"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, julho 07, 2012

Quem precisa de Forças Armadas?

Carta Capital - 12.06.2012 11:44

Roberto Amaral

Roberto Amaral

Cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004

Militares dão apoio à ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foto: Vladimir Platonov / ABr

Militares dão apoio à ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foto: Vladimir Platonov / ABr

Desgastadas política e socialmente com a ditadura (1964-1985), nossas Forças Armadas, desde o governo Fernando Collor, vêm sendo objeto de crescente (e burra) marginalização, que se aprofundou no governo Fernando Henrique Cardoso. Solícito no atendimento às diretrizes norte-americanas, o segundo Fernando foi diligente na política de tentar confinar nossas Forças em atividades típicas de polícia, como o combate ao contrabando e ao narcotráfico. Mas, justiça lhe seja feita, deu o pontapé inicial para a criação do Ministério da Defesa, boa ideia que ainda poderá vingar.

Já o governo Luiz Inácio Lula da Silva teve o grande mérito de aprovar a primeira Estratégia Nacional de Defesa com visão própria da inserção do Brasil no cenário geopolítico mundial. Finalmente, a presidente Dilma Rousseff (embora as Forças Armadas permaneçam cumprindo papel de polícia nos morros cariocas) avança na definição de programa de investimentos em ciência e tecnologia, de especial em tecnologias duais, e na articulação com a indústria aqui instalada, indústria que, em crise, precisa ser encarada como parceira indispensável do programa de nacionalização de armamentos, sem a qual não teremos Forças Armadas dignas do nome.

Afinal, defesa nacional é defesa de que e de quem? Da nacionalidade? De nossos valores? Quais são esses valores, aqueles que unificam o que se pode chamar de povo e nação? Defesa de nosso território? Ou defesa de nossa soberania? O que é soberania, e qual soberania é possível, num mundo dito globalizado, o qual, embora multipolar, uma multipolaridade de polos assimétricos, conhece a hegemonia econômica, científica e militar do mais forte entre os mais fortes, e os mais fortes são potências nucleares?

No Brasil, o interesse nacional, após a Segunda Guerra Mundial, era ditado pela nossa inserção dependente na Guerra Fria, resolvida pela renúncia da União Soviética, caso único de suicídio de um Estado. Aquela inserção qualificava nossa política externa e determinava o caráter de nossas Forças Armadas. A saber, simplesmente não precisávamos delas, senão para cuidar da fronteira com o suposto inimigo potencial, a Argentina, pois, do ‘perigo soviético’ nos defenderiam os ‘marines’. Por consequência, recebendo armamento de segunda linha, prescindíamos do desenvolvimento de tecnologias e produção de armamentos próprios, vedada às nossas forças e à nossa incipiente indústria militar qualquer sorte de transferência de tecnologia. Para o seu papel subalterno de guardas pretorianos do status quo, ou para intervir no processo democrático, fraturado-o, não careciam de modernidade.

A visão subalterna conheceu o clímax no governo do marechal Castello Branco, quando foi cunhado o infeliz bordão ‘o que é bom para os EUA é bom para o Brasil’. Os demais governos militares, todavia, incentivaram o desenvolvimento da indústria nacional de defesa, de que são símbolos a Embraer e seu AM-X, estenderam a soberania marítima para 200 milhas, romperam com o acordo militar Brasil-EUA e deram impulso à pesquisa nuclear.

A disparidade entre o poder econômico do Brasil e o dos seus vizinhos elimina do horizonte hoje visível qualquer hipótese de guerra regional, a não ser por procuração, de potência externa, como aliás, no Império sob a hegemonia britânica, foi a imoral guerra contra o Paraguai, e, na ditadura, a intervenção na República Dominicana, atendendo aos interesses dos EUA. Resta a hipótese de enfrentar inimigo muito mais poderoso, caso em que não caberá a ilusão de enfrentá-lo de igual para igual, senão adotar uma política de dissuasão ao máximo do invasor, desanimando qualquer intento atentatório à nossa soberania.

Em país com as características brasileiras, amante ativo da paz e da boa convivência internacional, o papel de suas Forças Armadas é o de serem capazes de inibir qualquer desrespeito às regras da convivência internacional, de soberania e de autodeterminação. Dito de outra forma, sabemos que a inexistência de capacidade de defesa, isto é, de força dissuasória, é eficiente estímulo à aventura militar.

Qualquer que seja a política nacional de defesa, ela depende de nosso desenvolvimento econômico, gerador de nosso desenvolvimento científico-tecnológico, gerador de nosso desenvolvimento industrial e não tem e não pode ter política de defesa o Estado que não possui indústria bélica. Quem não produz sua própria tecnologia militar não tem tecnologia alguma.

Está certo e é coerente com nossa história de povo e civilização que o Brasil não seja nem queira ser uma potência militar, mas é pelo menos estranho que renuncie a um sistema de defesa – ainda que constitucionalmente limitado à dissuasão –, compatível com sua presença continental.

Imagem de julho de 2011 mostra lançamento de foguete do Exército em treinamento realizado em Formosa (GO). Foto: Antonio Cruz / ABr

Imagem de julho de 2011 mostra lançamento de foguete do Exército em treinamento realizado em Formosa (GO). Foto: Antonio Cruz / ABr

Não há a menor relação, do ponto de vista militar, entre nossas Forças Armadas e as necessidades de nosso país, considerada sua dimensão continental, seu litoral, suas fronteiras, a riqueza de seu mar territorial, a Amazônia, seus recursos minerais, sua população e a exigência de projeção do poder nacional.

