"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, março 17, 2013

A Chypre, la taxe sur les dépôts bancaires ne passe pas

RFI - Article publié le : dimanche 17 mars 2013 - Dernière modification le : dimanche 17 mars 2013

 

Des Chypriotes retirent de l'argent à une caisse automatique, le 16 mars 2013. Des files d'attentes se sont créées devant les automates après l'annonce d'un plan d'aide européen controversé.

Des Chypriotes retirent de l'argent à une caisse automatique, le 16 mars 2013. Des files d'attentes se sont créées devant les automates après l'annonce d'un plan d'aide européen controversé.

REUTERS/Yiannis Nisiotis

Par RFI

La colère est montée à Chypre après la décision des autorités chypriotes de prélever une taxe sur tous les dépôts bancaires en contrepartie d’un prêt européen de dix milliards d’euros. Le Parlement devait se réunir d’urgence cet après-midi pour voter le texte et il était prévu que le président Nicos Anastasiades s’adresse ce soir à la nation. Finalement tout est annulé, a annoncé la télévision d'Etat ce dimanche 17 mars au matin.

Avec notre correspondant à Nicosie, Michel Picard

Tout est allé très vite, trop vite peut-être. Depuis l’annonce samedi matin, le 16 mars, d’un prélèvement de 6,75 à 10% sur tous les comptes bancaires de Chypre, c’est la panique. Chez les citoyens d’abord, les distributeurs de billets ont été pris d’assaut. Personne ne savait alors que le montant de la taxe était déjà bloqué par les banques. Et ce dimanche 17 mars au matin, c’est donc le Parlement qui est touché à son tour par l’onde de choc.

Le président de centre-droit Nicos Anastasiades, élu il y a moins d’un mois, est rentré hier soir de Bruxelles. Il n’a visiblement pas réussi à convaincre cette nuit jusqu’à certains membres de sa propre majorité alors que sa position est très claire : ce plan de sauvetage s'applique ou c'est la faillite.

Indécision au Parlement

Face à des députés indécis, il a donc décidé purement et simplement de reporter les débats au lundi 18 mars dans l’après-midi. Il doit s’exprimer à la télévision le même jour en fin de matinée. Des manifestations sont maintenues ce soir devant le palais présidentiel. Les Chypriotes et étrangers, qui possèdent des comptes sur l’île d’Aphrodite, ne savent plus qui croire. Les banques affirment qu’elles n’étaient pas informées de la mesure.

La majorité des comptes de plus de 100 000 euros, sur lesquels vont être prélevés 10%, appartient à des citoyens russes. Demain le président devait justement se rendre à Moscou pour s’expliquer, mais son agenda ne cesse d’évoluer à mesure que la contestation grandit...


De son côté, le gouvernement britannique indique vouloir proposer des compensations pour les militaires et fonctionnaires britanniques installés à Chypre. L'armée britannique possède d'importantes bases sur l'île, à Akrotiri et Dekhelia.

Par ailleurs, pour le président du Parlement européen, Martin Schulz, interrogé par l'édition en ligne du Welt am Sonntag, le plan de sauvetage de Chypre doit être « socialement acceptable ». Il s'agirait, pour M. Schulz de modifier ce plan avec « une exemption de taxe », pour les comptes inférieurs à 25 000 euros.

A nova propaganda é liberal. A nova escravidão é digital.

