"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, abril 30, 2009

“Minha casa, Minha vida”. Tucanos boicotam e é um sucesso

Conversa Afiada - 28/abril/2009 22:59

Zé Pedágio só viu defeito. Ele prefere o Cingapura do Maluf

Tucanos, que vão perder com Serra ou com Aécio, são contra a casa para o povo

. O Conversa Afiada reproduz informação divulgada pela Caixa Econômica sobre o programa “Minha Casa, Minha Vida”.

. Trata-se de financiamento da casa própria que prevê vender 400 mil casas a famílias com renda mensal ATÉ três salários mínimos (R$ 1.395,00).

. Não é preciso dar entrada ou pagar taxa de inscrição.

. As prestações só começam a ser pagas após a entrega do imóvel, quando o morador se mudar para a nova casa.

. Os financiamentos serão de dez anos.

. Como noticiou a Folha semana passada, o Governo do Zé Pedágio não vai entrar nisso, para não encher a bola da Dilma Rousseff …

. Hoje, na Folha, o deputado José Aníbal, líder do PSDB na Câmara, publica na pág. 3 artigo “Morando (*) no palanque”.

. Diz a diatribe sobre o “Minha Casa, Minha Vida”: “mais um malabarismo populista e eleitoreiro com a marca registrada do Governo Lula. Muita propaganda, pouca realização; muita bravata, pouca responsabilidade; muito palanque, pouca competência. Esse, verdadeiramente é o cara (**).”

. José Aníbal se tornou líder do PSDB na Câmara CONTRA Zé Pedágio. Ou seja, Zé Pedágio e seus adversários no partido são contra o “Minha Casa”.

. Ou seja, os tucanos dos dois lados: os que vão perder com Serra e os que vão perder com Aécio, no primeiro turno, são contra a casa para o povo.

. Eles gostam de construções na rua Rio de Janeiro e em Higienópolis.

. Seria bom eles irem à agencia da Caixa em Paraisópolis, ou no Jardim Ângela.

. De preferência, na companhia de Fernando Henrique e Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat).

. Ia ser um sucesso: “não comprem casa própria: isso é pura demagogia do Lula !”

Terça-feira, 28 de abril de 2009
Caixa recebeu 221 projetos para programa habitacional

ISABEL SOBRAL
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, fez hoje um balanço dos 10 primeiros dias do programa habitacional do governo federal “Minha Casa, Minha Vida” e informou que, desde seu início, no dia 13 deste mês, até a quinta-feira da semana passada (dia 23), a Caixa recebeu 221 projetos habitacionais de construtoras para atender a população com renda de até dez salários mínimos, alvo do programa.

Maria Fernanda disse que, no período, a Caixa assinou mais de 200 termos de adesão de Estados e de municípios ao programa e que outros 600 municípios já manifestaram intenção de aderir ao programa, mas ainda estão se organizando para efetivamente fazê-lo.

Segundo a presidente da Caixa, os 221 projetos habitacionais apresentados ao banco público correspondem a 43 mil moradias. “É importante dizer que são empreendimentos espalhados por todo o Brasil, não há concentração em nenhuma região”, afirmou. De acordo com Maria Fernanda, esses projetos habitacionais estão em processo de análise, que a Caixa estima concluir em 30 a 45 dias. “Com isso, a nossa expectativa é que as primeiras casas do programa poderão começar a ser entregues dentro de oito a 12 meses”, afirmou.

No dia 13 de abril, quando o programa teve início, o vice-presidente da Área de Governo da Caixa, Jorge Hereda, havia antecipado que alguns projetos habitacionais apresentados anteriormente ao banco público seriam “adaptados” às regras do programa para dar um impulso inicial. Dessa forma, a Caixa espera poder começar a entregar as primeiras unidades habitacionais no próximo ano.

Maria Fernanda, ao responder hoje perguntas durante o programa de rádio, transmitido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), ressaltou que o programa habitacional é permanente e que não há prazo para as inscrições das famílias com renda inferior a três salários mínimos por mês.

Em tempo: o Conversa Afiada destaca comentário que recebeu esta madrugada do amigo navegante Zequinha:

PHA,
Fui a um seminário hoje no SECOVI-SP sobre o MINHA CASA, MINHA VIDA :
*A classe média via manter a demanda por imóveis acima de 150 mil, com leve curva ascendente.
*Nas clases D e E a demanda vai crescer exponencialmente.
Será um crescimento vertiginoso!!!!!
Diretores de Bancos, Caixa Economica, Serasa, Diretores dos Sindicatos da Construção Civil e do Setor Imobiliário, foram enfáticos no crescimento desse nicho, embora ninguem saiba direito como fazer esses 8 milhões de casas, que é o deficit todo, mas fazer um milhão até 2010 todos foram unânimes em afirmar que dá pra fazer. O desafio foi lançado.
Teve palestrante que definiu o programa como uma mudança de paradigma!.
Que não poderá ser abandonado nos próximos governos, todos concordaram que esse programa veio para ficar.
Um palestrante afirmou que o sonhado dia chegou, ou seja há 20 anos o setor reivindica um programa de financiamento mais abrangente e com verbas do orçamento da União.
O Programa poderá trocar o gasto mais ou menos 300 por mês na compra de mais um saquinho de cimento e alguns tijolos pela parcela paga ao banco, uma vez que ele receberá uma casa acabada.
Acho que foi uma cartada brilhante do governo LULA.
Em palestra do prof. Afonso Celso Pastore, ficou demonstrado que as contas do governo permitem esse tipo de investimento , e que os fundamentos da economia já partir do 2° semestre mostram novo ciclo de crescimento sólido.
A dificuldade é dos prefeitos de cidades menores que 50 mil hab. tem mais dificuldades de apresentar ou realizar os projetos.
Dos vários tópicos sobre baixa renda, me chamou a atenção um dado interessante, é que aprox. 62% das classes D e E, tem acesso á internet e 40% usa internet mais de dez horas por semana. 13% compram pela internet.
Outro dado é que se constróem mais ou menos 650 mil casas pelo sistema de auto financiamento e auto administração. daí pra um milhão é um pulinho.
Quanto ao PIG,
Vc acha que, o cara que saiu da fome, comprou um computador nas casas Bahia ou no Carrefour, com um empréstimo consignado, viu seu filho ir pra universidade pelo pró-une, agora vai comprar sua casinha…
vai gastar dinheiro com a Veja, Folha ou Estadão???
Se ganhar de graça ele não acredita em uma vírgula do que PIG escreve

(*) Os tucanos gostam do gerúndio. “SP trabalhando para você”, diz a propaganda milionária do Governo Zé Pedágio no Acre.

(**) Os tucanos já, já, farão com Obama o que o chanceler Celso Lafer disse de Ariel Sharon: Obama (Sharon) não representa os Estados Unidos (Israel). Eles não engolem o “esse é o cara”.

Central de metalúrgicos assume Chrysler Agora é que a Miriam corta os pulsos

Conversa Afiada - 28/abril/2009 23:30

As chamas que botaram fogo no milharal da Miriam

As chamas que botaram fogo no milharal da Miriam

Chrysler faz acordo com credores e central dos metalúrgicos vai ficar com 55% das ações.

Saiu no New York Times:

Chrysler reached a deal with the United Automobile Workers in which the union would own a 55 percent stake in the newly reorganized automaker. The Italian automaker Fiat and the government would probably own the rest…
The agreement with the U.A.W. relieves Chrysler of a portion of the $10 billion it owes to the union’s retiree health fund. In exchange for giving up its claims to some of that $10 billion, the union is getting the significant equity stake in the company.
A central dos metalúrgicos abre mão de cerca de US$ 10 bilhões a que o fundo de pensão dos trabalhadores teria direito e, em troca, assume o controle da companhia.

Aí jaz o neoliberalismo.O Estado (americano) vai assumir o controle da GM.

Agora, é pior ainda: o sindicato vai assumir a Chrysler.

Agora é que a Miriam Leitão vai cortar os pulsos.

