"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, maio 29, 2013

O sistema bancário em resumo

resistir info - 29 maio 2013

por Rudo de Ruijter [*]
Cartoon de Boyadijiev. O sistema bancário actual funciona de acordo com um princípio muito simples. Aquele que quer tomar dinheiro emprestado promete ao banqueiro que o reembolsará e sobre esta promessa o banqueiro lhe cria um activo. Sobre este activo o tomador do empréstimo deve juros.

É porque poucas pessoas sabem como isso funciona que quase ninguém vê como o funcionamento bancário baseado no vento parasita a sociedade como um tumor canceroso e reduz as pessoas a rodas dentadas a fim de apaziguar sua fome financeira.


O Banco Central Europeu (BCE) obriga os bancos a terem na reserva 2 cêntimos para euro que devem aos seus clientes. Nossos activos bancários são agora cobertos por uns poucos por cento de dinheiro real, o resto do dinheiro não existe. Portanto não temos dinheiro no banco, mas sim um activo do banco, uma promessa do banqueiro, de que nos dará dinheiro verdadeiro em contrapartida se lhe pedirmos.


Os bancos tomam emprestado o dinheiro verdadeiro do BCE. É o dinheiro no nosso porta-moedas. O dinheiro verdadeiro é igualmente utilizado sob forma electrónica nos pagamentos entre bancos.


Os clientes têm um activo bancário, mas isso não é dinheiro com o qual possam pagar. Eles tão pouco executam pagamentos (se bem que toda gente pense o contrário). Em vez disso, dão ordem de pagamento ao seu banco. Sobre esta, os bancos mudam os activos dos seus clientes e pagam os montantes de um banco para o outro. No tráfego diário de pagamentos interbancários, os bancos anulam os montantes que se devem mutuamente e à noite pagam apenas as diferenças. Assim, com muito pouco dinheiro os bancos, entre si, podem pagar milhões.


O tomador recebe um activo do seu banco e gasta-o. Assim o activo chega a uma outra conta bancária. O receptor por sua vez irá gastá-lo e assim o activo circula na sociedade e nos serve de dinheiro. E no momento em que o cliente reembolsa o seu empréstimo, o banqueiro deduzirá o montante do seu activo. Deste modo o activo criado desaparece. Portanto é preciso que novos empréstimos substituam aqueles que foram reembolsados a fim de manter suficiente pseudo-dinheiro em circulação. Se a quantidade diminuir, os tomadores já não podem mais reembolsar seus empréstimos e os bancos vão à falência.


Mas nem todos os activos continuam a circular. Também há pessoas que estacionam uma parte do seu activo numa conta de poupança. Os activos imobilizados em contas de poupança não participam mais na circulação e, em substituição, novos empréstimos devem ser emitidos. Naturalmente, destes empréstimos suplementares haverá igualmente uma parte que acaba como poupança. Para todos os empréstimos, tanto aqueles estacionados como aqueles em circulação, os tomadores devem trabalhar para encontrar dinheiro a fim de pagar os reembolsos e os juros. Eles não podem encontrar este dinheiro nas contas-poupança. Este dinheiro não pode ser ganho. Portanto cada vez mais reembolsos e juros devem ser pagos com o dinheiro em circulação. No fim, estas somas acabariam mesmo por ultrapassar o dinheiro disponível. A solução dos banqueiros? Ainda mais empréstimos!


Se se aumentar o dinheiro em circulação à mesma velocidade que a poupança, haverá sempre bastante dinheiro para os reembolsos e os juros. É por isso que temos a inflação. No "dinheiro" em circulação, os empréstimos acumulam-se cada vez mais.


Os juros para os poupadores são pagos pelos tomadores de empréstimos. Estes são frequentemente empresas como lojas, comerciantes grossistas, transportadores, produtores, sub-contratados e fornecedores de serviços. Eles acrescentam estes custos aos preços dos seus produtos. Finalmente, são os consumidores que os pagam. Cerca de 35% de todos os preços consistem de juros e esta percentagem aumenta sem cessar.
[1]

Os juros que os poupadores recebem saem, em primeiro lugar, do chapéu do banqueiro como um activo suplementar, acrescentados à sua conta-poupança. Estes juros também acarretam juros. A 3% de juro a poupança duplica em 24 anos, a 4% em 18 anos. Portanto os ricos tornam-se cada vez mais rapidamente mais ricos. Hoje 10% dos europeus mais ricos detêm 90% das riquezas.