É dramática a fragilidade de nossas Forças Armadas, mas este, lamentavelmente, não é o cerne da questão, porque é impossível pensar em política de defesa, cingindo-se ao ponto-de-vista estritamente militar. A política de defesa fundamenta-se em elementos culturais e ideológicos, e depende da adesão da cidadania, porque assim como a economia e a diplomacia, guerra é, ao fim e o cabo, uma questão política.

Deserdados da sociedade e da cidadania não formam exércitos de defesa e resistência. Estes carecem da força da população que pretendem defender, e da identificação dessa mesma população com seus objetivos. As Forças Armadas aptas do ponto de vista tecnológico deverão ser concebidas a partir da vontade nacional e de sua missão no projeto estratégico coletivo; os valores nacionais são oferecidos pela sua formação de povo, nação e país, pela sua cultura, pela sua história.

Segurança nacional, como tem demonstrado a democracia, é antes de tudo desenvolvimento econômico-social auto-sustentado.

Nosso projeto fundamental, assim o entendo, é ultrapassar a condição periférica, e a estratégia é o aprofundamento da relação Sul-Sul, tendo como ponto-de-partida a América do Sul, onde já desfrutamos de posição destacada. A partir daí, utilizando esse ponto de apoio, aprofundar seu relacionamento com os países africanos, a começar pelos países da lusofonia, mas a eles não se limitando.

Nosso objetivo estratégico deve ser abreviar o parto da história.

O projeto nacional é tributário e servidor do papel que estamos dispostos a desempenhar na America do Sul e no hemisfério e sua articulação considera a consciência do que somos e a decisão do que queremos ser.

Queremos ser um modelo alternativo de desenvolvimento auto-sustentável, democrático, solidário, progressista; uma sociedade harmônica e igualitária, aberta ao convívio amistoso de todas as crenças e etnias, amante da paz e da liberdade.

No plano continental, o projeto desse novo Brasil está comprometido com:

- a democracia e os regimes representativos;
- a desnuclearização de nosso continente de par com a exigência do fim de todos os estoques de armas nucleares e de destruição em massa;
- a proteção e fortalecimento de nossas culturas nacionais;
- a articulação econômica, cultural e política entre nossos povos;
- a proteção de nossas economias, a promoção do desenvolvimento e a distribuição de renda como ponto de partida para a superação das desigualdades sociais e construção futura de uma sociedade sem classes;
- a proteção de nossas matérias primas, de nossos recursos naturais e de nossas fronteiras;
- o desenvolvimento em comum polos de ciência e tecnologia; e
- a latinidade como valor estratégico.

Finalmente, nosso compromisso é o de assegurar a paz e a não-intervenção nos assuntos internos de outros países, e, em particular, a intervenção estrangeira no hemisfério.

Ao fim e ao cabo: é preciso virar a página. Não podemos sacrificar nossas necessidades atuais em razão de traumas de há 30-40 anos. É preciso serviço de inteligência, e é preciso política de defesa. Sob a égide da Constituição de 1988, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nada tem a ver com o Serviço Nacional de Informações (SNI), e o papel das Forças Armadas é e deve ser distinto daquele da longa noite da ditadura. Essa é a exigência do Estado democrático que, aos trancos e barrancos, conseguimos construir e buscamos fortalecer.

O Brasil, segundo Delfim

Luis Nassif – Carta Capital 07.07.2012 09:44

Com mais de 80 anos, o ex-Ministro Antonio Delfim Neto continua exibindo uma vitalidade intelectual surpreendente. No seu escritório, em São Paulo, passam de empresários a autoridades econômicas, atrás de seus conselhos.

O acúmulo de experiências, da Faculdade de Economia e Administração da USP aos mais altos cargos da República, conferiram a Delfim uma formação única no universo econômico brasileiro. Junta um conhecimento profundo da teoria e história econômica, dos humores dos empresários, das restrições e possibilidades da política, dos fatores que podem impulsionar ou derrubar o desenvolvimento.

***
Acredita que o PIB deste ano não deverá ficar longe dos 2%. E debita o esmorecimento principalmente ao desastre da agricultura, impossível de prever antecipadamente.

Mas acredita que, graças ao conjunto de medidas tomadas pelo governo, no último trimestre do ano a economia poderá estar correndo a 4% de crescimento sobre o último trimestre do ano passado. Depois, é manter a mesma velocidade.

***

Delfim acredita que 4% de crescimento, hoje em dia, correspondem aos 7% de média de crescimento que o país ostentou por três décadas, antes da grande crise dos anos 70. Na época o crescimento populacional era muito maior. Com a população tendendo a se estabilizar, manter 4%, 4,5% de crescimento ao ano será mais que suficiente, diz ele.

***
O grande desafio do país é impedir a desindustrialização.  Foram três décadas de política cambial desfavorável, carga tributária crescente, custos de energia em alta, em que o primado do desenvolvimento foi colocado de lado.

Agora, é correr atrás do prejuízo, em um quadro de profundas mudanças internacionais Acabou a época das cadeias produtivas verticalizadas – montadora e fornecedores instalados em locais próximos. Cada vez mais, o modelo industrial terá que se adaptar ao novo quadro, em que empresas dependerão das importações para poderem exportar.

***

Ocorre que a perda de dinamismo das exportações brasileiras tornou-se um obstáculo enorme. No seu tempo de czar da economia, procedeu-se a uma desvalorização cambial e, em seguida, a uma regra cambial absolutamente previsível – mini-reajustes semanais equivalentes à diferença entre a inflação brasileira e a norte-americana.
Foi esse binômio – câmbio depreciado e estável – que permitiu, em poucos anos, o planejamento e a explosão das exportações brasileiras, que saltaram de US$ 1 bi para US$ 6 bi ano, deixando de depender definitivamente das vendas de café.

