tarefas. Apesar de regular o auxílio, é caso de Força Tarefa. Mas o banqueiro Dantas quer tirar do processo a prova desfavorável, que considera ilícita.

Sem prova, cai a acusação. Para usar uma expressão muito empregada no último pedido em favor de Dantas apreciado pelo STF, “por via oblíqua”, o banqueiro, com a ordem de habeas corpus, conseguirá, lavar dinheiro, que suspeita-se seja sujo.

As novas pesquisas do IBGE

Blog do Luis Nassif - 13/11/08

Segundo o represententa da Escola Nacional de Estatísticas do IBGE, Paulo Martino Januzzi, a partir de 2012 a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) será contínua, Mais de 700 mil domicílios sendo analisados permanentemente, coma divulgação de dados mensais.

Só para um exemplo da importância de se desagregar indicadores e amplair as questões abordadas: hoje em dia a taxa de desemprego é de 4,5% em Santa Catarina; e acima de 12% em Brasília e Sergipe.

O universo abordado é amplo. Vão cobrir frequência escolar, tamanho do funcionalismo público entre outros dados.

Por Guilherme Silva Araújo

Nassif, há algum tempo eu lido com a PNAD. As informações que tenho, também do IBGE (por intermédio de minha orientadora), são as seguintes:

1. A PNAD vai se fundir à PME (Pesquisa Mensal de Emprego) em 2010. O questionário de ambas é praticamente o mesmo. A PME usa os capítulos de emprego e renda da PNAD.

2. A PNAD deixará de ser uma amostra colhida por cross-section (corte transversal de dados) para ser uma amostra colhida por painel. Se seguir à mesma regra assumida para a PME, então cada domicílio entrevistado permanecerá na amostra por quatro meses, sairá por quatro e depois retornará por mais quatro até sair definitivamente da amostra. A vantagem que, por ser uma pesquisa longitudinal (acompanha o mesmo domicílio no tempo), as informações sobre melhoras ou pioras serão mais precisas e a amplitude de recursos técnicos também aumentará.

3. Como o novo levantamento vai à campo a partir de 2010, creio eu que já em 2010 as novas informações estarão disponíveis. Tenho visto uma grande movimentação de acadêmicos pesquisadores que usam os dados da PNAD a fim de aprenderem os recursos teóricos (ao menos os que não sabiam, como eu) para lidar com dados em painel.

O Imperador do Brasil

Blog do Luis Nassif - 13/11/08

Do Blog do Etevaldo Dias

Quarta-Feira, 12 de Novembro de 2008
12/11/2008 19:24

Mendes diz a Suplicy que Lacerda não pode voltar à Abin

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) revelou nesta quarta-feira pedaços da conversa que teve ontem com o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes. De acordo com ele, Mendes disse que o diretor-geral afastado da Abin, Paulo Lacerda, não pode voltar ao comando da instituição devido às irregularidades cometidas por ele e pelo Delegado Protógenes Queiroz durante a operação Satiagraha.

Suplicy também disse que Mendes lhe confessou ter a Polícia Federal, durante a gestão de Lacerda, como grande suspeita de realizar grampos contra ministros do STF, algo que na opinião de Gilmar, vinha ocorrendo há muito tempo, principalmente nas vésperas de tomadas de decisões nos processos que correm naquela corte.

O senador se encontrou com Mendes ontem justamente para falar sobre o suposto grampo que pegou o presidente do Supremo e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Durante a conversa, Suplicy ainda teria dito a Mendes que visitou, na semana passada, o delegado Protógenes, e que teve uma boa impressão do policial. Opinião que não foi compartilhada pelo mais alto magistrado do País. (Severino Motta, da reportagem).

Do Globo

Nos últimos seis meses, Dantas entrou com 34 medidas nos tribunais para barrar o processo, 30 pedidos de habeas corpus, 28 deles em liberdade. Entrou ainda com dois mandados de segurança e dois pedidos de exceção, um por suspeição do juiz e outro por competência.

— É uma farra do boi. E, no caso, o boi é o juiz — disse um juiz que avaliou o caso a pedido do GLOBO, sob anonimato.

Para ele, esse tipo de estratégia tem como objetivo cansar e expor o juiz, enquanto o foco do crime é desviado. O cansaço de De Sanctis é evidente. Ele é obrigado a responder por escrito a cada pedido de Dantas. Só anteontem, foram quatro novos pedidos de habeas corpus.

— A 6aVara é uma das raras especializadas em crimes financeiros.

Estão em curso com o mesmo juiz 500 ações e 900 inquéritos policiais — disse um funcionário da Justiça.

Comentário

Some-se o fato de que processos anteriores contra Dantas, alguns com mais de dez anos, que não passaram da primeira instância.

A revisão do crédito agrícola

Blog do Luis Nassif - 13/11/08

Coluna Econômica - 13/11/2008

Vice-presidente do Banco do Brasil, Luiz Carlos Guedes julga que a crise atual deve ser aproveitada para uma ampla mudança no modelo de crédito rural brasileiro – que acredita estar esgotado.

Hoje em dia, tradings e integradoras respondem por parte expressiva do crédito no Paraná (30%) e, especialmente, no Centro-Oeste (50%).

De julho-outubro de 2008 (em relação a 2007), o Banco do Brasil ampliou em 46% o volume de financiamento. No Paraná o aumento foi de 46% e no Mato Grosso, de 73%.

No modelo atual, o Banco do Brasil responde por 62,7% do crédito rural. Outra parte vem do Banco do Nordeste e da Amazônia. Os bancos privados operam muito pouco, normalmente com produtores de baixo risco e grandes contratos. Das 4.120 agências do Banco do Brasil, 2 mil são fundamentalmente agrícolas.

Ainda assim, não deu para cobrir o buraco deixado pelas tradings – que ficaram sem acesso aos repasses externos em função da crise global.

***

Mais que isso. Os recursos para o crédito agrícola com juros controlados vêm dos depósitos à vista e da caderneta de poupança verde. Eles permitem ao sistema emprestar a 6,75%. Mesmo assim, o total emprestado corresponde a apenas 25% do custo total de produção da agricultura.

Outros 75% vêm de outras fontes, como os financiamentos das tradings, das integradoras e dos fornecedores.

Juntando todas as fontes, a taxa média do crédito agrícola salta para 15% no centro-sul e para 21% no centro-oeste. É muito.

***

Faz mais sentido rever mecanismos de financiamento e aprimorá-los, diz Guedes. E mudar o foco do crédito para o da garantia de renda do agricultor.

Esse é o ponto central a se discutir daqui para frente.

A lógica do crédito agrícola é assegurar o máximo de produção possível, para garantir abastecimento interno, preços baratos e excedentes exportáveis, explica Manoel Bertone, Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Ministério da Agricultura.

Só que essa lógica esbarra em um problema insolúvel: quanto mais bem sucedida a estratégia de aumento da produção, menos preços e menor a renda do produtor, já que no setor não existe o ganho de escala da indústria.

Quando a safra é ruim, o consumidor sofre. Quando é boa, o contribuinte sofre com os sucessivos programas de prorrogação de dívida da agricultura.

***

Hoje em dia, o governo gasta em média R$ 4 bi por ano com mecanismos de equalização das taxas de juros e sustentação de preços – através da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).

Ora, a agricultura é uma atividade de caráter biológico, diz Guedes, tem ciclos que não permitem rápida adequação do fazendeiro e o expõe aos fatores da natureza, além de ter um grande número de produtores.

Em síntese, propõe que se aprimore o seguro rural e se subsidie os mecanismo que dêem garantia de renda ao produtor. O que poderia ser feito através de subsídios à compra de opções no mercado futuro.

Mas salienta que está dando uma sugestão em caráter individual. A discussão e as propostas têm que surgir a partir do consenso entre as lideranças rurais e da cadeia agrícola, dos transformadores e produtores.

