"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, junho 26, 2010

Presidenciais na Colômbia: 56% do eleitorado adoptou a posição das FARC

resistir info - 26 jun 10

por James Petras [*]

Santos, o  continuador de Uribe. Chury: Bem, Petras, conta-me os temas em que estás a trabalhar agora...

Petras: Em primeiro lugar, o mais importante que estamos a analisar é o processo eleitoral na Colômbia. Esse é o tema principal que temos tratado porque a própria esquerda semeou muita confusão sobre os resultados do processo eleitoral. Ou melhor, não trataram o resultado eleitoral num contexto mais amplo e é isso que o que devemos discutir. Porque o facto mais destacado é que 56% do eleitorado não votou. Ou seja, 56% consciente ou inconscientemente tomaram a posição das FARC. Não digo que estejam informados pelas FARC nem necessariamente que seja simpatizantes, mas por várias razões compartilham a ideia de que não vale a pena votar nas eleições principalmente porque ambas as opções eram muito desfavoráveis e nada ofereciam ao povo.

Para entender isso creio que devemos voltar uns anos atrás, particularmente aos últimos 10 anos do governo de Uribe e inclusive antes. Este resultado eleitoral tem como contexto o deslocamento de 4,3 milhões de pessoas. Tem o contexto de uma repressão feroz que matou mais de 1.800 sindicalistas, incluindo dirigentes. Mataram centenas de activistas de direitos humanos, advogados e jornalistas. E isso influi muito sobre a atitude das pessoas para com as eleições. Em dois sentidos: sentem-se aterrorizados pelo governo e alguns, neste contexto, pressionados a votar porque os militares estavam presentes em todos os lugares de votação. Os paramilitares e os políticos vinculados ao paramilitarismo, que chega ao próprio governo, influenciavam em todos os lugares de votação.

Mas antes de mais nada devemos entender que quando se organiza uma eleição isso é um processo de debate, de reivindicar e não reivindicar as necessidades do povo. E num contexto de terrorismo prolongado e generalizado não se pode avaliar o que sentem as pessoas, o que um contexto pacífico e democrático pode permitir. Neste contexto temos um país militarizado, 300 mil soldados, mais polícias, mais paramilitares, não é um contexto democrático para eleições.

E além disso o Estado utiliza todos os mecanismos, os meios de comunicação e incomunicação, utilizam tudo o que são as prebendas do Estado circulando nos bairros para conseguir algum voto. E também temos o facto de que o candidato presidencial, o que ganhou, o "Diabo" Santos, é uma pessoa envolvida nos assassinatos, foi o ministro da Defesa que organizou os chamados "falsos positivos", estimulando os militares a matar civis para mostrar que o exército teve grandes êxitos matando subversivos.

Descobrimos em pouco tempo que muitas das vítimas nada tinham a ver com a guerrilha nem com os grupos simpatizantes. Eram simplesmente civis, camponeses principalmente e gente pobre, escolhidos para assassinatos para mostrar que o exército teve grandes êxitos no combate. O senhor Santos é implicado e julgado neste contexto.

Os diários, tanto no Uruguai como no México, dizem que a direita arrasa. Arrasa o que? O voto em Santos foi simplesmente 30,8% do eleitorado. Se consideramos os que não votaram, os 70% que conseguiu, os 70% de 44% não chegam ao que eles dizem, chegam a 30 e poucos por cento.

E é preciso analisar os lugares onde votaram e não votaram. Nos grandes bairros popular o absentismo foi quase de 65%. O mesmo se passou em sectores rurais, algumas províncias tiveram quase 75% de absentismo.

Onde conseguiram uma maioria esmagadora de votantes foi nos bairros influentes, os bairros da classe média acomodada, e na classe média baixa em menor percentagem. Mas nos bairros altos conseguiram uns 70% ou 75%. Então há uma grande diferença entre os sectores populares e as regiões no resultado das votações. Muitos sindicalistas, particularmente nas províncias, não votaram por nenhum dos dois. E o mesmo se passou com alguns grupos de direitos humanos.

Agora, para disfarçar este processo eleitoral ilegítimo, os oficialistas utilizaram dois pretextos. Primeiro disseram que as chuvas reduziram a participação. Se alguém não quiser molhar-se por um candidato isso é um bom indicador do desprestígio que tem o sistema eleitoral.

E segundo, o campeonato mundial, não afecta todas as horas do dia, há tempo para ver as partidas e há tempo para votar. Assim, estas desculpas para justificar a baixíssima participação não têm legitimidade.

Por que os diário estão a dar tanta publicidade, disfarçando o facto de que o pior assassino do governo Uribe ganha as eleições com uns 30,8% do eleitorado. Por que? Creio que indica estarem preparados para apoiar-se numa nova política de acomodação com o imperialismo norte-americano. É um sinal de que no próximo período o senhor Santos, com Obama e a direita na América Latina, estão preparados para uma nova ofensiva. E os meios de comunicação, inclusive os jornais supostamente progressistas, estão dispostos a entrar nesse jogo.

Chury: Petras, passemos a outra das realidades que estamos a analisar e de que tens geralmente informação muito profunda. Parecem haver-se aplacado as repercussões dos delitos de lesa humanidade cometidos por Israel. O sionismo tem tanto poder sobre os meios de comunicação que já está a conseguir a amnésia e o esquecimento no mundo. Como se pode analisar isto?

Petras: Há duas razões. Primeiro, o poder que tem Israel a partir da quinta coluna das organizações sionistas e da grande maioria das organizações judias que são filiadas ao sionismo. Chega a tal ponto a força do sionismo que a partir dos Estados Unidos está a globalizar-se. Uma expressão disso é o forte trabalho que o sionismo norte-americano faz sobre o governo de Kirchner [presidenta da Argentina] e particularmente através do novo chanceler, senhor Héctor Timerman.

Timerman é a ligação entre o sionismo norte-americano e Israel com a política argentina. E a senhora Kichner nomeou Timerman, primeiro como embaixador nos Estados Unidos e agora como chanceler em substituição de Taiana, um funcionário que em certa medida mantinha alguma posição de distância em relação ao sionismo. Agora tem um funcionário a tempo inteiro a trabalhar por Israel e coordenando a política com os sionistas dos Estados Unidos. Aqui o vimos actuar uma forma muito vergonhosa, pior do que qualquer outro embaixador em Washington pelas suas relações promíscuas e íntimas com os sionistas e este problema vai repercutir na América Latina.

Aqui estão a dar repercussão nos meios publicitários ao facto de Israel, sob enorme pressão, estar a permitir entrar comida e medicamentos, pelo menos algumas linhas de alimentos de consumo em Gaza. O que não está a permitir são maquinarias para que os palestinos não só possam consumir como possam produzir, cultivar, exportar, possam abrir fábricas que estão todas fechadas. Há que continuar o boicote os protestos. Este fim-de-semana, na cidade Oakland, perto de San Francisco, Califórnia, que é o quito porto mais importante dos EUA, os portuários organizaram um boicote a um navio de Israel: não deixaram descarregar a mercadoria e isso foi um grande êxito. A companhia requereu um processo judicial para terminar o boicote. O juiz decidiu que Israel era um violador de direitos humanos e que têm razão aqueles que organizaram o boicote.

A consciência do assassinato da flotilha é muito generalizada. Os outros crimes diários que Israel comete, como o de ontem, a morte de um pai de família com três filhos, ou ante ontem outros palestinos na fronteira. As atrocidades de Israel não saem na primeira página e nem na segunda. Se há alguma reportagem é uma pequena notícia nas páginas internas. Aqui, em caso algum temos uma condenação a Israel nos meios de comunicação.