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Delfim julga que, depois do longo período sem foco no desenvolvimento, o país acordou definitivamente para o tema. O desafio consistirá em persistir no caminho.
O desenvolvimento passa por uma taxa de câmbio favorável e uma taxa de juros que não pode ser muito superior a 2% ao ano, diz ele.

***

O médio prazo está garantido pelo pré-sal, que elimina as duas restrições  históricas ao desenvolvimento brasileiro: energia (petróleo importado) e contas externas.

Mas há que se cuidar para não transformar o país em uma economia cartelizada. Para isso, é fundamental uma revisão do papel do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Comentários

Estou ficando cada vez mais preocupado com as diretrizes e lideranças do partideco. Não sei o que se passa realmente na cabeça desse pessoal.
Parece-me irracional que depois da implantação de programas de sucesso por parte de Lula e sua continuidade com Dilma, que principalmente essas duas lideranças que estão em maior destaque e visibilidade não dêem um fim a essa “paralisia cerebral”.
Estamos com 52 dias de greve dos professores federais. Fernando Haddad alçado a condição de candidato do partideco pela disputa de São Paulo (que depois da imagem com Malluf se tornou para mim a antítese de um bom candidato e deveria ser exercrado dessa condição) deve ser responsabilizado e deveria como ex-ministro da educação ter feito algum pronunciamento a respeito.
A lógica é que sua atuação como Ministro encerrou-se nesse ano, e com toda certeza a insatisfação salarial dos professores não surgiu a dois meses atrás. Então durante a gestão de Haddad já havia problemas e esses deveriam ter sido equacionados. Infelizmente a categoria da educação não tem força política, sua paralisação não afeta economicamente as estruturas de produção e assim, estar em greve ou não, só atinge os alunos.
Nessa questão considero muito interessante o silencio da mídia em geral. Como já repeti aqui várias vezes um dito de Leonel Brizola: “se não sair no Jornal Nacional, não aconteceu”; o silencio da Globo (dita anti-PT) é contundente. Que interesses ligam esses “ditos” opostos nessa questão? A ausência de noticias sobre o assunto auxiliam a candidatura de Haddad, será que além de Malluf os barões da midia vão se  beneficiar também com sua vitória?
Por essas e outras é que hoje me sinto feliz por não ter mais nenhuma proximidade política com o PCdoB que forneceu Nádia Campeão como vice na chapa, é o fim. Creio que antigos membros da “Viração” realmente conscientes do que representa esse tipo de aliança, devem ou deveriam, estar pulando fora do barco.
Muito me entristeceu essa notícia, é o fim de um partido, pois se faz esse tipo de aliança em prol do aumento de dois representantes, o que faria para aumentar sua representação nacional?
O pior de tudo é ver quem ainda defenda o Governo utilizando como pano de fundo a diferença salarial entre o setor público e o privado. É de uma falta de caráter tão grande que não há palavras que possam exprimir quão hediondo é esse tipo de argumento. Até parece que o setor privado paga um salário justo. Apenas para contestar esses energúmenos, segundo o Dieese o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.329,35 em abril, a fim de suprir as necessidades básicas da população e de sua família, como constata a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Assim os salários em geral do setor público executivo, oscilam até 5 salários mínimos. É claro que o setor privado massacra a população com o consentimento do Estado. Mas, aí já é outra estória.




Outro problema seríssimo que está sendo levado como brincadeira -  para não falar irresponsabilidade – pelo Governo Federal é a situação do retorno da Gripe A.
Sinceramente não acredito que com tantos pesquisadores e estudiosos do assunto na rede pública, não se previa a possibiliade do problema e consequentemente sua antecipação para redução dos custos humanos.
A ampliação de casos e a falta de vacinas (que por sinal a campanha de vacinação nesse ano utilizando termos suaves foi no mínimo ridicula) tem provocado aumento nos casos e com mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse um simples planejamento do Governo Federal.
Ao que tudo indica (pelo que está ocorrendo) esse inverno no Sul tende a ser com presença de bastante chuva, ou seja, não só o frio, mas a pluviosidade forçará o fechamento dos espaços auxiliando na disseminação do vírus.
No Rio Grande do Sul já se programa a antecipação das férias escolares,  e provavelmente essa medida deverá redundar em uma nova solicitação de ampliação dessas (nos moldes de 2010).
Fazendo um link entre os dois comentários, é assim que o Governo Federal está preocupado com a educação (até a pouco representada por Haddad)? Deixando o ensino superior sem aulas por greve, e os demais por inépcia?
Se Serra não fosse a pior opção, hoje estaria menoscabado com a eleição de Dilma. Mas, nada é imutável. Quem sabe nossos representantes resolvam realmente por o cérebro para funcionar.

quinta-feira, julho 05, 2012

MEE = 17 golpes de estado na Europa

resistir info - 03 julho 2012


Governo pelos bancos e para os bancos

por Ellen Brown [*]
Na sexta-feira, 29 de Junho, a chanceler alemã Angela Merkel aceitou mudanças num fundo permanente de salvamento da eurozona – "antes a tinta estava seca", como se queixavam alguns críticos. Além de facilitar as condições em que os salvamentos seriam concedidos, as concessões incluíram um acordo em que fundos destinados a governos endividados poderiam ser canalizados directamente para bancos aflitos .