Pochmann defende redução de juros para aumentar renda do trabalhador

Instituto Humanitas Unisinos - 13/11/08

O governo federal precisa reduzir a taxa básica de juros, a Selic, e investir mais em saúde em educação para aumentar a renda do trabalhador e a geração de empregos. Essa é a principal conclusão do estudo divulgado nesta quarta-feira em Brasília pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo estimativas, a principal fonte de renda em 2011 deverá vir do trabalho, já que neste ano os assalariados deverão responder por 45,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O índice é o mesmo alcançado em 1990, quando iniciou a abertura da economia mundial e a desigualdade na distribuição de renda aumentou. Atualmente, os trabalhadores respondem por 40% da renda nacional.

A reportagem é de Raquel Casiraghi e publicada pela Agência de Notícias Chasque, 12-11-2008.

Devido a essa nova conjuntura, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, defende a redução da taxa Selic, hoje mantida em 13,75%, e o aumento dos investimentos do governo federal em saúde, educação e em obras, como construção de escolas e hospitais. Para isso, o economista afirma que é necessário reduzir os gastos com o pagamento da dívida pública.

"A distribuição de renda no Brasil vem melhorando em um período bem recente, justamente porque há uma combinação de uma melhor distribuição, houve uma redução entre os que ganham mais e os que ganham menos. Ao mesmo tempo, estamos tendo uma melhor participação dos salários na renda nacional. Toda vez que aumenta os salários e reduz a desigualdade entre os salários, o país apresenta um sinal de redução da desigualdade", diz.

Nos anos 50, a participação dos trabalhadores no PIB nacional chegou a 56%. Para Pochmann, é necessário voltar a esse parâmetro para que reduzir a diferença entre a renda dos trabalhadores e dos proprietários. A diminuição da taxa básica também é importante, já que atualmente não há inflação no consumo e os principais afetados com os juros altos são a população mais pobre.

Sobre as medidas adotadas pelo governo federal para conter os efeitos da crise mundial no Brasil, o economista afirmou que os bancos e as instituições financeiras não estão expandindo o crédito em troca das concessões públicas.

Mão-de-obra para uma economia mais sustentável

Instituto Humanitas Unisinos - 13/11/08

Como resultado do aquecimento global e da necessidade de atingir as metas de redução das emissões de carbono, as empresas e países terão que desenvolver tecnologias mais limpas. E isso pressupõe a existência de profissionais preparados para desenvolver soluções sustentáveis, que proporcionem não só ganhos econômicos, mas também ambientais e sociais. Baseando-se nessa perspectiva, Lester Brown, um dos pensadores mais importantes da sustentabilidade, aponta que as mudanças climáticas podem gerar milhões de empregos em todo o mundo, evitando assim o declínio da economia.

Brown não é o único a ter essa convicção. Um estudo recente realizado pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) - o primeiro a tratar da questão dos postos de trabalho na transição para uma sociedade mais sustentável – também revela o impacto que a ascendente economia verde pode causar na mão-de-obra global.

A reportagem é da Revista Idéia Socioambiental e publicada pelo página Envolverde, 12-11-2008.

De acordo com o Green Job – towards decent work in a sustainable, low-carbon world (Emprego Verde – para o trabalho decente em um mundo sustentável, de baixo carbono) as mudanças climáticas têm tudo para gerar milhões de empregos se houver um investimento estratégico por parte de corporações e governos em todo o mundo. O setor de energia eólica e solar, por exemplo, dispõe de potencial para gerar mais de oito milhões de postos de trabalho nas próximas duas décadas, segundo estimativas do UNEP. Diante desse quadro, novas funções serão criadas, e outras até mesmo perderão relevância, o que levará à extinção de alguns cargos dissonantes com a nova economia sustentável.

O relatório do UNEP também destaca a importância dos países em desenvolvimento nesse processo e como as mudanças climáticas estão afetando milhares de trabalhadores e famílias que tem na agricultura e no turismo sua fonte de renda. Além de oportunidades, o Green Job enfatiza também os riscos: diversos empregos em novas áreas, como na reciclagem, estão longe de serem considerados decentes e é necessário um empenho global para repensar uma economia menos desigual. Segundo o documento, líderes globais não deveriam buscar o “conserto” do modelo econômico atual, mas sim as possibilidades oferecidas por modelos alternativos. São justamente essas possibilidades o atual objeto de reflexão de Brown.

Em seu novo livro - “Plan B 3.0: mobilizing to save civilization”, o especialista defende que, por meio do desenvolvimento e uso de energias renováveis, é possível criar novos empregos, conduzindo a economia para a sustentabilidade. Brown afirma ainda que a humanidade precisa rever particularmente a matriz energética com políticas econômicas para reestruturar taxas e pressionar o mercado a “contar a verdade ambiental.”

Segundo o autor, essa verdade diz respeito à inabilidade do mercado em incorporar impactos indiretos causados ao meio ambiente e à sociedade pelas atividades econômicas. Reestruturar taxas, favorecendo as tecnologias e práticas mais limpas, seria uma forma de se contrapor a essa lógica.

Em quase 40 anos dedicados à militância, o especialista tem se empenhado em mostrar uma visão de futuro sustentável e os meios para torná-lo possível. Em 1974, fundou o Worldwatch Institute, uma organização sem fins lucrativos dedicada à análise das questões ambientais globais. Em 1984, lançou a série de relatórios “O Estado do Mundo”, que alcançaram status semi-oficial, transformando-se em “Bíblia” do movimento ambiental.

Em 2001, Brown criou a Earth Policy Institute, uma organização que dissemina informações ambientais por meio de uma rede mundial de editores e pelos meios de comunicação, principalmente internet.

O especialista, que virá ao Brasil na próxima edição do Fórum Internacional de Energia Renovável e Sustentabilidade, o Ecopower - realizado de 19 a 21 de novembro, em Santa Catarina - concedeu uma entrevista exclusiva à Idéia Socioambiental, na qual abordou, entre outros temas, as medidas necessárias para tornar a economia mais sustentável.

Eis a entrevista.

Um estudo recente da UNEP mostrou que combater o aquecimento global pode ajudar a criar novos empregos. Partindo dessa premissa, o senhor acredita que a crise financeira atual, de alguma forma, pode ser uma oportunidade para rever o modelo econômico e conduzir a economia para a sustentabilidade?

Com as fontes renováveis de energia em desenvolvimento há uma oportunidade enorme para criar postos de trabalho. Na Alemanha, divulgou-se que o número de postos criados por capacidade de produção de megawatt de energia elétrica, vinda de energia eólica ou solar, é dez vezes maior do que em usinas termoelétricas de carvão ou nucleares.

Vejamos a situação dos Estados Unidos. Só na transição de fontes de energia, saindo dos combustíveis fósseis, a projeção é de sete milhões de empregos gerados. Precisaremos de um número enorme de carpinteiros, encanadores e eletricistas para instalar aquecedores de água solares e células de energia solar. Vamos precisar também de todo tipo de novos profissionais. Temos aí uma enorme oportunidade de desenvolver e expandir a economia. Basta que tanto os países como as empresas tenham a capacidade de enxergar mais longe e começar a investir nessas tecnologias.

Na sua opinião, quais são os principais desafios para construir uma economia de baixa emissão de carbono?

Uma das coisas que o mercado não faz é incorporar impactos indiretos da queima de combustíveis fósseis. Se reestruturarmos os impostos, abaixando o imposto de renda e aumentando a taxação sobre atividades ambientalmente destrutivas, podemos levar o mercado a dizer a verdade ambiental. Ao fazermos isso, a economia energética começará, muito rapidamente, a se reestruturar e responder aos sinais de preço do mercado. Essa é a medida mais importante que podemos tomar para nos mover em direção a uma economia de baixa emissão de carbono. Enquanto isso, precisamos subsidiar o desenvolvimento das fontes renováveis de energia – eólica, solar e geotérmica – com impostos mais atraentes.

