"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, maio 22, 2014

Au Royaume-Uni, les anti-Européens menacent les partis traditionnels

Publié le 22-05-2014 Modifié le 22-05-2014 à 09:10


mediaLe Premier ministre David Cameron et le maire de Londres Boris Johnson attendent le train à Newark, après un déplacement de campagne dans cette ville du centre de l'Angleterre.REUTERS/Stefan Rousseau/Pool
    Les Britanniques votent ce jeudi pour les élections au Parlement européen. Le scrutin est couplé avec des élections locales dans près de 200 municipalités en Angleterre, Pays de Galles et Irlande du Nord. On s’attend à une faible participation et à une percée du petit parti europhobe Ukip, le Parti pour l’indépendance du Royaume-Uni, donné favori.
    Avec notre correpondante à Londres, Muriel Delcroix
    L'Ukip a dominé cette campagne électorale dans un pays largement eurosceptique et qui se désintéresse de ces élections. Le parti de Nigel Farage, qui était il y a encore quelques années considéré comme un parti marginal, est au coude à coude - à 27 % - avec le parti travailliste pour remporter ce scrutin en terme de votes. La coalition au pouvoir est, elle, en difficulté alors que les conservateurs sont donnés en troisième position à 23 %. Pire, les libéraux-démocrates sont donnés à 10 %, ce qui veut dire qu’ils pourraient perdre la totalité de leurs sièges au Parlement européen.
    Préoccupations nationales et vote protestataire
    Comme dans beaucoup d’autres pays, ce sont les préoccupations nationales qui ressurgissent et cette élection est perçue ici comme un sondage géant pour le scrutin général prévu l’an prochain en mai 2015. Grâce au vote à la proportionnelle, le vote protestataire s’exprime pleinement et devrait favoriser les petites formations, notamment l'Ukip, qui a mené une campagne agressive contre l’immigration et pour le retrait de l’Union européenne.
    Sa popularité ne se dément d'ailleurs pas, même après une série de scandales et de remarques racistes émanant de ses rangs. Les dirigeants des autres partis sont donc sur leurs gardes. Avec la perspective d’un référendum en 2017 sur la sortie ou non du pays de l’Union européenne, ils sont inquiets de cette vague d’euroscepticisme et ont hâte que ce scrutin soit derrière eux.

    Coup d'Etat militaire en Thaïlande

    Publié le 22-05-2014 Modifié le 22-05-2014 à 13:21


    mediaLe chef d'état-major des armées thaïlandaises, Prayuth Chan-ocha, est apparu entouré de son staff à sur les chaînes de télévisions du pays pour annoncer la prise du pouvoir de l'armée.capture d'écran TV thaïlandaise
    Le chef de l'armée thaïlandaise, le général Prayuth Chan-ocha, a annoncé ce jeudi prendre le contrôle du gouvernement, expliquant que l'armée devait restaurer l'ordre et lancer des réformes, deux jours après l'instauration de la loi martiale.
    ► Cet article est mis à jour régulièrement
    Le général Prayuth Chan-ocha a fait cette annonce à la télévision, après une réunion avec les différentes factions politiques thaïlandaises, visant à trouver une solution après six mois de crise et de manifestations antigouvernementales.
    C'est durant cette réunion que les ledaers des partisans du gouvernement, ceux qu'on appelle les « chemises rouges », ont été arrêtés, tout comme le leader du parti d'opposition. Puis le général a annoncé qu'il prenait le contrôle direct du gouvernement.
    « Pour ramener le pays à la normale »
    Toutes les chaînes de télévision ont été coupées et diffusent de la musique militaire. Des soldats ont investi les locaux de plusieurs journaux, quand d'autres sont partis sur le site de manifestations. Le site des partisans du gouvernement s'est vidé, mais les opposants, eux, tiennent à rester sur le site qu'ils occupent.
    La justification du général Prayuth pour opérer ce coup d'Etat est d'empêcher l'augmentation des violences. Il semble que la réunion se soit très mal passée. Chacune des partie est restée sur sa position, n'a pas voulu proposer de compromis. Le général, déçu, a agi en conséquence.
    Ce coup d'Etat militaire est mené « pour que le pays revienne à la normale », a affirmé Prayuth Chan-ocha lors de son intervention télévisée. Cette prise de contrôle - qui prend effet « à partir du 22 mai à 16H30 (9 h 30 TU) » - n'affectera pas les relations extérieures du pays, a encore affirmé le général.

    terça-feira, maio 20, 2014

    Nasce o século eurasiano Rússia e China fazem o Oleogasodutostão

    Data de publicação em Tlaxcala: 20/05/2014
    Pepe Escobar 
    Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu



    HONG KONG – Um espectro ronda Washington, visão enervante, enlouquecedora, de uma aliança sino-russa, casada numa simbiose de comércio e trocas em expansão que cresce e se alastra pela massa continental de territórios da Eurásia – e à custa dos EUA.

    Não surpreende que Washington esteja ansiosa. Em vários sentidos, aquela aliança já é negócio fechado: através do grupo das potências emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul); na Organização de Cooperação de Xangai, o contrapeso asiático à OTAN; dentro do G-20;[1] e mediante o Movimento dos Países Não Alinhados [orig. Non-Aligned Movement, NAM].[2]Comércio e trocas são só uma parte da barganha futura. As sinergias no desenvolvimento de novas tecnologias militares, idem. Depois que estiver implantado o ultrassofisticado sistema russo de defesa antimísseis, padrão Star Wars, S-500[3], em 2018, não há dúvidas de que Pequim também quererá uma versão para ela. Entrementes, a Rússia está a um passo de vender dúzias de jatos de combate estado-da-arte Sukhoi Su-35[4] aos chineses, com Pequim e Moscou andando a passos largos para selar uma parceria no campo da indústria da aviação.

