"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, junho 06, 2014

Le géant russe Gazprom menace l'Ukraine d'interrompre ses livraisons de gaz

Le Parisien - publié le 07.03.2014, 16h14 | Mise à jour : 17h13

Le géant public russe Gazprom a menacé vendredi l'Ukraine d'interrompre ses exportations de gaz en raison d'impayés de 1,89 milliard de dollars, comme ce fut le cas pendant l'hiver 2009.

Le géant public russe Gazprom a menacé vendredi l'Ukraine d'interrompre ses exportations de gaz en raison d'impayés de 1,89 milliard de dollars, comme ce fut le cas pendant l'hiver 2009. |AFP/Yuri Kadobnov



Le géant public russe  a menacé, vendredi, l'Ukraine d'interrompre ses exportations de gaz en raison d'impayés de 1,89 milliard de dollars, comme ce fut le cas en 2009. A ce moment là, des coupures avaient perturbé l'approvisionnement de pays européens. 

« Soit l'Ukraine règle ses arriérés, soit il y a un risque de revenir à la situation de début 2009», a mis en garde le patron de Gazprom, Alexeï Miller, cité par les agences russes. 
Il a précisé que le 7 mars, ce vendredi,  était la date limite fixée à l'Ukraine pour régler les livraisons du mois de février.

Cet avertissement intervient en pleine crise politique russo-ukrainienne. Les autorités de la péninsule ukrainienne pro-russe de Crimée se sont prononcées pour un rattachement à la Russie, une décision vivement critiquée par Kiev et les capitales occidentales. Le commissaire européen à l'Energie, Gunther Oettinger, avait déclaré mardi que l'Union européenne allait aider l'Ukraine à régler sa dette gazière vis-à-vis de la Russie.

L'Europe dispose d'un stock important en raison de l'hiver doux
Une coupure de gaz punirait le nouveau gouvernement ukrainien pro-occidental arrivé au pouvoir à Kiev après la destitution fin février du président pro-russe Viktor Ianoukovitch, qui demeure pour Moscou le chef de l'Etat «légitime».

Cependant, alors que des tractations diplomatiques se poursuivent pour éviter la séparation de la Crimée du nouveau régime de Kiev, Moscou joue avec le gaz et menace. Une éventuelle rupture des exportations russes vers l'Ukraine, pays par lequel transite encore la moitié des achats de l'UE (65 milliards de mètres cubes), aurait des conséquences directes sur les livraisons de gaz à l'Europe.

Le 1er janvier 2009, Gazprom avait suspendu l'approvisionnement de l'Ukraine en raison d'un différend commercial. Des pays de l'Union européenne avaient été les premières victimes de ces représailles en pleine vague de froid, certains pays comme la Slovaquie dépendant à 100 % du gaz russe.

Mais des pays comme la Bulgarie récuse ces menaces. Sofia, qui dépend à 92% de livraisons de gaz russe transitant par l'Ukraine, dispose de réserves de gaz d'un mois et demi en cas de coupure des livraisons de Moscou, a indiqué mercredi le Premier ministre bulgare. De plus, le continent européen, dans son ensemble, serait moins exposé : avec un hiver doux, les stockages européens de gaz sont pleins à 48,8% de leur capacité, contre environ 37% au même moment l'an passé, a indiqué le groupement d'opérateurs de gazoducs Gas Infrastructure Europe (GIE).

Quoi qu'il en soit, les difficultés de paiement de l'Ukraine risquent de s'accroître dans les prochains mois. Le géant russe Gazprom a décidé de mettre fin en avril à la ristourne sur le prix du gaz dont bénéficiait le pays, désormais dirigé par un  pro-européen. Ce qui déplaît fortement à Poutine.

Ucrânia já condenada à morte, Obama providencia a execução

Data de publicação em Tlaxcala: 06/06/2014

Obama em Varsóvia

Nikolai Bobkin Николай Бобкин 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu


O presidente dos EUA está em viagem pela Europa. O itinerário inclui Polônia, Bélgica e França. O foco da agenda é a Ucrânia. Os EUA facilitaram o golpe armado encenado em Kiev e festejaram a tomada do poder pelos nacionalistas. Na verdade, os EUA assinaram a sentença de morte da Ucrânia. O governo faz o que pode para fortalecer a posição do novo governo ucraniano. Obama não esperou nem a posse: já se encontrou com Poroshenko durante visita a Varsóvia.


Obama estava reunido com o presidente eleito, no momento em que a aviação ucraniana bombardeava áreas urbanas populosas no leste do país. Na conversa com seu contraparte ucraniano, Obama disse:

“Estou entusiasmado ante as oportunidades. Creio que o povo ucraniano escolheu bem, ao eleger alguém  com talento para liderar os ucranianos nesse período difícil. E os EUA estão absolutamente comprometidos com apoiar o povo ucraniano e suas justas aspirações, não só nos próximos dias e semanas, mas também nos anos que virão, porque confiamos que a Ucrânia pode, de fato, ser democracia viva e potente, com laços fortes com a Europa e laços fortes com a Rússia. Mas só poderá acontecer se nós apoiarmos claramente a Ucrânia, durante esse tempo difícil.”[1]
“Discutimos seus planos econômicos e a importância de erradicar a corrupção, aumentando a transparência e criando novos modelos de crescimento econômico. Discutimos questões de energia – para assegurar que a Ucrânia passe a ser economia eficiente no uso da energia, mas, simultaneamente, deixe de depender exclusivamente de fontes russas de energia. Fiquei profundamente impressionado por sua visão [de Poroshenko], em parte devida à sua experiência como empresário, que compreende bem o que é preciso para ajudar a Ucrânia a crescer e ser efetiva.”

Mas... de que ‘dependência’ fala Obama, no momento em que cresce a indignação na Europa porque Kiev reluta a quitar a dívida de gás super subsidiado que tem a pagar à Rússia. Ninguém paga $268,5 dólares por mil metros cúbicos, nem a Alemanha nem qualquer outro estado europeu. Todos estão habituados a pagar $400-500, com pequena variação, dependendo das condições de momento.