E como fica o Protocolo de Kyoto nessa perspectiva?

Minha conclusão é que acordos climáticos, negociados internacionalmente, não dão certo. Nenhum governo concorda em fazer mais do que os outros países se dispõem a fazer. O resultado disso é um acordo com padrões mínimos. O próprio Protocolo de Kyoto é um exemplo. Deveríamos ter nos afastado dele com algumas metas de cortes de emissões dramáticas, mas não o fizemos. Acredito que não temos tempo para continuar negociando novos acordos climáticos para reduzir as emissões de carbono. Por isso, temos que pensar em uma maneira de diminuir drasticamente as emissões de carbono, como aponto no meu recente livro, Plan B: 3.0.

E qual o caminho alternativo aos acordos internacionais?

Acredito que os governos locais começarão a passar por etapas para cortar suas emissões rapidamente.

Nos EUA, vimos um extraordinário movimento político em oposição às novas usinas termoelétricas alimentadas com carvão. E esse movimento influenciou Wall Street. Alguns dos maiores financiadores, como o JP Morgan, CitiBank, Morgan Stanley e outros criaram o “Carbon Principles” e afirmaram que não financiarão mais empresas de energia para a construção de novas usinas termoelétricas de carvão. Acho que assim cortaremos dramaticamente as emissões de carbono. Não porque passamos anos e anos negociando acordos internacionais, mas porque localmente, começam a surgir medidas para cortar emissões.

Grandes companhias têm lançado linhas de produtos sustentáveis, por exemplo, a General Electric, com a Ecoimagination. Como o senhor enxerga o movimento corporativo nessa área? A sustentabilidade empresarial veio para ficar?

Praticamente toda grande corporação, em todo o mundo, está tentando se tornar verde de um jeito ou de outro. Mas as empresas têm a obrigação de gerar retorno aos seus acionistas. Por isso, são dependentes dos preços como sinais do mercado para tomarem decisões. Precisamos pressionar o mercado a dizer a verdade ambiental, a partir da reestruturação do sistema tributário. Essa é a chave para se criar um futuro sustentável.

Principais áreas que exigirão mudanças e profissionais com novos conhecimentos:

Suprimentos energéticos: Energia renovável, Indústria de biodiesel, Indústria de combustíveis fósseis, Captura de carbono

Construções: Eficiência energética, Edifícios verdes, Retroffiting (modernização de máquinas e ferramentas), Produção de componentes para edifícios eficientes

Transporte: Ferrovias, Trânsito urbano de massa, Automóveis, Carros de duas e três rodas

Indústria Básica: Metal, Alumínio, Cimento, Polpa e Papel, Reciclagem.

Alimentação e agricultura: Produção orgânica, Agricultura urbana, Pequenas produções sustentáveis, Pagamento por serviços ambientais / Gestão de reservas naturais aprimorada, Adaptação às mudanças climáticas.

Florestas: Reflorestamento / Desmatamento, Sistema de agro-floresta, Gestão de florestas sustentáveis (SFM)

O Plano B de Lester Brown propõe:

* Erradicar a pobreza, estabilizando a população
* Restaurar o planeta
* Alimentar bem oito bilhões de pessoas
* Planejar cidades para as pessoas
* Criar eficiência energética
* Mudar a matriz energética para energia renovável

Cimeira de Nice: reinício do diálogo entre UE e Rússia



A Rússia espera que a Cimeira de Nice, que se irá realizar a 14 de Novembro em França, relance as relações bilaterais com a União Europeia, responsabilizando Bruxelas pela sua pausa.
A Cimeira UE-Rússia de Khanta-Mansiisk, realizada em Junho passado, deveria pôr fim à estagnação nas relações bilaterais dos anos anteriores e abrir uma "nova fase" dos contactos, nomeadamente no que respeitava à assinatura do novo Acordo Estratégico que norteia as relações entre Moscovo e Bruxelas.
Porém, a "nova fase" foi curta e terminou quando as tropas russas, em Agosto passado, entraram no território georgiano a pretexto da "defesa da segurança dos cidadãos da Rússia residentes na Ossétia do Sul", região separatista da Geórgia.
Na Cimeira Extraordinária da UE, realizada a 01 de Setembro, os 27 praticamente congelaram as relações com Moscovo e, por isso, a reunião de Nice poderá servir para que a Rússia e a UE definam posições quando à cooperação futura.
"A União Europeia decidiu que já 'castigou' suficientemente a Rússia pela "guerra do Cáucaso" e "pode pôr fim à pausa diplomática no processo de estabelecimento de novas relações de parceria com Moscovo", escreve Andrei Fediachin, comentador político da agência oficiosa RIA Novosti.
Fediachin não esconde que o Kremlin continua a apostar nas divisões no interior dos 27 face à Rússia.
"Na última reunião de Bruxelas, a Lituânia (país que se opõe ao reatamento das conversações com Moscovo sobre a assinatura do novo Acordo Estratégico) teve uma surpresa desagradável. Contava com o apoio da Polónia, da Grã-Bretanha e dos "vikings", mas nada recebeu além da traição... A União precisa de avançar com as conversações porque alguns países da UE (não se enumeram abertamente, mas trata-se da Itália, Alemanha e França) já estavam prontos para assinar acordos bilaterais com a Rússia", acrescenta.
"Para a UE, a Rússia não é apenas uma fonte de gás. A Rússia é um enorme mercado de consumo da produção europeia. E com mercados desses não se discute", sublinha o analista.
A troca de mercadorias entre a Rússia e a UE cresceu, até aos finais de Outubro, 37 mil milhões de euros em comparação com o mesmo período de 2007 e atingiu 170 mil milhões de euros.
Moscovo não esconde que a sua intenção é virar-se para novos mercados. Se, na doutrina externa da Rússia aprovada em 2000, as relações com a UE tinham uma "importância fulcral", num documento análogo aprovado em 2008, a UE passa a ser apenas "um dos parceiros fundamentais económicos, comerciais e da política externa".
Mas a crise financeira e económica mundial veio "baralhar as cartas" ao Kremlin.
"A crise económica mundial demonstrou que, primeiro, a Rússia, a Europa e os Estados Unidos encontram-se no mesmo barco e, segundo, são as empresas russas que devem aos bancos ocidentais, e não o contrário", considera Arkadi Moshes, especialista em relações internacionais.
"Além disso, continua a aumentar o saldo comercial negativo com a China numa situação em que a última não pretende pagar, ao contrário da Europa, preços de mercado pelos hidrocarbonetos russos", acrescenta.
Nesta situação, Nice poderá reavivar o diálogo, mas não é completamente claro o rumo que vai tomar.
"O início das conversações não significará um salto. O salto será dado no seu fim", prognostica Vladimir Tchijov, embaixador russo junto da UE.

Mulheres violentadas e o tráfico internacional de crianças.

Instituto Humanitas Unisinos - 12/11/08

Crianças nascidas para serem vendidas ao primeiro que aparecer, para se tornarem escravas, alimentar o mercado da prostituição ou fornecer carne e ossos para rituais de bruxaria. A “fábrica de crianças”, que se escondia em uma clínica de maternidade em Enugu [capital da Nigéria], chama a atenção do mundo pelo horror e pelas dimensões do tráfico de seres humanos. A clínica foi descoberta em maio passado, mas só nestes dias os responsáveis da Naptip, a agência nacional para a proibição do tráfico de seres humanos, deram notícia a respeito.