Segundo Gavin Hewitt , editor de Europa da BBC News, as concessões significam que:
O fundo de salvamento da eurozona (suportado pelo dinheiro dos contribuintes) estará a tomar uma participação em bancos fracassados.
O risco foi agravado. Os contribuintes alemães aumentaram os seus passivos. No futuro, um crash bancário já não cairá sobre os ombros de tesouros nacionais e sim sobre o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), um fundo para o qual a Alemanha contribui com a maior parte.
No curto prazo, estas medidas facilitarão a pressão nos mercados. Contudo, actualmente há apenas 500 mil milhões de euros assinalados para o MEE. Essa quantia ser engolida rapidamente e os mercados podem exigir mais. Ainda não está claro quão profundos são os buracos nos bancos da eurozona.
O MEE agora é um fundo de salvamento permanente para bancos privados, uma espécie de "previdência para os ricos". Não há tecto nas obrigações a serem subscritas pelos contribuintes, nem espaço para negociar e nenhum recurso a tribunal. Suas disposições amedrontadoras foram resumidas num vídeo do youtube de Dezembro de 2011, originalmente apresentado em alemão, intitulado "A verdade chocante do iminente colapso da UE!" (ver acima, legendado em português).
O tratado estabelece uma nova organização intergovernamental para a qual exigem-nos transferir activos ilimitado dentro de sete dias se for requerido, uma organização que pode processar mas está imune a qualquer forma de processo e cujos administradores desfrutam da mesma imunidade. Não há revisores independentes e não existem leis a aplicar. Os governos não podem actuar contra ele. Os orçamentos nacionais da Europa estão nas mãos de uma única organização intergovernamental não eleita.
[Artigo 8]: "O capital autorizado será de €700 mil milhões".
[Artigo 9]: "Os membros do MEE por este instrumento comprometem-se irrevogavelmente e incondicionalmente a pagar qualquer chamada de capital que lhes seja feita ... tal pedido será pago dentro de sete dias após o recebimento".
[Artigo 10]: "O Conselho de Governadores ... pode decidir mudar o capital autorizado e emendar o Artigo 8 ... em consequência".
[Artigo 32, parágrafo 3]: "O MEE, suas propriedades, fundos e activos ... desfrutarão de imunidade em relação a toda forma de processo judicial ..."
[Artigo 32, parágrafo 4]: "As propriedades, fundos e activos do MEE serão ... imunes a investigação, requisição, confisco, expropriação ou qualquer outra forma de captura, tomada ou arresto por acção executiva, judicial, administrativa ou legislativa".
[Artigo 30]: "... Governadores, Governadores suplentes, Directores, Directores suplentes, bem como o Director Administrador e outros membros do staff serão imunes a procedimentos legais quanto a actos desempenhados por eles na sua função oficial e desfrutarão de inviolabilidade em relação aos seus papeis e documentos oficiais".
E isto foi antes das recentes concessões de Merkel, a qual permitiu este endividamento ilimitado ser canalizado directamente para os bancos.
Por que Merkel cedeu?
"As reacções quanto voltou para casa foram devastadoras", relatou Der Spiegel. "A impressão era que [Merkel] fora manobrada pelo primeiro-ministro italiano Mario Monti e o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy.
Até 21 de Junho, 13 dos 17 países ainda não haviam ratificado o MEE [NR] e a mais importante ratificação necessária era a da Alemanha, a maior economia na Eurozona. Anteriormente, Angela Merkel opusera-se a utilizar o fundo de salvamento para despejar dinheiro directamente dentro de bancos europeus aflitos. Mas na cimeira da UE que começou quinta-feira e arrastou-se até bem tarde da noite, ela finalmente aquiesceu. Na noite de sexta-feira passada, deputados alemães votaram por 493-106 a favor dos €700 mil milhões do fundo de salvamento permanente.
O que levou Merkel a recuar? Segundo um artigo em The Economist, a última noite foi "preenchida com logros e fanfarronadas", nas quais
Mariano Rajoy, o primeiro-ministro espanhol ..., juntamente com Mario Monti da Itália, ameaçaram bloquear qualquer acordo na cimeira a menos que suas exigências fossem atendidas. O sr. Rajoy foi satisfeito, mas o mesmo não é verdadeiro em relação ao sr. Monti, que foi o mais inflexível dos dois.
O sr. Monti declarou-se satisfeito, mas provocou considerável irritação juntos aos parceiros. Dentre os acordos que ele bloqueou estava o "pacto de crescimento", um conjunto de medidas de estímulo.
O que Monti alcançou com esta manobr não ficou claro:
"Quem precisa de pacto de crescimento? Não a Alemanha", disse um participante perplexo. Os falcões fiscais da eurozona dizem que o mecanismo de compra de títulos será pouco diferente do sistema existente. "Mario Monti ergueu uma arma contra a cabeça e ameaçou atirar sobre si próprio". No fim, feriu-se no ombro", disse um diplomata desdenhoso.
Talvez. Ou talvez o mecanismo de compra de títulos não fosse realmente assim.
O golpe de estado italiano
Há razão para suspeitar que o "Super Mario" Monti pode ser a representar outros interesses diferentes daqueles do seu país. Ele subiu ao poder na Itália em Novembro último naquilo que certos críticos chamaram um "golpe de estado" engendrado por banqueiros e a União Europeia". Ele não foi eleito mas intrometeu-se depois de o primeiro-ministro Silvio Berlusconi renunciar sob coação.
Monti é não só um "conselheiro internacional" do Goldman Sachs, uma das mais poderosas firmas financeiras do mundo, como também um líder do Grupo Bilderberg e da Comissão Trilateral. Num artigo em The New American, Alex Newman chama estes grupos clandestinos de "duas das mais influentes cabalas hoje existentes". Monti está listado como membro do comité de direcção no sítio web oficial de Bilderberg e como o presidente do Grupo Europeu no sítio web da Comissão Trilateral.