    Essa semana deve fazer ver os primeiros grandes fogos de artifício na celebração de um novo século eurasiano que vai nascendo, quando o presidente Vladimir Putin encontrar o presidente da China Xi Jinping, em Pequim.
    Vocês lembram bem do Oleogasodutostão[5] – toda aquela malha de oleodutos e gasodutos que cruzam a Eurásia e são, de fato, o verdadeiro sistema circulatório pelo qual caminha e do qual se alimenta a própria vida naquela região. Agora, o negócio-mãe-de-todos-os-negócios do Oleogasodutostão, no valor de 1 trilhão de dólares e em preparação há uma década, será afinal posto em papel e tinta e assinado. Por esse negócio, a gigante russa de energia, Gazprom, controlada pelo estado, se comprometerá a fornecer[6] à CNPC [China National Petroleum Corporation], estatal chinesa, 3,75 bilhões de pés cúbicos de gás natural liquefeito por dia, por período não inferior a 30 anos, que se iniciará em 2018. É o equivalente a ¼ do total do gás que a Rússia exporta para toda a Europa. A demanda diária de gás na China está hoje em torno de 16 bilhões de pés cúbicos por dia; e as importações respondem por 31,6% do consumo total.

    A Gazprom pode até continuar a recolher o grosso de seus lucros da Europa, mas a Ásia será seu Everest. A empresa usará essa mega-negócio para dar novo fôlego aos investimentos no Leste da Sibéria,[7] e toda a região será reconfigurada como fonte privilegiada de gás também para o Japão e a Coreia do Sul. Se você quiser entender por que nenhum país chave na Ásia deu ou dará qualquer sinal de querer “isolar”[8] a Rússia em plena crise ucraniana – e em aberto desafio ao que ordene o governo Obama – basta examinar o que se passa hoje no Oleogasodutostão.
    Sai o petrodólar. Entra o gás-o-yuan

    E é quando, por falar de ansiedade em Washington, há também a considerar o triste destino que espera o petrodólar, ou, em vez dele, a possibilidade ‘termonuclear’ de que Moscou e Pequim contratem o pagamento do negócio Gazprom-CNPC, não em petrodólares, mas em yuans chineses. Difícil imaginar tumulto tectônico maior que esse, com o Oleogasodutostão em intersecção-somatória com uma crescente parceria de energia sino-russa. E com ela, cresce também a possibilidade futura de forte impulso, comandado também por China e Rússia, em direção a uma nova moeda internacional de reserva – de fato, uma cesta de moedas – que deslocaria o dólar (pelo menos, nos sonhos otimistas dos países BRICS[9]).

    Imediatamente depois dessa cúpula sino-russa que tem potencial para mudanças cataclísmicas, começará, em julho, a reunião de cúpula dos BRICS, no Brasil. É quando, afinal, um banco de desenvolvimento dos BRICS, com capital de $100 bilhões,[10] anunciado em 2012, nascerá oficialmente, como alternativa possível ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, como fonte de financiamento de projetos para o mundo em desenvolvimento.

    Mais cooperação entre os BRICS, com vistas a ‘atropelar’ o dólar, aparece também no ‘gás-o-yuan’[11] – gás natural comprado e pago em moeda chinesa. A Gazprom já considera, inclusive, lançar papéis especiais em yuan, como parte do planejamento para financiar a expansão da empresa. Bônus com lastro em yuan já estão sendo comercializados em Hong Kong, Singapore, Londres e, recentemente, começaram a ser comercializados também em Frankfurt.[12]

    Nada pode ser mais sensível para o novo Oleogasodutostão, que os contratos serem assinados em moeda chinesa. Pequim pagará à Gazprom russa nessa moeda (que pode ser convertida em rublos); a Gazprom acumulará yuan; e a Rússia, então poderá comprar montanhas de bens e serviços made-in-China, em yuan conversíveis em rublos.

    Todos sabem que os bancos em Hong Kong, do Standard Chartered ao HSBC – além de outros intimamente ligados à China por cadeias negociais – já vêm diversificando seus portfólios na direção do yuan, o que implica que o yuan pode tornar-se uma das moedas globais de reserva de facto, antes, até, de que seja totalmente conversível. (Extraoficialmente, Pequim já está trabalhando na direção de um yuan totalmente conversível, já para 2018.)

    O negócio Rússia-China de gás é inextrincavelmente ligado ao relacionamento de energia entre a União Europeia (UE) e a Rússia. Afinal, o grosso do PIB da Rússia vem de vendas de petróleo e gás, motivo pela qual a Rússia tanto se empenha em manter o mais perfeito equilíbrio na gestão da questão ucraniana. Por sua vez, a Alemanha depende da Rússia para suprir gordos 30% de suas carências de gás natural. Mas imperativos geopolíticos de Washington – temperados com histeria polonesa – empurraram Bruxelas a encontrar meios para ‘castigar’ Moscou na futura esfera de energia (sem gerar riscos para os relacionamentos de energia hoje vigentes).

    Há boatos insistentes em Bruxelas nos últimos dias sobre o possível cancelamento[13] do Ramo Sul [orig. gasoduto South Stream], projeto de 16 bilhões de euros, cuja construção deve começar em junho. Depois de pronto, bombeará mais gás natural russo para a Europa – nesse caso, pelo subsolo do Mar Negro (contornando a Ucrânia), para Bulgária, Hungria, Eslovênia, Sérvia, Croácia, Grécia, Itália e Áustria.

    Bulgária, Hungria e República Checa já deixaram claro que se opõem firmemente a qualquer cancelamento. É não é provável que se cogite de cancelar coisa alguma. Afinal, a única alternativa é o gás do Mar Cáspio, do Azerbaijão, e dificilmente acontecerá, a menos que a União Europeia consiga, repentinamente, mobilizar vontade política e muito dinheiro para, afinal, e contra todas as expectativas, organizar-se e construir o fabuloso oleoduto Baku-Tblisi-Ceyhan (BTC), concebido nos anos Clintons, para deixar na poeira a Rússia e o Irã.

    Seja como for, em nenhum caso o Azerbaijão teria capacidade necessária para suprir os níveis necessários de gás natural, e outros atores, como o Cazaquistão, assolado por problemas de infraestrutura, ou o pouco confiável Turcomenistão, que prefere vender seu gás à China, já estão em boa parte fora do enquadramento. E não esqueçam que o Ramo Sul, combinado com projetos subsidiários de energia, criarão muitos, muitos empregos e investimentos, em muitos dos mais economicamente devastados países da União Europeia.