Paulo Henrique Amorim

MST: Dantas não quer as terras do PA Quer o subsolo

Conversa Afiada - 28/abril/2009 18:19

 O latifúndio, na verdade, é outro

O latifúndio, na verdade, é outro

Aos que não entendem o interesse de Daniel Dantas em fazendas do Pará, cabe explicar que o objetivo dele não é criar gado. Por trás da fachada agropecuária, Dantas e a Vale do Rio Doce estão em processo de reconcentração fundiária, com o objetivo de investir em mineração, afirma o coordenador do MST no Pará, Charles Trocate, de 32 anos.

Em entrevista por telefone a Paulo Henrique Amorim, o coordenador afirmou também que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), dá impressão de defender criadores de gado mas, na verdade, faz a defesa de Dantas e sua empresa de mineração, a MG4 (*).

“A reconcentração de terras tornará inevitável um mutirão de ocupação porque a sociedade está pronta para enfrentar esse modelo concentrador”, disse Charles Trocate, que mora no assentamento Palmares, perto da Serra dos Carajás. .

O MST chama a atenção para o fato de o Sul e o Sudeste do Pará constituírem uma grande região mineradora. Nos últimos cinco anos, Daniel Dantas comprou 52 fazendas em oito municípios, num total de 800.000 hectares. Entre elas, encontram-se as fazendas Maria Bonita, Espírito Santo e Cedro, ocupadas pelos sem-terra, que são áreas públicas, compradas de forma ilegal.

Há poucos dias, um conflito entre seguranças e milicianos armados a serviço de Dantas na fazenda Santa Bárbara foi testemunhado por um cinegrafista da Globo, que viajou em avião de Dantas e desmentiu a própria Globo.

Ouça a íntegra da entrevista:

Parte 1

Parte 2


(*) O ínclito delegado Protógenes Queiroz já denunciou na CPI dos Amigos de Dantas as atividades mineradoras e sua associação em empreendimentos com Eike Batista.

Novo indiciamento de Dantas

Blog do Luis Nassif - 28/04/09

Atualizado

Da Folha Online

PF indicia Dantas, sua irmã e mais quatro diretores do Opportunity por crimes financeiros

THIAGO FARIA

colaboração para a Folha Online

A Polícia Federal indiciou hoje o banqueiro Daniel Dantas, sua irmã Verônica Dantas e mais quatro diretores do Opportunity por crimes financeiros. De acordo com o advogado Andrei Schmidt, todos eles foram indiciados pelos crimes de gestão fraudulenta, evasão de divisas, empréstimo vedado, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Schmidt criticou os indiciamentos. “É mais uma arbitrariedade. Mais um desdobramento dessa operação polêmica que revela arbítrios nesse país”, disse ele se referindo à Operação Satiagraha, deflagrada em julho de 2008 pelo delegado Protógenes Queiroz.

A operação –que chegou a prender Dantas– investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro e a diretores do Opportunity.

Comentário

Os novos advogados de Dantas são o Nélio Machado sem dentes a mostra.

Comentário 2

Mil desculpas ao advogado Schmidt pela comparação com Nélio. Vários comentaristas, que conhecem o advogado, ficaram irados com a comparação. De fato, me excedi: Schmidt não merecia isso.

A boca livre aérea do Heráclito

Blog do Luis Nassif - 28/04/09

Por Paulo Henrique

aro jornalista,

Eu sou piauiense e uma das minhas grandes revoltas e que, a midia local, a exemplo da nacional, costuma blindar alguns políticos. Um exemplo disso é esse senador Heraclito Fortes. Todos os anos ela faz uma “confraternização com a imprensa” e sorteia entre os “JORNALISTAS”, vários brindes. Até aí tudo bem, o problema e que ele sorteia PASSAGENS AÉREAS, inclusive para a EUROPA.

Quando começou a pipocar esse escandalo das passagens aéreas, eu fiquei feliz. Pensei, agora vão pegar esse salafra. Na própria revista(lixo) Veja aparece uma charge dele e a frase: “se forem atrás das passagens, nem JORNALISTA escapa”. Eu pensei que fosse uma confissão, mas pelo visto foi uma ameaça. Simplesmente não vi uma linha sobre a distribuição de passagens aereas que o nobre senador faz todo ano.

Mas que um desabafo, caro jornalista, estou escrevendo na esperança que você possa aprofunda mais esse tema, pois é mais uma mostra da relação promiscua entre a “midia” e “políticos”. Para o senhor verificar como essa pratica é antiga, basta ir no GOOGLE e usar as palavras sorteio, café da manhã, confraternização e senador heraclito fortes. Vários colunistas locais são agraciados com os brindes e até o jornalista Paulo Markun (em 2005) citou essa farra.

Para finalizar, gostaria de agradecer por me brindar com temas relevantes sobre mídia e economia, seu sitio e espaço acessado várias vezes por dia e sempre acompanho suas materias. Obrigado por tudo

Do Terra

Obelix do Piauí e sua escada magirus

Sexta, 30 de dezembro de 2005, 15h27

Paulo Markun - Colunista do Jornal do Terra

Pois nesta sexta-feira, Heráclito Fortes reuniu a imprensa de Teresina para um encontro de fim de ano. Os jornalistas que compareceram ganharam do senador uma agenda eletrônica. No final, ainda foram sorteados brindes como uma passagem para Lisboa, Portugal, ganha pelo cinegrafista Mardone Valcacer. Na festinha, o senador apresentou sua nova conquista, a escada magirus para Teresina.

Peripécias de um herói da mídia

Blog do Luis Nassif - 28/04/09


Por Domingos

Vale dar uma olhada na nesta coletânea de matérias sobre o Opportunity Fund:

* Opportunity Fund comprou ações de teles fazendo garimpagem - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=37827

* Opportunity Fund burlou regras do Anexo IV - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=39897

* Conflitos de interesse nas investigações da CVM sobre o Opportunity Fund - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=39681

* Editorial de TELETIME sobre os conflitos de interesse na CVM - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=39950

* Presidente da CVM processa TELETIME após denúncias - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=40124

*Opportunity Fund condenado pela CVM - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=49291

* Investigações pendentes sobre o Opportunity Fund - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=49398

* Opportunity Fund é usado para tomada de controle na Telemig Celular - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=40619

* Fornecedores de BrT fizeram investimentos no Opportunity Fund - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=52134

* Fornecedores da BrT fizeram investimentos no Opportunity Fund 2 - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=61444

* Brasil Telecom financiou negócios do Opportunity Fund - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=59209

* Dantas tenta usar Opportunity Fund para acordo com italianos - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=87920

* Opportunity lucra com venda da Telemig Celular - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=76561

* Opportunity Fund absolvido pelo Conselhinho - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=78156

* Opportunity processa BrT com ações garimpadas pelo Opportunity Fund - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=61816

* Citibank e Dantas fazem acordo em Nova York - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=88114

* Opportunity sai do setor de telecomunicações - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=87920

* Operação Satiagraha investiga a BrOi - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=90566

* Opportunity Fund é alvo da Satiagraha - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=90599

* Estruturas societárias são alvo de investigação - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=90600

* Empresas montadas por Dantas foram alvo de busca e apreensão - http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=91868

O refresco nas contas externas

Blog do Luis Nassif - 28/04/09

Confirmaram-se algumas análises sobre o superávit comercial. Em um primeiro momento, a crise internacional afetaria as exportações brasileiras - de commodities, pela queda da quantidade e preço, e de manufaturados, pela ausência de contratos de longo prazo. Apenas em um segundo momento começaria a bater nas importações, já que os importadores estavam amarrados por contratos de médio prazo.

Do Estadão

Superávit acumulado é 35,7% maior que em 2008

Renata Veríssimo

O superávit da balança comercial acumulado no ano, até a quarta semana de abril, totaliza US$ 5,56 bilhões, 35,7% maior que no mesmo período do ano passado, quando fechou em US$ 4,09 bilhões. O resultado deve-se à retração do comércio mundial, que levou a uma queda nas exportações e nas importações brasileiras. As vendas externas, no período, caíram 17,3% pela média diária, totalizando US$ 40,67 bilhões. Já as importações diminuíram 22,3%, somando US$ 35,11bilhões.