A massa de pseudo-dinheiro não cessa de crescer. Por volta de 1970 ela havia atingido o estágio em que os activos ultrapassam o Produto Interno Bruto. Havia muito mais pseudo-dinheiro do que o necessário para a economia normal. Isso levava ao desenvolvimento de um sector financeiro, onde se ganha o dinheiro com o dinheiro, ou seja, com juros e a inchar bolhas na bolsa. Os banqueiros sabiam que a longo prazo seria cada vez mais difícil manter o crescimento monetário e encontrar suficientes tomadores fiáveis a quem fornecer empréstimos.


Eles conseguiram convencer os governos de que seria melhor que não tomassem mais empréstimos junto ao seu banco central (o que na prática significava tomar emprestado sem juros) e, ao invés disso, tomar emprestado junto a bancos comerciais, portanto com juros. Em todos os países que aceitaram isso a dívida pública cresceu exponencialmente. Não porque estes governos fizessem mais dívidas, mas devido a juros sobre juros sobre a dívida existente.
[2]
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Os governos deviam reduzir suas despesas para enfrentar o encargo crescente dos juros. Mas contra o efeito do crescimento exponencial dos juros não se poderá ganhar senão com reduções de despesas. Os governos deviam vender serviços públicos para reembolsar as dívidas. Uma longa vaga de privatizações seguiu-se, uma por um dos grandes empreendimentos, para os quais os banqueiros podiam fornecer empréstimos a tomadores privados.

Já em 1970 o banqueiro luxemburguês
Pierre Werner apresentava um primeiro esboço do euro, que daria aos bancos a possibilidade de fornecer empréstimos numa região muito mais vasta. Economistas eminentes advertiam que uma moeda única numa zona economicamente heterogénea levaria a grandes problemas. Economistas previam que os países cujas possibilidades de produção fossem menores seriam inundados por produtos menos caros vindos dos países mais produtivos, como a Alemanha. As empresas dos países fracos iriam à falência, ao passo que o dinheiro deixaria o país como pagamento dos produtos importados. [3] Exactamente como aconteceu.

Os países endividados.
Os países fracos encontram-se endividados, sem possibilidade de saída. Os bancos lucram com estas montanhas de dívidas crescentes e fazem com que os riscos sejam suportados pelos pagadores de impostos. Em 2012 os governos da zona euro estabeleceram o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) alimentado sem limite [4] pelos impostos dos cidadãos, que reembolsará todas as perdas que os prestamistas sofram nos países fracos.

A solução de todos estes problemas é tão simples como a sua causa. Devemos erguer um banco de todos nós, um banco do Estado, que tenha o direito exclusivo de criar dinheiro. É preciso proibir os empréstimos de dinheiro inexistente. Um banco de Estado não tem necessidade de capital, nem de lucros. Além disso, os juros podem permanecer muito baixos ou serem compensados fiscalmente. Os juros são destinados à comunidade. Um tal sistema de dinheiro não tem necessidade de crescimento [da massa] de dinheiro, nem de competição, nem de exploração e nem de desemprego. Se decidido democraticamente, o governo poderá retomar os serviços colectivos e geri-los no interesse dos cidadãos. Igualmente, poder-se-á privilegiar os investimentos desejáveis para a sociedade e não para aqueles que proporcionam benefícios financeiros o mais rapidamente possível. O governo não estará mais dependente dos bancos. A dívida pública será do passado. Colectivamente podemos tirar proveito de uma sociedade durável e de bem-estar ao invés do afundamento, da dilapidação e da pressão sempre crescente sobre os trabalhadores para agradar os prestamistas de dinheiro.


Sobrará mesmo dinheiro e tempo para instalar um museu das estátuas de cera, onde poderemos conservar os lobos financeiros e seus cúmplices políticos como uma advertência às gerações futuras: cuidado com os banksters!
07/Maio/2013

Notas e referências
[1] Helmut Creutz & www.vlado-do.de/money/index.php.de

[2] Ellen Brown: Canada: a tale of two monetary systems
[3] Uit de euro, en dan? www.courtfool.info/fr_Sortir_de_l_euro.htm
[4] ver Tratado do Mecanismo de Estabilidade Euroeia, artigos 10.1 e 10.2
www.courtfool.info/ESM_treaty_2_Feb_2012/fi_ESM_14-tesm2.fi12.pdf


[*] Investigador independente.