    Mesmo assim, essas ameaças da União Europeia, embora pouco realistas ou completamente irrealistas, só servem para acelerar a simbiose crescente entre a Rússia e os mercados asiáticos. Para Pequim especialmente, é situação de ganha-ganha. Afinal, entre energia fornecida através de mares policiados e controlados pela Marinha dos EUA, e rotas seguras, estáveis e sobretudo terrestres a partir da Sibéria, não é difícil preferir a Sibéria.
    Escolha aí a sua própria Rota da (sua própria) Seda

    Claro que o dólar norte-americano permanece como principal moeda global de reserva, envolvendo 33% do total das trocas em moeda estrangeira no final de 2013, segundo o FMI. Mas em 2000, eram 55%. Ninguém conhece a porcentagem em yuan (e Pequim não abre a boca), mas o IMF observa que reservas “em outras moedas” em mercados emergentes chegaram a 400%, desde 2003.

    O Fed parece estar monetizando[14] 70% da dívida do governo dos EUA, numa tentativa de impedir que as taxas de juros tomem o rumo da estratosfera. Jim Rickards, conselheiro do Pentágono – e de todos os banqueiros que operam em Hong Kong – tende a acreditar que o Fed está quebrado (mas eles nada dizem aos jornalistas sobre o tema). Ninguém se atreve sequer a imaginar a extensão de um possível dilúvio que o dólar dos EUA pode vir a sofrer, sob um Monte Ararat de $1,4 trilhão de derivativos financeiros. Que ninguém suponha que seria a morte do capitalismo ocidental; seria só um tropeço do neoliberalismo, essa fé econômica reinante, e ainda a ideologia oficial dos EUA, da maioria da União Europeia e de partes da Ásia e da América do Sul.

    No que tenha a ver com o “neoliberalismo autoritário” (como talvez se possa dizer) do Império do Meio, qual o problema do qual reclamar hoje? A China provou que há alternativa orientada para resultados ao modelo capitalista ocidental “democrático”, para nações que visem a ser bem-sucedidas. Trata-se de construir não uma, mas miríades de novas Rotas da Seda,[15] redes massivas de vias de alta velocidade, rodovias, oleodutos, gasodutos, portos e redes de fibra ótica por toda aquela abundância vastíssima de terras que é a Eurásia. Aí se inclui uma estrada do Sudoeste da Ásia, uma estrada da Ásia Central, uma “via marítima” pelo Oceano Índico e, até, uma ferrovia de alta velocidade que atravesse o Irã e a Turquia e chegue diretamente à Alemanha.

    Em abril, quando o presidente Xi Jinping visitou a cidade de Duisburg no Rio Reno, onde há o maior porto de atracação do mundo, da indústria de aço alemã, fez ali uma proposta das mais ousadas: uma nova “Rota da Seda econômica” que se deveria construir entre a China e a Europa, sobre o eixo da ferrovia Chongqing-Xinjiang-Europa, que vai da China ao Cazaquistão, atravessa Rússia, Bielorrússia, Polônia e, finalmente, a Alemanha. São 15 dias de viagem por trem, 20 dias a menos que os cargueiros consomem viajando pelo litoral leste da China. E, sim, seria o terremoto geopolítico total, em termos de integrar o crescimento econômico por toda a Eurásia.

    Tenham em mente que, se nenhuma bolha eclodir, a China deve passar a ser – e ficar nessa posição – a maior potência econômica global... de volta à posição que foi dela durante 18 dos últimos 20 séculos. Mas não contem aos hagiógrafos em Londres;[16] eles vivem da fé de que a hegemonia dos EUA é eterna, inabalável, que durará, digamos assim, para todo o sempre.
    Leve-me para a Guerra Fria 2.0

    Apesar de recentes graves lutas financeiras, os países BRICS seguem trabalhando conscientemente para converter-se numa contraforça em oposição ao [novamente] G7 – depois que de lá expulsaram a Rússia,[17] em março. Anseiam por criar uma nova arquitetura global para substituir a que foi imposta logo depois da 2ª Guerra Mundial, e veem-se, eles mesmos, como desafio possível ao mundo excepcionalista e unipolar que Washington imagina para nosso futuro (com ela própria no papel de robocop global, e a OTAN como seu braço-robocop-policial armado). O historiador e líder de hooliganismo imperialista, Ian Morris, em seu livro War! What is it Good For? [Guerra! Que utilidade tem a guerra?], define os EUA como o “globocop” radical e “derradeira esperança da Terra”. Se esse globocop “desperdiçar sua missão”, escreve ele, “não há plano B”.

    Ora... Há, sim, um plano BRICS – ou, pelo menos, os países BRICS gostam de pensar que haja. E quando os BRICS agem nesse espírito, no cenário global, eles rapidamente mobilizam e conjuram contra sim uma estranha mistura de medo, histeria e fúria, no establishment de Washington.

    Tomem, por exemplo, Cristopher Hill. O ex-secretário de Estado assistente para o Leste da Ásia e embaixador dos EUA no Iraque é agora conselheiro do Grupo Albright Stonebridge – empresa de consultoria com conexões profundas com a Casa Branca e o Departamento de Estado. Quando a Rússia andava por baixo, Hill gostava de delirar sobre uma “nova ordem mundial” norte-americana hegemônica. Agora que os russos, esses mal-agradecidos, estragaram tudo[18] que “o Ocidente ofereceu” – quer dizer, “status especial com a OTAN; relacionamento privilegiado com a União Europeia; e parceria em missões diplomáticas internacionais” – os russos estão, diz ele, trabalhando para fazer reviver o império soviético! Tradução: se você não é nosso vassalo, você está contra nós. Bem-vindos à Guerra Fria 2.0.

    O Pentágono tem sua própria versão disso, dirigida nem tanto à Rússia, mas, mais, contra a China, a qual, dizem os think-tanks especialistas em guerras futuras, já está, em vários sentidos, em guerra contra Washington.[19] Assim sendo, se não é Apocalipse-hoje, é Armageddon-amanhã. E nem é preciso dizer que, com tanta coisa dando errado, enquanto o governo Obama ‘pivoteia-se’ acintosa e publicamente para a Ásia, e a imprensa-empresa nos EUA faz a parte[20] de reviver uma política da era da Guerra Fria, de “contenção” no Pacífico, tudo é, sempre, culpa da China.