Agora a campanha dos sionistas no New York Times, no Washington Post e no Wall Street Journal, que são quase jornais da embaixada de Israel e cem por cento a favor de qualquer crime, lançaram uma propaganda feroz contra a Turquia. Se se pensar por um momento, há três todo o grupo de Israel aqui nos Estados Unidos actuava a favor da Turquia. De repente a Turquia critica Israel pelos assassinatos dos seus cidadãos e os assassinatos em Gaza, de repente a maquinaria faz uma volta de 180 graus e passa a dizer que a Turquia é um país de terroristas islâmicos, os mortos na flotilha eram islâmicos. E lançaram uma campanha lançando lixo sobre o primeiro-ministro da Turquia. Não têm vergonha nenhuma.

Quando Israel muda a linha eles dão um giro de 180 graus. Os sionistas são piores que os piores momentos do estalinismo. Não têm nada independente na cabeça, são apenas voz de Israel e é uma coisa espantosa. Não importa se é um cirurgião, um prémio Nobel, se é um famoso actor ou director de Holliwood, têm toda esta mentalidade de fidelidade incondicional a qualquer acto de delinquência do Estado de Israel. O servilismo aqui é incrível.

Chury: Houve críticas para com o presidente Correa, do Equador, pelos problemas que estão os movimentos indígenas, particularmente pela lei da água. O que sabe disso?

Petras: Correa é um político com tinturas reformistas pela sua política reivindicacionista, atando algumas concessões a programas sociais, subvenções, mas no âmbito macroeconómico é uma política destrutiva. Convidaram a multinacionais mineiras e explorarem a jazidas e muitas delas estão nos territórios tradicionais dos indígenas.

Agora cometeu dois erros. Primeiro, sem consultar os indígenas assinou estes contratos marginalizando as condições ambientais, as condições de pesca e de água do povo indígena.

Segundo, tomou estas decisões com beligerância para com os opositores e críticos, actuando com uma agressividade que não tolera uma reconsideração. E isso provou a ira dos grupos indígenas.

E terceiro, os grupos indígenas têm muita experiência nestas histórias de exploração, tanto de agrotóxicos e petróleo como de outras minas que no passado contaminaram enormes regiões de cultivos, ar, água e terras dos povos. Então, não falam de forma teórica, tiveram experiências negativas.

E para o Equador, para Correa, é uma política destrutiva. O que ele quer é estimular o crescimento a partir das exportações mineiras para compensar a queda nas exportações industriais e agrícolas. Primeiro porque não mudaram a moeda, continua a utilizar o dólar, o que torna caras as exportações não tradicionais como as manufacturas. E isso também criou uma situação em que Correa mantém um discurso populista, crítico de aspectos da política externa dos EUA, mas por outro lado é muito amistoso para com as multinacionais.

Ultimamente deu meia volta em relação à política norte-americana, abraçando Hillary Clinton e dizendo que estão a caminho de melhoria das relações. Temos que ver até que ponto isso é influenciado pela sua política mineira. Está-se a combinar agora a resolução da contradição entre uma política interna mineira conservadora com uma crítica ao imperialismo. Agora parece que há uma aproximação com o governo de Obama-Clinton juntamente com este projecto de explorar a mineração.

25/Junho/2010
[*] Comentários transmitidos pela CX36 Radio Centenario , em 21/Junho/2010.

O original encontra-se em http://www.lahaine.org/index.php?blog=3&p=46482

Autoridades suspendem estado de emergência no sul do país

darussia.blogspot.com - Sexta-feira, Junho 25, 2010

Publicada por Jose Milhazes

As autoridades do Quirguistão decidiram suspender o estado de emergência no sul do país à meia noite local (20 horas em Lisboa), informou o centro de imprensa do Governo provisório.
“Hoje, à meia noite, termina a vigência do decreto do Governo Provisório sobre o estado de emergência na região de Jalal-Abad e nalgumas localidades da região de Och”, precisa a fonte citada pelas agências.
O estado de emergência foi decretado no sul do Quirguistão no dia 25 de Junho a fim de travar os confrontos étnicos entre quirguizes e uzbeques. Os incidentes, que começaram a 10 de Junho, provocaram cerca de dois mil mortos, vários milhares de feridos e mais de meio milhão de refugiados.
O levantamento do estado de emergência permitirá realizar o referendo constitucional, marcado para 27 de Junho, em todo o território desse país da Ásia Central.
Os principais objetivos do escrutinio são a transformação do Quirguistão numa república parlamentar e legitimar as autoridades que chegaram ao poder em Abril passado, quando um levantamento popular levou ao derrube do Presidente Kurmanbek Bakiev.
Baktibek Alimbekov, vice-ministro do Interior do Quirguistão, declarou que as forças de segurança continuarão a trabalhar “em regime reforçado” para garantir a ordem durante o referendo.

Monumento a Estaline retirado da sua cidade natal

darussia.blogspot.com- Sexta-feira, Junho 25, 2010


O monumento ao ditador comunista soviético José Estaline (1879-1953) foi retirado secretamente na madrugada passada da praça central de Gori, sua terra natal. O lugar será ocupado por um monumento aos “heróis mortos na guerra contra a Rússia em Agosto de 2008”.
O monumento de 15 metros de altura, erigido em 1952, será transferido para o Museu José Estaline, situado a algumas centenas de metros da praça.
Segundo a rádio Imédi, “os habitantes da cidade não foram prevenidos da decisão, por isso tratou-se de uma ação completamente inesperada para eles”.
“A desmontagem da estátua demorou várias horas, tendo a praça sido previamente cercada pela polícia. Todos estes pormenores permitem duvidar de que a proposta de retirar o monumento fosse recebida em delírio pela população local”, sublinha a rádio georgiana.
A praça onde se encontrava o monumento, que tinha o nome de Estaline, passará a chamar-se Praça dos Heróis Mortos na Guerra contra a Rússia e no centro será edificado um novo monumento aos soldados georgianos que tombaram na guerra contra as tropas russas em Agosto de 2008.
Moscovo enviou tropas suas para território georgiano a pretexto de proteger os seus cidadãos na Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia, tendo os militares russos chegado a bombardear e ocupar a cidade de Gori.
A primeira tentativa de desmontagem do monumento a Estaline foi feita há dois anos atrás.
“Estaline é o fundador da União Soviética e o carrasco de milhões de pessoas. Num país que constitui um símbolo da liberdade, é inadmissível que no centro da cidade esteja um monumento a Estaline, não obtante ele ser de origem georgiana”, declarou então Gueorgui Baramidzé, vice-primeiro-ministro do Governo da Geórgia.
Porém, só à segunda vez é que as autoridades georgianas conseguiram retirar a estátua de Estaline.
Depois desta desmontagem, bustos e estátuas de Estaline podem ser vistas em algumas cidades russas, erigidos por iniciativa do Partido Comunista da Federação da Rússia.

Mais uma guerra de gás, desta vez entre Rússia e Bielorrússia

darussia.blogspot.com - Terça-feira, Junho 22, 2010



O consórcio energético russo Gazprom prometeu hoje garantir completamente o fornecimento de gás aos consumidores europeus não obstante a ameaça da Bielorrússia de cortar o trânsito do combustível russo através do seu território.

“Iremos utilizar vias alternativas de transporte de gás através da Ucrânia e da Lituânia, a utilização das reservas dos depósitos subterrâneos”, declarou Serguei Kuprianov, porta-voz da Gazprom, ao canal televisivo Vesti 24.