A reportagem é de Cristina Nadotti, publicada no jornal La Repubblica, 10-11-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Algumas ONGs da região começaram a levantar suspeitas da clínica, muito silenciosa e tranqüila durante o dia. E, com efeito, os recém-nascidos não permaneciam por muito tempo no edifício, vendidos por cifras entre 2 mil e 3,5 mil euros a mulheres que não desejavam suportar a vergonha da infertilidade, inconcebível para a sociedade nigeriana, ou destinados ao tráficos de órgãos, alimentado pelas superstições e a bruxaria. A responsável da seção local da Naptip, Ijeoma Okoronkwo, falou à agência France Press. “Acreditamos que existam muitas clínicas como essa e que haja uma rede que as congregue. As dimensões do tráfico de crianças são enormes e existem objetivos que não conseguimos precisar”. A agência, criada em 2004, a dois anos da aprovação da lei nigeriana contra todo tipo de tráfico humano, descobriu que centros de acolhida para mulheres, orfanatos e clínicas escondem freqüentemente esse tipo de fábricas de crianças, onde as mulheres são retidas em escravidão e violentadas para que dêem à luz o máximo possível”.

Segundo os relatórios da Unicef e da OIT, na Nigéria, pelo menos 10 crianças são vendidas a cada dia, e o país é “fonte, trânsito e destinação” do tráfico de seres humanos. Além do comércio de recém-nascidos para o mercado interno e internacional de adoções ilegais, um número enorme de crianças entre os 4 e os 12 anos são vendidas a países como o Gabão, Camarões, Benim e Arábia Saudita.

As autoridades também encontraram campos de trânsito onde os pequenos escravos são reunidos antes da seleção, freqüentemente vendidos por pais de zonas muito pobres que obtêm, em troca, até 130 euros, cifra enorme para eles. Entre os destinos finais está também a Europa: Itália, Espanha e Holanda estão entre as nações citadas pelos relatórios da Unicef e da OIT como países de chegada das crianças. Nos últimos anos, a Nigéria decidiu colaborar com as agências internacionais para combater o tráfico de crianças: em junho passado, a União Européia financiou, com um milhão de euros, um projeto de 24 meses da OIT, para combater o comércio de seres humanos.

Entretanto, como as coisas mudam, faz-se necessária uma mudança profunda de tipo econômico, cultural e social na Nigéria, onde, apesar do recrudescimento das leis, ainda é normal para as classes mais altas comprar crianças para serem usadas nos serviços domésticos, pequenas mulheres que os padrões impedem de terem qualquer direito.

O Brasil e a parada brusca sistêmica

Instituto Humanitas Unisinos - 12/11/08

Vítima do que especialistas estão chamando de "parada brusca sistêmica", o Brasil está conseguindo enfrentar a crise internacional graças a políticas que vem adotando há dez anos, nos mandatos de dois presidentes, e que, agora, o diferenciam de outros países. Não raro, essas políticas, que combinam disciplina fiscal, metas para inflação e câmbio flutuante (com acumulação de reservas), são alvos de críticas ferozes, inclusive, dentro da equipe econômica do governo Lula. É muito cedo para comemorar, até porque não há indicações de que a crise esteja perto do fim, mas já é certo que o o país figura no grupo de nações que o jornal britânico "Financial Times" chamou, ironicamente, de "círculo mágico".

A reportagem é de Cristiano Romero e publicada pelo jornal Valor, 12-11-2008.

Duas decisões tomadas lá fora confirmam o novo status: o acesso do Brasil, ao lado de México, Cingapura e Coréia do Sul, a recursos do Federal Reserve (Fed), que se dispôs a liberar até US$ 30 bilhões para cada um; e a criação, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de uma linha de crédito especial, com desembolso rápido e sem grandes condicionalidades. O Fed alegou que o Brasil e os outros países do "círculo mágico" são bem administrados e importantes do ponto de vista sistêmico.

No caso do FMI, a adoção de uma linha contingente, célere, para países vítimas de contágio era uma velha reivindicação brasileira. A medida só foi aprovada agora porque o epicentro da turbulência está na economia americana, a maior acionista do Fundo. Os recursos da nova linha - cerca de US$ 100 bilhões - serão liberados, em caso de necessidade, às nações do "círculo mágico" e possivelmente a países como Chile, República Tcheca, Polônia e algumas economias asiáticas, todos elegíveis graças à reputação de possuírem políticas econômicas sólidas.

Num artigo instigante, publicado no site criado pelo economista Nouriel Roubini (RGE Monitor), Otaviano Canuto, vice-presidente do BID, discute a situação brasileira frente à "parada brusca sistêmica". O fenômeno, deflagrado em meados de setembro, com a falência do banco Lehman Brothers, caracterizou-se pela fuga repentina de capitais em todo o mundo, em direção justamente ao país central da crise - os EUA.

Os impactos desse movimento já são história - bolsas de valores desabando em todo lugar; congelamento súbito do crédito, inclusive ao comércio exterior; explosão dos spreads de risco; paralisia dos mercados de capitais internacionais. Os efeitos mais fortes sobre os emergentes ocorreram não apenas nas bolsas, mas também na taxa de câmbio, criando problemas de liquidez no setor bancário e de solvência em alguns setores da economia real.

No Brasil, a forte desvalorização do real teve pelo menos um efeito positivo - a redução da dívida pública como proporção do PIB. Mas isto só aconteceu por causa de decisões corretas tomadas nos últimos anos, quando o governo, aproveitando os tempos de bonança, reduziu drasticamente a dívida interna atrelada ao dólar e acumulou reservas cambiais a um nível que tornou o país credor na moeda americana. O desafio passou a ser debelar a crise que se instalava no setor privado, com o crédito paralisado e empresas encalacradas com derivativos cambiais aqui e fora do país.

A reação do Banco Central (BC) até o momento foi vigorosa. A instituição, como bem observa Canuto, vendeu 2,6% das reservas (US$ 5,2 bilhões) no mercado à vista; fez contratos de swap de US$ 28,5 bilhões; promoveu vendas de dólar temporárias (com cláusula de recompra) no valor de US$ 8,1 bilhões. O resultado: 50% das linhas de crédito ao comércio exterior voltaram; a taxa de câmbio se afastou do pico a que chegou no auge do nervosismo e, hoje, gira em torno de níveis não-dramáticos.

Em outra frente, para desempoçar a liquidez e tentar mover o crédito, o BC flexibilizou os depósitos compulsórios num montante equivalente a 5,7% do PIB. O Ministério da Fazenda, por sua vez, adotou medidas para sustentar setores vitais ao crescimento da economia, como o da construção civil. Apesar dos esforços, já se sabe que a economia crescerá pouco no próximo ano. O mercado está apostando em algo entre 2% e 3%. O governo ainda fala em 3,8%, 4%, mas está difícil acreditar nisso.

Em entrevista à repórter Sheila D'Amorim, da "Folha de S. Paulo", o presidente da Febraban, Fábio Barbosa, deu a dimensão do problema do crédito: "Os reais não são suficientes para atender a essa nova demanda de pessoas que migraram de dólar para reais". Troque-se a palavra pessoas por empresas (principalmente, exportadoras) e tem-se a situação verdadeira: a encrenca cambial está drenando o crédito na economia.

"A desalavancagem global em curso ainda está afetando os mercados de ativos locais e a conta de capitais do balanço de pagamentos. Junto com uma demanda estrangeira menor por exportações, preços menores das commodities e termos de troca comercial menos favoráveis, isso vai implicar num ambiente externo mais apertado no futuro próximo", prevê Canuto, acrescentando que há dúvidas se a desaceleração do consumo e do investimento será suficiente para compensar os efeitos inflacionários de níveis agora mais desvalorizados do real frente ao dólar.

Canuto lembra que a crise no coração das economias avançadas afetou de maneira surpreendente países emergentes como o Brasil e o México, que são casos de sucesso da integração financeira com o mundo, processo que trouxe benesses nos bons tempos, como a atração de significativos fluxos de capitais, e riscos em momentos de estresse (inovações como os derivativos cambiais vieram no mesmo pacote).