    Embutidos no enlouquecimento geral da Guerra Fria 2.0, há alguns estranhíssimos fatos em campo: o governo dos EUA, com dívida interna de $17,5 trilhões e aumentando, contempla um confronto financeiro com a Rússia, o maior produtor global de energia e grande potência nuclear, assim como também está promovendo um ‘cerco’ militar economicamente insustentável contra seu próprio principal credor, a China.

    A Rússia conta com considerável superávit comercial. Bancos chineses gigantescos não terão problema algum em ajudar bancos russos, se os fundos ocidentais secarem. Em termos de cooperação inter-BRICS, poucos projetos batem um oleoduto de $30 bilhões, em planejamento, que se estenderá[21] da Rússia à Índia, pelo noroeste da China. Empresas chinesas discutem empenhadamente a possibilidade de participarem na criação de um corredor de transporte[22] da Rússia para a Crimeia, além de um aeroporto, um estaleiro e um terminal de gás natural líquido. E há outro gambito ‘termonuclear’ em preparação: o nascimento de uma organização equivalente à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (orig. Organization of the Petroleum Exporting Countries OPEC), que incluirá Rússia, Irã, e, ao que se noticia,[23] também o Qatar, super insatisfeito aliado dos EUA.

    Os planos de longo prazo (não declarados) dos BRICS envolvem a criação de um sistema econômico alternativo que incluirá uma cesta de moedas com lastro em outro, que deixaria de lado o atual sistema financeiro global EUA-cêntrico. (Não surpreende que Rússia e China estejam acumulando a maior quantidade possível de ouro.) O euro – moeda sólida apoiada em grandes mercados de papéis com liquidez e sólidas reservas de ouro – será também bem-vindo.

    Não é segredo em Hong Kong que o Banco da China está usando uma rede paralela SWIFT para conduzir todo o tipo de negócio ou troca comercial com Teerã, apesar do pesado sistema de sanções comandado pelos EUA. Com Washington manobrando Visa e Mastercard como armas[24] numa campanha econômica de estilo mais Guerra Fria a cada dia, contra a Rússia, Moscou está a um passo de implementar sistema alternativo de pagamento e cartões de crédito, não controlado pela finança ocidental. Via ainda mais fácil seria adotar o sistema Union Pay chinês,[25] cujas operações já ultrapassaram, em volume global, o sistema American Express.
    Estou só a pivotear-me, eu comigo mesmo...

    Não há ‘pivotagem’ do governo Obama para a Ásia, para conter a China (e ameaçá-la com o controle pela Marinha dos EUA[26] de todas as rotas marítimas de energia para aquele país) que consiga empurrar Pequim para longe de sua estratégia autodescrita de “desenvolvimento pacífico”[27]inspirada em Deng Xiaoping, e que visa a converter a China em usina global de comércio e negócios. Nem futuros deslocamentos de soldados dos EUA ou da OTAN para o leste da Europa, ou outros movimentos[28] Guerra-Friistas[29] como esses conseguirão impedir Moscou de empreender sua ação de equilibramento: assegurar que a esfera de influência da Rússia na Ucrânia permanecerá forte, sem comprometer os negócios e o comércio, nem, tampouco, os laços políticos com a União Europeia – e, sobretudo, com sua parceira estratégica, a Alemanha. Esse é o Santo Graal de Moscou; uma zona de livre comércio[30] de Lisboa a Vladivostok, sonho o qual (não por acaso) é em tudo equivalente ao sonho chinês de uma nova Rota da Seda até a Alemanha.

    Cada vez mais desconfiada contra Washington, Berlin, por sua vez, detesta a noção de a Europa ser apanhada nas vascas de uma Guerra Fria 2.0. Os líderes alemães têm peixe maior para fritar, inclusive tentar estabilizar a oscilante União Europeia, que se vê presa nos meandros de um colapso econômico nos países do sul e do centro, vendo avançar os partidos da direita mais extremistas.

    Do outro lado do Atlântico, o presidente Obama e seus principais assessores e funcionários mostram todos os indícios de que se vão enredando nas próprias pivotagens e pivoteamento – para o Irã, para a China, para as fronteiras leste da Rússia e (fora do radar[31]) também para a África. A ironia de todas essas manobras, antes de tudo, militares, é que de fato só fazem ajudar Moscou, Teerã e Pequim a construir sua própria profundidade estratégica na Eurásia e em outros pontos – como já se vê acontecer na Síria, ou, crucialmente, em mais e mais novos negócios de energia.[32] Estão também ajudando a cimentar[33] a crescente parceria estratégica entre China e Irã. A narrativa do incansável Ministério da Verdade de Washington sobre todos esses desenvolvimentos ignora atentamente o fato de que, sem Moscou, o ‘ocidente’ jamais teria sentado para discutir um acordo nuclear com o Irã, nem teria conseguido o desarmamento químico de Damasco.

    Quando as disputas entre China e seus vizinhos no Mar do Sul da China e entre aquele país e o Japão pelas ilhas Senkaku/Diaoyou encontrarem a crise ucraniana, a conclusão inevitável será que ambas, Rússia e China, consideram suas fronteiras e rotas marítimas como propriedade privada e não admitirão desaforos sem revidar – ainda que o desaforo venha sob formato de expansão da OTAN, do cerco militar pelos EUA, ou de escudos de mísseis. Nem Pequim nem Moscou se curvarão à forma usual de expansão imperialista, apesar da versão dos eventos que vem sendo servida à opinião pública ocidental. As respectivas ‘linhas vermelhas’ são e permanecerão essencialmente defensivas, não importa o trabalho que, vez ou outra, seja necessário para mantê-las protegidas e seguras.

    Seja o que for que Washington deseje, tema ou tente impedir que aconteça, os fatos em campo sugerem que, nos próximos anos, Pequim, Moscou e Teerã só farão aproximar-se cada vez mais, lenta mais firmemente construindo um novo eixo geopolítico na Eurásia. Entrementes, EUA desnorteados-metendo-pés-pelas-mãos parecem estar ajudando a acelerar a desconstrução de sua própria ordem unipolar, ao mesmo tempo em que oferecem aos BRICS uma genuína janela de oportunidade para tentar mudar as regras do jogo.
    "iceberg vermelho": livreto us-americano da Velho Guerra Fria (1960)
    Rússia e China em modo “Pivô”

    Na think-tank-elândia de Washington, a convicção de que o governo Obama deve focar-se em reencenar a Guerra Fria mediante uma nova versão de política de contenção para “limitar o desenvolvimento da Rússia como potência hegemônica” tomou conta de todas as cabeças. A receita: armas até os ossos os vizinhos, dos estados do Báltico ao Azerbaijão, para “conter” a Rússia. Guerra Fria 2.0 na veia, porque, do ponto de vista das elites de Washington, a Guerra Fria, de fato, nunca acabou.