Kuprianov acrescentou que já recebeu a confirmação de Kiev, o que foi anunciado pelo primeiro-ministro ucraniano, Mikola Azarov, de que a Gazprom poderá aumentar os volumes de trânsito de gás através da Ucrânia.

“Não vemos qualquer problema, os nossos clientes na Europa receberão os volumes de gás acordados”, frisou.

A Gazprom explica que a dívida de 192 milhões de dólares surgiu devido ao fato de a Bielorrússia, em 2010, ter decidido unilateralmente pagar o gás ao preço do ano passado: 150 dólares por mil metros cúbicos, enquanto, segundo o contrato assinado, tem de pagar 174 dólares.

Alexandre Lukachenko, Presidente da Bielorrússia, deu ordem para que seja suspensa a passagem de gás russo para a Europa através do seu país até que a Gazprom pague as dívidas.

“Quero informar-vos do conflito que, infelizmente, se transforma numa guerra de gás entre a Gazprom e a Bielorrússia”, declarou ele num encontro com Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

“Enquanto não pagarem o dinheiro pelo trânsito durante meio ano, o gás não passará”, frisou.

Segundo ele, “a Gazprom deve-nos 260 milhões de dólares, incluindo o trânsito de gás em Maio. Ela reconhece essa dívida. Nós devemos-lhe 190 milhões de dólares, mas ela deve-nos 260 milhões. E chegam ao absurdo de dizerem que não pagamos essa dívida”, acrescentou.

Na véspera, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, declarou que o seu país não iria reduzir os fornecimentos de gás à Bielorrússia mais de 15 por cento “tendo em conta a atitude especial para com os consumidores bielorrussos”, mas, hoje, a Gazprom subiu esse número para o dobro e promete não ficar por aí.

O consórcio energético russo Gazprom prometeu hoje garantir completamente o fornecimento de gás aos consumidores europeus não obstante a ameaça da Bielorrússia de cortar o trânsito do combustível russo através do seu território.

“Iremos utilizar vias alternativas de transporte de gás através da Ucrânia e da Lituânia, a utilização das reservas dos depósitos subterrâneos”, declarou Serguei Kuprianov, porta-voz da Gazprom, ao canal televisivo Vesti 24.

“Não vemos qualquer problema, os nossos clientes na Europa receberão os volumes de gás acordados”, frisou.

A Gazprom explica que a dívida de 192 milhões de dólares surgiu devido ao fato de a Bielorrússia, em 2010, ter decidido unilateralmente pagar o gás ao preço do ano passado: 150 dólares por mil metros cúbicos, enquanto, segundo o contrato assinado, tem de pagar 174 dólares.

Alexandre Lukachenko, Presidente da Bielorrússia, deu ordem para que seja suspensa a passagem de gás russo para a Europa através do seu país até que a Gazprom pague as dívidas.

“Quero informar-vos do conflito que, infelizmente, se transforma numa guerra de gás entre a Gazprom e a Bielorrússia”, declarou ele num encontro com Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

“Enquanto não pagarem o dinheiro pelo trânsito durante meio ano, o gás não passará”, frisou.

Segundo ele, “a Gazprom deve-nos 260 milhões de dólares, incluindo o trânsito de gás em Maio. Ela reconhece essa dívida. Nós devemos-lhe 190 milhões de dólares, mas ela deve-nos 260 milhões. E chegam ao absurdo de dizerem que não pagamos essa dívida”, acrescentou.

Na véspera, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, declarou que o seu país não iria reduzir os fornecimentos de gás à Bielorrússia mais de 15 por cento “tendo em conta a atitude especial para com os consumidores bielorrussos”, mas, hoje, a Gazprom subiu esse número para o dobro e promete não ficar por aí.

O dirigente Lukachenko continua a sua política de ganhar com o equilíbrio entre vários campos, apresentando-se como um defensor firme dos interesses nacionais. Isto pode fazer parte do seu plano para as eleições presidenciais de 2011.

A Rússia, pelo seu lado, não encontra forma de "pôr Lukachenko na linha". O projecto de união dos dois Estados é cada vez mais a caricatura de uma verdadeira aproximação. Moscovo está cada vez mais farto do dirigente bielorrusso, mas parece não ter alternativa.

O Kremlin não consegue encontrar fórmulas de convivência com os seus vizinhos. Talvez precise de repensar a sua política externa e mudar de táctica e estratégia.

sexta-feira, junho 25, 2010

Do que se nutrem os neocons

Nassif,

Que tal rirmos um pouquinho????........

Jornalista americano demoniza Petrobras em programa de TV

Alexandre Vaz - Estado de Minas

Glenn Beck, da Fox News: "conspiração perversa"

A Petrobras foi apontada por um programa da rede de TV Fox News como parte de uma conspiração por trás do vazamento de óleo no Golfo do México. O jornalista Glenn Beck, conhecido por suas opiniões fortes contra o governo Barack Obama, afirmou que o desastre é parte de um jogo de interesses envolvendo a empresa brasileira, os democratas e o megainvestidor George Soros.

Segundo o argumento de Glenn Back, em 2009, Soros teria investido cerca de US$ 900 milhões na Petrobras, ao mesmo tempo em que o governo americano também firmou acordo para um empréstimo de US$ 2 bilhões à estatal, para serem investidos no projeto de extração no pré-sal.

Considerando o nível educacional deles, não duvido a notícia ter sido escrita de forma séria.

A rebelião do DEM

Do Twitter do Ronaldo Caiado

  1. @henrinbueno Aécio tem voto e acrescentaria muito ao País.
  2. Com um aliado desse, o Democratas não precisa de inimigo. Vou defender dentro da executiva o fim da aliança com o PSDB.
  3. RT @DrayanBouhid: @deputadocaiado Ñ estou acreditando q isso se confirme. C/ chapa pura não se ganha uma eleição. Ou querem dar a faixa ...

A fazenda do pai de Álvaro. Omissão milionária

Publicado em 25/06/2010


O vice do Serra andou omitindo algumas informações


O Conversa Afiada reproduz post publicado no blog do Nassif:


Confira, primeiro, matéria da revista Época de 7 de agosto de 2009. Clique aqui.

Nela, informa-se que o senador Álvaro Dias não declarou à Justiça Eleitoral R$ 6 milhões em aplicações financeiras. O repórter Matheus Leitão descobriu porque o senador inadvertidamente mostrousua relação de bens quando indagado sobre bens da ADTrade, de sua propriedade, que não haviam sido informados ao TSE.

Pego de surpresa, o senador informou que o valor se referia à venda de uma fazenda de seu pai, de 36 hectares, por R$ 5,3 milhões em 2002. As explicações foram aceitas. E a revista absolveu o Senador, sem analisar o valor informado: “Nada ilegal. Mas, a bem da transparência, não custa declarar”, concluiu a reportagem.

A bem da transparência, há mais coisas a declarar.

Vamos a algumas contas:

1. 36 hectares equivalem a 14,88 alqueires paulistas.

2. A R$ 5,3 milhões, em 2002 cada alqueire saiu por R$ 356.278,00.

O que sobrou para Serra foi um vice do Sul

Conversa Afiada - Publicado em 25/06/2010


Álvaro Dias, general do cartão corporativo


Acabou de sair na Folha:

Senador tucano Alvaro Dias será o vice de José Serra

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

O senador tucano Alvaro Dias (PSDB-PR) será o vice do correligionário José Serra na chapa presidencial que disputará as eleições deste ano.