resistir info – 17 mar 13

por John Pilger

O que é a propaganda moderna? Para muitos, são as mentiras de um estado totalitário. Na década de 1970 encontrei-me com Leni Riefenstahl e perguntei-lhe acerca dos seus filmes épicos que glorificavam os nazis. Utilizando técnicas de câmara e de iluminação revolucionárias, ela produziu uma forma de documentário que empolgou alemães, o seu Triunfo da vontade; lançava a magia de Hitler.
Ela contou-me que as "mensagens" dos seus filmes dependiam não de "ordens de cima" mas sim do "vazio submisso" do público alemão. Será que isso inclui a burguesia liberal e educada? "Toda a gente", respondeu ela.
Hoje, preferimos acreditar que não há vazio submisso. A "escolha" é omnipresente. Telefones são "plataformas" que lançam toda opinião superficial. Há o Google mesmo no espaço externo se precisar disso. Acariciados como contas de rosário, os preciosos dispositivos nascem já concentrados na sua tarefa, implacavelmente monitorados e priorizados. O seu tema dominante é o ego. Eu. Minhas necessidades. O vazio submisso de Riefenstahl é a escravidão digital de hoje.
Edward Said descreveu este estado conectado em "Cultura e imperialismo" como levando o imperialismo a lugares que frotas navais nunca poderiam alcançar. É o meio final de controle social porque é voluntário, viciante e amortalhado em ilusões de liberdade pessoal.
A "mensagem" de hoje, de grotesca desigualdade, injustiça social e guerra, é a propaganda de democracias liberais. Em qualquer avaliação de comportamento humano, isto é extremismo. Quando Hugo Chavez o desafiou, foi insultado com má fé; e seu sucessor será subvertido pelos mesmos fanáticos do American Enterprise Institute, Harvard's Kennedy School e de organizações de "direitos humanos" que se apropriaram do liberalismo americano e sustentam sua propaganda. O historiador Norman Pollack chama a isto "fascismo liberal". Ele escreveu: "Tudo está normal na aparência. Para os que marchavam a passo de ganso [nazis], substitui a aparentemente mais inócua militarização da cultura total. E para o líder bombástico, temos o reformador manco, a trabalhar alegremente [na Casa Branca], a planear e executar assassínios, sorrindo o tempo todo.
Ainda há uma geração atrás, a discordância e a sátira mordaz eram permitidas nos media de referência, hoje passam as suas falsificações e impera a falsa moral da época (moral zeitgeist). A "identidade" é tudo, feminismo mutante que declara classe [como conceito] obsoleto. Do mesmo modo como dano colateral encobre assassínio em massa, "austeridade" tornou-se uma mentira aceitável. Por baixo do verniz do consumismo, verifica-se que um quarto da Grande Manchester vive em "pobreza extrema".
A violência militarista perpetrada contra centenas de milhares de homens, mulheres e crianças anónimas pelos "nossos" governos nunca é um crime contra a humanidade. Ao entrevistar Tony Blair 10 anos depois da sua criminosa invasão do Iraque, Kirsty Wark da BBC prendou-o com o momento que ele mais podia sonhar. Ela permitiu a Blair angustiar-se acerca da sua "difícil" decisão ao invés de chamá-lo a prestar contas pelas mentiras monumentais e o banho de sangue que provocou. Recordamo-nos de
Albert Speer . Hollywood retornou ao seu papel da guerra fria, conduzida por liberais. O filme Argo, de Ben Affleck, vencedor do Óscar, é o primeiro longa metragem tão integrado dentro do sistema de propaganda que a sua advertência subliminar da "ameaça" do Irão é apresentada no momento em que Obama se prepara, mais uma vez, para atacar o Irão. Que a "verdadeira estória" de Affleck, de bons rapazes versus maus muçulmanos, é uma falsificação pois a justificação de Obama para os seus planos de guerra perde-se nos aplausos conseguidos através das RP. Como crítico independente, Andrew O'Hehir denuncia: Argo é "um filme de propaganda no sentido mais exacto, um filme que se reclama inocente de toda ideologia". Ou seja, envilece a arte de fazer cinema a fim de reflectir uma imagem do poder a que serve.
A verdadeira história é que, durante 34 anos, a elite da política externa dos EUA ferveu de desejos de vingança pela perda do xá do Irão, o seu amado tirano, e o seu estado torturador concebido pela CIA. Quando estudantes iranianos ocuparam a embaixada dos EUA em Teerão em 1979, encontraram uma montanha de documentos incriminatórios, os quais revelaram que uma rede de espiões israelenses estava a operar dentro dos EUA, a roubar segredos científicos e militares. Hoje, o dúplice aliado sionista – não o Irão – é a única ameaça nuclear no Médio Oriente.
Em 1977, Carls Bernstein, famoso pela sua cobertura do Watergate, revelou que mais de 400 jornalistas e executivos da maior parte das organizações de media dos EUA trabalhara para a CIA nos últimos 25 anos. Havia jornalistas do New York Times, Time e das grandes estações de TV. Nestes dias, uma força de trabalho tão formal e abominável é completamente desnecessária. Em 2010, o New York Times não fez segredo do seu conluio com a Casa Branca na censura aos registos de guerra do WikiLeaks. A CIA tem um "gabinete de ligação com a indústria do entretenimento" que ajuda produtores e directores a refazerem a sua imagem de uma gang sem lei que assassina, derruba governos e trafica drogas. Quando a CIA de Obama comete múltiplos assassínios por meio de drones, Affleck louva o "serviço clandestino... que todos os dias faz sacrifícios em prol de americanos... Quero agradecer-lhes muito". O vencedor do Oscar de 2010, 00:30 Hora Negra (Zero Dark Thirty) de Kathryn Bigelow, uma apologia da tortura, foi nada menos que aprovado pelo Pentágono.
A fatia de mercado do cinema estado-unidense nas bilheteiras da Grã-Bretanha muitas vezes atinge os 80 por cento e a pequena fatia britânica deve-se principalmente a co-produções com os EUA. Filmes da Europa e do resto do mundo representam uma pequena fracção daqueles que nos permitem ver. Na minha própria carreira de director de cinema, nunca experimentei um tempo em que vozes dissidentes nas artes visuais fossem tão poucas e tão silenciosas.
Em relação a todas as preocupações induzidas pelo
inquérito Leveson , o "molde Murdoch" permanece intacto. A intercepção telefónica foi sempre uma diversão, uma pequena contravenção em comparação com o tocar de tambores dos media em favor de guerras criminosas. Segundo a Gallup, 99 por cento dos americanos acredita que o Irão é uma ameaça para si, assim como a maioria acreditava que o Iraque foi responsável pelos ataques do 11/Set. "A propaganda sempre vence", disse Leni Riefenstahl, "se você a permitir".