Europeus e a russa Gasprom absolutamente não entendem que estado é esse cujo governo não quer pagar pelo gás que recebe a preço baratíssimo... mas obriga o povo a suportar o ônus de não ter gás! Kiev parece não perceber que a Europa não a apoiará.

Em sua primeira reunião mais demorada com o presidente eleito da Ucrânia Petro Poroshenko, Obama disse que

“Nossa capacidade para modelar a opinião mundial ajudou a isolar completamente a Rússia. Por causa da liderança dos EUA, o mundo imediatamente condenou as ações russas”.

[É fala de autista. Difícil acreditar que tenha dito tal coisa,] e mais difícil ainda entender o que teria levado o presidente dos EUA a crer que a Rússia esteja isolada. Hoje, tudo isso parece sonho, ou delírio, sem qualquer contato com a realidade.

Os fatos apontam em direção oposta. A empresa-imprensa ocidental está chocada ante o amplo apoio com que o presidente Putin conta na Europa.

Pesquisa de opinião realizada pelo canal N-TV da televisão alemã chegou ao surpreendente resultado segundo o qual 89% de seus telespectadores apoiavam as políticas de Vladimir Putin, presidente da Rússia, para a Ucrânia. A maioria dos entrevistados responderam “sim” à seguinte pergunta: “Você compreende e aprova as políticas de Putin?” O resultado foi tão contrário ao que os entrevistadores esperavam, que a pesquisa foi retirada no mesmo dia da página da N-TV. Era tarde, porque muita gente já havia fotografado a tela e distribuído as fotos em páginas e pelas redes sociais.

Uma dessas imagens, postada na página Facebook de Christophe Hoerstel de Potsdam mostra que 89% dos entrevistados responderam um claro “sim”; 11% responderam “não”, e não havia outras opções de resposta.

Pesquisa do Wall Street Journal mostrou exatamente os mesmos resultados. Dizia que europeus letrados opõem-se firmemente a sanções contra a Rússia. Na mesma edição, o jornal mostrava que os índices de aprovação do governo Obama alcançavam recordes negativos históricos em pesquisas feitas nos EUA. Números sempre crescentes de norte-americanos rejeitam a posição de Obama na questão ucraniana.

Será que Poroshenko sabe disso? Ao destacar a importância de sua visita a Varsóvia, a imprensa-empresa ucraniana apresentou-o como “diplomata muito experiente”, provavelmente por causa da rica experiência que adquiriu quando foi ministro de Relações Exteriores. Poroshenko ocupou esse cargo por exatos TRÊS DIAS: de 9 a 12 de outubro de 2009.

Poroshenko é comerciante e empresário. Para ele a Ucrânia é e sempre será lugar de onde extrair lucros. Mas Obama ficou impressionadíssimo por seus planos (“Fiquei profundamente impressionado por sua visão, em parte por causa de sua experiência como empresário, que compreende tudo o que é necessário para ajudar a Ucrânia a crescer e ser efetiva”). Não surpreende ninguém!

Hunter Biden, filho do vice-presidente dos EUA Joe Biden, acaba de ser contratado para a diretoria da empresa Burisma Holdings, maior produtor privado de gás da Ucrânia. O grupo tem interesse no leste da Ucrânia, onde se alastra a guerra civil, depois do golpe em Kiev. Biden aconselhará sobre “transparência, governança privada e responsabilidade, expansão internacional e outras prioridades” para assim “contribuir para a economia e beneficiar o povo da Ucrânia”.  Aleksander Kwasniewski, ex-presidente da Polônia de 1995 a 2005 também participa da mesma diretoria. É uma espécie de leva-e-traz entre Washington e Kiev.

Como se vê facilmente, todos os pré-requisitos para que a Ucrânia seja convertida em colônia do ‘ocidente’ estarão criados em pouco tempo.

A primeira reunião entre Obama e Poroshenko gerou quantidades consideráveis de retórica anti-Rússia. Nas palavras de Obama:
“É importante para a comunidade internacional posicionar-se firmemente a favor dos esforços de Petro para negociar com os russos um processo pelo qual a Rússia deixe de financiar e apoiar separatistas armados em território soberano da Ucrânia, e que uma comunidade internacional unida deixe claro que há violação da lei internacional e que ela insiste em apoiar esses princípios, com consequências contra a Rússia no caso de o Sr. Putin não aproveitar a oportunidade para desenvolver melhor relacionamento com seus vizinhos – e essa tem de ser parte de nossa missão ao longo dos próximos vários dias”.
Na conferência com a imprensa, o presidente dos EUA disse que não tem interesse em ameaçar a Rússia, mas que a Rússia tem de respeitar a soberania da Ucrânia, conter os combatentes separatistas e trabalhar junto com Poroshenko.

Se a Rússia não obedecer, disse Obama, mais sanções já estão preparadas. “O Sr. Putin tem uma escolha a fazer” – disse Obama. – “É o que lhe direi se o encontrar publicamente. E é o que já lhe disse privadamente.”[2]

Obama disse que oferecerá a Poroshenko o apoio dos EUA para a economia ucraniana, para garantir que superem o inverno, no caso de Moscou fechar as torneiras do fornecimento de gás, em ação de retaliação pela falta de pagamento (sic). Washington reconheceu que a Rússia teve relacionamento histórico com a Ucrânia e tinha interesses legítimos sobre o que acontecesse nas suas fronteiras – disse Obama. – “Mas nós também acreditamos que os princípios de integridade territorial e soberania têm de ser respeitados. Preparamos custos econômicos a serem cobrados da Rússia, que podem aumentar se, de fato, continuarmos a ver a Rússia ativamente desestabilizando um de seus vizinhos do modo como já vimos recentemente”.

Solicitado a comentar se o tópico Ucrânia seria discutido, Peskov, porta-voz de Vladimir Putin presidente da Rússia, disse que o presidente Putin estava disposto a discutir quaisquer temas. No contexto das celebrações que marcam os 70 anos do desembarque das tropas aliadas na Normadia, Putin “manterá inúmeros contatos, como eles dizem, em pé” – disse Peskov. Mas não há nada marcado, de qualquer reunião entre o presidente da Rússia Vladimir Putin e Petr Poroshenko. “Não, ninguém está trabalhando nisso” – Peskow disse à Interfax.
 