O original encontra-se em www.courtfool.info/fr_Le_systeme_bancaire_en_bref.htm

Rússia condena decisão da UE de levantar embargo de armas aos rebeldes sírios, mas afirma ter direito a fornecê-las a Assad

darussia - blogspot - Terça-feira, Maio 28, 2013


 A Rússia fornece armas à Síria legalmente, enquanto a União Europeia comete um erro ao levantar o embargo do fornecimento de armas aos rebeldes sírios, declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

“Vocês não podem dizer: e a Federação da Rússia? Primeiro, a Rússia fornece armas ao regime legítimo. Isto não é uma discussão abstrata, quais os poderes legítimos e porque é que eles têm direito a receber estes ou aqueles armamentos, mas a outra parte não tem direito”, acrescentou Serguei Riabov, numa conferência de imprensa em Moscovo.

Ele reafirmou que o seu país considera um erro a decisão de levantar o embargo do fornecimento de armas aos rebeldes sírios.

“Não se pode, por um lado, declarar o seu desejo de pôr fim ao derrame de sangue, e, por outro lado, injetar mais armamentos na Síria”, frisou.

"Isso é um reflexo dos "padrões duplos" e um prejuízo direto da perspetiva de convocação da conferência internacional (sobre a Síria), acordada por Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, e John Kerry, secretário de Estado norte-americano a 07 de maio", acrescentou Serguei Riabkov.

“Indo através de uma parte do espetro político e agindo a despeito de todas as normas e compromissos, a União Europeia atira, de facto, gasolina para o fogo do conflito e diminui as possibilidades da realização com êxito da conferência”, considerou.
O diplomata russo defendeu que o fornecimento de complexos de defesa antiaérea S 300 à Síria “é um fator estabilizador na Síria e travam as “cabeças quentes” que defendem a participação de forças externas no conflito”, concluiu.

Rússia continua a fornecer armas de defesa antiaérea S-300 a Damasco

darussia.blogspot - Segunda-feira, Maio 27, 2013


  
A Rússia continua a fornecer à Síria os complexos de defesa antiaérea S-300 e não fez qualquer alteração na esfera da cooperação militar com Damasco, declarou o embaixador sírio na capital russa.
"Todos os acordos assinados entre a Síria e a Rússia estão a ser realizados sem alterações", disse Riad Khaddad, respondendo à pergunta se a Rússia tinha congelado o fornecimento dos complexos S-300 à Síria a pedido de Israel.
Numa conferência de imprensa em Moscovo, o diplomata sírio afirmou também que Damasco não se renderá perante as ameaças dos Estados Unidos e que, por isso, a guerra dura há mais de dois anos.
"O problema da Síria consiste em que ela recusa dançar ao som da flauta dos Estados Unidos. A Síria defende a sua soberania e não se rende a qualquer ameaça", frisou.
Segundo ele, o exército sírio teria praticamente exterminado todos os grupos terroristas no território do país, mas "os recentes bombardeamentos de Israel suspenderam essa operação".
Riad Khaddad saudou a aproximação de posições dos Estados Unidos e da Rússia na busca de vias para solucionar o conflito.
Moscovo e Washington lançaram a proposta de realização de uma nova conferência internacional sobre a Síria e o embaixador confirmou que o regime de Damasco irá participar nela, mas precisou que "a solução da crise está no interior do país".
O embaixador sírio considerou que os "numerosos grupelhos da dita oposição" não conseguem chegar a acordo sobre a participação na conferência.