O que diferencia o Brasil neste momento, sustenta Canuto, é que o país dispõe de arsenal nas áreas monetária, fiscal e externa. É esse arsenal que está salvando o país dos efeitos mais negativos daquela que é considerada a mais grave crise global desde 1929. "A verdade é que é muito cedo para saber onde as economias emergentes, tanto individualmente quanto como um todo, vão parar, na medida em que a atual crise global se desenrola. No entanto, a qualidade das políticas domésticas vai certamente estar entre os fatores de diferenciação", assinala Canuto.

Colômbia. Tratado de livre comércio move lobbies em Washington

Instituto Humanitas Unisinos - 12/11/08

Aprovado em 2007 pelo Congresso da Colômbia, o tratado de livre comércio (TLC) com os EUA, seu principal parceiro comercial, dorme no Legislativo americano desde então. A perspectiva de aprovação diminuiu drasticamente desde abril, quando fracassou a tentativa de acordo entre republicanos e democratas.

A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, 12-11-2008.

Apesar da majoritária oposição do Partido Democrata ao TLC, por conta da violência contra sindicalistas, há, dentro e da fora legenda, pesos-pesados que o apóiam. O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) defende o acordo - ganhou US$ 800 mil em 2005 de uma firma colombiana que faz lobby.

Nas primárias democratas, Hillary Clinton e Barack Obama atacaram o TLC. Depois, a senadora teve de demitir seu marqueteiro Mark Penn porque ele também dirigia uma empresa que fazia lobby pelo acordo.
Grandes empresas, entre elas o Wal-Mart e a General Motors, enviaram carta ao Congresso em dezembro pedindo a aprovação. Argumentaram que o TLC ajudará as exportações (foram US$ 18 bilhões em comércio em 2007, saldo de US$ 2 bilhões para Bogotá).

Se na Colômbia o tratado sofre a resistência da oposição esquerdista e de movimentos como os dos indígenas, na guerra de interesses de Washington, o jornal "Financial Times" lembrava, em abril, que mesmo a resistência democrata poderia ser contornada caso o governo americano aumentasse a ajuda a trabalhadores que eventualmente perderão.

Obama pressiona Bush sobre montadoras

Instituto Humanitas Unisinos - 12/11/08

Na reunião de pouco mais de uma hora que tiveram anteontem, Barack Obama pressionou George W. Bush pela aprovação da ajuda às montadoras americanas em dificuldade. Em troca, o atual presidente teria pedido que o Congresso de maioria democrata aprovasse o tratado de livre comércio com a Colômbia, parado desde 2006.

Tanto a Casa Branca quanto o comando do presidente eleito negam que tenha havido o que chamaram de "toma-lá-dá-cá".

A reportagem é de Sérgio Dávila e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 12-11-2008.

Em crise, GM, Chrysler e Ford negociam a liberação mais rápida pelo governo de um empréstimo já aprovado pelo Congresso de US$ 25 bilhões. Os democratas pedem ainda que mais US$ 25 bilhões sejam liberados do pacote de US$ 700 bilhões de ajuda ao mercado financeiro aprovados em setembro. Bush se recusa a incluir as montadoras entre os beneficiários do pacote.

Na avaliação do republicano, isso criaria um precedente para que outros setores em dificuldade pedissem dinheiro ao governo, o que desvirtuaria o espírito original da iniciativa. Já Obama acha que um auxílio às montadoras agora é crucial, pois 1 em cada 10 empregos do país é relacionado de alguma forma ao setor automobilístico.

O democrata tem ainda dívida eleitoral com Michigan, Estado em que estão as sedes dessas empresas e onde ele venceu com quase 800 mil votos a mais que o republicano John McCain ao fazer campanha prometendo empregos e ajuda às montadoras.

Por outro lado, o acordo comercial com a Colômbia, principal aliado americano na América do Sul, é a menina-dos-olhos de Bush. O tratado parou no Congresso, onde os democratas têm maioria desde as eleições legislativas de 2006. O partido de oposição argumenta que aquele país deve mostrar que conteve a violência contra sindicalistas antes de receber as benesses (leia abaixo).

Negativa

O toma-lá-dá-cá foi noticiado ontem pelos jornais "New York Times" e "Washington Post", citando fontes anônimas. Dana Perino, porta-voz da Casa Branca, disse depois que a informação era incorreta.

À tarde, na primeira coletiva da equipe de transição em Washington, o coordenador John Podesta confirmou que tanto o auxílio às montadoras quanto o tratado colombiano realmente fizeram parte da conversa entre os dois líderes, mas que "não houve toma-lá-dá-cá".

O vazamento do teor da conversa da qual participaram só os dois presidentes causou constrangimento entre as duas equipes, com a Casa Branca apontando o dedo para o pessoal da transição. "O senador Obama pode não estar familiarizado com a tradição antiga de os presidentes manterem privadas suas conversas", teria dito um assessor de Bush ao site conservador "Drudge Report".

Seja como for, a ameaça real de Bush dificultar a liberação dos US$ 25 bilhões já aprovados às montadoras e de restringir o uso dos US$ 700 bilhões ao mercado financeiro causou grita entre os democratas.

"O Congresso e o governo Bush têm de tomar ação imediata", disse a presidente do Congresso, Nancy Pelosi. "Quanto eles estão dando à [seguradora] AIG? US$ 150 bilhões? E nós estamos falando de US$ 25 bilhões que vão ajudar a principal indústria deste país", disse o deputado federal Sander Levin, de Michigan.

Pelosi sinalizou que a aprovação de mais ajuda às montadoras deve ser votada em sessão legislativa extraordinária na próxima semana e que "espera" que Bush apóie a medida.

Nem o complexo militar escapa à crise

darussia.blogspot.com - 11/11/08




As empresas do Complexo Militar-Industrial (CMI) da Rússia estão a sentir dificuldades devido à situação criada no mercado financeiro mundial, reconheceu hoje Serguei Ivanov, vice-primeiro ministro do Governo russo.
“Toda uma série de empresas do Complexo de Defesa sentem falta de meios para garantir o fabrico da produção, para a entregar aos clientes. Os problemas financeiros mundiais estão a afectar seriamente o funcionamento de algumas empresas do Complexo”, declarou Ivanov, numa reunião da Comissão de Apoio ao CMI da Rússia.
“A situação criada poderá ser dolorosa para todo este ramo da indústria”, sublinhou.
O Governo russo recomenda os grandes bancos russos a financiarem as empresas que realizam contratos para o Ministério da Defesa da Rússia.
“A explicação das dificuldades que sente o CMI apenas através da crise financeira mundial é uma tentativa de justificar-se e esconder as verdadeiras causas do problema”, considera Leonid Ivachov, general na reserva e vice-presidente da Academia dos Problemas Geopolíticos.
Em declarações à rádio Eco de Moscovo, ele acrescentou que “o problema consiste em que o complexo militar-industrial foi destruído nos últimos 15 anos. Trabalhavam apenas as empresas viradas para a exportação de armamentos”.
“Visto que praticamente não havia encomendas, as empresas simplesmente faliram. Já não podemos fornecer em massa armamentos às nossas Forças Armadas”, sublinhou.
Ivachov assinalou também que a crise no CMI tem uma carácter sistemático: “há falta de engenheiros, de especialistas do nível médio, de tecnologia em geral, de base científico-produtiva”.
Peritos russos consideram que a avaria no submarino Nepa, que provocou 20 mortos e 22 feridos, é mais um sinal dos graves problemas existentes no CMI russo e poderá reflectir-se negativamente no campo das exportações de armamentos.
A imprensa indiana escreveu que a Rússia pretendia alugar o submarino Nepa à Índia por um período de dez anos, mas as antoridades de Moscovo desmentem essa notícia.
“Nós não fornecemos submarinos atómicos”, declarou Anatoli Serdiukov, ministro da Defesa da Rússia.
“As autoridades russas tentam conservar a reputação de fornecedor de tecnologia militar de qualidade, não querem reconhecer que tencionavam alugar um submarino que não corresponde aos padrões de segurança”, considera o analista militar Alexandre Pikaev.