14/Março/2013

O original encontra-se no New Statesman britânico e em johnpilger.com/...

Putin justifica invasão soviética da Finlândia em 1939

SEXTA-FEIRA, MARÇO 15, 2013

PUBLICADA POR JOSÉ MILHAZES

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, justificou a invasão da Finlândia por parte da União Soviética em 1939, dando assim um forte argumento aos finlandeses que defendem a adesão do seu país à NATO.

Na véspera, o dirigente russo, num encontro com membros da Sociedade de História Militar da Rússia considerou que a URSS, ao invadir a Finlândia, tentou emendar os erros cometidos durante a revolução comunista de 1917.

Depois de afirmar que não tencionava fazer uma avaliação da guerra soviético-finlandesa, em que a Finlândia perdeu 10% do seu território e 20% da sua capacidade industrial, Putin declarou: “Depois de uma análise muito breve, pode-se concluir que a fronteira estatal (com a Finlândia) ficava a 17-20 quilómetros de Petersburgo, o constituía uma grande ameaça para uma cidade de cinco milhões. Penso que os bolcheviques tentaram emendar os erros históricos que cometeram em 1917”.

“Depois de terem recebido o apoio armado da parte de destacamentos armados finlandeses, que então fazia parte do Exército Russo e que, como é sabido, apoiaram significativamente e exerceram influência no resultado do golpe de Estado de Outubro. Depois, constaram que a fronteira estava perto. Não conseguiram chegar a acordo e apostaram nessa guerra”.

Segundo ele, os primeiros meses dessa guerra foram “sangrentos e pouco eficazes da nossa parte”.

“Mas, depois, as coisas voltaram ao seu lugar… Concentraram forças e meios significativos. Tornou-se claro que não era possível vencer a guerra apenas com as forças da Região Militar de Leninegrado e começaram a agir de outra forma. E a parte contrária sentiu em si a força do Estado Russo, Soviético então”, frisou Putin.