As suspeitas que Protógenes lançou sobre a Procuradoria Geral da República

Jornal GGN - O delegado Protógenes não acusou a subprocuradora geral da República Cláudia Sampaio  de ter recebido R$ 280 mil, como afirma a manchete do Estadão. Com seu estilo tosco, Protógenes fez uma ironia com o fato de, segundo ele, Cláudia ter se baseado em informações falsas para aprovar a quebra de seu sigilo bancário e fiscal:
“Essa mulher (Cláudia) fez isso (...) Essa certidão vai ter que atestar que não existe 280 mil apreendidos, eu não sei de onde ela tirou, talvez seja os 280 mil que o Daniel Dantas tenha dado para ela, prá dar esse parecer... de cafezinho, né?"
A manchete realçando a acusação de Protógenes desvia o foco dos fatos realmente relevantes.
Segundo a versão de Protógenes:
Ele sofre processo em São Paulo, que chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) devido ao fato de ter sido eleito deputado federal.
Cláudia Sampaio deu um primeiro parecer pelo arquivamento do processo.
Posteriormente assume o caso o ex-procurador geral Aristides Junqueira. Carmen dá um segundo parecer voltando atrás e recomendando a quebra de sigilo das contas bancárias e telefônicas de Protógenes. Vale-se de dois argumentos:
  1. A Polícia Federal teria apreendido R$ 280 mil em dinheiro vivo em sua casa. Segundo Protógenes, não existe nenhum documento da PF sobre a suposta apreensão de dinheiro. Se ele estiver correto, a PGR teria se baseado em um documento falso. E o Ministro José Dias Tofolli teria endossado a farsa.
  2. Há três imóveis que foram transferidos de um policial aposentado para Protógenes. Segundo o delegado, esses imóveis foram adquiridos no período em que ele advogava. Sendo verdadeira sua afirmação, independentemente da origem lícita ou não dos imóveis, a compra teria ocorrido muito antes da operação Satiagraha.
Tem-se, portanto, um quadro bastante objetivo para se avaliar a conduta do Procurador Roberto Gurgel e de sua esposa.
Teste 1 – o PGR apresentar o laudo da PF comprovando a apreensão dos R$ 280 mil na casa de Protógenes.
Teste 2 – o PGR apresentar os documentos que comprovariam que Protógenes recebeu os imóveis no período de investigação da Satiagraha.
Se não conseguir comprovar esses dois pontos, em uma situação pouco usual – da PGR mudando sua opinião sobre um pedido que ela mesmo já havia julgado improcedente -, Roberto Gurgel dará razão aos seus críticos. Se comprovar, nem o mandato salvará Protógenes.
Por Vânia
Do Estadão
Em palestra, deputado acusa Cláudia Sampaio de receber dinheiro de Daniel Dantas e levanta suspeitas sobre o marido dela, Roberto Gurgel
Fausto Macedo, com colaboração de Ricardo Chapola
O deputado federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) acusou a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio de ter recebido R$ 280 mil do banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity. Protógenes sugeriu que o dinheiro teria sido dado para que ela emitisse parecer ao Supremo Tribunal Federal favorável à quebra de seu sigilo telefônico, fiscal e bancário. Ele disse ainda que Dantas teria oferecido dinheiro ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, marido de Cláudia.
Protógenes fez as acusações no dia 9 de maio durante uma palestra na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de São Caetano do Sul, cidade da Grande São Paulo. Tema do encontro era "Os bastidores da Operação Satiagraha". Ele afirmou também que Dantas, a quem chamou de "banqueiro bandido", ofereceu US$ 20 milhões a um delegado da Polícia Federal e a cinco policiais, mas não citou nomes nem o motivo da oferta.
A Satiagraha é um capítulo emblemático da história recente da Polícia Federal. Protógenes, então delegado, comandou a operação em 8 julho de 2008, que culminou com a prisão de Dantas. O banqueiro foi colocado em liberdade em menos de 24 horas por ordem do ministro do Supremo Gilmar Mendes.
A operação foi completamente anulada pelo Superior Tribunal de Justiça por ilegalidades e emprego de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência. Protógenes foi condenado a 3 anos e 11 meses de prisão por fraude processual e violação de sigilo funcional – ele teria vazado dados da Satiagraha (mais informações ao lado). Sua relação com o empresário Luiz Roberto Demarco, desafeto de Dantas, também é investigada.
O caso foi bater no STF, porque Protógenes assumiu o mandato parlamentar, ganhando foro privilegiado. Inicialmente, Cláudia Sampaio se manifestou pelo arquivamento da investigação. No fim de abril, ela reapresentou parecer, agora favoravelmente à apuração, acolhendo informação de que Protógenes mantém conta bancária na Suíça e de que em sua residência a PF havia apreendido R$ 280 mil em dinheiro. Com base nesse parecer da subprocuradora, o ministro Dias Toffoli, do STF, decretou a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do deputado. Demarco também é investigado.