    Mas, por mais que os EUA combatam contra a emergência de um mundo multipolar, de várias potências, fatos econômicos em campo apontam sempre, regularmente, nessa direção. A questão é sempre a mesma: o declínio do hegemon será lento e razoavelmente digno e decente, ou todo o mundo será arrastado para o buraco, na opção que tem sido chamada de “opção Sansão”?

    Enquanto se assiste ao espetáculo que se desdobra, sem fim de jogo à vista, convém manter em mente que uma nova força está crescendo na Eurásia, com a aliança estratégica sino-russa ameaçando dominar o coração do mundo e grandes porções das áreas continentais. Ora, do ponto de vista de Washington, é pesadelo de proporções Mackinderescas.[34] Pense, por exemplo, em como Zbigniew Brzezinski, o ex-conselheiro de segurança nacional, que se tornou mentor de política global do presidente Obama, veria a coisa.

    Em seu livro de 1997, O Grande Tabuleiro de Xadrez, Brzezinski argumentava que “a luta pelo primado global continuará a ser disputada” no “tabuleiro” eurasiano, do qual “a Ucrânia era um pivô geopolítico”. “Se Moscou reconquistar o controle sobre a Ucrânia”, escreveu ele naquele momento, a Rússia “automaticamente reobterá os meios para tornar-se poderoso estado imperial, que se estenderá sobre Europa e Ásia.”


    É o argumento básico que há por trás da política imperial de contensão, pelos EUA – da “Rússia próxima”, europeia, ao Mar do Sul da China. Assim sendo, e sem fim de jogo à vista, fiquem de olho no pivoteamento da Rússia em direção à Ásia; da China, por todo o planeta; e no duro trabalho dos BRICS, tentando fazer serviço de parteiros do Novo Século Eurasiano.

    Notas
    [8] 25/3/2014, Pepe Escobar: “A Ásia não ‘isolará’ a Rússia”, Asia Times Online
    [9] O presidente Hugo Chávez muito falou dessa petromoeda. Mas é absolutamente IMPOSSÍVEL encontrar hoje, pelo buscador Google-Brasil, as falas do presidente Chávez! Há uma censura total, na imprensa-empresa comercial brasileira ‘livre’ [só rindo]. Depois de muita procura, encontramos, para citar aqui, o que se lê em http://www.estadao.com.br/noticias/economia,chavez-quer-brasil-na-opep-e-criacao-da-petro-moeda,347790,0.htm; é matéria de 2009, e nada tem de ‘fato’: só tem, mesmo, de opinionismo tosco golpista do Estadão.

    AQUI FICA, ENTÃO, como NOSSA HOMENAGEM AO PRESIDENTE HUGO CHÁVEZ.
    “Chávez insiste que a aproximação com os países árabes deve incluir a criação de uma nova moeda internacional e até num Banco Petroleiro Internacional, o que evitaria que os governos que contam com recursos tenham de colocar suas reservas em investimentos e fundos nos países ricos. "Temos de pensar nisso", disse. "Já basta do domínio do dólar no mundo", disse Chávez. Ele lembrou que a China e a Rússia irão sugerir a criação de uma moeda de reserva durante o encontro do G-20. [NTs]
    [13] 8/5/2014, Pepe Escobar: “FMI vai à guerra na Ucrânia”, RT
    [29] 29/4/2014, Pepe Escobar: “‘Estratégia’ de Obama contra Rússia ‘pária’ , Asia Times Online

    Vladimir Putin: “Relações com a China são prioridade da política exterior russa”


    Data de publicação em Tlaxcala: 20/05/2014


    President of Russia Президент России 
    Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Vudu



    Às vésperas de sua visita à China, o presidente russo, Vladimir Putin, concedeu entrevista aos principais veículos da imprensa russa. Aqui, a transcrição da conversa, de RT.