Notas

Quando os gatos gordos se reúnem em Munique: bem-vindos à Conferência Monetária Internacional


Data de publicação em Tlaxcala: 06/06/2014

Andrew Gavin Marshall 
Traduzido por  mberublue
Edité par  Coletivo de tradutores Vila Vudu

Na parte 1 dessa série, examinei a história e os primórdios da evolução da reunião que tem lugar entre banqueiros mundiais e autoridades financeiras e monetárias, na Conferência Monetária Internacional (CMI). Na parte 2, o foco foi o papel da CMI no período que antecedeu a crise financeira mundial de 1980. Na parte 3, analisou-se a influência da CMI em toda a crise financeira durante uma década. Este último item, que está sendo publicado justamente quando a Conferência Monetária Internacional está sendo preparada para acontecer no período de 1 a 3 de junho, com um encontro no Hotel Bayerischer Hof em Munique, Alemanha – pretende esmiuçar quais as atitudes da CMI para manter seus status de importância entre as instituições mais influentes do mundo em termos econômicos, financeiros e monetários. Está incluso um rol de banqueiros que dirigem a CMI, juntamente com documentos que vazaram da reunião de 2013, que aconteceu em Xangai.
Em Toronto, 1992, na Conferência Monetária Internacional que ali teve lugar, havia um consenso entre os banqueiros privados e autoridades públicas que como o resultado do grande volume de empréstimos para a América Latina e países em desenvolvimento durante toda a década que antecipara a crise da dívida em 1980, a missão de financiar “a conversão da União Soviética em uma economia de mercado” não poderia ser resolvida apenas com empréstimos bancários. Hilmar Kopper, o CEO (Chief Executive Officer – Diretor Executivo [NT]) do Deutsche Bank, disse aos participantes da conferência que os bancos comerciais só se engajariam na tarefa desse financiamento em larga escala, se houvesse “créditos garantidos pelos governos”, além de “um acordo em relação à dívida anterior” o que implica, na essência, que os bancos necessitariam da garantia de que os governos os ajudariam, caso as coisas ficassem ruins. Toyoo Gyohten, ex-ministro das finanças do Japão, disse aos participantes que “o setor público, através de suas agências, cooperará com os bancos privados, com a disposição de compartilhar os riscos inevitáveis.”

Don Mazankowski
O ministro das finanças do Canadá, Don Mazankowski, disse aos banqueiros que “nós estamos preparados para ajudar” o bloco dos países da antiga União Soviética desde que “eles ajudem a si mesmos e sigam o caminho certo para crescer economicamente e prosperar.” Em suas palavras, estava implícita a fórmula: aplicar a mesma austeridade e os pacotes de ajustamento estrutural que foram impostos a outros países na ocasião da crise da dívida de 1980. Os banqueiros reafirmaram o mesmo ponto de vista, com a observação de que “seria muito complicado para os governos ser generosos com a Rússia, a menos que ela estabelecesse um programa para recuperação econômica que fosse aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).”

Durante os anos 90, a CMI continuou a ser importante fórum de discussões para banqueiros e autoridades monetárias. Ponderações do Presidente do Federal Reserve Alan Greenspan e do presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank) na reunião da Conferência Monetária Internacional de 1995 tiveram a consequência de fortalecer o dólar americano e, ao mesmo tempo, enfraquecer o marco alemão nos mercados internacionais.
A influência da CMI em anos recentes
No começo do século 21, a Conferência Monetária Internacional permaneceu relevante, como admitiu Willem F. Duisenberg, presidente do Banco Central Europeu em 2001, em uma conferência de imprensa. Duisenberg foi duramente criticado pela imprensa europeia por sua recusa em comparecer a recente encontro entre Ministros de Finanças e banqueiros de bancos centrais de países da zona do euro, que aconteceu em Bruxelas.

Duisenberg comentou: “gostaria de notar que tem sido uma tradição desde 1954 que o destaque das reuniões anuais das CMI, que acontecem a cada ano em local diferente, é um painel dos bancos centrais, no qual estes, ou seus banqueiros, dos países que têm as três principais moedas mundiais participam. Eu já participei. Se eu não estivesse lá, teria chamado mais atenção que se estivesse em Bruxelas (...) posso lhes dizer que a próxima reunião da CMI será (...) em Montreal (em 2002), e em seguida, um ano após, será (...) em Berlim. Nas duas ocasiões, podem estar seguros, se a data da reunião coincidir com o encontro do Eurogrupo, o Banco Central Europeu será representado no Eurogrupo pelo seu vice-presidente.”

Realmente, pudemos ver que a importância e relevância da reunião anual da CMI, que se realizou em 2013 em Xangai, não diminuíram. Mesmo que a CMI não tenha um site que possa ser acessado pelo público, consegui montar uma lista (aproximada) de altos funcionários e membros do Conselho da Conferência Monetária Internacional, filtrando informações de referências nos currículos e biografias disponíveis ao público, assim como de documentos vazados, nos quais se inclui uma visão do programa da conferência de 2013.
Guarde estes nomes

Baudouin Prot
Baudouin Prot é o presidente e chairman(presidente do conselho de diretores ou do quadro de conselheiros de empresa ou corporação [NT]) da Conferência Monetária Internacional. AntesCEO do BNP Paribas, um dos maiores bancos mundiais com sede na França, é atualmente presidente desse banco, assim como membro do conselho de Kering, Veolia Environment, Lafarge, Erbé S/A e Pargesa Holding S/A. É ainda membro do Painel Internacional de Consultas para a Autoridade Monetária de Cingapura, do Conselho Consultivo de Líderes de Negócios para o prefeito de Xangai, da Mesa Redonda de Serviços Financeiros Europeus e chairman do Grupo Bancário Europeu.

Frank Keating é vice-presidente executivo da Conferência Monetária Internacional, presidente eCEO da Associação Americana de Banqueiros e ex-presidente do Conselho Americano de Seguradores da Vida (2003-2011). Também é ex-governador de Oklahoma (1995-2003) antigo funcionário do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos e ex-Secretário Assistente do Tesouro. É ainda membro do conselho de administração da Fundação Arquivo Nacional, do Centro de Política Bipartidária, da Fundação Jamestown e já foi membro da Força Tarefa do Centro de Política Bipartidária para a Redução da Dívida em 2010.