Arrisco-me a sofrer uma chuva de críticas, mas não posso deixar de chamar a atenção para o facto de Putin justificar, não condenar uma operação militar realizada por Estaline, muito semelhante às que Hitler fez a relação a outros países europeus.

Imaginem que barulho provocaria na Europa uma declaração da chanceler alemã Ângela Merkel se viesse justificar as ações de Hitler com argumentos da propaganda nazi, por exemplo, que os “alemães precisavam de espaço vital”.

Num momento em que os finlandeses decidem se o seu país vai ou não aderir à NATO, Putin deu uma excelente prenda, um argumento irrefutável, aos que apoiam a adesão. Amanhã, algum dirigente russo pode considerar que a fronteira da Finlândia está perto da cidade de Vyborg ou até mesmo de São Petersburgo.

A União Europeia, mesmo estando mergulhada numa crise, deve estar atenta a este tipo de declarações.

O desenvolvimento dos caças Gripen pela Suécia se deve exatamente ao risco que o país considerava existir em relação a uma possível invasão soviética.

Texto de Júlio Chiavenato sobre o Brasil e a globalização

luisnassif, dom, 17/03/2013 - 09:58

Por Assis Ribeiro

Do Assis Procura

O modelo de crescimento do Brasil

Por Júlio José Chiavenato

A globalização não surgiu do nada. É a consequência de um processo de expansão capitalista beneficiado pelo fim do socialismo soviético. Mais do que o fim soviético, o capitalismo triunfante beneficiou-se do desgaste das ideologias e da substituição das utopias pelo consumismo.

A derrota dos processos ideológicos ou utópicos não aconteceu pelo debate de ideias ou por uma opção da maioria. É uma sequência de várias etapas históricas em que os valores humanos foram, aos poucos, mas inexoravelmente, substituídos pelo pragmatismo político e econômico.

Como sabemos, não se faz história ou política em torna da palavra “se”.  Mas é preciso lembrar que “se” não fosse o oportunismo e o fascínio pelo poder político o Brasil não entraria neste período globalizante em tão precárias condições. Os nossos indicadores sociais e econômicos são péssimos em relação ao nosso potencial. Hoje, nem se pode repetir, como no tempo da ditadura militar, as palavras do General Médici: “o país vai bem, mas o povo vai mal”.

Mesmo sem avaliar a conduta política dos responsáveis, podemos verificar que a partir de 1955 o Brasil se curvou a uma das mais agressivas investidas do capital estrangeiro, abalando a nossa infraestrutura de transportes em favor dos investimentos multinacionais.

Até 1950, o principal meio de transporte no Brasil eram as ferrovia.

Esse período, cinco anos depois da segunda guerra mundial, é marcado pelo começo da guerra fruía, quando Estados Unidos e União Soviética disputavam a hegemonia entre os países do mundo.

Caracteriza-se, também, pela recuperação da economia norte-americana e a retomada dos seus investimentos na América Latina, explorando inclusive “bens de capital”, na forma de maquinaria obsoleta, Recuperando-se internamente, o capitalismo norte-americano criou novas tecnologias sem o ônus de perder as velhas, que foram exportadas para o Terceiro Mundo.

Trata-se de um processo “maquiavélico”: ao exportar velhas fábricas, os Estados Unidos “modernizaram” os países do Terceiro  Mundo, aumentando o poder aquisitivo daqueles que consumiam suas exportações. Ao mesmo tempo, esses países, como o Brasil, fabricavam produtos inferiores e mais caros que os Estados Unidos; portanto, não significavam risco de concorrência no mercado internacional. No caso brasileiro, um exemplo foram as máquinas enviadas para fabricar o Aero Willys e o Jeep, entre outros veículos, que representavam o que havia  de mais obsoleto na indústria automobilística norte-americana.

O Brasil, que historicamente sempre caminhou a reboque do capital estrangeiro – inglês até 1930, norte-americano depois -, começava a viver uma grande febre de progresso em 1955. Eram os tempos de progredir  “50 anos em 5”, como prometia o presidente Juscelino Kubitschek. Na época, um dos grandes símbolos do progresso era o automóvel: para ser um país progressista, O Brasil precisava ter uma indústria “nacional” de veículos.