Protógenes afirmou em sua palestra que vai pedir à Justiça certidão comprovando que não houve a apreensão daquele dinheiro. "Essa mulher (Cláudia) fez isso (...) Essa certidão vai ter que atestar que não existe 280 mil apreendidos, eu não sei de onde ela tirou, talvez seja os 280 mil que o Daniel Dantas tenha dado para ela, prá dar esse parecer... de cafezinho, né?"
'Luminoso'
Em seguida, aponta para o chefe do Ministério Público Federal. "Daniel Dantas ofereceu 20 milhões de dólares para um delegado da Polícia Federal e cinco policiais, quanto que não deve ter oferecido, não ofereceu, para o procurador-geral da República, né? Então, eu vou exigir deles também que exponham o seu sigilo bancário, que exponham seu sigilo telefônico, né, prá gente ver de onde saiu esse luminoso parecer."
Protógenes citou Cláudia Sampaio a partir do 38.º minuto de sua fala de 1 hora e 48 minutos. "A procuradora, Cláudia, é mulher do procurador-geral, ela é mulher dele e trabalha juntamente analisando todos os pareceres que são proferidos por ele. Ela faz o parecer e ele fala ‘aprovo’. Foi para ela novamente, e ela fez um novo parecer totalmente detalhado contra mim diretamente. Contra os outros não. Só a mim como alvo. No parecer diz que na minha casa houve uma busca e apreensão. Eles estava atrás de fragmentos da Operação Satiagraha, das interceptações. Tem muito segredo aqui, só que eu não vou guardar esses dados, está com alguns juízes. Ela diz que encontraram na minha casa 280 mil reais. Não tem isso na apreensão. Ela escreveu isso e assinou."
Aos 47 minutos ele acusou Cláudia de ter recebido os R$ 280 mil. Disse que em nenhum outro caso a Procuradoria voltou atrás. Quando a palestra atingiu 1 hora e 7 minutos, o deputado disse: "É perigoso para o Estado ver instituições superiores comprometidas e corruptas".
Ele se insurgiu contra as suspeitas que cercam seu patrimônio – Protógenes recebeu imóveis "em doação" de um ex-policial federal, José Zelman. "Ela (Cláudia) diz que o meu patrimônio é suspeito, que inclusive eu tenho uma casa de praia em Niterói, num condomínio chamado Camboinhas, e que tenho apartamento no Jardim Botânico. Sustenta que a minha casa vale um milhão de reais, e que esse apartamento vale também um milhão. Só que ela esqueceu de um detalhe. Esse patrimônio eu constituí quando eu era advogado."
Gurgel vê caso como 'calúnia' e Dantas vai ao STF
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou de calúnia as acusações de Protógenes Queiroz. "A calúnia foi feita imediatamente após terem sido requeridas diligências em inquérito a que o deputado responde no STF, circunstância que fala por si mesma", declarou Gurgel.
A defesa de Daniel Dantas disse que entrou com queixa-crime no Supremo Tribunal Federal contra o deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) por calúnia e injúria. A ação é decorrente das declarações do parlamentar na OAB de São Caetano do Sul. "Ingressamos com queixa-crime no STF, imputando ao deputado Protógenes Queiroz a prática de calúnia e injúria, não acobertadas pela imunidade parlamentar", disse o advogado de Dantas, Andrei Zenkner. A assessoria do Opportunity destaca que a Justiça decretou a nulidade da Satiagraha.
A criminalista Elizabeth Queijo, que defende Luiz Roberto Demarco, assinalou que os autos estão sob sigilo. "Na realidade, sobre o conteúdo da decisão eu estou impedida de comentar pelo dever do sigilo. Esse caso para mim está sob sigilo. E por essa exclusiva razão não vou me manifestar sobre o conteúdo da decisão. Mas a defesa deve apresentar medidas nos próximos dias em relação a isso."
Protógenes não respondeu ao contato da reportagem do Estado.
Para lembrar: Delegado foi condenado
A Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de julho de 2008, prendeu o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta e outros 14 acusados por suspeita de desvio de recursos públicos, corrupção, fraude, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Durante a operação, foi revelado que arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) atuaram em parceria com a PF na Satiagraha. Criticado por não ter notificado o comando da PF sobre a participação dos agentes, o delegado Protógenes Queiroz, que comandava a Satiagraha, pediu afastamento. Em março de 2009, ele foi indiciado pela PF por quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações; em maio, foi denunciado criminalmente por quebra de sigilo funcional e fraude processual. Em 2010, o delegado foi condenado a 3 anos e 11 meses de prisão. Protógenes, hoje deputado federal (PC do B-SP), recorre em liberdade.