Fontes do PSDB ouvidas pela Folha já dão como certa a escolha de Dias para a vaga, que, conforme revelou o “Painel” da Folha na última quinta-feira, já vinha pressionando a cúpula do partido para ocupar a vice.

Por meio do microblog Twitter, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, adiantou a informação: “Falei agora com o Sergio Guerra [presidente nacional do PSDB]. O vice será o Álvaro Dias”, disse.

Sergio Guerra, porém, também pelo Twitter, afirmou que o PSDB está “consultando líderes e presidentes dos partidos aliados” para decidir o candidato a vice-presidente.

A escolha do senador paranaense vai contra os interesses do DEM, principal aliado do PSDB no plano nacional. Os democratas tentavam evitar uma chapa puro-sangue tucana para emplacar nomes como o deputado José Carlos Aleluia (BA) ou Valéria Pires Franco (PA), vice-presidente do partido.

A estratégia do PSDB ao escolher Dias para a vice de Serra tem também como objetivo ajudar a apagar incêndios nos palanques regionais do presidenciável tucano. No Paraná, terra do senador, seu irmão, Osmar Dias (PDT), cogita concorrer ao governo do Estado em aliança com o PT da candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff.

Agora, porém, a tendência é que Osmar recue nas intenções em se lançar candidato a governador para tentar uma vaga ao Senado ao lado do pré-candidato ao governo do Paraná Beto Richa (PSDB).

Globo tem mais audiência, mas “share” da emissora cai de 75% para 67% em SP

25 de junho de 2010 às 15:38

por Luiz Carlos Azenha

Os números preliminares do Ibope para a Grande São Paulo indicam um aumento na audiência tanto para a Globo quanto para a Bandeirantes em relação ao jogo anterior do Brasil na Costa do Mundo, domingo passado.

Na estreia do Brasil, a Globo cravou 45 pontos, contra 10 da Band. O número foi bem inferior ao da estreia do Brasil na Copa de 2006, na Alemanha, quando a Globo tinha exclusividade. Naquela ocasião, no jogo Brasil 1 x Croácia 0, a Globo marcou 66 pontos.

No segundo jogo do Brasil na África do Sul, contra a Costa do Marfim, a Globo marcou 41 pontos, contra 10 da Band. O jogo aconteceu em um domingo. A explicação de quem é do ramo para essa queda de audiência é de que havia um número menor de TVs ligadas, já que no domingo mais gente se reuniu para ver os jogos coletivamente, em casa ou em bares.

No terceiro jogo, entre Brasil e Portugal, os números preliminares indicam que a Globo obteve 44 pontos de média, contra 13 da Band. Ou seja, em relação ao jogo anterior, as duas emissoras obtiveram índices superiores de audiência. Tudo indica que os números consolidados vão indicar que a Band bateu seu recorde de audiência, mas também que a Globo teve um número maior de telespectadores em relação ao jogo anterior, apesar da campanha batizada de Dia Sem Globo lançada por usuários do twitter. Ou seja, se o objetivo era reduzir a audiência bruta da Globo, a campanha fracassou.

O consolo para os tuiteiros pode se encontrar no “share” da TV Globo, ou seja, na porcentagem de sintonizados na Globo sobre o número total de televisores ligados. O “share” da Globo no primeiro jogo foi de 75%, caiu para 72% no segundo jogo e, pelos números preliminares desta sexta-feira, foi de 67%. Por sua vez, o “share” da Band passou de 16% no primeiro jogo para 17% no segundo e para 20% na partida contra Portugal.

É preciso acrescentar, no entanto, que os números de Brasil vs. Portugal são preliminares e que se referem apenas à medição automática do Ibope na Grande São Paulo.

Quatro de cada dez norte-americanos acreditam que Jesus voltará em 2050

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

Quarenta porcento dos cidadãos dos Estados Unidos acreditam que Jesus Cristo voltará à Terra em 2050, segundo uma curiosa pesquisa elaborada pelo Instituto e a Fundação Smithsonian sobre como será o mundo na metade do século.

A informação está publicada no sítio Religión Digital, 24-06-2010. A tradução é do Cepat.

Segundo a consulta, 71% dos pesquisados acreditam que o câncer terá cura, 66% que os robôs trabalharão melhor que as pessoas e 81% sustentam que os computadores serão capazes de conversar com os humanos.

Não são tão otimistas em relação à paz. Apesar de uma grande maioria considerar que o mundo será melhor, 68% dos pesquisados opina que haverá Guerra Mundial dentro dos próximos 30 anos, e mais da metade acredita que os Estados Unidos sofrerão algum tipo de ataque nuclear. 89% acreditam que uma mulher será presidenta do país.

França para contra aposentadoria aos 62 anos

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

O dia nacional de mobilização contra a reforma nas aposentadorias, convocado pelos sindicatos franceses, atrapalhou ontem o funcionamento dos transportes e serviços públicos.

A notícia é do jornal O Globo, 25-06-2010.

Os sindicatos estimaram que 1,92 milhão de pessoas foi às ruas. Os cálculos do Ministério do Trabalho foram mais modestos: 797 mil — ainda assim, bem mais que os 395 mil registrados na manifestação do mês passado.

Em Paris, os protestos reuniram 130 mil pessoas, de acordo com os organizadores, e 47 mil, segundo a polícia. Houve manifestações em 200 cidades.

Em Marselha, as estimativas dos organizadores foram de 120 mil, e as da polícia, 14.500.

Em Bordeaux, as projeções ficaram entre 25 mil e 70 mil.

O ministro do Trabalho, Eric Woerth, disse que a manifestação foi forte mas não como as de 2003, quando houve outra tentativa de mudar o sistema previdenciário.

— Não é um alerta para o governo — afirmou Woerth, acrescentando que o Executivo não voltará atrás na proposta de elevar a idade mínima da aposentadoria de 60 a 62 anos.

O primeiro-ministro, François Fillon, prometeu dar hoje uma entrevista coletiva sobre a reforma e a paralisação.

Sarkozy é criticado por receber seleção ‘grevista’

Mas o secretário-geral da CGT, Bernard Thibault, disse que Sarkozy deveria tomar a sábia decisão de retirar o projeto do Congresso. Ele e outros líderes sindicais prometeram manter a pressão nos próximos meses, apesar de ser o período das férias de verão na França.

— A mobilização contra a reforma das aposentadorias só começou — disse Thibault ao site lefigaro.fr.

— Vamos ocupar os lugares de férias dos trabalhadores e as empresas. Vamos criar condições para que essa reforma não passe.

Martine Aubry, primeira secretária do Partido Socialista, de oposição, criticou o que chamou de “atitude insolente” do presidente Nicolas Sarkozy de receber o atacante da seleção francesa, Thierry Henry, em pleno dia de mobilização. O fracasso da seleção francesa na Copa gerou muita polêmica no país. A decisão de Sarkozy motivou uma alfinetada de Thibault.

Ele disse ao site do “Le Figaro” que, “se 23 grevistas (referindo-se ao boicote que a seleção fez aos treinos) conseguem mudar a agenda do presidente, então talvez os representantes sindicais possam ser recebidos” (por Sarkozy).

— Os franceses querem uma reforma, mas que seja justa e resolva os problemas (do déficit), o que não é o caso hoje — disse Martine à rede TF1.

Greve afeta trens, metrô, escolas e serviço público

Os sindicatos argumentam que o déficit orçamentário se deve à crise econômica e que as medidas propostas pelo governo só vão transferir a conta para os trabalhadores. A oposição tem a mesma opinião.