Fora, Gilmar

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 28 de abril de 2009 às 19:45

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Mais informações no blog

Mensalão da Abril será investigado

Atualizado e Publicado em 28 de abril de 2009 às 19:41

Mensalão de Serra para Grupo Abril vira caso de polícia

do blog Amigos do Presidente Lula

O Ministério Público Estadual (MPE) abriu investigações para apurar corrupção no contrato de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola, sem licitação, entre a Secretaria de Educação de São Paulo e a Fundação Victor Civita (do Grupo Abril).

O valor do contrato alcança R$ 3,7 milhões.

Entre as irregularidades e dúvidas, constata-se:

- A Secretaria da Educação desconsiderou a existência de outras publicações da área, beneficiando a editora Abril.

- O governo Serra não consultou os professores e passou para a fundação privada os endereços pessoais dos professores, sem qualquer comunicado ou pedido de autorização. Isso fere a constituição federal, pois dados cadastrais pessoais não podem ser repassados a terceiros sem autorização da pessoa.

- Além disso, se a assinatura é para fins profissionais, porque não informar o endereço de trabalho do professor? O governo de São Paulo pagará horas de jornada extra ao professor pela leitura do material profissional em casa?

- Qual a prioridade deste material, neste valor, no contexto dos investimentos em educação, e diante de outras carências e pauta de reivindicação dos educadores?

O promotor Antonio Celso Campos de Oliveira Faria, designado para ocaso, oficiou a FDE — órgão do governo estadual responsável pela contratação —, solicitando que esclareça os motivos da contratação. A diretora de projeto especiais da FDE foi intimada a prestar depoimento nos próximos dias.

Faria também oficiou a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo) a informar se foi consultada sobre a escolha da Nova Escola — e se ocorreram reclamações por parte dos professores devido ao fornecimento de seus endereços particulares.

O promotor ainda notificou outras editoras que atuam no ramo educacional, consultando se teriam condições de participar do processo licitatório que sequer foi aberto.

Em tempo: quem acionou o MPE foram os deputados do PSOL. Ouviu PT?

Por: Zé Augusto . Segunda-feira, Abril 27, 2009

Perigos da desglobalização

Site do Azenha - Atualizado e Publicado em 28 de abril de 2009 às 19:35

Perigos da desglobalização

16/3/2009, Jayshree Bajoria, Council of Foreign Affairs

http://www.cfr.org/publication/18768/dangers_of_deglobalization.html

De trabalhadores da construção civil a banqueiros formados em Harvard, muitos estrangeiros estão sendo forçados a deixar Europa e EUA e voltar para casa, ao ritmo em que economias que cresciam há alguns meses, entram em violenta e rápida contração em todo o mundo.

Em termos globais, são 24 milhões das 52 milhões de pessoas que perderam seus empregos em 2009, segundo estimativas recentes da Organização Internacional do Trabalho, OIT. Sentimentos populares e ações protecionistas em países que dependeram do trabalho de migrantes estrangeiros nos anos do boom têm hoje, como centro de seus problemas em todo o mundo, cerca de 200 milhões de migrantes.

Há muitos exemplos de novo protecionismo: em 2009, os EUA aprovaram lei que impõe restrições severas a que as empresas beneficiadas com dinheiro no Tesouro nas operações de 'resgate', empreguem trabalhadores qualificados não norte-americanos.

A Malásia e a Arábia Saudita orientam suas empresas para que, nas operações de redução de custo ou reestruturação dos negócios, demitam primeiro os trabalhadores estrangeiros. Na Inglaterra, houve protestos em grande escala (Telegraph), contra os trabalhadores não-ingleses, numa refinaria. Há notícias das Filipinas, de que mais de 5 mil filipinos já perderam seus empregos no exterior, de outubro/2008 a janeiro/2007.

Até a Irlanda já está rediscutindo suas leis de imigrações, sempre tidas como liberais, e que possibilitaram que levas massivas de imigração sustentassem o crescimento do país desde o final dos anos 90s. Em pesquisa de setembro de 2008, quando a economia do país já estava abalada, 66% dos irlandeses declararam-se a favor de leis mais restritivas para trabalhadores estrangeiros (IrishTimes).

Muitos especialistas estão estudando essa 'desglobalização'. Alguns também já temem uma drenagem reversa (dos EUA para fora) de cérebros.

Examinando a contribuição de trabalhadores qualificados estrangeiros, para a economia dos EUA, o professor Vivek Wadhwa, da Duke University, observa que trabalhadores imigrados para os EUA fundaram 25% de todas as empresas de tecnologia e engenharia criadas entre 1995 e 2005, e metade de todas que se instalaram no Vale do Silício.

Matthew Slaughter, do Conselho de Foreign Affairs diz que imigrantes qualificados podem ajudar a ressuscitar a economia, criando mais empregos nos EUA. "Se os impedirmos de ficar, estaremos nos prejudicando", escreveu como co-autor de artigo recentemente publicado no Wall Street Journal. A pesquisa de Wadhwa demonstra que as empresas de alta tecnologia fundadas por imigrantes geraram 52 bilhões de lucros e empregaram 450 mil trabalhadores em 2005.

No curto prazo, os especialistas temem os efeitos, para a economia norte-americana, de medidas protecionistas contra imigrantes e a perda dos empregos – que mandem de volta esses migrantes para seus países de origem e contenham as ondas migratórias para os EUA. Esses movimentos reduziriam o dinheiro enviado para seus países de origem, o quê, associado ao desemprego, faria aumentar os riscos de instabilidade social e política.

O Banco Mundial estima que haverá queda de 0,9% nessas remessas em 2009, mas que a queda pode chegar a 6%, se a situação econômica agravar-se nos EUA. A Organização Internacional para a Migração também alerta contra o risco de crescerem as manifestações de xenofobia "baseadas na falsa ideia" de que os migrantes 'roubariam' empregos de trabalhadores locais.

No longo prazo, escreve Stephen Castles, co-autor do livro The Age of Migration, the motivation to migrate, em tempos de recessão, talvez mais do que antes, as remessas de dinheiro podem converter-se em forma consistente e resistente de transferência internacional de fundos.

Argumenta também que a desigualdade econômica global e os desequilíbrios demográficos entre populações mais idosas do norte e a massiva população mais jovem e em idade produtiva do sul ainda são fatores importantes para gerarem futuras ondas migratórias.

A recente queda no número de prisões de imigrantes na fronteira EUA-México levanta pelo menos uma questão: o encolhimento do mercado de trabalho nas economias desenvolvidas deterá a imigração ilegal? Os especialistas parecem divididos. Alguns, de fato, pensam que leis de imigração mais rígidas nos mercados de destino podem apenas fortalecer o mercado de trabalho ilegal.

Para responder efetivamente à crise financeira, os economistas em geral argumentam contra os países ricos imporem barreiras aos migrantes. Em outubro de 2008, o secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon destacou que a migração pode arrancar o mundo de sua crise econômica. "Agora, mais do que nunca, políticos e governantes estão obrigados a cooperar através de todas as fronteiras", disse ele.

Também há quem pense em reformar as leis de migração de modo a não impedir o trânsito de trabalhadores qualificados, sem, com isso, afrouxar o controle nas fronteiras. Em recente entrevista a CFR.org, o ex-secretário de Segurança Interna dos EUA, Michael Chertoff, disse que os legisladores, nos EUA, deveriam já estar trabalhando para alterar as políticas de imigração, antes até de que o país entre em processo de recuperação econômica. "Há muito o que dizer agora, antes de que a economia se recupere, e a demanda por mão-de-obra volte a crescer", disse ele.