Um país onde o curto prazo mata o futuro



Autor: 
Coluna Econômica
O Brasil não é para principiantes, dizia Tom Jobim.
Nos últimos anos houve uma justa celebração dos avanços obtidos nas últimas duas décadas, passando pela estabilização da inflação, com o Plano Real, pela criação de um mercado de consumo robusto. Louvou-se a continuidade dos governos FHC-Lula-Dilma, divididos muitos mais pela retórica política do que pelas práticas.
Manteve-se a continuidade, com alguns ajustes aqui e ali.
Mas os três governos padeceram e padecem da falta de uma visão estratégica que lhes será cobrada pela história. A principal delas, é a de não ter desarmado a armadilha do câmbio apreicado.
***
O período militar legou um país cheio de vícios, sem sociedade civil, amarrado a uma estatocracia sufocante. E uma gigantesca concentração de renda que impedia o deslanche do mercado interno de consumo; a deterioração dos serviços públicos; a incompetência para lidar com a massificação da saúde e da educação. Todos esses vícios decorrentes exclusivamente da falta de democracia, de pressão popular.
Por outro lado, legou uma base industrial sólida, que se completou com os Planos Nacionais de Desenvolvimento.
O segundo tempo do jogo consistiria na montagem da segunda perna – o do fortalecimento dos fatores internos – sem descuidar da primeira – o fortalecimento da produção.
***
De lá para cá, uma privatização mal feita tirou a pujança dos setores químico, siderúrgico, de telecomunicações. Permitiu-se que o custo da energia saltasse para patamares elevados. Não se cuidou de resolver os graves problemas da infraestrutura. Aceitou-se a cartelização da economia e não se deu a devida prioridade às pequenas e micro empresas e ao empreendedorismo.
Nesse período, desenvolveu-se um mercado de capitais moderno, um mercado de consumo robusto, uma indústria de fundos que permitiu a formação de uma boa base de poupança interna. Ou seja, todas as peças no tabuleiro para que um grande mestre completasse o ciclo da redemocratização.
Mas dia após dia, ano após ano, mandato após mandato, esses trunfos foram sendo desperdiçados, atropelados pelo dia a dia e pela ausência de um pensamento estratégico.
***
Desde a redemocratização, o trabalho da oposição – fosse o PT ou o PSDB – jamais foi o de construir uma alternativa democrática ao governo em questão.
A falta de programas partidários nítidos, de clareza da opinião pública sobre os caminhos do país, não permitiu a montagem de coalizões duradouras. Cada governante montou sua base em cima de troca de favores. E cada oposição montou sua resistência em cima da escandalização mais primária.
***
Sem as linhas indicativas do pensamento estratégico, cada um dos presidentes foi conduzindo dentro do mesmo estilo, de matar um leão por dia, resolver a pressão imediata, celebrar um feito ou outro, mas deixando o futuro ao Deus-dará.
Substituiu-se o período de fechamento, de proteção descabida à produção interna por vinte anos de apreciação cambial, de abertura financeira indiscriminada que pouco a pouco está matando as chances de uma economia industrial.
Tenho a ligeira desconfiança que a história não será condescendente com os três presidentes desse período.

Existem alguns erros de análise do Luis Nassif em relação ao período militar: 1º - não houve deterioração dos serviços públicos. A expansão da infraestrutura pública ocorreu em grande parte nos Governos Militares, e se existiu algo a ser privatizado é devido ao fato desses governos manterem estatais (mesmo algumas deficitárias), para não reduzirem o ritmo de crescimento do país; 2º- o INPS (que deu origem ao INSS) e o Mobral, são desse período, apesar das suas falhas, poderia citar outros exemplos. Os "vícios" são em parte decorrente da conjuntura internacional desfavorável (1ª e 2ª crise do petróleo na década de 70) e o afundamento do Estado na década de 80, gerando a famigerada "Década Perdida", e não da ausência  exclusiva da falta de democracia e de pressão popular.