Outros membros do conselho da Conferência Monetária Internacional já confirmados incluem: Gordon Nixon, presidente e CEO do Royal Bank of Canada; William Downe, CEO do BMO Financial Group; Axel Weber, chairman do UBS; Francisco Gonzalez, chairman e CEO do BBVA; Roberto E. Setúbal, presidente e CEO do Itaú Unibanco S/A; Richard Waugh, presidente e CEO do Scotiabank; Chanda Kochhar, diretor geral e CEO do ICICI Bank; Jacko Maree, banqueiro sênior do Standard Chartered; Andreas Triechl, chairman e CEO do Erste Group Bank; e Walter B. Kielhoz, chairmanda Swiss Re.

Curiosamente não existem grandes bancos ou banqueiros americanos arrolados como membros atuais da diretoria da CMI, que é dominada por banqueiros europeus e canadenses. Há ainda três banqueiros cujos currículos mencionam que seriam membros da CMI, mas quando tentei confirmação por contato com a CMI e com a Associação de Banqueiros Americanos para confirmar a veracidade da afirmação de que seriam membros do conselho – o conselho da CMI é formado de 15 membros, mas pude confirmar apenas 12 – nem a ABA nem a CMI responderam às minhas consultas. Os três banqueiros listados como “membros” – e talvez, mas sem confirmação membros do conselho da CMI – são Federico Ghizzoni, o CEO do UniCredit; Douglas Flint, chairman do HSBC (e também chairman do Instituto Financeiro Internacional), e Ibrahim S. Dabdoub, CEO do National Bank of Kuwait.

Podemos ver então quais as instituições mais representadas entre os membros do conselho da Conferência Monetária Internacional, examinando os currículos dos 12 membros do conselho já confirmados:

Dentre os membros do conselho da CMI, quatro o são também do Instituto Financeiro Internacional, que forma o principal grupo de lobby bancário no mundo; quatro membros do conselho da CMI também são membros do Conselho Internacional de Negócios, do Fórum Econômico Mundial e da Mesa Redonda de Serviços Financeiros Europeus, grupo dos grandes banqueiros europeus. Três membros também representam o Grupo Bancário Europeu, criado para assessorar a União Europeia na regulamentação do mercado financeiro, assim como do Conselho Canadense de Diretores Executivos, corporação para agir nos grupos de interesse das grandes empresas canadenses.

Compartilhando a liderança com pelo menos dois membros no conselho da CMI, estão o Painel Internacional de Consultas para a Autoridade Monetária de Cingapura, o Conselho Consultivo de Líderes de Negócios para o prefeito de Xangai, e o Comitê Consultivo Internacional do Federal Reserve Bank de New York.

Incluindo-se os três banqueiros cujos currículos os mencionam como “membros” da CMI, aumenta a representação na liderança das seguintes instituições: a Mesa Redonda de Serviços Financeiros Europeus passa de quatro para seis membros no conselho da CMI, o Grupo Bancário da Comissão Europeia vai de três para cinco membros, o Instituto Financeiro Internacional de quatro para cinco membros e o Conselho Consultivo de Líderes de Negócios Internacionais para o prefeito de Xangai aumenta de dois para três.
Detalhes vazaram em Xangai
O programa planejado para os quatro dias da conferência em Xangai, realizada no Four Seasons Hotel Shanghai no começo de junho de 2013 vazou da reunião da Conferência Monetária Internacional, naquela ocasião. As boas vindas seriam apresentadas pelo presidente e CEO da Associação de Banqueiros Americanos, Frank Keating, às quais se seguiria o discurso de abertura, proferido pelo presidente do BNP Paribas e da CMI, Baudouin Prot.

Na segunda feita, 3 de junho, teriam início as palestras da Conferência Monetária Internacional, que incluíam Han Zheng, membro do Gabinete Político do Comitê Central do PCC (Partido Comunista Chinês); Mario Draghi, presidente então do Banco Central Europeu; Douglas Flint, presidente do HSBC e também do Instituto Financeiro Internacional (e membro não confirmado do Conselho da CMI); Jaime Caruana, gerente geral do Banco de Compensações Internacionais (BCI); Lord Adair Turner, ex-presidente da FSA (Financial Services Authority) no Reino Unido e membro sênior do Instituto para um Novo Pensamento Econômico e Janet Yellen, vice-chairman e diretora (atualmente presidente) do Federal Reserve Board.

Outros palestrantes da Conferência Monetária Internacional seriam Axel A. Weber, chairman do UBS; Niall Fergunson; Professor Lawrence A. Tish de História, da Universidade de Harvard; Jacob A. Frenkel, chairman do JPMorgan Chase Internacional e chairman do Board of Trustees do Grupo dos 30 (G30); Tharman Shanmugaratnam, vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças do governo de Singapura; Zhou Xiaochuan, diretor do Banco do Povo da China (Banco Central Chinês); Jamie Dimon, chairman e CEO do JPMorgan Chase; Jurgen Fitschen, co-chairman do Deutsche Bank; John G Strumpf, chairman, presidente e CEO da Wells Fargo; Francisco Gonzalez, chairmanCEO do BBVA; Sir Martin Sorrel, CEO do WPP e Victor Yuan, chairman e presidente do Horizon Research Consultancy Group.

Conferencistas adicionais na reunião foram Jiang Jianqing, chairman do Industrial and Commercial Bank of China (ICBC); Stephen Bird, CEO para a Asia Pacific e Citibank em Hong Kong; Michael Pettis, Professor de finanças internacionais na Guanghua School of Management da Universidade de Pequim; Peter Sands Diretor Executivo da Standard Chartered; Shang Fulin, chairman do China Banking Regulatory Commission; Tian Guoli, chairman do Bank of China e Andrew Sheng, presidente do Fung Global Institute em Hong Kong.
Yellen
Só o fato de que este grupo financeiro internacional encontrou-se com líderes de bancos e banqueiros chineses e autoridades do governo chinês já mostra a relevância da CMI. Acrescente-se que Janet Yellen, então candidata ao cargo de presidente do conselho do Federal Reserve participou da reunião da Conferência Monetária Internacional, como vice-presidente do Federal Reserve, apresentando na ocasião sua visão do “que mais pode e deve ser feito” para “tornar o sistema financeiro mundial mais resistente.”