Reutilização excessiva de óleo de cozinha em restaurantes causa danos à saúde

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

A reutilização excessiva do óleo de cozinha de alimentos por restaurantes produz elementos tóxicos que podem causar doenças degenerativas, cardiovasculares e envelhecimento precoce, segundo o pesquisador Márcio Antônio Mendonça, do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB). Mendonça analisou o óleo de fritura de quatro restaurantes do Distrito Federal, que servem quatro mil refeições por dia.

A notícia é da Agência Brasil, 27-04-2009.

O óleo de fritura nesses estabelecimentos, constatou o pesquisador, chegava a apresentar acidez quatro vezes maior que o percentual de 0,3% permitido ao produto quando sai da fábrica. O índice de gordura saturada, acrescentou, também era três vezes maior do que o estabelecido pela lei. “O óleo perde seus constituintes naturais com a reutilização e forma compostos tóxicos, prejudiciais à saúde” afirmou Mendonça.

A reutilização excessiva do óleo também pode causar irritação na mucosa gástrica e piorar o estado de pessoas que tem gastrite, por exemplo, além de diminuir o valor nutritivo do alimento, segundo a nutricionista Elke Stedefeldt, da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).

Em uma pesquisa prévia para selecionar os restaurantes cujo óleo seria analisado, Mendonça encontrou alguns que usavam o mesmo óleo por até 20 dias. Os quatro selecionados para o estudo reutilizavam por até dez dias. Segundo ele, o óleo dos estabelecimentos estava em boas condições até o sexto dia de uso.

Elke recomenda que os restaurantes tenham uma forma de controlar a qualidade do óleo. “Hoje existe no mercado fitas que você pode utilizar no controle desse óleo. Elas avisam quando você deve descartá-lo, porque depende do alimento e do tempo de fritura. Há vários fatores que influem no tempo de troca desse óleo”. Elke e Mendonça recomendam que, em casa, o óleo seja descartado a cada fritura.

O consumidor pode identificar visualmente se o alimento foi frito em óleo velho, segundo Mendonça. “Um alimento frito no óleo novo fica com características de cor mais clara, mais crocante. Um alimento frito em um óleo já em processo de degradação fica com manchas escuras.”.

O Brasil ainda não tem uma lei sobre descarte do produto. “Hoje o dono de restaurante pode reutilizar o óleo quantas vezes ele quiser”, afirmou Mendonça. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem dez recomendações sobre o uso e descarte do óleo de cozinha. Entre elas, filtrar o material após o uso, jogá-lo fora se surgir espuma ou fumaça, aquecê-lo a, no máximo, 180ºC, evitar completar óleo velho com novo e não descartá-lo na rede pública.

Transgênico contamina soja do PR e causa prejuízo

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

A aplicação de sementes de soja convencional na lavoura não foi suficiente para que alguns produtores colhessem grãos livres de transgenia na última safra. No Paraná, aqueles que tentaram honrar contratos antecipados foram surpreendidos com o resultado positivo para transgênicos no teste feito no ato da entrega. Com isso, tiveram que amargar prejuízo por causa do pagamento pelos royalties e desconto do prêmio, cuja média é de R$R$ 2,00 pela saca.

A reportagem é de Roberto Tenório e Fabiana Batista, publicada no jornal Gazeta Mercantil, e reproduzida pela página eletrônica EcoDebate, 28-04-2009.

Os indícios de transgenia em lavouras de soja convencional estão trazendo prejuízos aos produtores em algumas regiões do Brasil. No Paraná, além de pagar royalties à contragosto, alguns produtores tiveram o contrato cancelado por parte dos compradores que preferem o grão convencional. Em busca de maior remuneração, alguns escolhem plantar apenas o convencional em busca de prêmios médios de R$ 2,00 pela saca. Porém, o manejo inadequado das sementes ou mesmo da lavoura podem provocar a contaminação do tipo convencional por meio da poeira de grãos transgênicos.

Os problemas no manejo por produtores de sementes seriam o principal canal de contágio na cadeia produtiva, conforme informações de uma fonte do Paraná que preferiu não se identificar. Dessa maneira, a contaminação só é descoberta após o término da colheita, por meio do teste feito no ato da entrega às empresas compradoras. “A falta de limpeza das máquinas e no processo de beneficiamento está causando a contaminação. Com isso, o produtor acaba sendo obrigado a pagar royalties para a Monsanto, que é a dona da tecnologia na região. Se continuar assim, daqui a algum tempo não haverá mais soja convencional”, afirmou. Segundo disse, a empresa americana abocanha 2% do valor da mercadoria.

“Os transgênicos precisam de credenciamento para comercialização. Mas o convencional fica exposto à negligência da fiscalização, que deveria ser feita pelo Ministério da Agricultura”, completou a mesma fonte. Segundo disse, uma maneira de resolver o problema seria credenciar empresas para produzir apenas uma variedade por propriedade.

“Fica economicamente inviável produzir sementes separadas. É preciso um papel mais atuante do Ministério da Agricultura. Um processo de certificação eficiente agregaria valor à agricultura nacional como um todo.”, avaliou Luis Filipe Sousa Dias Reis, diretor da PGP Consultoria e Assessoria, especializada em implantação de sistemas para certificação. Para ele, as empresas de sementes não estão agindo com má fé. “Acredito que o mercado para as duas variedades devem conviver em harmonia”.


O Ministério da Agricultura afirmou desconhecer qualquer denúncia sobre o assunto. Por meio de sua assessoria, disse que qualquer denúncia deve ser encaminhada ao setor de mudas e sementes do Ministério ou às superintendências locais, instaladas em cada um dos estados brasileiros.

Os sementeiros, por sua vez, rebatem as acusações e dizem que a contaminação também pode ocor-rer na própria lavoura, com a utilização de equipamentos alugados, ou mesmo no transporte dos grãos com caminhões que transportaram transgênicos. Dizem ainda que o produtor pode pedir a análise do lote de sementes no ato da compra, o que elimina qualquer responsabilidade das empresas após o início do plantio. No entanto, assumem que o contágio é possível e que alguns casos foram constatados no Brasil nas duas últimas safras.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Monsanto disse que não acha justa a cobrança indevida e que não cobra royalties de quem comprovadamente usou soja convencional. Afirmou ainda que a possibilidade de ocorrer contaminação no campo é muito pequena e que “os testes feitos nos pontos de recebimento da safra de soja (traders, cooperativas) não têm precisão para identificar baixos níveis de soja transgênica em cargas de convencional. Desta forma, o produtor que plantou soja convencional está protegido”.

Iwao Miyamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (b), reconheceu que houve casos de contaminação. Mas disse que os indícios aparecem apenas superficialmente e a genética da planta continua dentro das normas previstas pela lei. “Sabemos que a poeira do grão geneticamente modificado pode contaminar o convencional. Por isso, é preciso avaliar se o produtor tomou cuidado no ato da colheita. Caso tenha alugado alguma máquina ou caminhão que transportou grão geneticamente modificado, é possível que o teste acuse positivo”, se defendeu.

A assessoria da Perdigão confirmou que foram encontrados traços de transgenia em algumas cargas pontuais entregues por produtores no estado do Paraná. Segundo a companhia, a soja foi devolvida, pois 100% dos animais da empresa são alimentados apenas por grãos convencionais. No entanto, não foi informado o volume das cargas rejeitadas.

Eugênio Bohatch, diretor da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), afirmou que o processo de produção da semente no estado respeita todas as regras previstas na lei. “Não podemos afirmar que as sementes são as responsáveis pelo contágio. O manejo do produtor também precisa ser observado”, afirmou.

Miyamoto, presidente da Abrasem, disse que a maioria das empresas que trabalham com grãos convencionais e modificados observam o manejo. “Seria correto o agricultor observar a lei e pedir a análise do lote no ato da compra. Depois da manipulação da semente, as empresas estão isentas de qualquer responsabilidade”.