A greve afetou os transportes e serviços públicos. Segundo a empresa de estradas de ferro SNCF, quatro em cada dez ferroviários pararam. A circulação dos trens de alta velocidade ficou reduzida à metade. Em Paris, um em cada quatro trens do metrô deixou de circular.

Nas escolas, a paralisação foi de 19,96% na média — 31,87% no ensino básico e 10,27% no médio. Segundo o Ministério do Trabalho, 18,7% dos funcionários públicos pararam.

E ainda dizem que o Estado brasileiro está fraco. Por aqui os parlamentares fazem o povo de palhaço brincando com as aposentadorias e não acontece nada disso. Só para comparar as realidades estou postando abaixo uma notícia de 25 de abril.

Eugênia Lopes e Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo

Os 310 ex-senadores e seus familiares pensionistas custam pelo menos R$ 9 milhões por ano, cerca de R$ 32 mil por parlamentar aposentado. Detalhe: para se tornar um ex-senador e ter direito a usar pelo resto da vida o sistema de saúde bancado pelos cofres públicos é preciso ocupar o cargo por apenas seis meses. Antes de 1995, a mordomia era ainda maior: bastava ter ficado na suplência por apenas um dia.

No total, os 81 senadores da ativa e os 310 ex-senadores e seus pensionistas usufruem de um sistema privilegiado de saúde que consome cerca de R$ 17 milhões por ano. Os parlamentares da ativa e seus familiares não têm limite de despesas com saúde: em 2008, gastaram cerca de R$ 7 milhões - R$ 80 mil por senador.

No ano passado, os gastos globais do Senado com saúde para parlamentares e servidores foram de R$ 70 milhões. O Senado não divulga, no entanto, o valor dessas despesas apenas com senadores. O diretor-geral, Alexandre Gazineo, alega que precisa de "tempo" para obter esses dados.

O Estado apurou que, em 2008, o Senado gastou cerca de R$ 53 milhões com a saúde de 18 mil servidores efetivos e comissionados, entre ativos e inativos. Ao contrário dos senadores, que não descontam um tostão para ter todas as despesas de saúde pagas, os servidores em atividade e inativos têm descontados, em média, R$ 260 por mês. O custo de cada servidor ao ano é de cerca de R$ 3 mil.

Para este ano, a previsão feita no Orçamento estabeleceu R$ 61 milhões para arcar com a saúde dos senadores e servidores. Na quinta-feira, o Senado anunciou contingenciamento de R$ 25 milhões nas despesas médicas e odontológicas. Ou seja: o orçamento de 2009 deverá ficar em R$ 36 milhões. A área técnica do Senado está convicta de que o corte recairá integralmente sobre a saúde dos servidores. Os senadores continuarão com as despesas ilimitadas.

Técnicos começaram a fazer estudo para compensar o corte no orçamento deste ano no plano de saúde dos servidores. Uma das hipóteses é aumentar a contribuição dos funcionários. Atualmente, existem 262 servidores e funcionários comissionados em tratamento de câncer à custa do Senado. Diante do anúncio de contingenciamento, 18 famílias procuraram a direção do Senado nas últimas 24 horas para saber se serão atingidas com o corte de gastos.

O pagamento das despesas médicas de senadores, ex-senadores e dependentes é regulamentado pelo Ato nº 9, de 8 de junho de 1995. A norma prevê que o Senado arca com todas as despesas dos senadores, sem limites. Estabelece até o pagamento de cirurgias e tratamento médico no exterior. Tudo tem de ser autorizado pela Mesa Diretora, que raramente nega o pedido de gastos médicos.

O limite de R$ 32 mil de gastos anuais para ex-senadores, aliás, é frequentemente ignorado. É o caso, por exemplo, do ex-senador Reginaldo Duarte (PSDB-CE) - ele recebeu R$ 45.029,02 de ressarcimento em gastos médicos, em fevereiro deste ano. Levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pelo site Contas Abertas mostra que o ex-senador Carlos Wilson (PT-PE), que morreu no início de abril, recebeu R$ 114.513,49, no ano passado.

"Isso deve referir-se a gastos com saúde", disse o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). Carlos Wilson foi senador até o início de 2003, quando deixou o Congresso e assumiu a presidência da Infraero. Em 2006, ele se elegeu para a Câmara, onde passou usufruir do direito de ter as despesas de saúde custeadas. "Ele teve ressarcimento de despesas de médicas. Mas não sei dizer quanto foi", afirmou o segundo-vice-presidente da Câmara, ACM Neto (DEM-BA).

Além dos senadores e ex-senadores, a regalia de atendimento médico vitalício também é estendida aos servidores que ocuparem o cargo de diretor-geral e secretário-geral da Mesa. Essa mordomia, criada em 2000, beneficia hoje Agaciel Maia, que deixou o cargo em março por não ter registrado em seu nome a casa onde mora, avaliada em R$ 5 milhões. Outro favorecido é Raimundo Carreiro, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).


Xenofobia na África do Sul ofuscada pelo Mundial

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

Muitos imigrantes africanos na África do Sul incentivam as seleções de futebol do continente na Copa do Mundo, apesar da violência racista que eclodiu há um ano neste país, mas temem que as agressões voltem quanto o Mundial terminar. “Há tempos que a África é ignorada, desfavorecida e considerada a mais pobre. Um bom rendimento levanta o ânimo das pessoas em todo o continente. Falta unidade. Esta é a primeira vez que nos juntamos”, disse Alfie Little, que torcia pela primeira vez para a Costa do Marfim no jogo contra o Brasil.

A reportagem é de Nastasya Tay, da IPS, e publicada pela Agência Envolverde, 25-06-2010.

Ficou desanimado com o mau rendimento dos Bafana Bafana, a seleção sul-africana, e disse que incentivará qualquer outra equipe africana. Mas, o que acontecerá quando as vuvuzelas se calarem e se desfizer o patriotismo africano? As notícias sobre ataques xenófobos continuaram, ofuscadas pelo grito de gol, marcado pelo meio campista sul africano Siphiwe Tshabalala, no dia 11, contra o México.

Uma onda de violência xenófoba deixou 62 pessoas mortas nesse país entre maio e junho de 2008. “A violência generalizada de origem racista pode estourar quando terminar o Mundial, diz uma declaração do Consórcio para Refugiados e Imigrantes da África do Sul, que contém várias recomendações para evitar que se repitam os fatos de um ano atrás. A violência continuou, mas em escala menor em diversas partes do país”, acrescenta. “Os sul-africanos nos tratam mal”, disse Faith Ngwenya, empregada de um restaurante ganês de Joanesburgo.

Esta zimbabuense de 26 anos chegou à África do Sul com seu filho, fugindo da escassez de alimentos em seu país, com a intenção de conseguir trabalho para enviar dinheiro à família. “Dizem que tiramos seus empregos”, acrescentou. Entretanto, agora desfruta da realização do Mundial e apoia os Bafana Bafana. A situação mudou durante o campeonato, reconheceu. “No momento mudou porque queremos que ganhem. Mas não sei o que ocorrerá depois. Há boatos de que vão nos demitir. Se isso acontecer, a única opção será partir”, acrescentou.

Nas últimas semanas, muitos zimbabuenses assustados pediram a Dorothy Nairne, que tem uma agência de empregos para pessoas sem qualificação, se podiam mudar-se para sua casa. A maior parte do tempo trabalha com imigrantes. “Estão muito assustados. Dizem que as pessoas de seu bairro fazem ameaças. Não sabem se são sérias, mas disseram que vão matá-los”, contou. Um ganês amigo de Nairne não agita sua bandeira por medo de ser preso. “Não há problema se você é estrangeiro desde que europeu. Agite sua bandeira, mas não o faça se ela for africana”, acrescentou.