José Luís Fiori: O “cisma do Pacífico”

viomundo - publicado em 28 de maio de 2013 às 23:11

Colunistas| 24/01/2013 | Copyleft
O “cisma do Pacífico”
Promovido por México, Chile, Peru e Colômbia, o “cisma do Pacífico” tem mais importância ideológica do que econômica dentro da América do Sul, e seria quase insignificante politicamente se não fosse por se tratar de uma pequena fatia do projeto Obama de criação de uma área de reafirmação do poder norte-americano no Pacífico.
“O Brasil era naturalmente líder, hoje a coisa é muito complicada. O continente se dividiu, há o “Arco do Pacífico”… Então de alguma maneira perdemos nossa relevância política no continente que era inconteste. Nunca chegamos a pensar uma negociação a funda com os EUA, sempre tivemos medo”. F.H. Cardoso, Valor Econômico, 30 de novembro de 2012
Na história do desenvolvimento sul-americano – depois da II Guerra Mundial –, o projeto de integração do continente nunca foi uma política de Estado, indo e vindo através do tempo, como se fosse uma utopia “sazonal”, que se fortalece ou enfraquece dependendo das flutuações da economia mundial e das mudanças de governo dentro da própria América do Sul. Durante a primeira década do século XX, os novos governos de esquerda do continente, somados ao crescimento generalizado da economia mundial – entre 2001 e 2008 – reavivaram e fortaleceram o projeto integracionista, em particular o Mercosul, liderado pelo Brasil e pela Argentina.
Depois da crise de 2008, entretanto, esse cenário mudou: a América do Sul recuperou-se rapidamente, puxada pelo crescimento chinês, mas este sucesso de curto prazo trouxe de volta e vem aprofundando algumas características seculares da economia sul-americana, que sempre obstaculizaram e dificultaram o projeto de integração, como seja, o fato de ser uma somatória de economias primário-exportadoras paralelas, e orientadas pelos mercados externos.
Esta situação de desaceleração ou impasse do “projeto brasileiro” de integração sul-americana explica, em parte, o entusiasmo da grande imprensa econômica internacional e o sucesso entre os ideólogos liberais latino-americanos da nova “Aliança do Pacífico”, bloco comercial competidor do Mercosul inaugurado pela “Declaração de Lima”, de abril de 2011, e sacramentado pelo “Acordo Marco de Antofagasta”, assinado em junho de 2102 por Peru, Chile, Colômbia e México. Quatro países com economias exportadoras de petróleo ou minérios, e adeptos do livre-comércio e das políticas econômicas ortodoxas. O entusiasmo ideológico ou geopolítico, entretanto, encobre – às vezes – alguns fatos e dados elementares.
O primeiro é que os quatro membros da “nova aliança” já tinham assinado acordos prévios de livre-comércio com os EUA e com um grande numero de países asiáticos. O segundo, e mais importante, é que o México pertence geograficamente à América do Norte, e desde sua incorporação ao Nafta, em 1994, se transformou num pedaço inseparável da economia americana e também no território ocupado pela guerra entre os grandes cartéis da droga que fornecem a cocaína da sociedade norte-americana, vinda, em boa parte, exatamente do Peru e da Colômbia. Em terceiro lugar, os três países sul-americanos que fazem parte do novo bloco têm territórios isolados por montanhas e florestas tropicais, e são pequenas ou médias economias costeiras e de exportação, com escassíssimo relacionamento comercial entre si, ou com o México.
O Chile é o único destes três países que possui um clima temperado e terras produtivas, mas é um dos países mais isolados do mundo, e é quase irrelevante para a economia sul-americana. A soma do produto interno bruto dos três é de cerca de U$ 800 bilhões, menos de 1/3 do produto interno bruto brasileiro, e menos de ¼ do produto interno do Mercosul. Além disto, o crescimento econômico recente do Chile, Peru e Colômbia foi quase igual ao do Equador e Bolívia, que também são andinos, não pertencem ao novo bloco, se opõem às politicas e reformas neoliberais, e devem ingressar brevemente no Mercosul, como já passou com a Venezuela.
Concluindo, se pode dizer com toda certeza que este “cisma do Pacífico” tem mais importância ideológica do que econômica dentro da América do Sul, e seria quase insignificante politicamente se não fosse pelo fato de se tratar de uma pequena fatia do projeto Obama de criação da “Trans-Pacific Economic Partnership” (TPP), peça central da sua política de reafirmação do poder econômico e militar norte-americano, na região do Pacífico. Desde 2010, o presidente Barack Obama vem insistindo na tecla de que os EUA são uma “nação do Pacífico” que se propõe exercer um papel central e de longo prazo no controle geopolítico e econômico dos dois lados do Pacífico, no Oceano Índico, e no sul da Ásia.
Neste sentido, é preciso ter claro que a inclusão do Brasil neste novo “arco do Pacífico” implica numa opção pela condição de “periferia de luxo” do sistema econômico mundial, e também significa, em última instância, apoiar e participar da estratégia norte-americana de poder global, e ao mesmo tempo, de uma disputa regional, entre os EUA, o Japão e a China, pela hegemonia do leste asiático e do Pacífico Sul. Segundo o Foreign Affairs, “if the negociations be fruit the TPP will add billions to the U.S. economy and solidify Washington´s political, financial, and military commitment to the Pacific for decades to come.” (july/august 2012; p. 22)
José Luís Fiori integra o grupo de pesquisa CNPq/UFRJ Poder Global
(*) José Luis Fiori é professor titular de Economia Política Internacional da UFRJ e coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPQ/UFRJ “O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo”. (www.poderglobal.net)