Casas Bahia abrem primeira loja em favela

Instituto Humanitas Unisinos - 11/11/08

As Casas Bahia, a maior rede varejista de móveis e eletrodomésticos, inauguram amanhã a sua primeira loja dentro de uma favela. A comunidade escolhida foi a de Paraisópolis, que fica na zona sul de São Paulo e é a segunda maior favela da cidade e a quinta do País.

A reportagem é de Márcia De Chiara e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 11-11-2008.

Da compra do terreno para a construção de uma loja de dois pavimentos, com mais de 2 mil metros quadrados, até o abastecimento do ponto-de-venda com mercadorias, os investimentos superaram R$ 2 milhões. A expectativa é de que a loja fature entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão por mês a partir de janeiro.

Foi o potencial de mercado que levou a rede a fincar bandeira em Paraisópolis. A favela tem uma população de 80 mil pessoas e 20 mil domicílios, a maioria das camadas de menor poder aquisitivo, com renda média mensal na faixa de R$ 600 por mês, segundo o presidente da União dos Moradores e Comerciantes de Paraisópolis, Gilson Rodrigues. O potencial de consumo de Paraisópolis equivale, para as Casas Bahia, a uma cidade de médio porte, com a vantagem de não ter grandes concorrentes instalados no local.

"Aqui não tem crise", diz Rodrigues. Segundo ele, cerca de dez caminhões das Casas BahiaCasas Bahia, ele conta que as Lojas Marabraz e o McDonald’s o procuraram com a intenção de abrir pontos-de-venda na região. O Bradesco, que já tem uma agência na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, informa que estuda abrir uma unidade própria em Paraisópolis. circulam diariamente pela favela para entregar as mercadorias compradas pelo moradores. Além das

"A decisão das Casas Bahia reforça o foco da companhia na baixa renda", diz o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo. Ele observa que dar acessibilidade ao consumo às classes de menor renda não é apenas oferecer condições facilitadas de crédito, mas também conveniência. "Por isso, a rede está indo até esse consumidor."

De acordo com a rede, 27 dos 50 funcionários empregados pela loja foram recrutados na comunidade. Para Gilson Rodrigues, isso reforça os laços com a população local. Na opinião de Foganholo, além disso, esse procedimento reduz os riscos de inadimplência, uma vez que existe um elo entre o vendedor e o comprador.

'Não basta reformar o FMI', diz Stiglitz

Instituto Humanitas Unisinos - 11/11/08

Em outros tempos, os países que não faziam parte do seleto clube G7 eram convidados somente para o almoço durante as cúpulas mundiais, rememora Joseph Stiglitz, 65, economista americano vencedor do prêmio Nobel. "Claro, as decisões eram tomadas antes do almoço", ri ele, "o que revelava muita arrogância e má-vontade em escutar outras vozes". A reportagem é de Denyse Godoy e publicada na Folha de S.Paulo, 11-11-2008.

Que desta vez tenha-se convocado o G20 para tentar resolver os gigantes problemas da economia mundial é um bom sinal, na sua avaliação. E a oportunidade que surge deve ser aproveitada. "Estamos, agora, em um momento único da história. As fontes de liquidez estão na Europa, na Ásia e na América Latina, e a falta de liderança dos EUA pode abrir um espaço para países como o Brasil mostrarem as suas idéias sobre o novo caminho a ser seguido", disse Stiglitz em entrevista coletiva à imprensa após dar uma palestra em São Paulo, ontem, na Expo Management. Endurecer na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra os subsídios agrícolas é recomendável.

"A governança econômica atual não reflete a distribuição de forças na economia mundial do século 21", continuou. Por esse motivo, não bastaria - ainda que seja possível - simplesmente reformar o FMI (Fundo Monetário Internacional), como as nações emergentes pleiteiam. É necessário criar outro órgão. "A Europa pediu aos asiáticos que colocassem mais dinheiro no FMI. Se eu fosse eles, diria que não. Não faz sentido contribuir com uma entidade na qual eles não têm participação efetiva e os EUA possuem poder de veto."

Para o economista, tradicional crítico da forma como a globalização é conduzida e do que ele chama de "fundamentalismo de mercado", havendo "interesse geral de que todos joguemos mais ou menos pelas mesmas regras", as propostas devem ir além da transparência, que, na visão das autoridades dos países ricos, é o grande objetivo a ser perseguido. "É essencial proteger a segurança dos ativos financeiros e criar uma instância que fiscalize a saúde das instituições."

Dentre todas as entidades, a mais bombardeada por Stiglitz são os bancos centrais. "Este episódio mostra como é falido o seu modelo de acreditar que a estabilidade de preços é suficiente para garantir o crescimento e a prosperidade. Eles já perderam boa parte da sua eficiência em estimular a economia. Até [o presidente do BC dos EUA, Ben] Bernanke reconheceu isso, falando que precisamos de um pacote fiscal."

O futuro dos EUA

"Substituir [George W.] Bush é fácil. Ele foi tão ruim que qualquer um pode realizar coisas melhores", caçoa o economista. "No entanto, [Barack] Obama terá que administrar toda a expectativa. Por mais que faça tudo certo, ele não conseguirá mudar a situação rapidamente. As dificuldades que os EUA enfrentam hoje são resultado de anos de erros."

Uma resposta apropriada, segundo Stiglitz, teria que englobar algum tipo de socorro aos mutuários que estão perdendo as suas casas. Além disso, seria necessário um pacote de entre 2% a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) americano, ou US$ 300 bilhões a US$ 400 bilhões, que contemplasse uma ajuda aos desempregados e aumentos de gastos com infra-estrutura. "E acompanhar de perto se os recursos de restituições de impostos são mesmo despendidos pelos cidadãos."

Delegado Protogenes Canta Olhar 43

http://charges.uol.com.br/2008/11/12/delegado-protogenes-canta-olhar-43/

A absolvição de Gilmar

Blog do Luis Nassif - 10/11/08

Da Carta Capital

Gilmar Absolvido

Wálter Fanganiello Maierovitch

Tenho muitos anos de magistratura. Nela ingressei por concurso público e atuei em Varas e Tribunais. Ao longo dessa caminhada, e já estou aposentado por tempo de serviço, nunca participei e nem assisti a uma sessão de julgamento igual à ocorrida ontem no Supremo Tribunal Federal, quando foram apreciados dois unificados pedidos de habeas corpus, com Daniel Dantas e a irmã Verônica como pacientes. Fiquei estarrecido.

A propósito, nunca se falou tanto em garantias e liberdades individuais. E o julgamento terminou com a apreciação de uma proposta do ministro Cezar Peluso, que queria a punição de todos os juízes participantes de um ato de solidariedade ao juiz Fauto de Sanctis, depois da liminar e das declarações inadequadas do ministro Gilmar Mendes.

O irado ministro Peluso, --meu antigo colega de Justiça paulista---, invocou, para tanto, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, concebida, -- e ele bem sabe disso--, na ditadura Geisel e com a meta de calar os juízes. Uma lei que, ao cercear a livre manifestação do pensamento e o direito de se expressar, não foi, no particular e como qualquer rábula de porta de cadeia sabe, recepcionada pela Constituição de 1988.

Para dourar a pílula e com a anuência do ministro Peluso, deliberou-se por cobrar informações das corregedorias (órgãos disciplinares) a respeito de providências contra juízes. Como se percebe, mais uma inconstitucionalidade, por via oblíqua, para empregar a expressão mais usada ontem pela Corte.