Risco de contágio entre lavouras é baixo, mas possível

O pesquisador da Embrapa Soja, Marcelo Fernandes de Oliveira, explica que a contaminação de lavouras de soja convencional por uma lavoura transgênica vizinha é possível. Isso porque, apesar de baixa (1%), a taxa de polinização cruzada da soja por inseto existe. Por isso, a pesquisa orienta um isolamento de 10 metros entre essas lavouras . Ele acrescenta ainda que, normalmente, o produtor sementeiro, também deixa de colher duas a três fileiras da planta para reduzir ainda mais os riscos de mistura, em eventuais casos de polinização cruzada. “Apesar de a ocorrência em soja ser mínima, ela pode acontecer, mesmo que tomados esses s cuidados”, esclarece.

O especialista detalha ainda que, de fato, se uma semente transgênica cair em um lote, e este for analisado, o resultado será de contaminação por traços de transgenia. “O mesmo ocorre se uma colheitadeira, por exemplo, não for devidamente limpa”. Oliveira esclarece ainda que é preciso alguns cuidados quando uma lavoura transgênica é convertida em convencional na safra seguinte. “A soja tem alguns materiais de semente dura que, às vezes, germina no ano seguinte. Por isso, normalmente o produtor não planta nas primeiras chuvas para esperar se vai haver alguma germinação”, acrescenta. Se isso não for feito, continua o pesquisador, é muito provável que depois de crescidas, as plantas não possam ser identificadas e retiradas, ocorrendo, assim, a contaminação.

Destino da GM pode ser a fragmentação

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

A General Motors nos Estados Unidos está "agonizante" e se arrasta para um provável desmembramento, na opinião do economista Fernando Sarti, professor do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (Neit) do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Para o especialista, o novo plano de viabilidade, anunciado ontem, é mais uma tentativa do governo americano, junto com os executivos da GM, de valorizar os ativos da empresa que ainda podem ser objetos de alguma negociação, seja a venda ou a fusão com outras empresas.

A reportagem é de Fernando Dantas e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-04-2009.

Ele acha também que o plano tem um componente político. "Não teria cabimento um governo que vai comemorar cem dias ter no seu currículo o fechamento da empresa que foi o símbolo da economia capitalista. A ideia é dar um tempo, um respirador, mas não acredito que a GM consiga sair dessa situação", comenta Sarti.

Para o economista, "o problema da GM não é simplesmente de caixa". Ele nota que a empresa já enfrentava dificuldades antes da crise financeira global e não realizou as inovações de produtos, de processo e organizacionais de que precisaria para se manter competitiva em relação a rivais como as montadoras japonesas. Para ele, "não há mais tempo hábil para que a GM corra e feche essa brecha".

Diante desse quadro, a possível estatização da GM - caso o plano anunciado ontem vá em frente - é uma forma de o governo do presidente Barack Obama mostrar que não foi insensível às perdas estratégicas e de empregos com o colapso da mais famosa montadora americana. "Se o governo cruzasse os braços e sinalizasse uma solução puramente de mercado, a GM já teria fechado as portas há seis meses", resume Sarti.

Mas o governo também busca indicar, na sua análise, que esse compromisso com a GM tem limites, já que mesmo com uma injeção muito mais maciça não teria como salvar a empresa - e há uma disputa pelos recursos para o salvamento de outros setores e empresas.

Assim, a solução seria tentar dar "liquidez" aos ativos intangíveis ainda preservados da GM, como as principais marcas, fatias de mercado e, especialmente, as operações no exterior, como na Europa, China e Brasil.

Sarti, observa, porém, que a GM não vai conseguir apoio de governos e bancos para as suas operações no exterior - como vem tentando, inclusive no Brasil, como no caso da ampliação da unidade de Gravataí -, se não conseguir segregá-las totalmente da matriz.

"Ninguém é maluco hoje de botar dinheiro na empresa, que pode acabar indo parar na matriz", diz o economista. Uma saída, portanto, seria valorizar pedaços ainda vendáveis da empresa e vendê-los ou incorporá-los a outras empresas por meio de fusões. Separados da estrutura apodrecida da montadora americana, esses pedaços poderiam então receber aportes de recursos e sobreviver ao colapso da empresa símbolo do capitalismo americano.

Os amigos de Tim Geithner

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

"O peso dos interesses e os interesses de peso transformaram o Estado americano numa caricatura da República, num mercado de influências e relações perigosas", constata Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, em artigo publicado no jornal Valor, 28-04-2009. Segundo ele, "essa engrenagem controla o Estado por dentro e precisa produzir as condições que a ajudem a reproduzir a si mesma. Não é, portanto, surpreendente que os episódios de promiscuidade se multipliquem". Para Belluzzo, "a parolagem dos mercados livres serviu aos senhores da grana para colocar a seu serviço as forças da política. Imagino que até mesmo os vendedores de cachorro-quente nas alamedas de Wall Street saibam do contubérnio entre autoridades reguladoras e instituições (des)reguladas".

Eis o artigo.

A edição de segunda-feira, 27 de abril, do jornal New York Times oferece aos leitores a biografia profissional de Timothy Geithner, o atual do secretário do Tesouro dos Estados Unidos. A matéria pretende desvendar as relações entre Geithner e o mundo da alta finança, como se as relações incestuosas entre o Estado e os mercados fosse novidade.

Ainda assim, o rol de equívocos promíscuos cometidos por Geithner em sua função de autoridade reguladora, presidente do Fed de Nova York, é impressionante. Entre tantas proezas figura com "aplomb" afirmação em 15 de março de 2007: "As inovações financeiras, como os derivativos, melhoraram a capacidade de avaliar e administrar os riscos". Para Geithner "as maiores instituições estavam em geral mais fortes no que diz respeito aos requerimentos de capital em relação ao risco". O palpite infeliz foi pronunciado em 2007, quando a crise financeira já mostrava os dentes e afiava as garras. Dois dias depois, entrevistas e gravações mostram que Geithner trabalhou nos bastidores para reduzir o capital dos bancos. A crise veio brava e os amigos do Dr. Geithner foram pegos no contrapé, com capital e reservas insuficientes para contrabalançar as perdas. Remeto o leitor desejoso de informações mais completas sobre as façanhas de Tim Geithner ao texto do NYT.

O propósito aqui não é individualizar as responsabilidades, mas repetir o que já foi dito em outra ocasião no espaço que o jornal Valor generosamente me concede: desde sua fundação, mas sobretudo na posteridade da Guerra de Secessão, o peso dos interesses e os interesses de peso transformaram o Estado americano numa caricatura da República, num mercado de influências e relações perigosas. Essa engrenagem controla o Estado por dentro e precisa produzir as condições que a ajudem a reproduzir a si mesma. Não é, portanto, surpreendente que os episódios de promiscuidade se multipliquem. Os liberais querem resolver isto fazendo com que o Estado deixe de se intrometer nos assuntos econômicos. O problema desta sugestão é que, a despeito das lamentações dos liberais, são os mercados se intrometem na política.

Em um de seus derradeiros ensaios, "A Economia das Fraudes Inocentes", John Kenneth Galbraith fala dos Estados Unidos, a economia capitalista mais avançada do planeta e, por isso mesmo, o país em que as relações entre o público e privado se apresentam sob a forma mais evoluída. Ele diz: "A intrusão do setor nitidamente privado no setor público se generalizou. Dotados de plenos poderes na grande empresa moderna, é natural que os executivos estendam este papel para a política e para o Estado". As recentes investidas neoliberais conseguiram desfigurar algumas das dimensões do Estado do Bem-Estar, a dano dos subalternos.

O Estado está cada vez mais envolvido na sustentação das condições requeridas para o bom desempenho das suas empresas na arena da concorrência generalizada e universal. Elas dependem do apoio e da influência política de seus Estados nacionais para penetrar em terceiros mercados (acordos de garantia de investimentos, patentes etc.), não podem prescindir do financiamento público para suas exportações nos setores mais dinâmicos e seriam deslocadas pela concorrência sem o benefício dos sistemas nacionais de ciência e tecnologia. Muito menos podem dispensar o papel crucial das políticas do Estado quando a euforia do ciclo financeiro e de investimento leva à sobre acumulação produtiva e à ameaça de desvalorização da riqueza.