Entre os assuntos expostos por Yellen no discurso que fez para centenas de banqueiros globais que se reuniram na CMI de 2013 destaca-se o conceito de bancos “grandes demais para falir” aos quais agências reguladoras (e principalmente os bancos centrais) se referem como “instituições financeiras sistemicamente importantes” ou (ing.) SIFIs. Yellen observou que houve propostas para uma “reestruturação radical do sistema bancário” que incluíam a possibilidade de “ressurreição da separação ao estilo da Le Glass Steagall (lei bancária promulgada por Franklin D. Roosevelt que impedia a especulação com derivativos bancários [NT]) entre os bancos comerciais e os bancos de investimento, com a imposição de limites ao tamanho dos bancos.” Tranquilizando os grandes financistas, Yellen disse que “não estou bem certa de que este tipo de abordagem seria a mais correta para resolver o problema dos bancos ‘grandes demais para falir’”.

Realmente, problemas sistêmicos nos sistemas monetário, financeiro e econômico globais, provavelmente continuarão por resolver, dado que fóruns como a Conferência Monetária Internacional têm a permissão de acontecer a salvo do escrutínio do público. São encontros nos quais banqueiros centrais, reguladores e homens de decisão sobre a política financeira se encontram privadamente com os banqueiros mais influentes do mundo com o fito de obter um consenso, cooperação mais próxima; são onde, finalmente, acontece o conluio entre nossos funcionários públicos e os banqueiros que lucram com a destruição financeira e econômica que eles mesmos desencadearam
.

A luta dos trabalhadores triunfa sobre o espectáculo

resistir info - 06 jun 2014

por James Petras



Durante décadas críticos sociais lamentaram a influência do desporto e de espectáculos de entretenimento que "distraíam" trabalhadores da luta pelos seus interesses de classe. Segundo aqueles analistas, a "consciência de classe" era substituída pela consciência de "massa". Argumentavam eles que indivíduos atomizados, manipulados pelos mass media, eram convertidos em consumidores passivos que se identificavam com heróis milionários do desporto, com protagonistas de novelas e celebridades do cinema. 







O culminar desta "mistificação" – a ilusão em massa – era os campeonatos mundiaisobservados por milhares de milhões por todo o mundo, patrocinados e financiados por corporações bilionárias: as World Series (baseball), a Copa do Mundo (futebol) e a Super Bowl (futebol americano). 

Hoje, o Brasil está a viver a refutação desta linha de análise cultural-política. Os brasileiros têm sido descritos como "loucos por futebol". Suas equipes venceram o maior número de Copas Mundiais. Seus jogadores são cobiçados pelos proprietários das equipes mais importantes da Europa. Dizem que seus torcedores "vivem e morrem pelo futebol" ... Ou assim nos diziam. 

Mas foi no Brasil que os maiores protestos na história da Copa do Mundo tiveram lugar. Já um ano antes dos jogos, programados para Junho de 2014, houve manifestações em massa de até um milhão de brasileiros. Apenas nas últimas semanas, proliferaram greves de professores, polícia, trabalhadores da construção e empregados municipais. O mito dos espectáculos de mass media a hipnotizar as massas foi refutado – pelo menos no Brasil dos dias de hoje. 

Para entender porque o espectáculo de massa foi um fracasso de propaganda é essencial entender o contexto político e económico no qual foi lançado, bem como os custos e benefícios e o planeamento táctico de movimentos populares. 

O contexto político e económico: A Copa do Mundo e as Olimpíadas 
Em 2002, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Lula da Silva, venceu as eleições presidenciais. Seus dois mandatos (2003 – 2010) foram caracterizados por um caloroso abraço do capitalismo de livre mercado juntamente com programas populistas de [alívio da] pobreza. Ajudado por influxos em grande escala de capital especulativo, atraído por altas taxas de juro, e pelos altos preços das commodities para as suas exportações agro-minerais, Lula lançou um programa maciço quanto à pobreza proporcionando cerca de US$60 por mês a 40 milhões de brasileiros pobres, os quais constituíram parte da base de massa eleitoral de Lula. O Partido dos Trabalhadores reduziu o desemprego, aumentou salários e apoiou empréstimos com juros baixos ao consumidor, estimulando um "boom do consumidor" que levou a economia em frente. 



Para Lula e seus conselheiros, o Brasil estava a tornar-se uma potência global, atraindo investidores de classe mundial e incorporando os pobres no mercado interno. 

Lula foi louvado pela Wall Street como um "esquerdista pragmático" e como um estadista brilhante pela esquerda! 

De acordo com esta visão grandiosa (e em resposta a um amontoado de bajuladores presidenciais, de Norte e a Sul), Lula acreditou que a ascensão do Brasil à proeminência mundial exigia que "hospedasse" a Copa do Mundo e as Olimpíadas e embarcou numa campanha agressiva... O Brasil foi escolhido. 

Lula enfeitava-se e pontificava: o Brasil, como hospedeiro, alcançaria o reconhecimento simbólico e os prémios materiais que uma potência global merecia. 

A ascensão e a queda das grandes ilusões 

A ascensão do Brasil foi baseada em fluxos de capital estrangeiro condicionados pelo diferencial (favorável) de taxas de juro. E quando as taxas mudam, o capital flui para fora. A dependência do Brasil da alta procura pelas suas exportações agro-minerais baseou-se no prolongado crescimento económico com dois dígitos na Ásia. Quando a economia da China arrefeceu, a procura e os preços caíram e, assim, os ganhos do Brasil com exportações. 

O "pragmatismo" do Partido dos Trabalhadores significou aceitar as estruturas políticas, administrativas e regulamentares herdadas dos regimes neoliberais anteriores. Estas instituições eram permeadas por responsáveis corruptos ligados a empreiteiros de construção notórios por derrapagens de custos e longos atrasos em contractos com o estado. 