O julgamento do habeas-corpus, -- que já tinha perdido o objeto pois os pacientes estavam soltos--, serviu, com a devida vênia, de pretexto para os ministros, por via oblíqua, “absolverem” Gilmar Mendes, e a expressão não é empregada no sentido técnico, mas no de consertar uma canhestra e arbitrária decisão do presidente do Pretório.

Mas, o julgamento de mérito serviu, também, como deixou claro em acurado voto o ministro Marco Aurélio de Mello, que muitos ministros não tomaram conhecimento de fatos novos, ocorridos depois de 8 de julho de 2008. Ou seja, fatos suplementares a revelar que os fundamentos da decisão de prisão temporária eram completamente diversos dos utilizados na posterior decretação da prisão preventiva. Ainda, baseada em buscas, apreensões e relatos, que não tinham sido colhidos (eram desconhecidos do juiz) ao tempo do lançamento da decisão de prisão temporária.

Como os fatos eram novos, relevantes e a indicar que Daniel Dantas havia mandado dois prepostos para corromper policiais encarregados de investigações contra ele, claro estava que não se tratava de tentativa, por via oblíqua, de se manter a prisão cautelar de Dantas, a desafiar uma “decisão” do presidente do STF.

O certo, e volto a frisar o voto do ministro Marco Aurélio, é que existiam provas a demonstrar ( tudo foi filmado, gravado e com dinheiro apreendido) que houve, por parte dos prepostos de Daniel Dantas, Hugo e Humberto, prática de ato corruptor (até o dinheiro foi apreendido, fora documentos, escritos e conversas grampeadas). Por evidente, estavam presentes os motivos a autorizar a prisão preventiva. Prisão acautelatória, necessária a evitar novas ações corruptoras, como revelaram escritos, declarações de indiciado e vultosa importância em dinheiro que se destinava a tal fim.

Ressalte-se, como ficou claro em leitura feita pelo ministro Marco Aurélio, que o juiz De Sanctis deu uma longa e cuidadosa decisão, -- como a ordenar peças de um quebra-cabeça--, sobre a necessidade da prisão cautelar de Dantas. Pelo elaborado, onde não faltou respeito ao ministro Mendes, o juiz Sanctis, dado como autoridade coatora, recebeu elogios do ministro Marco Aurélio.

A decisão que sustentava a prisão preventiva era, ao contrário do que entendeu a maioria dos ministros e bem demonstrou o ministro Marco Aurélio, diversa do que a anterior sobre a custódia temporária. Mais ainda, estava fundada em fatos novos, dados suplementares, conhecidos depois da decisão impositiva da prisão temporária e da primeira liminar, como, por exemplo, buscas e apreensões.

Com efeito, o caso, e basta atentar para o voto do ministro Marco Aurélio, não era de ilegalidade, no que toca à decretação da preventiva. Muito menos de flagrante ilegalidade, como foi considerada (e o voto do ministro Marco Aurélio, que mantinha a prisão preventiva por necessária, seria de flagrante ilegalidade?). E se não era de flagrante ilegalidade, deveria ser aplicada a súmula 691, que não permite que se salte instâncias, ou seja, sejam pulados graus de jurisdição a fim de o STF apreciar o pedido. Claro está que o STF não tinha competência para julgar ato de um juiz de primeiro grau, no caso o juiz De Sanctis.

A ginástica para a não aplicação da súmula mostrou como foi forte o corporativismo, o que é lamentável em qualquer corte de Justiça. Mais do que isso. Pelos voto de vários ministros, ficou a impressão de que todos condividiam com o par Gilmar Mendes a posição de vítimas de insolência de um juiz, que desafiava a Corte, apoiava atos arbitrários de policiais. Convém, nesta quadra, registrar que três ministros, com Gilmar Mendes a apoiar, falaram, -- e isso não era objeto do habeas-corpus em julgamento e nem existem provas concretas— em um sistema ilegal sustentado em três pilares: (1) grampear relator de processo, (2) aterrorizar (“criar constrangimento ao julgador”, segundo Mendes e (3) “monitorar” ministros: Mendes contou saber disso pela desembargadora Suzana Camargo (desmentida por De Sanctis e que, na Justiça Federal, pelos juízes, é tida como carreirista).

O paroxismo foi atingido quando Mendes, pouco antes do encerramento, mostrou um cópia de jornal com o título: “Mendes tomou um drible da vaca do juiz De Sanctis”. Quanta ousadia. Mas, de se perguntar, o que o juiz tem de responsabilidade em face de uma conclusão de jornalista ?

Não bastasse, Mendes fez juízo negativo a respeito de um blog, sem ter coragem de dizer nomes. E criticou uma revista que teria escrito que os assessores do seu gabinete teriam jantado com funcionários do banco de Dantas (CartaCapital nunca escreveu nada a respeito do tal jantar). Nota-se, mais uma vez, que o tema habeas-corpus era apenas pano-de-fundo.

Outra questão, referente à vedação de acesso aos autos de inquérito e processo pelos advogados de Dantas. Tal questão recebeu maior consideração maior do que a da necessidade da prisão. Isto, talvez, para dar força a alguns votos, pois, quanto ao impedimento de acesso, houve ilegalidade, esta sim flagrante. Negar acesso aos autos, contraria lei federal e, dessa maneira, impede o exercício profissional do advogado. Por outro lado, desatender uma requisição judicial, incluída a do Pretório Excelso, é inconcebível. Mas, essas duas ilegalidades nada têm com o juízo sobre a necessidade e a legalidade da prisão cautelar. Essa, mais do que necessária.

PANO RÁPIDO. Prevaleceu o voto do ministro e professor (inclusive do Curso de Gilmar Mendes) Eros Grau, quanto ao conhecimento do habeas-corpus (a súmula proibia, pois não admite saltos de instâncias) e, no mérito, pela manutenção da liminar, que, como era evidente, já teve conteúdo exaustivo (soltou) e o exame estava prejudicado. O fulcro da questão, necessidade da prisão de um banqueiro dado como corruptor, era, como diziam os romanos, lana caprina, ou seja, questão menor.

Contra desaceleração, China lança pacote de US$ 586 bi

Instituto Humanitas Unisinos - 10/11/08

O governo chinês anunciou ontem um pacote de investimentos de 4 trilhões de yuans (o equivalente a R$ 1,23 trilhão -US$ 586 bilhões) para os próximos dois anos a fim de estimular a economia, ameaçada pela desaceleração interna e pela queda nos mercados que importam produtos chineses.

A reportagem é de Raul Juste Loures e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 10-11-2008.

O valor do pacotão chinês representa uma injeção de recursos de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual do país em 2009 e 2010. A soma das riquezas da China neste ano deve somar US$ 3,5 trilhões. Os recursos do pacote equivalem a quase duas vezes e meia o total de investimentos previstos no PAC brasileiro (R$ 504 bilhões) de 2007 a 2010.

Ou a três vezes o total das exportações brasileiras previstas para este ano. O resgate dos EUA aos mercados, aprovado pelo Congresso, é de US$ 700 bilhões. A economia americana chega perto de US$ 14 trilhões.

Dez áreas serão contempladas, como habitação popular, infra-estrutura rural, água, eletricidade, transportes e reconstrução de áreas devastadas por tragédias naturais, como a Província de Sichuan, que sofreu um terremoto em maio.

Apenas no atual bimestre de novembro e dezembro, o governo promete gastar 400 bilhões de yuans (R$ 123 bilhões), com fundos do Orçamento deste ano e um adiantamento das verbas do ano que vem. O pacote promete cortar impostos de valor agregado e circulação de mercadorias equivalentes a 120 bilhões de yuans (R$ 36,9 bilhões).