A implantação da indústria automobilística no nosso país resultou na impostação de fábricas obsoletas, em desuso a Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. O governo abandonou as ferrovias, que entraram em decadência, e construiu estradas asfaltadas, por onde deveria trafegar a nossa frota.

Como se sabe, o transporte ferroviário é o mais barato do mundo. O rodoviário, o mais caro. Além disso,  a construção de estradas asfaltadas implicava, posteriormente, o uso de petróleo, que não tínhamos. Os automóveis exigiam gasolina. Para construir estradas e abastecer veículos, aumentamos as importações de petróleo. Enquanto isso, a rede ferroviária era abandonada. Em consequência o transporte de cargas passou a ser feito por caminhões. O preço do frete subiu, a dívida externa aumentou; o balanço do comércio exterior passou a ser negativo, pelas crescentes importações de petróleo.

As complicações – que tiveram reflexos no futuro – não paravam aí. Os navios petroleiros que por aqui chagavam não podiam voltar vazios aos seus portos. Por uma série de contratos internacionais, o lastro para esses navios  era fornecido pelo Brasil: em gasolina. Mas como o preço internacional da gasolina era mais baixo que o praticado no Brasil, “exportávamos” gasolina para os países produtores de petróleo e a um preço menor do que o pago pelos brasileiros.

No processo há outras “peças” importantes. Por exemplo, as fábricas instaladas no Brasil eram “montadoras”. As suas velhas máquinas entraram no país sem pagar impostos.  As fábricas foram construídas com financiamentos e isenções fiscais.  Os lucros obtidos pelas multinacionais do setor foram desproporcionalmente maiores do que o capital investido. A maior parte desses lucros era remetida para os países de origem.

Texto extraído do livro:

“Ética globalizada & Sociedade de consumo”

 

Apenas uma correção no texto, o transporte rodoviário não é o mais caro, e sim o aéreo.

As falhas no Relatório IDH brasileiro

luisnassif, dom, 17/03/2013 - 10:43

Por Diogo Costa

CRÍTICA AO RELATÓRIO DO IDH/2012

Diogo Costa

A falta de análise crítica da velha mídia é uma chaga nacional. As notícias veiculadas sobre o IDH referente ao ano de 2012 beiram a má-fé... Vejamos o caso de nossos vizinhos do Cone Sul. Chile, Argentina e Uruguai SEMPRE tiveram indicadores sociais melhores do que o Brasil. Onde está a novidade? A novidade é que o Brasil (que segundo a própria ONU tinha em 1980 um IDH similar ao do Paraguai) vai subindo e alcançando paulatinamente esses três países que SEMPRE tiveram indicadores superiores aos de Pindorama.

Segundo o relatório, os três países latino-americanos que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Nicarágua, Venezuela e Cuba. Também segundo o relatório, os três países do mundo que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Afeganistão, Serra Leoa e Etiópia. Constatações essas que não vimos serem veiculadas em nenhum 'grande' meio de comunicação.

O que causa espécie não é o relatório em si. Mas a base de dados que os organizadores utilizam para classificar, por exemplo, o Brasil. Como é possível que o relatório utilize dados de que apenas 26.000 crianças estão na pré-escola se o Brasil tem hoje mais de 4.600.000 crianças estudando na pré-escola? Como é possível que o relatório aponte explícitamente a utilização do FUNDEF em Pindorama, sendo que o FUNDEF sequer existe mais?! O FUNDEF foi extinto em 2007 e substituído pelo FUNDEB!

O FUNDEF era um fundo restrito ao ensino fundamental, onde o governo federal fazia repasses da ordem de 300 milhões de reais aos estados e municípios. O FUNDEF foi extinto em 2007 e substituído pelo FUNDEB, que é um fundo que atende a pré-escola, o ensino fundamental, médio e a educação de jovens e adultos (EJA). Os valores repassados pelo governo federal através do FUNDEB saltaram de 300 milhões (FUNDEF) de reais para 4,6 BILHÕES de reais! Os recursos aumentaram em mais de 15 vezes para a educação! O relatório simplesmente desconsidera a existência do FUNDEB e ainda está no longínquo tempo do já extinto FUNDEF. Isso é uma fraude estatística, não há outro nome para esse embuste do relatório do IDH.