As transformações ocorridas nas últimas décadas não se propõem a reduzir o papel do Estado, nem enxugá-lo, mas almejam aumentar sua eficiência como agente da acumulação capitalista, em detrimento do seu papel "social". Em alguns países, como nos Estados Unidos da era Bush, o deslocamento do eixo das políticas do Estado é de uma evidência chocante, com o inequívoco enfraquecimento das políticas sociais.

Deveria ser óbvio que a parolagem dos mercados livres serviu aos senhores da grana para colocar a seu serviço as forças da política. Imagino que até mesmo os vendedores de cachorro-quente nas alamedas de Wall Street saibam do contubérnio entre autoridades reguladoras e instituições (des)reguladas.

A concorrência entre as grandes empresas e bancos não só impõe a presença do Estado nos negócios, mas promove a captura da função reguladora pelos privados e incita a luta pela apropriação de recursos fiscais. Os agentes de favorecimentos estão por toda a parte, surgem dos cantos, brotam das paredes dos edifícios públicos. Tentar caçá-los como quem organiza um safári é candidatar-se a um monumental fracasso. O jogo abusivo e agressivo de influências não raro culmina em acusações recíprocas.

As denúncias de corrupção escancaradas pelos meios de comunicação não raro fazem parte da rivalidade cruenta entre grandes empresas e grupos econômicos poderosos. Os protagonistas do minueto entre a lei e sua transgressão sistemática não sabem, mas fazem: dançam conforme os desígnios das relações promíscuas entre a esfera pública e os interesses privados, típicas da economia moderna. Nelas se enlaçam o arbítrio, o segredo, a obscuridade e a denúncia escandalosa, vícios constitutivos do modo de funcionamento do capitalismo realmente existente. O jogo plutocrático não tem outra regra senão a usurpação sistemática dos princípios do Estado de Direito para uso particular. (A palavra ética frequenta certos círculos que podem comprometer sua reputação.)

Diante da sucessão de episódios sombrios, alguém pedirá a palavra para proclamar que os desmandos das autoridades e as práticas ilícitas são inerentes à natureza humana. Invocar a "natureza humana" é um recurso de preguiçosos. É possível demonstrar que, em certos momentos da história recente, as crenças, os valores e as praticas dominantes na sociedade - a ética, diria Hegel, não os arroubos de moralismo narcisista - conseguiram acuar a corrupção nos becos escuros da vida social.

Dinheiro para nada

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

"Pode-se argumentar ainda que é necessário salvar Wall Street para proteger a economia como um todo - com o que eu concordo. Mas, considerando todo o dinheiro dos contribuintes que está envolvido nisso, as companhias financeiras deveriam atuar como empresas de serviços públicos, e não voltar às mesmas práticas e aos cheques polpudos de 2007", escreve Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia, em artigo publicado no jornal The New York Times e reproduzido pelo jornal O Estado de S. Paulo, 28-04-2009. Segundo ele, "pagar enormes somas a pilantras não é apenas vergonhoso. É perigoso". Para Krugman, "em 2008, os banqueiros que ganhavam cifras astronômicas e assumiam riscos com o dinheiro dos outros derrubaram a economia mundial. A última coisa de que precisamos, agora, é dar-lhes a chance de fazer tudo isso de novo".

Eis o artigo.

No dia 15 de julho de 2007, o jornal The New York Times publicou um artigo com o título "Os mais ricos dos ricos gabam-se de uma nova Idade do Ouro". O mais badalado dos "novos titãs" era Sanford Weill, ex-chairman do Citigroup, segundo o qual ele e seus colegas do setor financeiro haviam ganhado imensas fortunas graças à sua contribuição para a sociedade.

Logo após a publicação do artigo, o edifício financeiro que Weill se vangloriava de ter ajudado a construir, ruiu,provocando imensos danos no caminho. Mesmo que seja possível evitar uma réplica da Grande Depressão, levará anos para a economia mundial se recuperar da crise atual.

Tudo isso explica por que deveríamos nos sentir incomodados por um artigo publicado pela edição do Times de domingo, mostrando que as remunerações nos bancos de investimento, que haviam despencado no ano passado, voltaram a subir vertiginosamente - alcançando os mesmos níveis de 2007.

Por que isso incomodaria? Em primeiro lugar, não há mais razões para se acreditar que os mágicos de Wall Street contribuam realmente com algo positivo para a sociedade e, muito menos, para justificar cheques descomunais.

Não esqueçamos de que a era dourada de Wall Street em 2007 era um fenômeno relativamente novo. Da década de 30 à de 80, aproximadamente, o setor bancário era um ambiente estável, um tanto tedioso, que, em média, não pagava melhor do que outros setores e mantinha as engrenagens da economia funcionando.

Portanto, por que motivo alguns banqueiros começaram de repente a ganhar imensas fortunas? Segundo fomos informados, eles foram premiados por sua criatividade e inovação financeira. Entretanto, a essa altura, é difícil pensar em inovações financeiras recentes que realmente tenham sido uma contribuição para a sociedade, e não em maneiras mais modernas de estourar bolhas, burlar normas e executar sofisticadas operações fraudulentas.

Num recente discurso de Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) tentava defender a inovação financeira.

Seus exemplos de "ótimas inovações" na área de finanças eram:

1) os cartões de crédito - não exatamente uma ideia nova;

2) a proteção contra saques a descoberto; e

3) as hipotecas subprime.

(Não estou inventando.)

Foram essas então as coisas pelas quais os banqueiros receberam toda aquela dinheirama? Pode-se argumentar que temos uma economia de livre mercado e cabe ao setor privado decidir quanto valem seus funcionários. E isso me leva ao segundo ponto: na realidade, Wall Street deixou de fazer parte do setor privado. Agora, é um setor do Estado, tão dependente da ajuda oficial quanto os beneficiários da Assistência Temporária para as Famílias Necessitadas, ou seja, do Estado "previdenciário".

Não estou falando apenas dos cerca de US$ 600 bilhões já destinados ao Tarp - Programa de ajuda aos ativos com problemas financeiros. Há também as imensas linhas de crédito oferecidas pelo Fed, empréstimos em larga escala do Federal Home Loan Banks, os contratos da AIG pagos pelo dinheiro dos contribuintes, a imensa expansão das garantias da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) e, mais amplamente, o respaldo implícito a todas as companhias financeiras consideradas excessivamente grandes ou estratégicas, para entrarem em colapso.

Pode-se argumentar ainda que é necessário salvar Wall Street para proteger a economia como um todo - com o que eu concordo. Mas, considerando todo o dinheiro dos contribuintes que está envolvido nisso, as companhias financeiras deveriam atuar como empresas de serviços públicos, e não voltar às mesmas práticas e aos cheques polpudos de 2007.

Além disso, pagar enormes somas a pilantras não é apenas vergonhoso. É perigoso. Afinal, por que os banqueiros assumiram riscos tão grandes? Porque o sucesso - ou mesmo uma aparência temporária de sucesso - oferecia recompensas gigantescas: os próprios executivos que estouraram suas companhias podiam e, na realidade, saíram com centenas de milhões de dólares. Agora, as mesmas compensações continuam a ser dadas a pessoas que fazem seus jogos arriscados com o respaldo do governo.

Mas o que está acontecendo? Por que essas remunerações voltaram a ser estratosféricas? Não podemos achar plausível a afirmação de que as companhias precisam pagar esses salários para preservar seus melhores funcionários: se o emprego no setor financeiro está despencando, para onde estarão indo essas pessoas?

Não, a verdadeira razão pela qual as financeiras voltaram a pagar salários tão altos é simplesmente porque podem. Elas voltaram a ganhar muito dinheiro (embora não tanto quanto afirmam), e por que não? Afinal, podem tomar dinheiro emprestado a um custo reduzido, graças às garantias oferecidas pelo governo, e emprestar esse dinheiro a taxas muito mais altas. Portanto, a ordem é aproveitar ao máximo, porque amanhã poderão ser enquadradas numa nova regulamentação.