Além disso, a "pragmática" máquinas eleitoral do Partido dos Trabalhadores foi construída sobre comissões debaixo da mesa e subornos. Somas vastas foram desviadas dos serviços públicos para bolsos privados. 

Inchado pela sua própria retórica, Lula acreditou que a emergência económica do Brasil na cena mundial era um "negócio feito". Ele proclamou que os seus faraónicos complexos desportivos – os milhares de milhões de dinheiro público gastos em dúzias de estádios e infraestrutura custosa – "pagar-se-iam por si mesmos". 

O fatal "efeito demonstração": A realidade social derrota a grandeza global 

A nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, protegida de Lula, concedeu milhares de milhões de reais para financiar os maciços projectos de construção o seu antecessor: estádios, hotéis, auto-estradas e aeroportos para acomodar uma prevista inundação de torcedores estrangeiros de futebol. 

O contraste entre a disponibilidade imediata de quantias maciças de fundos públicos para a Copa do Mundo e a perene falta de dinheiro para deteriorados serviços públicos essenciais (transporte, escolas, hospitais e clínicas) foi um enorme choque para os brasileiros e uma provocação para a acção em massa nas ruas. 

Durante décadas, a maioria dos brasileiros, que dependiam de serviços públicos para transporte, educação e cuidados médicos (as classes superiores e média podem permitir-se serviços privados), foi dito que "não havia fundos", que os "orçamentos tinham de ser equilibrados", que um "excedente orçamental era necessário para cumprir acordos com o FMI e atender o serviço da dívida". 

Durante anos fundos públicos foram desviados por nomeados políticos corruptos para pagar campanhas eleitorais, levando a um transporte asqueroso, superlotado, frequentemente avariado, e a atrasos nas viagens diárias em autocarros abafados e a longas filas nas paragens. Durante décadas, escolas estiveram em ruínas, professores corriam de escola em escola para compensar os seus miseráveis salários mínimos levando a uma educação de baixa qualidade e desprezada. Hospitais públicos eram sujos, perigosos e superlotados, médicos mal pagos frequentemente aceitavam pacientes privados nas horas vagas, medicamentos essenciais eram escassos nos hospitais públicos e super-caros nas farmácias. 

O público foi ultrajado pelo contraste obsceno entre a realidade de clínicas dilapidadas com janelas partidas, escolas superlotadas com goteiras e transporte de massa não confiável para o brasileiro médio e os enormes novos estádios, hotéis luxuosos e aeroportos para os torcedores e visitantes estrangeiros ricos. 

O público foi ultrajado pelas óbvias mentiras oficiais: a afirmação de que "não havia fundos" para professores quando milhares de milhões de reais ficaram instantaneamente disponíveis para construir hotéis de luxo e atraentes camarotes nos estádios para torcedores ricos do futebol. 

O detonador final para o protesto em massa nas ruas foi o aumento nas tarifas de autocarros e comboios para "cobrir perdas" – depois de aeroportos e auto-estradas públicas terem sido vendidas a baixo preço a investidores privados que elevaram as portagens e comissões. 

Os manifestantes que marchavam contra o agravamento das tarifas de autocarros e comboios foram apoiados amplamente pelas dezenas de milhares de brasileiros que denunciavam as prioridades do governo: Milhares de milhões para a Copa do Mundo e migalhas para a saúde pública, educação, habitação e transporte! 

Desatento às exigências populares, o governo avançou na tentativa de acabar seus "projectos de prestígio". No entanto, a construção de estádio ficou atrás do programado por causa da corrupção, incompetência e má administração. Empreiteiros de construção, que foram pressionados, reduziram padrões de segurança e pressionaram trabalhadores mais duramente, levando a um aumento de mortes e lesões nos estaleiros de obras. Trabalhadores da construção entraram em greve protestando pela aceleração e deterioração da segurança do trabalho. 

Os esquemas grandiosos do regime Rousseff provocaram uma nova cadeia de protestos. O Movimento das Pessoas sem Teto ocupou lotes urbanos próximos a um novo estádio exigindo "habitação social" para o povo ao invés de novos hotéis cinco estrelas para estrangeiros ricos adeptos do desporto. 

A escalada dos custos com os complexos desportivos e o aumento das despesas governamentais atearam uma onda de greves sindicais para exigir salários mais altos superiores aos objectos do regime. Professores e trabalhadores da saúde foram apoiados pelos trabalhadores fabris e empregados assalariados em greve em sectores estratégicos, tais como o transporte e os serviços de segurança, capazes de desestabilizar gravemente a Copa do Mundo. 

A adopção pelo PT dos espectáculos desportivos grandiosos, ao invés de enfatizar o "arranque do Brasil como potência global", pôs em destaque o amplo contraste entre os dez por cento ricos e seguros nos seus condomínios de luxo no Brasil, em Miami e em Manhattan, com acesso a clínicas privadas de alta qualidade e escolas privadas exclusivas para seus rebentos, com a massa de brasileiros médios, fincados durante horas em auto-carros cheios de suor e superlotados, em encardidas salas de espera para conseguir meras aspiras de médicos não existente e em dilapidar os futuros dos seus filhos em salas de aula dilapidadas sem professores adequados e a tempo inteiro. 

A elite política, especialmente o círculo em torno da presidência Lula-Rousseff, caiu vítima das suas próprias ilusões de apoio popular. Eles acreditaram que pagamentos de subsistência (cabazes alimentares) para os muito pobres lhes permitiria gastar milhares de milhões de dinheiro público em espectáculos de desporto para entreter e impressionar a elite global. Eles acreditaram que a massa de trabalhadores estaria tão fascinada pelo prestígio de abrigar a Copa do Mundo no Brasil que ela passaria por alto a grande disparidade entre despesas do governo para grandes espectáculos da elite e a ausência de apoio para atender as necessidades quotidianas dos trabalhadores brasileiros. 

Mesmo sindicatos, aparentemente ligados a Lula, que alardeavam o seu passado de liderança dos metalúrgicos, romperam as fileiras quando perceberam que "o dinheiro era para fora" – e que o regime, pressionado pelos prazos finais de construção, podia ser pressionado a elevar salários a fim de ter o trabalho feito. 