A Comissão Trilateral como co-fundada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski, também participantes de Bilderberg. A Comissão Trilateral formou-se a partir da tese de 1970 de Brzezinski, Between Two Ages: America's Role in the Technetronic Era, de que era necessária uma política coordenada entre países desenvolvidos a fim de conter a instabilidade global que irrompia da crescente desigualdade económica. Ele escreveu no seu livro de 1997, The Grand Chessboard, que seria difícil alcançar um consenso sobre estas questões "excepto na circunstância de uma ameaça externa directa realmente maciça e amplamente percebida".
Naomi Klein chamou-o "a doutrina de choque" – um desastre induzido forçando medidas de austeridade sobre países soberanos. Em desespero, eles obedeceriam, renunciando o direito soberano dos governos para um corpo não eleito de tecnocratas. E é isto que o MEE parece alcançar.
Rockefeller notoriamente escreveu na sua autobiografia de 2002: "Alguns acreditam mesmo que somos parte de uma cabala secreta a trabalhar contra os melhores interesses dos Estados Unidos, caracterizando minha família e eu como "internacionalistas" e de conspirar com outros por todo o mundo para construir uma estrutura política e económica global mais integrada – um mundo, se você quiser. Se esta é a acusação, declaro-me culpado e estou orgulhoso disso".
A aplicar a Doutrina de Choque
Num outro golpe de banqueiros em Novembro último, Mario Draghi, o antigo executivo da Goldman Sachs, substituiu Jean-Claude Trichet como governador do Banco Central Europeu. O Mecanismo Europeu de Estabilidade seguiu-se rapidamente. Era um instrumento de resgate permanente destinado a substituir certos instrumentos temporários tão logo os estados membros o houvessem ratificado, o que deve ocorrer em 1 de Julho de 2012. O MEE foi submetido a uma votação inicial em Janeiro de 2012, quando foi aprovado na calada da noite mal havendo menção na imprensa.
As modificações recentes foram também acordadas na calada da noite, ostensivamente porque a Itália e a Espanha estavam aflitas onerosas altas taxas de juro. Mas há outras maneiras de deitar abaixo taxas de juro sobre dívida soberana além de impor a países inteiros pactos ilimitados para salvar bancos privados perpetuamente com somas ilimitadas, na esperança de que em troca os bancos possam salvar os governos.
O défice orçamental de 2012 dos Estados Unidos é significativamente pior do que o da Itália ou o da Espanha, mas de certo modo os EUA conseguiram gerir para manter as taxas de juro sobre a sua dívida em registos baixos. Como conseguiu?
Uma teoria é que US$57 milhões de milhões do JP Morgan em swaps de taxas de juro tem algo a ver com isso. Uma outra explicação, entretanto, é que o Fed simplesmente interveio como prestamista de último recurso e comprou qualquer dívida não vendida à baixa taxa de juro estabelecida pelo Tesouro, utilizando a "quantitative easing" (dinheiro criado num écran de computador). Entre Dezembro de 2008 e Junho de 2011, o Fed comprou colossais US$2,3 milhões de milhões de títulos dos EUA e duas rodadas de quantitative easing. Por que o Banco Central Europeu não pode fazer a mesma coisa? A resposta é que há regra em contrário, mas regras são apenas acordos arbitrários. Elas podem ser mudadas por acordo – e muitas vezes isso tem acontecido , para salvar os bancos.
Como observou o cínico citado no artigo acima em The Economist, o mecanismo de compra de títulos para países sobre o MEE será pouco diferente do sistema existente. Mario Monti disse que o plano apoiará preços de títulos do governo "só em países que cumpram objectivos fiscais e que ele actuará como um incentivo para os governos seguirem políticas virtuosas". Isso significa evitar défices, mesmo que exija ainda mais medidas de austeridade e venda de activos. No nível público, isso poderia significar tesouros nacionais como a Acrópole. No nível privado, The New York Times informou sexta-feira que alguns desempregados europeus chegavam até a vender os seus rins para pagar despesas familiares. A doutrina de choque, parece, chegou à porta dos privilegiados ocidentais.
Os diplomatas alemães na negociação do MEE deixaram abertas algumas janelas de escape, incluindo um pedido ao mais alto tribunal da Alemanha para o presidente do país não assinar os tratados convertendo-o em lei até que uma revisão legal possa ser completada. Espera-se que pelo menos 12 mil queixas sejam apresentadas ao Tribunal Constitucional Federal quanto ao MEE e o seu impacto fiscal. A revisão legal poderia concluir que o MEE sequestra ilegalmente fundos dos contribuintes em proveito da banca privada.
Uma coisa é compartilhar recursos nacionais para salvar outros governos soberanos, outra muito diferente é preencher um cheque em branco para salvar os bancos privados perdulários que precipitaram a retracção global. A Europa tem uma forte tradição de bancos de propriedade pública. Se o povo deve arcar os custos, o povo deveria possuir os bancos e colher os benefícios.
02/Julho/2012
[NR] O parlamento português foi um dos primeiros.   A Assembleia da República ratificou o Tratado do MEE em 13/Abril/2012, com os votos favoráveis dos deputados do PS, PSD e CDS.   Não se sabe quantos desses deputados leram o tratado que aprovaram e, dos que leram, quantos o entenderam.
Da mesma autora em resistir.info:
  • O Mecanismo Europeu de Estabilização, ou como a Goldman Sachs capturou a Europa
  • Armas nucleares ou juros compostos? [*] Autora de Web of Debt: the Shocking Truth About Our Money System e How We Can Break Free. Seu sítio web: http://www.webofdebt.com/ O original encontra-se em www.counterpunch.org/2012/07/02/government-by-the-banks-and-for-the-banks/