Ou talvez não. Na imprensa financeira há uma sensação palpável de que a tempestade já passou: as ações subiram, a queda livre da economia se reverteu e o governo Obama provavelmente permitirá que os banqueiros se safem apenas com alguns discursos mais severos. Certo ou errado, os banqueiros aparentemente acreditam que, em breve, os negócios, do modo como costumavam realizar, voltarão à normalidade.

Só podemos esperar que nossos líderes mostrem que estão errados e façam as reformas necessárias. Em 2008, os banqueiros que ganhavam cifras astronômicas e assumiam riscos com o dinheiro dos outros derrubaram a economia mundial. A última coisa de que precisamos, agora, é dar-lhes a chance de fazer tudo isso de novo.

Vírus e pânico: os dois perigos

Instituto Humanitas Unisinos - 28/04/09

Dois são os perigos que surgem a partir do aparecimento de novos vírus: a efetiva difusão da doença em nível mundial e o pânico ao qual as pessoas podem ser arrastadas. Porém, "é preciso esclarecer que [...] não se observa uma pandemia viral no mundo desde o século passado, nos tempos da terrível gripe espanhola".

A opinião é do cirurgião e oncologista italiano Umberto Veronesi, em artigo para o jornal La Repubblica, 27-04-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o artigo.

Nestes dias, com o aparecimento de novos vírus, como o vírus mexicano, se apresentam não só um, mas dois perigos. O primeiro é a efetiva difusão da doença em nível mundial. O segundo é o pânico ao qual as pessoas podem ser arrastadas. Acima de tudo, é preciso esclarecer que, mesmo que esse novo vírus se apresente muito agressivo, pelo número dos primeiros contágios, não se observa uma pandemia viral no mundo desde o século passado, nos tempos da terrível gripe espanhola.

Desde então, os fantasmas como o mal da vaca louca, a Sars e a gripe aviária foram perseguidos com as medidas sanitárias e preventivas oportunas. É verdade que, paradoxalmente, no campo das doenças infecciosas, o mundo moderno parece mais frágil do que o mundo antigo. Aprendemos a nos defender de infecções quase certamente mortais (pensemos na varíola, na peste, no tifo, no cólera), mas na era da globalização e dos voos intercontinentais, os oceanos e as grandes distâncias por terra não servem mais como barreiras.

E também o conceito de "cordão sanitário" se enfraqueceu: o alarme se difunde muito tarde com relação à velocidade das viagens e do grande número de viajantes no mundo. São interrogativas novas, frente às quais fechar os olhos não ajuda, mas levantar a guarda sim. Eu estou convencido de que hoje uma pandemia também pode ser enfrentada e resolvida, se procedermos com uma organização eficaz e moderna, como está se demonstrando a que foi ativada rapidamente pela Europa e pela Itália. Porém, esse "sistema de salvamento" corre o risco de empacar se a população não seguir racionalmente as recomendações de comportamento, perdendo-se nas suas ânsias.

E aqui chegamos ao segundo perigo. Todos sabemos bem que a imprensa, pela sua natureza, está em busca da notícia e vive na onda emotiva que aquela desencadeia inevitavelmente. Porém, no caso de um alarme de doença, a emotividade pode criar fragilidades nas estruturas sanitárias e induzi-las a adotar medidas desproporcionais, com o objetivo de vencer mais o medo do que o vírus.

Por exemplo, para a gripe aviária, foram investidos milhões de euros em fármacos que nunca foram utilizados. Era forte a pressão da população assustada, e a essa força contribuíram as imagens de milhares de frangos queimados vivos que ricocheteavam de uma TV à outra. Vivi em primeira pessoa, quando era ministro da Saúde, a odisséia da encefalite bovina via bactérias (vaca louca) que colocou o ministério e o país inteiro em sérias dificuldades. O compromisso maior para nós foi o de controlar e curar os rebanhos bovinos, mas o esforço mais duro foi o de tranquilizar os italianos, sabendo que o risco de eles ficarem doentes foi inferior ao de aspirar a fumaça de uma tragada de cigarro ou de percorrer 700 metros de carro.

Os vírus não surgem de mundos e épocas obscuras, sem um porquê. Os animalistas pensam, nos casos de vírus de animais, em uma espécie de nêmese da natureza. Doenças temíveis são liberadas no mundo porque o homem, no seu ávido consumismo, violou as leis da natureza: vacas e bois são atingidos por bactérias porque o homem os obriga a comer farinha animal como se fossem canibais; os frangos e os suínos são obrigados a engolir alimentos e a não se mover nunca se não em espaços minúsculos, em que são esmagados quase sem saber que o sol e o ar livre existem.

Eu não como os animais porque os amo de verdade, mas respeito a posição de quem consome carne, e não me parece certo acusar os criadores pela difusão de algum vírus. É certo, porém, que melhores condições de criação e um maior respeito pelos direitos dos animais contribuiriam com uma melhoria geral da situação higiênico-sanitária internacional.

Se de um lado os riscos para a saúde em um mundo consumista e globalizado aumentam, de outro, aumentam também os instrumentos para entendê-los e as medidas para enfrentá-los. Por isso, faço um apelo às pessoas para que, justamente nos momentos de maior insegurança como este, tenham ainda mais confiança na ciência, na medicina e nas capacidades dos seus homens de proteger o seu bem mais precioso: a saúde.

quarta-feira, abril 29, 2009

Contributo para a História (Portugal)

darussia.blogspot.com - 27/04/09


"Ditador" para os soviéticos, "exemplo" para os russos


António de Oliveira Salazar era, na época soviética, um símbolo da opressão fascista, colocado ao lado de ditadores como Franco, Hitler ou Mussolini, mas, na Rússia actual, é visto por alguns como um político exemplar para os actuais dirigentes do país.
Em 1950, Salazar “teve a honra” de figurar numa canção de protesto contra o imperialismo norte-americano, com música do grande compositor Serguei Prokofiev. No poema heróico sobre os operários americanos que afundavam os navios com bombas enviadas “para Angola e para Seul, para a Escócia e Saigão”, lê-se: “Não conseguirão transportar mais bombas/ com as mãos operárias/ Levai-as vós, com Salazar e Franco!”
Num cartaz soviético podia-se ver um mapa de Portugal com pessoas pequenas martirizadas por um falcão com um rosto humano tenebroso. E uma quadra, que alguns dizem ser da autoria de Serguei Mikhailkov, o autor da letra do hino soviético: “Sob um Sol tórrido, meridional/Tremendo de medo jovens e velhos/Transformou tudo em morte/ O carrasco e déspota Salazar”.
Depois do fim do comunismo, em 1991, as discussões sobre a figura e obra de Salazar em Portugal surgem nos momentos em que a Rússia escolhe a sua via de desenvolvimento.
Em 1993, Eduard Limonov, dirigente do Partido Nacional-Bolchevique da Rússia, um dos líderes da actual oposição radical ao Kremlin, defendia o corporativismo do “Estado Novo” como melhor regime político.
“...O corporativismo, a meu ver, é o melhor modelo. Ele permite a existência do patrão, do trabalhador e do engenheiro. Todos eles se encontram em diferentes níveis da hierarquia social, mas unidos pelos interesses da corporação. Este é um sistema ideal. Para um país como a Rússia, é a variante mais aceitável”, declarou Limonov.
“Sem criar um Estado fascista, mas, utilizando a ideia do nacional-sindicalismo, o Governo de Salazar conseguiu resultados significativos nas esferas económica, política e social. A utilização inteligente, ponderada e sábia das ideias populares na sociedade portuguesa distinguia favoravelmente o Governo “académico” de Salazar dos governos de outros regimes ditatioriais”, considera o historiador Dmitri Loguinov.
Segundo ele, “não obstante todas as consequências do regime, a conservação dos seus traços sensatos permitiu a Portugal tornar-se de forma suficientemente rápida uma parte moderna da Europa.
A figura de Salazar voltou a ser abordada quando Vladimir Putin entregou o cargo de Presidente da Rússia a Dmitri Medvedev (Março de 2008) e alguns viram nisso uma tentativa da transformação do primeiro em “pai da nação”.
Iúri Karguniuk escrevia então no jornal electrónico gazeta.ru: “Putin parece mesmo considerar-se um criador da história, pai dos povos e criador de um novo Estado, alguém semelhante a Den Xiao Ping na China e a Salazar em Portugal, estadistas cuja influência não estava de forma alguma ligada ao seu estatuto formal”.
“Aos olhos não só da população atascada de propaganda, mas também da élite cínica, Den Xiao Ping e Salazar eram Hércules que souberam mover montanhas: Den Xiao Ping, pai reconhecido das reformas chinesas que limpou os estábulos das consequências da experiência socialista. Salazar, que conseguiu para si poderes extraordinários no controlo do cumprimento do Orçamento, arrancou, em dois anos, de 1928 a 1930, a economia de Portugal de uma crise profundíssima. E isso quando a crise mundial estava a ganhar força”, conclui.