    I. O que o senhor espera de sua próxima visita à China? Que resultados espera da Conferência sobre Interação e Medidas de Confiança na Ásia (na sigla em ing. CICA,Conference on Interaction and Confidence-Building Measures in Asia), que se celebrará em Xangai? 
    Vladimir Putin: Ampliar nossos laços com a China, nação amiga de confiança, é definitivamente prioridade da política exterior russa. Atualmente a cooperação bilateral está entrando numa nova etapa de ampla associação e cooperação estratégica.
    Não me engano, se digo que vivemos o melhor momento de vários séculos da história da cooperação entre nossos países. Estou esperando um novo encontro com o presidente da China, Xi Jinping, com quem mantemos boa relação, tanto laboral como pessoal. Vamos discutir a implementação dos acordos alcançados e traçar novas tarefas para o futuro. 
    Estou certo de que as negociações proporcionam forte impulso para a cooperação bilateral em todos os âmbitos e facilitarão nossa coordenação na arena mundial. Os resultados da reunião e os planos para o futuro refletir-se-ão numa declaração conjunta dos líderes e num pacote de documentos a serem assinados durante a conferência. 
    Rússia e China estão promovendo ativamente a ideia de formar uma nova arquitetura de segurança e desenvolvimento, que seja estável, no Pacífico Asiático. É aliança que se baseará nos princípios da igualdade, repeito ao direito internacional, a indivisibilidade da segurança e na recusa ao uso da força como tal e como recurso de chantagem e ameaça. Hoje, essa tarefa tem máxima urgência. A próxima reunião de cúpula está centrada na realização dessa tarefa.
    A Conferência sobre Interação e Medidas de Confiança na Ásia (na sigla em ing. CICA) é mecanismo de cooperação que já comprovou plenamente sua funcionalidade. Em torno desse mecanismo realizam-se trabalhos em âmbitos significativos para a região, como segurança, novos desafios e ameaças, economia, ecologia e assuntos de assistência humanitária. A Rússia participa ativamente nas atividades da CICA-Ásia. 
    Em meados de abril passado, os países membros da Conferencia aprovaram o Artigo sobre o Conselho de Negócios da CICA-Ásia, que foi elaborado a partir de uma iniciativa nossa. Tenho certeza de que, tão logo seja adotado,  se estreitarão os laços operacionais práticos entre os círculos empresariais dos países asiáticos. Durante a reunião de cúpula, há planos também para que seja assinado o memorando de mútuo entendimento entre os secretariados de la CICA-Ásia e da Organização de Cooperação de Xangai. Será mais um passo na direção de constituir na região um sistema de associação entre diversas organizações e fóruns. 
    II. A China está movendo-se na direção de implementa um ‘sonho chinês’, um grande renascimento nacional. A Rússia também se autoimpôs a missão de ressuscitar o próprio poder. Em sua opinião, como nossos países poderão cooperar para ajudar-se mutuamente na realização dessas tarefas? Que âmbitos se devem considerar prioritários, nesse contexto?
    Vladimir Putin: O desenvolvimento das relações de amizade, boa vizinhança e associação correponde plenamente aos interesses mútuos de Rússia e China. Já não há qualquer problema político que possa afetar negativamente o desenvolvimento de cooperação ampla.   
    Conjuntamente, construímos uma interação verdadeiramente exemplar, que se deve converter em modelo para as grandes potências. É cooperação que se baseia no respeito aos interesses fundamentais de todos e no trabalho eficaz com vistas ao bem de todos os povos do mundo. 
    Rússia e China cooperam com êxito na arena mundial e coordenam os passos que dão para resolver problemas e crises internacionais. Nossas posições sobre os principais assuntos globais e regionais são ou extremamente próximas, ou perfeitamente coincidentes. 
    É gratificante que as duas partes estejam prontas a estreitar a cooperação. Tanto Mosc ou como Pequim entendem que os potenciais de nossos países estão longe de esgotados. Ainda há metas a alcançar. Como prioridades de nossa cooperação na fase atual, pode-se destacar o estreitamento de laços econômicos e a colaboração no âmbito das ciências e das altas tecnologias. Essa cooperação para o desenvolvimento de potenciais que beneficiam os nossos países muito ajudará também para a implementação das tarefas de desenvolvimento interno. 
    III. A cooperação russo-chinesa intensifica-se sempre, mas a economia global permanece assediada por incertezas. As economias emergentes encontram novos desafios – como a desaceleração da economia. Como Rússia e China podem ajudar-se mutuamente, para fazer frente a esses desafios? Como se pode garantir o crescimento estável do comércio e os investimentos mútuos? 
    Vladimir Putin:
     Ante as turbulências da economia global, é altamente importante reforçar os vínculos comerciais e econômicos que nos beneficiam mutuamente, além de aumentar os investimentos entre Rússia e China. 
    É fator significativo, não só para o desenvolvimento socioeconômico de nossos países, mas, também, é importante contribuição para a estabilização de todo o mercado global. 
    Atualmente, a China é líder indiscutível entre os parceiros comerciais da Rússia. Em 2013, o comércio bilateral aproximou-se dos 90 bilhões de dólares e esse não é o limite. Vamos aumentar nosso intercâmbio até 100 bilhões em 2015  e para 200 bilhões, em 2020. 
    Também estamos colaborando exitosamente em projetos energéticos. Estamos criando uma aliança energética estratégica. Estamos trabalhando num amplo projeto, de mais de 60 bilhões de dólares, para levar petróleo até a China, pelo oleoduto Skovorodinó-Mohe. 
    Os contratos de exportação de gás natural russo para a China estão adiantados, no processo de preparação e redação. A aplicação desses contratos implicará para a Rússia a diversificação de rotas de exportação de gás, e permitirá que nossos parceiros chineses reduzam seus graves problemas de escassez de energia e de segurança ecológica, o que se alcançará com o emprego de combustíveis “limpos”. 
    Ao mesmo tempo, estamos avançando também num trabalho para reduzir a dependência do comércio bilateral, dos mercados estrangeiros. Portanto, no marco de uma melhor cooperação comercial e econômica, estamos dedicando atenção especial aos setores de vanguarda, dentre eles o aumento da eficiência energética, a proteção ao meio ambiente, a produção de medicamentos e aparelhagem médica, desenvolvimento de novas tecnologias de informática, energia nuclear e indústria espacial. 
    Temos uma lista de projetos conjuntos em 40 áreas prioritárias com volume de inversões de cerca de 20 bilhões de dólares. Nessa lista também figura a indústria aeronáutica civil. Já se obteve um acordo sobre o desenvolvimento conjunto de aviões de fuselagem larga para longos percursos [para saber o que são, veem-se em http://www.privatejetcharter.es/private-jet/wide-business-jets.php (NTs)]. 
    Planejamos também a criação de um helicóptero pesado. Estou certo de que nossas empresas são capazes de produzir e fornecer produtos competitivos aos mercados mundiais.