No bairro de trabalhadores de Salt River, na Cidade do Cabo, onde vivem numerosos imigrantes, pode-se ver bandeiras das seis seleções africanas, e da Palestina Livre. As pessoas se reúnem no bar e no parque e torcem pelo continente, independente do país que joga. As distâncias diminuem entre as pessoas de diferentes origens com a euforia do campeonato, o barulho das vuvuzelas e as simpatias pelas mesmas cores. “Mas, cuidado quando acabar. A desilusão será real. As pessoas não verão benefícios do torneio. Quando sentirem o beliscão, se mexerão”, acrescentou.

O governo não fez muito para diminuir as expectativas sobre os benefícios da Copa do Mundo enquanto gastava a mão cheia nos preparativos. Os trabalhos na construção foram temporários. Muitas pessoas que há décadas esperam por melhores moradias observaram desanimadas o multimilionário gasto destinado a entregar os estádios no prazo. O lifting urbano e as restrições severas ao comércio não autorizado fizeram com que o setor informal perdesse a enorme quantidade de fanáticos que perambulavam pelas ruas das diferentes cidades escolhidas como sedes dos jogos.

Das 109 pessoas ouvidas para um estudo entre os que usam os serviços do Centro Scalabrini, que trabalha com imigrantes na Cidade do Cabo, 75% acreditam que a violência recomeçará ao fim do Mundial. Mais de dois em cada três entrevistados disseram ter sido ameaçados. As intimidações são reais, mas se os sul-africanos se propuserem a deter o ódio, as ameaças não se tornarão realidade, afirmou a diretora do Centro, Miranda Madikane.

O fervor nacionalista alimentado pela Copa do Mundo não deve degenerar. “Ganhe ou perca, te amamos”, diz um cartaz no bairro de Khayelitsha, o maior da Cidade do Cabo. Entre as bandeiras da África do Sul agitadas durante a última partida da seleção nacional havia uma da Nigéria onde estava escrito em vermelho: “Unidos pela África”.

Esta situação e as demais guerras "tribais" africanas fazem parte da herança deixada pelo colonialismo europeu. Me lembro que quando era criança nos diziam que as desigualdades sociais brasileiras eram decorrentes da colonização portuguesa, que se tivéssemos sido colonizados pelos ingleses, holandeses ou franceses seríamos um Canadá ou Estados. Taí a África (entres outros pelo mundo) para exemplificar o grau de desenvolvimento que a colonização desses países promoveu.

O futuro energético da Europa deve subir o telhado

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

O futuro energético europeu deve subir o telhado, mas no melhor sentido: um novo levantamento da Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica (AEIF) calcula que 40% da energia consumida na Europa até 2020 poderia ser produzida por paineis solares em telhados e fachadas dos 27 países do bloco.

A reportagem é de Eric Camara e publicada pela BBC Brasil, 24-06-2010.

A associação estima a área aproveitável em nada menos que 22 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 40% de todos os telhados e 15% das fachadas europeias. Com o aproveitamento dessa área, a Europa instalaria 1,5 mil GW de capacidade.

Para se ter uma ideia, o Brasil tem apenas cerca de 20 MW de capacidade instalada - um gigawatt (GW) equivale a mil megawatts (MW) - atualmente. A Alemanha, um dos líderes mundiais no setor de energias renováveis tem 9 GW instalados, e no mundo tudo a capacidade instalada gira em torno de 20 GW.

A Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica quer incentivos dos governos para que prédios deixem de ser consumidores passivos de energia e passem a produzir eletricidade também. "É essencial que sejam criadas condições favoráveis na Europa para apoiar um largo uso de células fotovoltaicas integradas aos prédios, que terão um grande impacto no desenvolvimento de construções na Europa", disse o secretário-geral da AEIF, Adel El Gammal.

O Vaticano há alguns anos entrou nessa onda e aproveitou para instalar paineis solares em uma parte do telhado que precisava de novas telhas. No Brasil, a ideia de integrar paineis solares à construção civil ganha força. Recentemente, o governo recomendou a instalação de sistemas solares de aquecimento d'água para as casas do programa "Minha Casa, Minha Vida".

Para a Copa do Mundo de 2014, estuda-se a instalação de paineis fotovoltaicos na cobertura de estádios para reduzir e até zerar o consumo de eletricidade da rede. E onde você mora, será que o futuro também está na energia solar?


Temos que ter cuidado com as comparações. A questão energética europeia é totalmente diferente da brasileira. A necessidade de substituição da matriz energética do petróleo para fontes "limpas" como a solar na Europa se define pela ausência ou escassez de matrizes como a hidreletricidade (abundante no Brasil). Realizar uma mudança deste porte no Brasil, com os custos inerentes às fontes alternativas e consequente aumento do valor das contas do consumidor, seria uma irresponsabilidade.

'Falta de recursos para as áreas sociais deve-se à política de ajuste fiscal’

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

O verdadeiro problema da falta de investimentos é a falta de recursos para as áreas sociais como um todo, devido à política de ajuste fiscal, que faz com que a totalidade dos recursos seja milhares de vezes menor que os gastos com a dívida.

A análise é do sítio Auditoria Cidadã, 23-06-2010.

Os jornais mostram as chuvas no Nordeste, destacando a falta de investimentos públicos em prevenção de desastres em Alagoas e Pernambuco, conforme apontado por esta seção já na segunda feira. Porém, a grande imprensa procura argumentar que o problema não seria a falta de recursos, mas a concentração dos mesmos no estado da Bahia e em ações posteriores aos desastres, em detrimento da prevenção. Os jornais argumentam que a Bahia ficou com 37% dos 357 milhões gastos de 2004 a 2009 com prevenção de desastres, e que em 2010 o governo gastou R$ 542 milhões em auxílios após os desastres, enquanto gastou só R$ 70 milhões com prevenção.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que tais dados de 2010 consideram o chamado “empenho” dos recursos, e não a sua efetiva aplicação. Caso consideremos os recursos efetivamente gastos até 17 de junho, veremos que apenas R$ 3 milhões já foram aplicados em prevenção e R$ 342 milhões no Programa “Resposta a Desastres e Reconstrução”.

Em segundo lugar, cabe ressaltar que mesmo a Bahia – apontada pela grande imprensa como privilegiada no recebimento de recursos para prevenção de desastres – foi fortemente atingida por chuvas em abril, quando dezenas de municípios decretaram situação de emergência.

Ou seja: o verdadeiro problema é a falta de recursos para as áreas sociais como um todo, devido à política de ajuste fiscal, que faz com que a totalidade dos recursos citados pela reportagem (mesmo incluindo a Bahia e os recursos “paliativos”) seja milhares de vezes menor que os gastos com a dívida.

O jornal Correio Braziliense noticia que a proposta de Lei de Diretrizes OrçamentáriasDIEESE, está em R$ 2.157,88, ou seja, 4 vezes superior. para 2011 poderá dar um “aumento” de 7,8% no salário mínimo (para R$ 550), porém, não diz que isto representa um aumento real de somente 3%, dado que a inflação no período deve ser de cerca de 4,5%. Nunca é demais lembrar que o salário mínimo necessário, calculado pelo

O governo alega que um salário mínimo maior quebraria a Previdência, porém, esta se inclui na Seguridade Social, que é amplamente superavitária, conforme demonstram os estudos da ANFIPAssociação Nacional dos Auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil.