Os brasileiros, sem dúvida, são voltados para o desporto. Eles seguem entusiasticamente sua equipe nacional. Mas eles também são conscientes das suas necessidades. Não se contentam e aceitar passivamente as grandes disparidades sociais reveladas pela actual corrida louca para encenar a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil. A vasta despesa do governo com os jogos tornou claro que o Brasil é um país rico com uma multidão de desigualdades sociais. Eles perceberam que há vastas somas disponíveis para melhorar serviços básicos da vida diária. Perceberam que, apesar da sua retórica, o "Partido dos Trabalhadores" estava a jogar um jogo esbanjador de prestígio para impressionar uma audiência capitalista internacional. Perceberam que têm poder estratégico para pressionar o governo e tratar de algumas das desigualdades em habitação e em salários através da acção de massa. E eles agarraram-na. Perceberam que merecem desfrutar a Copa do Mundo em habitações públicas adequadas e a preços acessíveis e viajar para o trabalho (ou para um jogo ocasional) em auto-carros e comboios decentes. A consciência de classe, no caso do Brasil, triunfou sobre o espectáculo de massa. O "Pão e circo" cedeu aos protestos em massa. 

03/Junho/2014
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Copa do Mundo deve ajudar pouco exportações brasileiras

luis nassif - sex, 06/06/2014 - 09:27

Apesar de atrair a atenção internacional sobre o país, a Copa do Mundo deve ajudar pouco as exportações brasileiras. Com menos dias úteis, que comprometem a produção, o torneio provocará atrasos em embarques e reduzirá as vendas externas em junho e julho.

Segundo o professor Paulo Pacheco, especialista em Comércio Exterior da faculdade Ibmec, o impacto da Copa sobre as vendas externas é temporário. A tendência é que, depois da competição, ocorra um movimento de compensação, com embarques acima do normal no início do segundo semestre.

“Como os exportadores estão amarrados por contratos, são obrigados a vender a mercadoria de qualquer maneira. Depois da Copa, as empresas vão correr atrás do prejuízo para suprir os clientes”, diz o professor.

De acordo com Pacheco, apenas se os portos brasileiros parassem durante a Copa, haveria prejuízo imediato. “Não tenho informações de que nenhum porto vá parar em dias de jogos do Brasil. Talvez operem com escala reduzida, mas não podem parar porque uma paralisação significaria prejuízos para os navios e para os armazenadores, que pagariam mais taxas”, explica.

Embora o impacto nos embarques seja momentâneo, o professor adverte que existe outro efeito negativo da Copa do Mundo sobre as vendas para o exterior. Por causa do número menor de dias úteis, o torneio fará a produção industrial cair neste e no próximo mês, reduzindo o excedente a ser exportado.

“Esse é um efeito indireto, que não tem como ser medido na balança comercial. De qualquer forma, menos produção significa menos PIB [Produto Interno Bruto] e, por consequência, menos excedente de bens no mercado”, alega Pacheco.

Mesmo com a menor atividade econômica e os atrasos nos embarques, a Copa do Mundo traz oportunidades para as empresas brasileiras. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex–Brasil), órgão federal que promove produtos e serviços brasileiros no exterior, montará, em cinco cidades-sede – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza – estandes nos estádios para vender os produtos brasileiros a empresários estrangeiros que virão para o torneio.

Ao todo, 12 partidas nas cinco cidades terão os estandes da Apex–Brasil. Segundo Diogo Akitaya, coordenador de Marketing de Relacionamento do órgão, a Copa representa uma oportunidade de negócios porque os estrangeiros não virão ao Brasil apenas para os jogos. Convidados por companhias nacionais parceiras da Apex-Brasil, os visitantes ficarão de quatro dias a uma semana em cada cidade.

“Eles visitarão fábricas e empresas brasileiras e farão reuniões de negócios ao longo de toda a visita no Brasil. As áreas de hospitality [hospedagem] durante as partidas são apenas parte da ação, para criar um relacionamento de qualidade entre os empresários brasileiros e estrangeiros”, explica Akitaya.

Segundo o coordenador da Apex–Brasil, a ação na Copa das Confederações, no ano passado, rendeu US$ 3 bilhões em exportações e investimentos estrangeiros diretos no Brasil nos 12 meses seguintes à competição. O órgão não tem estimativa de recursos que o projeto deve atrair após a Copa do Mundo, mas espera ampliar o volume em relação ao ano passado.

Mesmo com o estímulo aos negócios com empresas estrangeiras, o esforço do governo na Copa das Confederações representou pouco mais de 1% dos US$ 242,2 bilhões exportados pelo país em 2013. “Se pegarmos o ano como um todo, não vejo como a Copa do Mundo possa ter grande impacto sobre as exportações. No máximo, os efeitos positivos, como a maior visibilidade do país, compensam os negativos, como a queda da produção industrial”, avalia Paulo Pacheco, do Ibmec.

Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, o impacto da Copa do Mundo sobre a balança comercial (diferença entre exportações e importações) é imprevisível. “O país vai exportar menos por causa dos dias parados, mas também vai importar menos. Então, não dá para fazer nenhuma estimativa sobre o saldo comercial”, alega.

Marcos Martins: Sabesp pede economia de água, mas desperdiça 32%

viomundo - publicado em 5 de junho de 2014 às 23:29



Fotos Caio Castor
Ato contra falta de água em São Paulo critica Alckmin por tentar esconder racionamento
Para lideranças sindicais, populares e estudantis a falta de investimento do governo tucano é o principal motivo da crise
Por Lúcia Rodrigues
Apesar da gravidade da crise da falta de água em São Paulo atingir milhares de pessoas, o protesto capitaneado pela CUT que ocorreu na manhã e início da tarde desta quinta-feira, 5, em frente à sede da Sabesp, em Pinheiros, região oeste da capital paulista, não conseguiu atrair um número expressivo de trabalhadores. Aproximadamente 400 pessoas participaram do protesto, que reuniu lideranças sindicais, populares e estudantis.
Marcada para ocorrer no Dia Mundial do Meio Ambiente, a manifestação acabou coincidindo também com a greve dos metroviários, que começou nesta madrugada. O trânsito caótico pode ter contribuído para o esvaziamento do protesto, que denunciou o descaso do governo do Estado de São Paulo com o fornecimento de água potável para a população e a farsa montada para encobrir o racionamento que atinge a periferia.
Antes de chegar à empresa, os manifestantes percorreram em passeata aproximadamente 700 metros da Marginal Pinheiros e ruas do entorno. A faixa que abria o protesto alertava: “Vai ter Copa sim, o que não vai ter é água em São Paulo”. O objetivo dos dirigentes cutistas era entregar uma carta ao secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, com sugestões para saída da crise, mas não conseguiram porque seu gabinete está localizado no centro da cidade.
Na agenda de Arce, a reunião com os trabalhadores está marcada apenas para o dia 2 de julho.