    Estaline e Hitler: irmãos – gémeos


    darussia.blogspot.com - Segunda-feira, Julho 02, 2012



    Texto enviado pelo leitor Jest:
    "Os mecanismos exatos que levaram ao início da guerra entre a Alemanha Nazi e a União Soviética até hoje não são totalmente conhecidos. A historiografia soviética sempre defendia a tese de “ataque traiçoeiro do 3° Reich”. O historiador britânico, ex-oficial do GRU, Victor Suvorov, defende a tese do que Estaline preparava-se para atacar o seu rival nacional – socialista em agosto de 1941, mas foi antecipado pelos alemães.

    No dia 14 de junho, o jornal soviético “Izvestia” publicou o informe da Agência de Telégrafos da União Soviética (TASS), cujo autor pressupõe-se seja o próprio Estaline.    

    “Mesmo antes da chegada do embaixador britânico na União Soviética, Sr. Cripps, em Londres, especialmente após a sua chegada, na Inglaterra e em geral, na imprensa estrangeira começaram propalar-se os rumores sobre a “a guerra próxima entre a URSS e a Alemanha.” De acordo com esses rumores: 1) a Alemanha apresentou à União Soviética as reivindicações de natureza territorial e econômica e agora decorrem as negociações entre a Alemanha e a União Soviética sobre um novo acordo mais próximo entre eles; 2) a União Soviética rejeitou essas reivindicações, em conexão com que a Alemanha começou agrupar as suas tropas nas fronteiras da União Soviética para atacar a URSS; 3) a União Soviética, por sua vez, está supostamente se preparar maciçamente para a guerra com a Alemanha e as suas tropas são concentradas na fronteira desta última. Apesar da aparente futilidade destes rumores, os círculos responsáveis ​​em Moscovo, consideraram ainda necessário, tendo em vista a disseminação persistente destes rumores, autorizar TASS a afirmar que esses rumores são propaganda desajeitadamente inventiva das forças hostis à URSS e à Alemanha, que estão interessados ​​em expansão e disseminação da guerra.

    TASS informa que: 1) a Alemanha não apresentou à URSS quaisquer reivindicações e não oferece qualquer acordo novo mais próximo entre eles, como consequência, as negociações sobre este tema não poderiam ter lugar; 2) pelos dados da União Soviética, a Alemanha também respeita as condições do Pacto de Não-agressão germano – soviético, tal como a União Soviética, razão pela qual, na opinião de círculos soviéticos, rumores de intenção da Alemanha de quebrar o Pacto e atacar a União Soviética são privados de qualquer tipo de objetividade e a recente transferência de tropas alemãs, liberados a partir de operações nos Balcãs, para as regiões de leste e nordeste da Alemanha, possuem presumivelmente, outros motivos que não têm qualquer relação com as relações soviético-alemães; 3) a URSS, como uma consequência de sua política de paz, cumpre e pretende cumprir com os termos do Pacto de Não-agressão germano – soviético, consequentemente, os rumores de que a União Soviética está se preparando para a guerra com a Alemanha são falsas e provocatórias; 4) a mobilização de verão das unidades de reserva do Exército Vermelho que decorre neste momento e a as manobras consequentes visam nada mais do que o treino dos reservistas e verificação das operações do sistema ferroviário, realizados, como é sabido todos os anos, por isso descrever essas atividades do Exército Vermelho como hostis à Alemanha é pelo menos ridículo."
    Fonte:
    Estaline I. V., Obras, volume 18, pp. 221–223 (citado por Stalin/t18).
    Blogueiro
    Tendo em conta que a guerra começou no dia 22 de julho, tendo em conta que Estaline sabia a data do ataque alemão (vários agentes forneceram essa informação), tendo em conta que a URSS não estava em absoluto se preparar para uma guerra defensiva, é possível chegar a conclusão do que Estaline pensava atacar primeiro, mas foi antecipado pelo Hitler, o seu arquirrival e irmão – gémeo."

    A saída de Maurício Rands do PT



    Por esquiber
    Do Blog de Jamildo

    Em carta divulgada nesta quarta-feira (4), o deputado federal Maurício Rands anuncia sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT), entrega ao partido seu cargo de parlamentar na Câmara Federal e também abandona a Secretaria de Governo do Estado de Pernambuco. Rands ainda criticou a Direção Nacional do PT e declarou apoio a candidato do PSB, Geraldo Júlio.

    "Depois da decisão da Direção Nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e a do atual prefeito, recolhi-me à reflexão."

    "No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. (...) Porém, setores dominantes da Direção Nacional do PT já tinham outro roteiro que não o do debate democrático com a militância do PT no Recife e sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife."

    Maurício Rands é advogado e mestre em Direito pela UFPE. Milita no PT há 32 anos, está no seu terceiro mandato como deputado federal, tendo sido líder do PT na Câmara Federal durante parte da gestão Lula. Estava como secretário de Governo na gestão de Eduardo Campos (PSB) à frente do estado de Pernambuco.

    Este ano Rands liderou o grupo de oposição à recandidatura de João da Costa à Prefeitura do Recife. Após acalourado debate e troca de ataques mútua com o atual prefeito, Rands retirou, a pedido da Direção Nacional, seu nome da disputa e abriu espaço para a candidatura do senador Humberto Costa. Na carta Rands revela insatisfação com a candidatura "imposta" pela Direção.

    Mais um que sai e mais um exemplo de democracia do partideco.