Como é possível que o relatório utilize dados estatísticos do distante ano de 2005, sendo que estamos óbviamente em 2013? Enfim, o governo brasileiro tem que tomar providências sérias com relação ao pessoal que elabora esse relatório. Não é possível que as pessoas, em especial os cidadãos brasileiros, continuem sendo enganados por um pseudo relatório que utiliza antigas bases de dados, sem nenhuma serventia, como por exemplo, o FUNDEF. Se os organizadores utilizarem uma base de dados atual, veremos que o Brasil estará colado na Argentina e no Chile, aliás, permitam-me corrigir, penso eu que o Brasil já ultrapassou a Argentina e o Chile nesse quesito do IDH, mas isso carece de melhor verificação...

É preciso analisar críticamente esse relatório não porque ele agrade uns e desagrade outros em função de posicionamentos ideológicos. É preciso criticá-lo porque entra ano e sai ano e a base de dados continua a mesma! É praxe dos relatórios de IDH a utilização de dados existentes dois anos antes do ano a que se refere o relatório. Por exemplo, agora em 2013 foi divulgado o relatório do IDH 2012, os dados (deveria ser assim) que normalmente se utilizam são os do ano de 2010, para todos os países. O relatório do IDH 2011 utiliza dados de 2009. O IDH 2010 utiliza os dados de 2008, e assim sucessivamente. Ocorre, no caso brasileiro, que desde 2007 os "gênios" que elaboram esse relatório utilizam dados do ano de 2005, que nunca mais foram atualizados! Como conviver com tamanho acinte, que torna o relatório para o Brasil uma estatística sem utilidade alguma?

Não é preciso ser nenhum expert em ciências estatísticas para saber que os recursos do FUNDEB são 15 vezes maiores do que os recursos do antigo FUNDEF. Tampouco é preciso ser um notável em matemática para saber que os índices de emprego, PIB, PIB per capita, inflação, mortalidade infantil, mortalidade materna, longevidade, entre outros tantos, da primeira década do século XXI, são IMENSAMENTE superiores aos mesmos índices obtidos nesses quesitos na década de 90. Os números estão aí, para quem quiser ver e conferir. Aí vem um relatório totalmente defasado e diz que o IDH brasileiro cresceu mais na década de 90 do que na primeira década do século XXI! Como é possível tamanha farsa estatística? Justamente porque o IDH 2012 utiliza dados de 2005 e não de 2010! É um absurdo sem nome o que estão a fazer com o Brasil.

Por fim, quero dizer que me sinto envergonhado, não pelos números obtidos pelo Brasil, mas me sinto envegonhado por ser obrigado a conviver com uma estatística falaciosa e constatar a impotência do governo brasileiro em sentar com os responsáveis pelo relatório e mostrar-lhes, educadamente, que o Brasil tem quase 200 vezes mais crianças matriculadas na fase da pré-escola, que o Brasil aplica 15 vezes mais recursos em educação básica do que o relatório aponta, que no Brasil não existe mais o FUNDEF (que o relatório cita inúmeras vezes) e que ele foi substituído pelo FUNDEB desde o ano de 2007, etc.

Enfim, mostrar para os organizadores que os dados que eles utilizam estão defasados há CINCO anos! Não dá para aguentar a paralisia do governo federal, mais precisamente do Ministério da Educação, em tomar providências contra uma situação que vem se repetindo desde 2007. O Brasil foi um dos três países do mundo que mais cresceram no índice PISA (de avaliação da educação) nos últimos dez anos! Como é que pode uma situação dessas não aparecer no relatório do IDH 2012?

Ministro Aloísio Mercadante, faça um bem ao povo brasileiro, mostre os dados corretos do país. O que estão fazendo com o Brasil com esse tal de IDH é indigno e ultrajante. E o pior é que esse ultraje vem desde 2008. Isso tem que ser corrigido!