O limite dos bancos comerciais para a concessão de empréstimos será abolido para priorizar fundos para pequenas e médias empresas, inovação tecnológica, mecanização rural e fusões e aquisições de empresas, segundo divulgou a agência estatal de notícias Xinhua.

"A expansão de crédito deve focar em esferas que promovam e consolidem o crédito ao consumidor", diz a nota.

O pacote divulgado ontem foi decidido pelo gabinete chinês na quarta-feira.

Crescimento em queda

O pacote demonstra a apreensão do regime chinês com a coleção de números negativos dos últimos meses.

O PIB avançou 11,9% no ano passado e estava previsto crescimento acima de 10% neste ano e em 2009. As previsões agora apontam para 9,4% em 2008 e 7,9% no ano que vem.

Economistas acham que os números serão menores e revisam para baixo as previsões. O crescimento no terceiro trimestre, de 9%, foi o menor desde 2003.

Nos últimos dois meses, o governo tentou outras medidas de estímulo, como três cortes na taxa de juros, menores exigências para concessões de empréstimos e abolição de taxas e impostos para a compra do primeiro imóvel próprio. Mas nenhuma delas reanimou a confiança do consumidor chinês.

As vendas de apartamentos e carros estão em queda, assim como as previsões para o setor exportador, que vende quase metade da produção a mercados ameaçados de recessão, como União Européia e EUA.
A crise afeta os três setores que mais empregam no país -campo, exportações e construção civil.

O Centro de Pesquisa em Desenvolvimento do Conselho de Estado prevê que a renda dos agricultores cresça até 7% em 2008, dois pontos abaixo do objetivo do governo, por causa da queda nos preços agrícolas.

Cerca de 10 mil fábricas têxteis e de brinquedos fecharam nos primeiros nove meses do ano. O governo não divulgou estatísticas sobre o emprego.

O próximo Bretton Woods. Artigo de Joseph E. Stiglitz

Instituto Humanitas Unisinos - 10/11/08

O mundo está caindo em uma grave desaceleração mundial, provavelmente a pior do último quarto de século, talvez até a pior desde a Grande Depressão de 1929. Uma crise que, em mais de um sentido, é made in USA, fabricada nos Estados Unidos.

O artigo é de Joseph E. Stiglitz, catedrático de Economia da Universidade de Columbia e prêmio Nobel de Economia em 2001, é co-autor, junto com Linda Bilmes, de “The three trillion dollar war: the true costs of the Iraq conflict”. O texto foi publicado no jornal El País, 09-11-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os Estados Unidos exportaram hipotecas tóxicas ao resto do mundo na forma de títulos respaldados por ativos. Exportaram sua filosofia desreguladora do mercado livre, algo que agora até Alan Greenspan, seu sumo sacerdote, admite que foi um erro. Exportaram sua cultura de irresponsabilidade empresarial e a opaca prática das opções de compra de ações, que fomentam essa má contabilidade que, da mesma forma que ocorreu nos escândalos da Enron e da Worldcom há poucos anos, tão importante tem sido nessa crise. Como conclusão, os EUA exportaram sua desaceleração econômica.

A administração Bush acabou fazendo o que todos os economistas o instavam a fazer: injetar mais liquidez em seus bancos. No entanto, como sempre, o problema está nos detalhes, e talvez o secretário do Tesouro estadunidense, Henry Paulson, tenha conseguido inclusive jogar por terra essa boa idéia, já que parece ter concebido uma recapitalização bancária que não produzir a reativação do crédito, algo que não seria nada bom para a economia.

Ainda mais importância merece o fato de que as condições impostas por Paulson aos bancos norte-americanos receptores de capital sejam muito piores do que as ditadas pelo primeiro ministro britânico Gordon Brown (para não falar das que Warren Buffett conseguiu quando proporcionou muito menos dinheiro ao Goldman Sachs, o banco de investimentos mais sólido dos EUA). Os preços das ações demonstram que, para os investidores, esse foi um acordo excelente.

Uma das razões para se preocupar pelo mau acordo que foi oferecido aos contribuintes norte-americanos é a dívida nacional que vai recair sobre nós. Antes até dessa crise financeira, estava previsto que o endividamento dos EUA passaria de 5,7 bilhões de dólares, em 2001, para mais de 9 bilhões neste ano. Por si só, a dívida deste ano se aproximará de meio bilhão, e a do ano que vem, ao acentuar-se a desaceleração nos Estados Unidos, será ainda maior. O país precisa de um pacote de medidas de estímulo. Mas os fiscais conservadores da Wall Street (sim, os mesmos que nos conduziram a esta queda) agora pedem que se modere o déficit (o que nos lembra Andrew Mellon na Grande Depressão de 1929).

Podemos dizer que a crise se estendeu aos mercados emergentes e aos países menos desenvolvidos. Por curioso que possa parecer, os Estados Unidos, pese a todos os seus problemas, segue se considerando o lugar mais seguro para se depositar o dinheiro. Suponho que não seja muito surpreendente, já que, contudo, o aval do Governo dos EUA tem mais credibilidade do que o de um país do Terceiro Mundo.

Enquanto os Estados Unidos recolhe as economias do mundo para solucionar seus problemas, os subprimes disparam e, por todas as partes, a renda, o comércio e os preços das matérias-primas se afundam. Os países em vias de desenvolvimento vão ter problemas. Provavelmente, alguns vão sofrer mais do que outros: os que já tinham um considerável déficit comercial ainda antes que a crise se fortalecesse, os que deviam refinanciar uma dívida nacional e os que mantinham vínculos comerciais estreitos com os Estados Unidos. Os países que, como a China, não liberaram totalmente seus mercados financeiros e de capital se felicitarão por não ter cedido frente a Paulson e o Tesouro norte-americano, que lhes ameaçavam a que fizessem.

Muitos já estão pedindo ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O que se teme é que, pelo menos em certos casos, o FMI retome suas receitas antigas e falidas, baseadas em uma contração fiscal e monetária que não poderá fazer mais do que incrementar a injustiça no mundo. Ainda que os países desenvolvidos apliquem políticas estabilizadoras anticíclicas, o que estão em vias de desenvolvimento se verão obrigados a tomar outras políticas de caráter desestabilizar que afastarão o capital quando mais o necessitam.

Há dez anos, na época da crise asiática, falou-se muito da necessidade de reformar a arquitetura financeira mundial. É evidente que se fez pouco, muito pouco. Nessa época, muitos pensavam que o que esses nobres chamamentos buscavam, de verdade, era impedir uma autêntica reforma: os que se beneficiaram do sistema anterior sabiam que a crise passaria e, com ela, as demandas por reforma. Não podemos permitir que isso volte a acontecer.

Talvez estejamos de novo frente a uma situação como a de Bretton Woods. As antigas instituições reconheceram que a reforma é necessária, mas se movem tão lentamente como as geleiras. Não fizeram nada para impedir a crise atual e preocupa que não sejam capazes de reagir eficazmente agora que ela se fortalece.

Uma guerra mundial e 15 anos tiveram que passar para que o mundo se reunisse para abordar as debilidades do sistema financeiro comum que contribuiu com a Grande Depressão de 1929. Esperemos que, nesta ocasião, não nos custe tanto tempo, já que, dado o grau de interdependência global, os custos seria simplesmente muito elevados.

No entanto, enquanto que o antigo Bretton Woods dominaram os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, o panorama global atual é notavelmente diferente. Da mesma maneira, as antigas instituições de Bretton Woods acabaram se definido a partir de um conjunto de doutrinas econômicas que agora se revelaram falidas, não só nos países em vias de desenvolvimento, mas no próprio núcleo do capitalismo. A iminente cúpula mundial, para conduzir realmente à criação de uma nova ordem financeira mais estável e equitativa, deverá enfrentar essas novas realidades.