    E agora vamos ao que realmente interessa


    viomundo - publicado em 4 de julho de 2012 às 18:19


    por Luiz Carlos Azenha
    Ler Fuel on the Fire: Oil and Politics in Ocuppied Iraq [Combustível na fogueira: Petróleo e Política no Iraque Ocupado], de Greg Muttitt, apenas confirma o que a gente já sabia. Através de documentos e entrevistas com os principais atores — norte-americanos, britânicos e iraquianos — o autor revela os bastidores da luta pelo controle do petróleo iraquiano depois da invasão de 2002.
    Em Crude Awakening, de Ben van Heuvelen, na Foreign Affairs, a gente se dá conta de que tudo pode ter dado errado na guerra movida por George W. Bush. Inclusive a consequência indesejada de promover maior — e não menor — influência do Irã na região. Nada que uma nova guerra, desta vez contra Teerã, não resolva. Mas uma coisa não deu errado na estratégia dos neocons: a indústria iraquiana de petróleo, antes controlada de forma centralizada por Saddam Hussein e o partido nacionalista Baath, foi rachada.
    As grandes companhias internacionais de petróleo agora podem jogar o Curdistão [que, na prática, assumiu controle de suas próprias reservas] contra Bagdá e vice-versa. Se não tinham nenhuma chance com Saddam Hussein, agora as Exxons da vida podem ‘partilhar’ a riqueza dos iraquianos. E, através do acesso às reservas iraquianas, podem exercer pressão sobre o único país que, a longo prazo, pode disputar com a Arábia Saudita o controle da torneira que regula os preços internacionais. Do ponto-de-vista do grande consumidor do planeta, os Estados Unidos, não é pouca coisa.
    Hoje as companhias estatais de petróleo controlam cerca de 80% das reservas. Pela força que exercem na economia local — vejam o caso da Petrobras, bem aqui no Brasil — acabam aglutinando em torno de si forças políticas nacionalistas.
    O século 21 é o século da Ásia. Mas o novo motor do mundo, como escreveu certa vez a própria Foreign Affairs, tem o “tanque vazio”. China, Japão, Coreia e vários outros gigantes econômicos da região são importadores de petróleo. É de onde virá a demanda. Novas tecnologias — de águas profundas, de aproveitamento do petróleo extra-pesado e do xisto, através dos controversos processos de ‘fracking’ — podem adiar aquela história do peak oil, o pico de produção depois do qual as reservas entrariam em colapso, enterrando nossa civilização viciada em petróleo.
    A ideia de que os maiores consumidores do mundo abririam mão do controle sobre os preços e as reservas é conto de fadas. Grosseiramente, o consumo de petróleo per capita dos Estados Unidos é de 25 barris por ano. O da China, segundo maior consumidor, é de 2 barris.
    Demolir, onde possível, o marco regulatório imposto por empresas estatais (Iraque e, mais recentemente, Líbia), enfraquecê-las e ao nacionalismo que elas acabam financiando (Petrobras, Pemex, PDVSA), em último caso recorrendo à guerra ou aos golpes para ter acesso direto ou indireto aos recursos naturais (Irã, Venezuela, Bolívia, Equador) é a tônica deste século.
    A globalização não mira o nacionalismo por conta da cor dos olhos de governos ‘populistas’. E a mídia corporativa tem lado nessa luta.

    Venezuela no Mercosul

    conversa afiada - Publicado em 05/07/2012

    Mujica não é bobo

    “O Uruguai não podia vetar o eventual ingresso da Venezuela”, disse Mujica.

    Saiu na Folha (*):

    Mujica admite que política pesou mais na decisão sobre a Venezuela


    “O presidente uruguaio José Mujica disse que “elementos políticos” pesaram mais que “elementos jurídicos” na decisão de aprovar o ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul.

    (…)

    “Eu sou o responsável [pela posição do Uruguai na reunião do Mercosul] e não o chanceler.

    (…)

    Em relação ao imbróglio do Mercosul, Mujica disse que, durante a reunião reservada entre os três dirigentes –Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina) e ele– surgiram “novos elementos políticos” que levaram à decisão de aprovar o ingresso da Venezuela.

    (…)

    Mujica reservou suas palavras mais duras para o Senado paraguaio, que votou pela destituição de Fernando Lugo no final de junho.

    “Esse mesmo Senado que há cinco anos (…) [nega] o ingresso da Venezuela ao Mercosul com argumentos imorais e triviais, agora destitui um presidente, o substitui como quem troca de camisa, e desconhece o pedido de mais de uma dezena de chanceleres”, afirmou.

    A declaração faz referência à comissão de representantes diplomáticos que procurou se reunir com parlamentares paraguaios antes do julgamento político.

    A Venezuela, declarou, “é muito mais que um governo, é uma nação irmã exportadora de energia e compradora de comida. E ficamos muitos anos mendigando ao Senado paraguaio para que permita o ingresso no Mercosul”, acrescentou.

    “Em virtude disso, o Uruguai não podia vetar o eventual ingresso da Venezuela, quando foi o parlamento uruguaio que decidiu aprovar sua incorporação”, concluiu.

    quarta-feira, julho 04, 2012

    Ticket de Espera

    recebido por e-mail - 03 jun 2012

    Dispositivo de conhecimento bio-óptico organizado

    Apesar de bem apresentado, o processo de produção é cruel com a natureza. Consome muita água, desmata e gera poluentes. 
    Porém os substituos também apresentam seus problemas, talvez até maiores que os dos livros.



     

    Manifesto de Descendentes de Alemães no Brasil

    recebido por e-mail - 03 jul 2012


    De fato, o brasileiro é humorista nato, sabe, muito bem, transformar fatos verídicos, em uma grande piada, como essa.

    À "presidenta" Dilma Roussef;

    Na condição de minoria segregada no Brasil, nós, descendentes de alemães, solicitamos providências do governo federal para sermos igualados aos negros, perdão, afrodescendentes, no que tange aos direitos dos cidadãos. Para tanto, pacificamente reivindicamos seja aprovada Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que contemple os seguintes pontos:

    01 - Fica estabelecida a cota de 5% para alemães e seus descendentes nas universidades públicas brasileiras;

    02 - Fica proibido chamar descendentes de alemães, ucranianos, holandeses e outros europeus de polaco;

    03 - Fica proibido chamar um indivíduo de "alemão", pois o termo é pejorativo e denigre a imagem deste como ser humano.