Conheçam o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013. Leiam, comparem, tirem suas próprias conclusões!

http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh-2013.pdf

Diogo Costa comete também uma falha na análise. Cabe ressaltar que a nossa aproximação do Uruguai e Argentina ocorre principalmente pela queda na qualidade de vida nesses dois países, principalmente após os anos 80. Então essa aproximação não pode ser encarada com vitória nossa, é fácil se aproximar e ultrapassar quem está desacelerando no quesito. Mas, os dados precisam ser revistos. É para isso que se utiliza de mecanismos com o Censo do IBGE 2010.

André Singer: PSB, base governista?

viomundo - publicado em 17 de março de 2013 às 9:03

por André Singer, na Folha/UOL

Fosse a política brasileira menos acomodatícia, a reforma ministerial em gestação implicaria a retirada dos cargos entregues ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que a esta altura, aliás, nada mais tem de socialista afora o nome. Os últimos gestos do presidente da sigla, Eduardo Campos, indicam a intenção de criar, sempre que pode, embaraços ao governo federal, que supostamente apoia.

Há 15 dias, o governador de Pernambuco estabeleceu uma surpreendente aliança com Paulo Pereira da Silva, o principal dirigente da Força Sindical, para barrar a privatizante MP (595) dos portos. Em seguida, na quarta passada, liderou 16 governadores em uma proposta de onerar a União em R$ 4,5 bilhões para resolver o problema criado com a derrubada no Congresso do veto presidencial sobre a divisão dos royalties do petróleo.

Campos vem sendo procurado por descontentes, à direita e à esquerda, com a presidente Dilma Rousseff. De empresários do agronegócio a representantes da estiva, passando por candidatos à presidência da Câmara, é extensa a romaria dos que viajam a Recife. A todos o neto de Arraes acolhe com magnânima boa vontade, mesmo que nada tenham a ver com a sua plataforma modernizante de eficiência gerencial.

O caso dos portos é exemplar. O mais coerente para quem defende o uso de métodos empresariais na gestão pública seria apoiar a medida privatizante. Mas Eduardo decidiu secundar o movimento dos trabalhadores, que têm nova greve marcada em uma semana com o objetivo de barrar o que consideram a privatização do setor. Para o cúmulo da ironia, o ministro encarregado da Secretaria de Portos é do PSB.

O objetivo evidente do jovem político nordestino é ampliar as bases para uma postulação presidencial de centro, provavelmente já no ano que vem. Portador de altíssima aprovação em seu Estado, ainda é pouco conhecido no resto do Brasil. Mesmo depois do bom desempenho do partido nas eleições municipais de 2012, Campos tinha apenas 3% das intenções de voto no país. Por isso, precisa aparecer.

A disputa de 2014 será difícil para um candidato fora das grandes agremiações (PT e PSDB), considerando-se que Marina Silva também correrá pelo meio. Com pouco tempo de TV, Campos terá baixo poder de fogo. O seu trunfo é o suporte que recebe dos que querem desgastar Dilma, o que pode crescer caso a situação econômica patine. O mesmo explica, por sinal, a hesitação do PSD, de Kassab, em aderir à recandidatura da presidente.

O governo parece alimentar a ilusão de que pode recuperar a lealdade de Campos mais à frente. A lógica indica, entretanto, que só a terá se e quando não precisar mais dela.
é cientista político e professor da USP, onde se formou em ciências sociais e jornalismo. Foi porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência no governo Lula.

Os portos, assim com outras áreas do “custo Brasil” precisam ser modernizados. Os dois únicos portos com nota de avaliação (dada por quem utiliza) acima de 8,0 são Barra do Riacho (8,3) e Praia Mole (9,3), ambos são privados.

Não é uma questão de privatização ou estatização, e sim de capacidade competitiva em um mundo globalizado que exige celeridade intermodal dos meios de transporte. Será que Campos e Paulo Pereira da Silva estão pensando além de seus próprios umbigos?