    © RT

    Temos a intenção de melhorar consideravelmente a cooperação em investimentos, que ainda não atende todas as necessidades e possibilidades reais de nossos países. Há vários exemplos de projetos bem-sucedidos. Destaco a participação do capital chinês na reconstrução de um aeroporto na região de Kaluga e a construção, naquela mesma região, de fábricas de produção de componentes automotivos e materiais de construção. 
    Vemos muitas outras áreas promissoras para investimentos. Podem destacar-se vários ramos da engenharia, processamento de produtos agrícolas, mineração, desenvolvimento de infraestruturas de transporte e o campo da energia. Devemos fortalecer também a cooperação financeira, proteger-nos contra as flutuações das taxas de câmbio das principais divisas mundiais. 
    Por isso, estuda-se agora, para afinal começar a implementá-lo, afinal, o plano para aumentar os pagamentos recíprocos em moedas nacionais. 
    IV. Recentemente, a Rússia anunciou a criação de uma zona econômica especial em Vladivostok. Que papel, em sua opinião, a China pode ter na criação dessa zona e no desenvolvimento em geral das áreas do Extremo Leste da Rússia? 
    Vladimir Putin:
     O desenvolvimento econômico avançado da Sibéria e do Extremo Leste da Rússia é nossa prioridade nacional para o século 21. Nesse momento, já estão em andamento vários programas relacionados à modernização e ampliação das infraestruturas dessas regiões – tanto no campo dos transportes como do uso das energias e das infraestruturas sociais. 
    Apostamos na criação de territórios especiais de desenvolvimento econômico avançado nos quais se criará ambiente favorável ao investimento. Há condições de competitividade para que se organize uma produção manufatureira orientada para a exportação.
    Para as novas empresas que se instalem nas zonas de desenvolvimento avançado, planejam-se várias subvenções: de descontos em impostos e taxas reduzidas, além de regime aduaneiro simplificado, incluindo portos livres. Um regime especial de uso dos terrenos e da conexão com elementos das infraestruturas. Atualmente, trabalhamos numa lei federal para essa normatização. Estamos criando institutos de desenvolvimento e determinando as áreas de priorização. 
    Uma dessas áreas, sim, está planejada para ser instalada em Vladivostok, na ilha Russki, onde foi realizada a reunião de Cúpula do Foro de Cooperação Econômica Ásia- Pacífico. Sem dúvida, estamos interessados em que o setor de negócios da China aproveite as oportunidades que estão sendo criadas e posicione-se como líder naquelas regiões. 
    Porque fato é que o desenvolvimento avançado do Extremo Oriente da Rússia é evento que beneficia tanto a Rússia, como a China.  O comércio não é nosso único interesse. É necessário formar alianças tecnológicas e industriais sólidas. Promover conjuntamente investigações científicas e relações humanitárias. Fixar as bases para o desenvolvimento estável e durável de nossas relações econômico-comerciais para o futuro. E, sim, o Extremo Oriente da Rússia pode e deve ser o ambiente natural para esses esforços.
    V. Como o senhor avalia o nível atual de cooperação entre nossos países, na esfera humanitária e as perspectivas nessa área? Que projetos no marco dos anos ‘duplos’ (dos dois países, dos dois idiomas, de turismo nas duas direções e de intercâmbio entre jovens) causaram-lhe impressão mais marcante? 
    Vladimir Putin:
     Os laços humanitários entre Rússia e China seguem a linha do desenvolvimento progressivo de todo o complexo de associação estratégica entre nossos países. Hoje em dia, têm alcançado melhores níveis que jamais antes. Nesse processo, têm destaque os grandes projetos em grande escala, dos chamados ‘anos nacionais’, ‘anos dos idiomas’ e ‘anos do turismo’ – que são projetos que mobilizam milhões de nossos concidadãos. 
    Atualmente estão em andamento uma série de eventos regulares: festivais culturais, semanas de cinema, esportes juvenis, festivais de estudantes, campos de férias para crianças e estudantes, fóruns de reitores de universidades e exposições de serviços educativos, dentre outras atividades. [...]  Claro que não vamos dormir sobre os louros. O interesse dos jovens na história, na cultura e nas tradições dos povos de Rússia e China está crescendo. Este é um processo objetivo e tenemos a intenção de apoiá-lo plenamente, cada vez mais, no futuro. 
    VI. Em 2015, Rússia e China celebrarão o 70.º aniversário da vitória sobre o fascismo. Que importância têm esses esforços conjuntos de Rússia e China, na resistência contra as tentativas que se veem para distorcer o resultado da 2ª Guerra Mundial? 
    Vladimir Putin:
     É verdade que, hoje, enfrentamos todos os dias novas tentativas para distorcer, alterar, deformar os fatos da história ocidental recente. 
    Há quatro anos, Rússia e China emitiram declaração conjunta na ocasião do 65º aniversário do fim da 2ª Guerra Mundial. Nossa opinião comum partilhada já era de que não se aceitará, de modo algum, que o resultado da luta que se travou na 2ª Guerra Mundial seja ‘reinterpretado’; é absolutamente inaceitável. As consequências de qualquer revisão nesse campo seriam extremamente perigosas. 
    Prova disso são os atuais e muito trágicos eventos na Ucrânia – onde já se veem as ações de forças nazi-fascistas que semeiam o terror entre a população civil.
    A Rússia está profundamente agradecida a nossos amigos chineses, por homenagearem e reverenciarem a memória dos milhões de compatriotas nossos que deram a vida pela libertação do noroeste da China, quando invadido. 
    No próximo ano, haverá uma série de celebrações conjuntas, de russos e chineses, por ocasião do  70º aniversário da vitória contra o nazifascismo europeu, tanto no formato bilaterial, como, também, no marco da Organização de Cooperação de Xangai.  Daremos especial atenção ao trabalho com os jovens. Não há dúvida de que, sim, continuaremos a resistir contra todos os esforços para falsear a história e para converter em heróis, no século 21, os nazifascistas e seus colaboradores, tentativa que já se vê em andamento, hoje, Ucrânia. [fim da entrevista]

    400 MERCENÁRIOS DA BLACKWATER NA UCRÂNIA

    resistir info 

     
    A junta neo-nazi de Kiev tem agora 400 mercenários da Blackwater e Greystone a operarem no terreno, anunciam os media alemães . São eles que conduzem os massacres de populações civis no leste da Ucrânia, enquadrando a tropa regular e os paramilitares neo-nazis (Svoboda e Right Sector). A contratação de mercenários estrangeiros constitui uma escalada para uma guerra civil generalizada e uma provocação contra uma potência nuclear. O jogo do imperialismo, ao animar os seus títeres de Kiev, é insano. Registe-se o papel subalterno e servil da UE, caudatária dos EUA mesmo contra os seus próprios interesses.

    Por trás do capuz

    resistir info - 19 mai de 2014

    por Luis Britto García

    1. Num conto de García Márquez há uma pensão que ao invés de toilettes oferece máscaras aos seus clientes para que façam as suas necessidades em plena rua. Oculta o rosto quem se envergonha. O que esconde o terrorismo encapuzado? 

    2. Meios de comunicação nacionais e internacionais pretendem apresentar os terroristas como "estudantes" e "pacíficos". Os números dizem outra coisa. A promotora Luisa Ortega Diaz revela que cerca de 174 pessoas ficam privadas de liberdade enquanto avançam as investigações. Destas, apenas 12 eram estudantes, menos de 7%. Em princípio de Maio as autoridades vasculharam acampamentos que mantêm focos de perturbação e detêm 243 pessoas. Não mais de 20% delas estudam. Vigilantes da UCV detêm cinco violentos armados. Só um era estudante, mas de outra universidade. 