Ferro: Gurgel não tem autoridade moral


conversa afiada - Publicado em 29/05/2013

Ferro queria levar o Policarpo e o Robert(o) Civita à CPI que odarelou.
Saiu no Viomundo:


ABAIXO, DISCURSO FEITO HOJE, NO PLENÁRIO DA CÂMARA, PELO DEPUTADO FERNANDO FERRO (PT-PE)

O SR. PRESIDENTE (Simão Sessim) – Deputado Fernando Ferro.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, eu quero aqui manifestar a minha preocupação com o debate da PEC 37.

Em princípio, eu acho que nós não podemos reduzir o processo investigatório. E me parece que os inquéritos com a participação do Ministério Público dão mais segurança ao processo de investigação.

No entanto, a ação do Procurador Roberto Gurgel termina prejudicando essa PEC. Ele não tem mais autoridade moral para vir a esta Casa pedir defesa e mobilização dos Parlamentares contra essa PEC pela sua postura em defesa do Carlos Cachoeira, pelas gravíssimas denúncias que aqui foram trazidas pelo Deputado Delegado Protógenes sobre a relação da esposa dele com o Daniel Dantas.

Então, eu gostaria de sugerir ao Ministério Público que buscasse outras maneiras de defender as suas prerrogativas constitucionais que estão sendo ameaçadas pela PEC 37.

Por isso, reafirmo aqui a intenção de participar desse debate.

Em princípio, sou pela manutenção dos direitos do Ministério Público.

Eu tenho acompanhado, tenho visto o papel do Ministério Público como instituição.

Lamentavelmente o Sr. Roberto Gurgel, que felizmente está saindo do Comando do Ministério Público, não tem autoridade moral para conduzir esse debate. Suas ações desastradas recentes terminaram contribuindo para criar na Casa um clima contrário a suas pretensões.

Portanto, sugiro que ele se afaste do processo para contribuir com o debate político e seja, evidentemente, parceiro por omissão. Talvez, assim, ele contribua melhor no sentido de preservar as prerrogativas do Ministério Público. Ele não tem hoje autoridade política e moral para defender o Ministério Público, está no final da carreira e é uma pessoa que atuou de maneira seletiva para defender e omisso em relação a Carlos Cachoeira. Em outros crimes também foi omisso.
Portanto, o Sr. Carlos Gurgel não tem autoridade moral para conduzir essa discussão aqui na Casa.


Em tempo: como sugere o genial Bessinha, recomenda-se a leitura de “Gurgel trabalha para a Globo”.

Clique aqui para ver que o senador Fernando Collor denunciou Gurgel, Civita e o Caneta na CPI que odarelou.