Enquanto os gastos sociais e o salário mínimo são contidos, a arrecadação federal bate sucessivos recordes, conforme mostra o jornal Estado de São Paulo. Verificando-se os dados oficiais disponíveis na página da Receita Federal (Tabela II-A), constatamos que nos primeiros 5 meses de 2010 (em comparação ao mesmo período de 2009) a arrecadação cresceu R$ 37 bilhões (em termos reais), sendo que os tributos que mais cresceram foram aqueles incidentes sobre o consumo e a renda do trabalho, como o PIS/COFINS (que cresceu R$ 11 bilhões), a contribuição previdenciária sobre a folha (R$ 7 bilhões), o IPI (R$ 2,5 bilhões), o IOF (R$ 2,5 bilhões), o Imposto de Renda – Rendimentos do Trabalho e Pessoa Física (R$ 2,3 bilhões), e a CIDE-Combustíveis (R$ 2,2 bilhões). Enquanto isso, os tributos incidentes sobre a renda do capital caíram R$ 131 milhões, pois o Imposto de Renda - Pessoa Jurídica e sobre rendimentos de capital subiu somente R$ 156 milhões, e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) caiu R$ 287 milhões.

Interessante observar também que as entidades financeiras reduziram em R$ 1,2 bilhão a soma de pagamentos de Imposto de Renda, PIS/COFINS e CSLL. Ou seja: este recorde de arrecadação foi obtido às custas dos trabalhadores e consumidores, enquanto o capital – especialmente o rentista – foi aliviado.

E para quê estão servindo estes recordes de arrecadação? Conforme comentado em edições anteriores desta seção, o aumento da arrecadação tem servido de justificativa para o aumento do superávit primário, ou seja, servirá para o pagamento da dívida.

Um dos fatores que explica a baixa arrecadação de Imposto de Renda sobre os rendimentos do capital é a isenção para os ganhos dos estrangeiros com a dívida interna. Conforme mostra o jornal O Estado de São Paulo, os estrangeiros têm trazido cada vez mais recursos para o Brasil para esta finalidade, sendo que somente de janeiro a maio deste ano já entraram, em termos líquidos, US$ 12 bilhões.

Analistas consultados pelo jornal mostram que isto ocorre devido às altas taxas de juros brasileiras, enquanto representantes do governo ressaltam a influência da conquista do “Grau de Investimento”, ou seja, o título de bom pagador de dívidas. É importante ressaltar também que tais US$ 12 bilhões são apenas a “ponta do iceberg”, dado que investidores estrangeiros podem também ganhar com a dívida interna sem entrar na contabilidade do Governo.

O jornal O Globo também mostra que o país tem ficado mais dependente deste tipo de capital (ou seja, o capital financeiro especulativo) para cobrir o grande déficit nas contas externas. Este déficit é proveniente, principalmente, das remessas de juros e lucros para o exterior. O representante do Banco Central diz que isso não seria problema, pelo fato do país dispor de grande volume de reservas internacionais. Porém, esta montanha de reservas é constituída por meio da emissão de títulos da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo. Além do mais, a grande quantidade de moeda estrangeira entrando no país faz cair o preço do dólar, dificultando as exportações e barateando as importações.

As consequências deste processo estão em notícia do Valor Econômico, segundo a qual somente nos 5 primeiros meses do ano a balança de comércio do setor industrial já atingiu um déficit de US$ 18 bilhões, o triplo do ocorrido no mesmo período do ano passado. Desta forma, é necessário que o país se transforme em um mar de soja e outros produtos primário-exportadores para que a balança comercial geral possa ser superavitária, para que então possa cobrir as remessas de juros e lucros.

Em suma: o rombo nas contas externas é financiado cada vez mais com dívida interna, ou seja, com custo altíssimo para a sociedade. Por fim, o jornal Estado de São Paulo noticia que a Alemanha, França e Reino Unido irão taxar os bancos para fazê-los pagar pelas crises, o que poderia ser uma boa iniciativa, caso não fosse tão tímida: a arrecadação prevista é de 2,4 bilhões de euros por ano, valor irrisório frente à ajuda trilionária recebida pelos bancos durante a crise.

O corte de recursos nas áreas sociais para geração de superavit primário sempre foi uma política utilizada para pagamento das dívidas nacionais. Não é nenhuma surpresa tal informação.

Justiça susta multa a senadora por desmatamento irregular

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) conseguiu uma nova liminar na Justiça, notificada ao Ibama em Brasília na terça-feira, que suspende provisoriamente a multa de R$ 120 mil contra ela por desmatamento cometido no Tocantins sem autorização.

A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 25-06-2010.

Reportagem da Folha do dia 18 revelou que a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) será uma das beneficiadas pelas alterações no Código Florestal caso o projeto, que tramita no Congresso, seja aprovado como está.

A proposta, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anistia todos os produtores rurais com irregularidades flagradas até o dia 22 de julho de 2008 nos crimes contra reservas legais, áreas de preservação permanente e desmatamentos sem autorização.

Em carta enviada à Folha, a senadora questionou a reportagem afirmando que a multa tinha sido liminarmente suspensa.

Segundo Kátia Abreu, a multa aplicada pelo Ibama refere-se a uma área em Tocantins que ela já teria vendido. A congressista afirmou que, quando foi notificada, não se tratava de "crime ambiental", mas "infração administrativa". A multa contestada não é transferível.

Ao se defender no processo em trâmite no instituto, a senadora admitiu ter praticado desmatamento. Ela disse que, em razão da demora das autoridades ambientais em dar a autorização, e com o final do "período chuvoso" na região, começou a desmatar.

Quando procurada antes da publicação da reportagem, a senadora havia dito, em entrevista gravada, que fora multada e respondia à autuação. Não citou que havia obtido nova liminar, por estar, segundo sua assessoria de imprensa, "com mil coisas na cabeça".

A liminar citada pela senadora na carta só foi recebida pelo Ibama na última terça. O órgão informou que vai recorrer novamente.

O grande problema da proposta de Aldo Rebelo é colocar no mesmo saco o pequeno e o grande proprietário. Mas, a reforma agrária mexicana e a cubana, estão aí para mostrar que tal ação não garante real melhoria da qualidade de vida do produtor rural, que sem assistência, ou manutenção dos modelos monocultores anteriores ficam em situação assemelhada à época dos grandes latifundiários.

Brasil vai se opor no G-20 à ideia de taxar os fluxos de capital

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

Na reunião de cúpula do G-20 em Toronto, neste fim de semana, o Brasil vai se colocar contra a taxação dos fluxos de capitais internacionais, proposta por países europeus como uma forma de desestimular movimentos especulativos. Na avaliação do governo brasileiro, a taxação só servirá para aumentar os custos de financiamento e puniria países que não foram responsáveis pela crise financeira internacional.

A reportagem é de Cristiano Romero e publicada pelo jornal Valor, 25-06-2010.

Com o apoio dos EUA, o Brasil defenderá também em Toronto que as economias, especialmente da zona do euro, priorizem neste momento a retomada do crescimento, em vez da adoção de medidas de arrocho fiscal. A preocupação, nesse caso, é que os países europeus, que juntos têm o maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, abortem o processo de recuperação da economia global.