    04 - Fica estabelecido que os descendentes de alemães devem sem chamados de "germanodescendentes"; chama-los de alemão passa a ser considerado crime de racismo – inafiançável  - a despeito do fato de a raça humana ser uma só;

    06 – Igualmente deve ser considerado crime de racismo o uso das expressões "alemaozão", "alemãozinho", "alemoa", "alemoazinha", “bicho de goiaba”, etc, para se referir aos germanodescendentes;

    07 - Fica proibido o uso de expressões de cunho pejorativo associadas aos descendentes de alemães. Ex: "Coisa de alemão!", "Alemão porco....", "Só podia ser alemão", " alemão batata" , " comedor de chucrute", “português que sabe matemática”, etc;

    08 - Fica estabelecido o dia 25 de julho o "dia nacional da consciência germânica" com feriado nacional;

    09 - Fica estabelecido o dia 25 de novembro o "dia nacional do orgulho alemão”, com feriado nacional , mesmo que não se possa chamar alemão de alemão;

    10 - Fica criada a Subsecretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Alemã, subordinada à Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial;

    11 - Fica estabelecido o prazo de 2 anos para a Subsecretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Alemã virar

    Ministério dos Alemães, juntando-se aos outros 38 ministérios brasileiros, mesmo que não possa chamar alemão de alemão.

    12 - Fica proibida qualquer atitude de segregação aos descendentes de alemães, as quais os caracterizem com inferiores a outros seres humanos;

    13 - Fica restrita ao governo brasileiro a pressuposição de que os alemães são inferiores, estabelecendo de cotas, restrições associativas, nominativas e sanções para as mesmas;

    14 - Passa a ser crime de "germanofobia" qualquer agressão deliberada contra um descendente de alemães, mesmo que não possa chamar alemão de alemão.

    15 - Toda criança que usar a expressão "alemão batata come queijo com barata" estará cometendo Bullying e deve ser encaminhada para tratamento psicológico.

    16 - Em caso de um negão chamar um alemão de alemão, este adquire o direito de chamar o negão de negão sem aplicação das sanções já previstas em lei.

    17 - Ficam estabelecidos como Centros Nacionais da Cultura Alemã o bairro Buraco do Raio em Ivoti/RS, a zona central de Blumenau/SC e o pairro “ Drei Parrulho” em Santa Cruz do Sul, RS.

    Brasília, 18 de maio de 2012.

    segunda-feira, julho 02, 2012

    “Nascimento” do PT

    recebido por e-mail – 01 jul 2012

    O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base. Os orgulhosos padrinhos
    foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira. Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT...
    Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
    Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
    “Crescimento” do PT:
    O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta.
    Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
    O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas. O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
    Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros. Tudo muito chique, conforme o figurino.
    “Maioridade” do PT:
    E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República.
    Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão e convicções, amigos de fé, irmãos camaradas. Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.
    A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior.
    Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
    Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto. E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
    Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
    Quem ficou no PT?
    Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
    Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
    Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
    É o triunfo da pelegada.

    Lucia Hipólito

    domingo, julho 01, 2012

    Comentários

    Voltando ao caso da aliança PT/PP ou se prefirirem Malluf/Lula, estava ainda a pouco lendo a reportagem intitulada “A imagem fala por si” de Carta. A reportagem discute o custo da imagem da  aliança em troco do tempo que será adquirido com a aliança.

    O que me surpreende ao ler reportagens desse tipo é encontrar quem ainda a defenda como o professor Fabiano Santos do Instituto de Estudos Sociais e Politicos da UERJ. Para ele segundo a reportagem o pragmatismo do PT é necessário nesse momento.

    Concordo com a Erundina (apenas no fato, que como disse Maurício Dias: escondidinho pode?) que a forma como a coisa foi feita, com toda a pompa estipulada por Malluf e seguida por Lula e Haddad. Foi o legítimo beija mão como fala a reportagem. o partideco caracterizado como senzala ajoelhado diante do senhor da casa grande implorando por esmolas.

    Algo que me deixa irritado nesse tipo de discussão é a desculpa dada por Erundina para não apoiar Malluf: (…) É uma pessoa que não tem menor escrúpulo. Ele não só foi um agente da ditadura, ele patrocinou as ações do regime como governador de São Paulo, como prefeito da capital.’

    Bom, considerando que na reportagem há a informação de que Malluf e seu filho são procurados pela Interpol (podem ser presos em 181 países) e está no “hall da fama da corrupção” do Banco Mundial (só 4 brasileiros em 150 listados), o fato dele ter dado apoio à ditadura não é uma bobagem? Sinceramente, não é pensar pequeno o que Erundina fez? Imaginem a quantidade de dinheiro desviado para Malluf fazer parte desse seleto grupo. Agora pensem no quanto esse dinheiro poderia auxiliar na construção de escolas, hospitais, postos de saude, compra de medicamentos para distribuição ao povo, obras de saneamento básico para a periferia carente, entre outras coisas. Quantas pessoas poderiam ter sido “salvas” com esse montante? porque aí não entra só o desvio de Malluf, mas os corruptores ativos, as empresas e empresários beneficiados com sua atitude, provavelmente com muitas situações de superfaturamento, etc.  

    Nesse caso falar de um grupo de quatro ou cinco “gatos pingados” tem importância? Creio que não. Penso que Erundina fez o certo, mas deixou que seu pensamento ideológico medíocre lhe desse uma visibilidade muito menor pelo seu feito.

     

     

    Em outra situação, Vladimir Safatle em seu artigo “Atomização Social” veio um pouco ao encontro de algo que antes já publiquei aqui, que é a questão do esvaziamento de uma luta social mais ampla em troca das lutas por padrões identitários.

    Complicado, e que provavelmente não nos levará a nada, somente pequenos ganhos, em troca de grandes perdas (que já assistimos no mercado de trabalho a tempos).