    3. A Promotora Geral revela que 49 das 190 provas de droga praticada em opositores detidos no desalojamento dos acampamentos deram positivo. Não parece comportamento exemplar de defesa de direitos políticos. Querem o poder para impor ao resto da população seus modelos de conduta? 

    4. O ministro do Interior e Justiça declara que entre os detidos figuram 58 estrangeiros, 21 comprovadamente paramilitares colombianos, outros com ordens de captura na Interpol, outros terroristas procurados no Médio Oriente: alguns na posse de armas e substâncias incendiárias, muitos com prontuário de narcotráfico. Se triunfarem estes forasteiros, exercerão eles suas pacíficas profissões a partir do poder? 

    5. Por trás do capuz, mentem meios de comunicação internacionais e nacionais, ocultam-se serem "pacífico". Entre 12 de Fevereiro e Maio a violência que desencadeiam resulta num saldo provisório de 42 mortos, nas seguintes categorias: 1) 20 vítimas fatais bolivarianas, que compreendem 9 militantes do PSUV e agrupamentos sociais afins, 10 membros de corpos de segurança pública do Estado (GNB, PNB e Sebin) e um promotor do Ministério Público; 2) 15 cidadãos cuja filiação política não se conhece, vítimas de diversos episódios de violência; 4) O resto de vítimas fatais poderia ser atribuído à oposição, dos quais só 8 faleceram por actos imputáveis às autoridades, e 7 foram vítimas de incidentes criados por cortes viários ou por seus próprios actos: um morreu ao accionar um morteiro improvisado, outro electrocutou-se ao repor um obstáculo para uma barricada, um terceiro caiu do telhado da sua própria casa. 

    6. Tal massacre não se deve a "estudantes", "desarmados" e muito menos "pacíficos". Parte considerável dos bolivarianos pereceu por disparos na cabeça, por vezes a partir de longa distância. Uma estudante opositora faleceu por um tiro na nuca, alvejada a partir das próprias fileiras da manifestação opositora. Tão pouco é táctica estudantil incendiar e destruir de cerca de uma centena de unidades de transporte colectivo, de várias centrais eléctricas, universidades, bibliotecas e um infantário com 80 crianças dentro. 

    7. Nenhuma proclamação, manifesto ou plano de governo foi apresentado como desculpa para esta hecatombe de compatriotas. Ocultamos nossos propósitos quando são mais inconfessáveis do que nossos actos. Uma campanha maciça de incêndios e assassinatos não se mantém durante mais de três meses sem cumplicidades nem financiamento. Levantamos um pouco mais o capuz terrorista? Por trás dele espreitam a CIA, a USAID, a NED , as mil e uma ONGs criadas para distribuir seus fundos e os dos empresários para pagar mercenários, os partidos opositores que não condenaram o terrorismo, a Fundación Internacionalismo para la Democracia, de Álvaro Uribe Vélez, o Pacote Neoliberal que privatizará a PDVSA e a educação, a saúde e a segurança social, e trará de regresso os níveis de pobreza de 70% do século passado. Conheço-te, mascarazinha. Não me tentes enganar. 

    Ver também: 


    O original encontra-se em www.eljoropo.com/site/luis-britto-garcia-tras-la-capucha/

    E quem se encontra por trás das máscaras e capuzes em nossas manifestações?

    domingo, maio 18, 2014

    Les autorités maliennes déclarent être «en guerre»


    par 

    mediaLe Premier ministre Moussa Mara passe en revue les troupes de l'armée malienne à Kidal, le 17 mai 2014.AFP PHOTO / FABIEN OFFNER
    De violents affrontements ont opposé ce samedi l'armée malienne et les groupes du Nord dans la ville de Kidal. Le ministre de la Défense du Mali, qui affirme que 36 personnes, dont huit militaires, sont mortes, est également persuadé que le MNLA, le principal mouvement de la rébellion, a été aidé par des groupes terroristes, sans donner plus de précisions. Il reconnaît par ailleurs qu'une trentaine de fonctionnaires sont toujours retenus en otage dans le gouvernorat. Ce dimanche 18 mai au soir, les autorités maliennes déclarent être « en guerre ».
    Depuis Gao, le Premier ministre malien Moussa Mara a indiqué à l'agence Reuters que « La république du Mali est en dorénavant en guerre ». Déclaration choc alors que sur le terrain, à Kidal, la situation est stable, un calme précaire règne dans le fief rebelle. Aucun tir n'a en effet résonné en ville depuis ce matin.
    Cette attaque du gouvernorat de Kidal est une déclaration de guerre.
    Moussa Mara18/05/2014 - par Guillaume ThibaultÉcouter
    Les deux camps qui se sont affrontés samedi, l'armée malienne et deux groupes du Nord  - le MNLA (Mouvement national de libération de l'Azawad) et le MAA (Mouvement arabe de l'Azawad) -, tiennent, voire renforcent leurs positions. Devant le camp 1, les FAMAS se sont déployés sur des hauteurs pour se protéger de toute nouvelle avancée rebelle. Le gouvernorat et certains check-points sont, eux, désormais sous contrôle du MNLA.
    Le MNLA accepte une force d'interposition
    Selon nos informations, suite à une réunion en fin de matinée dans le camp de la Minusma (la Mission de l'ONU au Mali), le chef militaire du MNLA Mohamed Ag Najim a accepté de stopper la progression de ses combattants et qu'une force constituée d'éléments tchadiens de la Minusma et de soldats français de Serval se positionne entre les belligérants. On ne sait pas si ce positionnement a été accepté par l'armée malienne.
    Suite aux combats de samedi, les deux camps multiplient les déclarations contradictoires. Le MNLA indique que huit soldats maliens sont morts et qu’il détient trente prisonniers (24 militaires et 6 fonctionnaires). Dans un communiqué, le ministre malien de la Défense, Soumeylou Boubèye Maïga, indique que huit soldats auraient été tués et 25 blessés, et parle de 28 morts du côté des groupes du Nord.