Falta de investimentos
Todas as lideranças entrevistadas pela reportagem de Viomundo – veja as fotos no álbum acima — foram categóricas, afirmando que o racionamento que atinge a periferia da região metropolitana de São Paulo foi motivado pela falta de investimentos do governo do Estado na construção de novos mananciais e novas estações de tratamento de água.
“É uma crise anunciada. Há algum tempo os índices mostravam que havia necessidade de investimentos, mas nada foi feito”, critica o presidente da CUT paulista, Adi dos Santos.
“Em 2004, o comitê de bacias já tinham alertado o governador que poderíamos ter uma crise, e que era preciso fazer investimentos na captação de água, em reservatórios e interligações. Praticamente nada disso foi feito”, completa o deputado estadual, Marcos Martins (PT-SP).
O parlamentar também ressalta que a Sabesp não investiu em campanhas de conscientização para a economia de água. “Não adianta fazer campanha só na hora do sufoco. A água precisa ser economizada, mas a Sabesp não dá o exemplo. O vazamento em sua rede chega a 32%”, frisa. “A culpa pela falta de água, não é de São Pedro nem da população. O governo tem de assumir a responsabilidade de não ter feito as obras necessárias”, arremata.
Tucanos jogaram água fora
O técnico em gestão da Sabesp e diretor do Sintaema, o sindicato que reúne profissionais da Companhia, Anderson Fernandes Guahy, enfatiza que há mais de 12 anos o governo do PSDB não constrói nenhuma estação de tratamento de água nem faz captação para evitar a crise hídrica.
“Há muito tempo a gente vem dizendo que não há reservatórios suficientes na região metropolitana de São Paulo, para atender à demanda da população. Só agora é que estão fazendo o primeiro reservatório novo (no Ipiranga), mas a obra só deve ficar pronta em um ano e meio.”
O técnico recorda que a falta de investimentos em reservatórios é outro dos motivos para o racionamento de água enfrentado pela população. “Lembra das chuvas de 2010, quando vários bairros (Pantanal, na zona leste, é um deles) foram alagados? Aquela água poderia ter sido reservada e tratada. Mas a Sabesp não fez isso, porque não tinha reservatório para guardar”, revela.
Ele aponta que o tratamento de esgoto é outra das saídas para se extrair água potável. “É caro, mas é possível. Em Campinas há um condomínio com essa tecnologia. As pessoas são abastecidas com a água tratada do esgoto. Essa (técnica) acontece através de membranas. Mas a Sabesp para dar lucro para os acionistas, não investe nessa tecnologia.”
A saída é viável, mas não é imediata. O funcionário explica que demoraria em torno de 10 anos para que esse sistema entrasse em funcionamento.
Outra forma de tentar amenizar a crise é evitar que as indústrias continuem utilizando água potável na produção. “Tem que utilizar água de reuso”, frisa Anderson. “As empresas não podem continuar usando água potável para resfriar peças. É preciso investimento em águas pluviais, em água de reuso. O governo precisa estimular as indústrias a fazerem isso”, reforça o presidente da CUT paulista.
Governo esconde
A negação do governador Geraldo Alckmin de que o racionamento está a todo vapor é criticada pelas lideranças populares.
Para Guilherme Boulos, dirigente do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o racionamento é uma realidade e afeta a periferia. Ele coordena várias ocupações nas regiões mais pobres de São Paulo. O acampamento Copa do Povo, em Itaquera, na zona leste, é um deles.
“Em alguns bairros de Itaquera falta água dia sim, dia não. Na zona sul, no Jardim Angela, Capão Redondo não tem água à noite. Em Embu das Artes quando se abre a torneira, em alguns períodos do dia, a água sai marrom. Essa é situação. São Paulo vive um racionamento de água, mas o governo só vai anunciar isso em outubro, depois da eleição. Tá claro que o objetivo é empurrar com a barriga. É por isso que estamos aqui (na rua). O problema da falta de água em São Paulo não é da natureza. É político. É por causa da falta de investimento, de planejamento, da privatização. A Sabesp se voltou cada vez mais para o lucro e não para o atendimento da população”, sentencia.
O vice-presidente da UNE, a União Nacional dos Estudantes, Arthur Miranda, concorda com Boulos. “O governador Geraldo Alckmin não tem compromisso com a população e tenta esconder o problema que está cada dia mais evidente. Santo André está sem água, Mauá está sem água.”
Lira Alli, do Levante Popular da Juventude, habituada a liderar escrachos contra torturadores que atuaram durante a ditadura, também resolveu participar da manifestação. “Quem mais sofre com a falta de água é a periferia e o PSDB está no poder (praticamente) desde o fim da ditadura militar.”
Em um discurso, a estudante de Artes Cênicas da USP, fez uma crítica aos tucanos em ritmo de funk e pediu a saída deles do governo. “A água é direito, não é mercadoria. Fora tucanada que nos ferra todo dia”, cantou Lira em um dos trechos da letra.

Chega de tucanos
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, foi outro que bateu duro nos tucanos. “Alckmin está criando o caos na cidade. Não está faltando só água para beber. O que significa desenvolvimento sem água? Não tem crescimento econômico e industrial. Sem água vai ter falta de emprego. É por isso que temos de fazer a mudança. Chega de tucanos em São Paulo”, enfatiza.
“A CUT tem o firme propósito, único e exclusivo de dizer para a população que o governo Alckmin, é um governo que sucateia e arrebenta São Paulo e que nós vamos derrotá-lo na eleição de outubro. É para isso que nós estamos aqui”, conclui o sindicalista.