O modelo político e a mídia

Blog do Luis Nassif - Coluna Econômica - 28/04/2009

Nas colunas anteriores, procurei resumir o modo tradicional de fazer política no país, com grupos políticos se associando a interesses econômicos - em especial, do mercado financeiro - e à chamada grande imprensa, para montar pactos de controle do Estado.

Esse modelo começou a ruir nos últimos anos, em função de mudanças ocorridas no ambiente tecnológico, na economia mundial e nas condições estruturais da economia brasileira.

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Nos últimos anos ocorreu um processo gradativo de descentralização da economia.

Historicamente, o Brasil tinha uma economia litorânea, muito focada em dois grandes centros - Rio de Janeiro e São Paulo - e, após a mudança da capital, em Brasília. Nos últimos anos, a parte dinâmica da economia mudou-se para as cidades média do interior de São Paulo, Minas, os três estados do sul e para pólos de desenvolvimento no norte, nordeste e centro-oeste.

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No entanto, o modelo político continuou focado no mercado financeiro do eixo Rio-São Paulo e nas grandes empresas da área. Problemas setoriais, agrícolas, com pequenas e micro empresas jamais receberam tratamento preferencial porque o modelo não deixava. E peça central desse modo é a chamada grande mídia - quatro ou cinco jornais das três cidades, uma ou duas revistas semanais e programas jornalísticos da rede Globo.

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A primeira grande mudança - que marca o fim do atual modelo - está se dando no campo da informação. Nos últimos anos, acabou o mito dos chamados jornalões nacionais. Tanto no mercado publicitário quanto nas verbas públicas há a tendência de se passar a privilegiar a mídia regional.

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Há um conjunto de motivos que explica essa virada. O primeiro deles, o florescimento da Internet, que passou a competir diretamente com a chamada mídia nacional, já que a imprensa regional tem bons diferenciais na cobertura dos assuntos locais. Blogs e sites, multiplicando-se pela Internet, acabaram com o monopólio da informação exercido pela chamada grande imprensa.

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Um segundo fator foi a deterioração de um modelo de negócios ilegal, entre empresas e agências de publicidade, que era ignorado e impedia a competição. Trata-se do chamado bônus de veiculação, pelo qual grandes veículos pagam às agências pela propaganda veiculadas nele. Esse modelo tem sido praticado especialmente pela Rede Globo - no campo da televisão - e pela Editora Abril - no campo das revistas. Hoje em dia, as agências praticamente são remuneradas por esses BVs.

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Os anunciantes foram percebendo, em determinado momento, que as agências atendiam muito mais os interesses dos veículos do que das empresas. Houve, então, uma mudança gradativa na composição das verbas de marketing. Hoje em dia apenas 40% passam pelas agências de publicidade e chegam até os veículos tradicionais. A parcela maior é administrada pela própria empresa, ou em eventos promocionais ou em apoios institucionais ou direcionada para outras mídias, como a Internet.

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A pá de cal nesse modelo centralizador por dada pela Secom (Secretaria de Comunicação do governo federal), quando incluiu a mídia regional nas análises de “share” da publicidade oficial.

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Nos próximos anos, haverá uma redução cada vez maior do poder absoluto da grande mídia e uma diversificação de fontes de informação, seja na mídia regional, nos blogs e em outros portais. E isso em um momento em que a ampliação dos bancos de dados digitais permite toda sorte de pesquisas.

Sem o controle da informação - como havia antes -, com o avanço da profissionalização da Polícia Federal, Ministério Público, Tribunais de Conta, não haverá como preservar o velho modelo.

Nos próximos anos, a forma de fazer política terá que mudar radicalmente.

Da série “não faltaram avisos”

Blog do Luis Nassif - 27/04/09

Do Blog, em 31/08/2008

Apoteose mental

No factóide do grampo no Supremo, semanas antes, Veja pelo menos mostrou um relatório da segurança do órgão, que muitos leitores do Blog comprovaram ser tecnicamente falho. Não era possível garantir que houvera grampo, com base no que dizia. Um relatório não conclusivo foi matéria prima da tentativa de fabricação de um escândalo. E esse vazamento irresponsável mereceu declarações bombásticas do presidente do STF, Gilmar Mendes, contra o suposto “estado policial”. O presidente do Supremo avalizando uma reportagem com conclusões irresponsáveis em cima de um relatório inconclusivo vazado pela própria instituição que ele preside.

Agora, na orquestração desta semana da Veja, não existe nada, nem papel oficial, nem documento, nem arquivo de som do tal grampo. Nem a garantia de que foi a ABIN a autora do suposto grampo. Chegou-se ao último limite da manipulação jornalistica.

E Gilmar Mendes fala em convocar o Supremo, em se aliar ao Congresso e chega ao cúmulo de se referir assim ao presidente de outro poder:

- “O próprio presidente Lula deve ser chamado às falas”.

Até onde irá esse absurdo? Espero que os demais pares de Mendes não se curvem ao corporativismo e tenham a responsabilidade de preservar a dignidade e a história da instituição. Está-se entrando em um terreno perigoso de desmoralização das instituições e da lei. É tudo muito óbvio, em um momento em que as informações circulam sem controle. É evidente que esse movimento visa desmoralizar a Operação Satiagraha.

A revista apresenta relação de supostos grampeados, detalhes daqui e dali, e não existe um papel, um arquivo para corroborar suas acusações. Apenas menção a uma fonte da ABIN. A avalista da informação é uma revista que todo o mundo jornalístico sabe que há tempos abandonou qualquer veleidade de fazer jornalismo, enveredando inúmeras vezes pelo terreno da ficção.

E Gilmar entra de cabeça em todas. Se fosse a pessoa física, problema dele. Mas é o Supremo, meu Deus!

Espero que pessoas com história, como Eros Grau, Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e os novos juízes tenham a responsabilidade de reconduzir o STF ao seu leito natural, tirando-o dessa exploração absurda de fatos ou montados ou não suficientemente comprovados. No mínimo, que se posicione o STF para uma posição pública de cautela em relação aos fatos mencionados. Que se exija apuração, sim, mas que se desautorizem as afirmações taxativas e irresponsáveis de seu presidente. Pelo bem do STF e pelo bem do país.

Por Marco Vitis

Não acredito em Celso de Mello. Eu o vi votando contra o Juiz Fausto De Sanctis. Desprezou as provas que o ministro Marco Aurélio fez questão de enfatizar. Agiu de forma injusta, atacou um inocente e íntegro servidor público, para saborear o efêmero prazer de uma prática ditatorial.

Eu o vi encher a boca e dizer que os membros do Supremo detém a última palavra. Ou seja, toda a sociedade tem que fazer o que nós decidirmos. Errado: numa Democracia o maior poder não é dos ministros do Supremo. É do povo. Mas Celso de Mello não pensa assim.

Por isso, Nassif, não se iluda com Celso de Mello. Ele só não tem a arrogância, a petulância, a prepotência e a suspeição de Gilmar Mendes.