Brasileiros e americanos não são favoráveis ao relaxamento na área fiscal, mas temem a concentração desse esforço neste momento. "Uma ênfase excessiva em medidas fiscais no curto prazo pode ameaçar a recuperação", alega um assessor graduado do governo. Os países emergentes, mesmo crescendo a taxas aceleradas, ainda não têm escala para substituir a Europa. Segundo a avaliação brasileira, medidas excessivas de controle fiscal, além de impedir a retomada do crescimento, podem agravar a própria situação fiscal no médio prazo. A Europa tem visão oposta e está preocupada com o impacto da deterioração fiscal da região nos mercados financeiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderá, também, que as medidas de regulação e supervisão bancária, discutidas em encontros anteriores do G-20, não sejam relaxadas, como vêm propondo entidades como o Institute of International Finance (IIF), que representa os bancos internacionais. Num estudo divulgado este mês, o IIF estimou que a implantação de medidas prudenciais mais duras, como o aumento da exigência de capital e de liquidez dos bancos, terá impactos negativos sobre a economia nos próximos quatro anos.

Para o IIF, o aumento da regulação subtrairá US$ 2 trilhões do G-3 (zona do euro, Japão e EUA) entre 2011 e 2015. O compromisso dos membros do G-20 é implementar novos requerimentos de capitais até o fim de 2012. A posição brasileira nesse caso é confortável. Enquanto o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) sugere 8%, o Brasil exige dos seus bancos 11% de capital sobre o patrimônio de referência.

"O Brasil defende uma posição mais pró-ativa e não compra a ideia do IIF", assegurou uma fonte. "A situação de crise na Europa agora decorre da desconfiança na saúde do sistema financeiro", disse uma autoridade brasileira, justificando a defesa de uma postura mais prudente nessa questão.

Quanto à reforma das instituições multilaterais de crédito, o Brasil insistirá na reafirmação do compromisso de revisão do poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI). No caso do Banco Mundial, a reforma, como sugeriu o G-20, avançou na reunião do primeiro semestre. Os países ricos ficaram com 53% do poder de votos; os pobres e emergentes, com 47%.

A mudança no caso do FMI deve ser feita até a próxima reunião de cúpula do G-20, agendada para novembro, na Coreia do Sul. O plano é que 5% do poder de voto dos ricos seja redistribuído entre pobres e emergentes, de forma que, no fim do ano, o bolo esteja dividido, respectivamente, da seguinte forma: 55,5% e 44,5%. O Brasil vai cobrar o compromisso porque a resistência à mudança, apesar dos avanços recentes, ainda é grande.

No debate sobre a taxação de fluxos de capitais, o presidente Lula já a defendeu no passado, assim como a criação de imposto global sobre a venda de armas. Agora, o Brasil é contra a medida. Em Toronto, a oposição está sendo liderada pelo Canadá e tem também o apoio dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e da Austrália. Para esses países, muito dependentes do fluxo de capitais para financiar o balanço de pagamentos, a taxação encareceria o custo de capital.

Nos EUA, o Congresso debate a criação de uma taxa, de 0,15% sobre as transações financeiras, para recuperar, em dez anos, o que o Tesouro americano despejou no sistema financeiro para salvar bancos falidos e combater a crise. Já a Alemanha quer taxar as operações na Europa e, com os recursos, criar um fundo anticrise.

O Brasil também rejeita a taxa internacional sobre bancos com o argumento de que o país já tem regras de controle bancário mais rígidas que os EUA e os países europeus, como exigências de reservas e restrições a operações de derivativos. Se a questão é "equilibrar o jogo", como argumentam os governos de nações desenvolvidas, seria necessário, primeiro, trazer as regras de supervisão bancária ao nível das brasileiras.

As negociações de Toronto começaram na tarde de quarta-feira e devem se estender até a tarde de sábado, antes do jantar dos chefes de Estado e governo na cidade canadense. Os negociadores brasileiros insistiram, contra a posição dos EUA, em incluir na declaração final do G-20 um apelo à retomada da rodada Doha de liberalização comercial. Por pressão americana, a menção a Doha, na declaração, deve ser vaga.

O assunto será levado, no entanto, como um dos principais das conversas entre os líderes do G-20 - o que deixa o Brasil na curiosa situação de pregar liberalismo comercial para os países ricos. Este foi um dos poucos pontos em que as posições divergentes criaram forte discussão entre os negociadores; na maior parte dos temas, os representantes dos países já foram a Toronto preparados para encontrar um texto capaz de conciliar as posições antagônicas.

Sinal de que continuaremos por muito tempo com os juros mais altos do planeta, atraindo esse maravilhoso mar de dólares especulativos que nada produzem. O setor produtivo agradece a política (juros elevados).

Países pró-globalização são mais pobres, diz diretor da OMC

Instituto Humanitas Unisinos - 25 jun 10

Le Monde

Às vésperas da cúpula do G20 em Toronto (Canadá), o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, fala sobre o futuro da globalização e de sua governança, a regulação, a crise do euro e os outros grandes assuntos econômicos do momento.

A entrevista é de Arnaud Leparmentier, publicada pelo jornal Le Monde e traduzida pelo portal Uol, 25-06-2010.

Eis a entrevista.

Que decisões serão tomadas pelo G20?

O G20 não “decide”. No G20, os dirigentes terão uma discussão política sobre orientações. Não é o governo do mundo, mas um elemento do atual sistema de governança mundial: o G20 dispõe da capacidade de impulsionar; a ONU tem a legitimidade; as organizações internacionais oferecem seu conhecimento, sua capacidade de decretar as regras e mobilizar recursos.

O espetáculo do G20 é primeiramente destinado às opiniões públicas de cada país. Não há um eleitor internacional. Mas estar no G20 é também compartilhar seus problemas, aprender a considerar as consequências internacionais de seus atos. O que importa não são as grandes declarações finais, mas as decisões nacionais que não foram tomadas pois teriam sido contrárias ao interesse coletivo.

O G20 foi mais eficaz a partir da reunião de Washington em novembro de 2008?

O primeiro teste do G20 foi enfrentar a crise. Foi preciso colocar US$ 1 trilhão sobre a mesa. Os governos o fizeram em condições de cooperação correta. O segundo assunto, a regulação financeira, é mais difícil. Nada estará totalmente pronto para o Canadá. Na melhor das hipóteses, será preciso esperar pela reunião de Seul, em novembro. Não acredito muito em uma taxa expiatória sobre os bancos: no fim, o consumidor pagará no lugar do contribuinte. O importante é construir um quadro prudencial internacional restritivo, sabendo que a superrentabilidade da indústria financeira anterior à crise será diminuída por um bom tempo.

Toda vez, os dirigentes pedem para concluir a Rodada de Doha. O presidente da República, Nicolas Sarkozy, questiona sua utilidade.

Os dirigentes sabem que o sistema da OMC aguentou bem. Todos pensavam que a violência econômica e social do choque da crise provocaria um choque protecionista. Isso não aconteceu. Eis um sucesso invisível do G20, sobretudo para os países em desenvolvimento que são mais dependentes de um comércio internacional aberto.

A Rodada de Doha ainda não terminou, mas 80% do trabalho está feito. É preciso concluí-lo. Os acordos bilaterais não são uma solução para resolver problemas como os subsídios agrícolas, ou as barreiras não tarifárias.

Não foi um erro querer desregulamentar a agricultura, especialmente a europeia?

A primeira verdadeira reforma da PAC [política agrícola comum], em 1992, visava esvaziar os “lagos de leite” e os estoques de manteiga e de carne europeus. O apoio pelos preços garantidos aos agricultores levou a superproduções custosas. Estimou-se que era melhor que os agricultores pudessem reagir mais aos sinais do mercado. Mas não vamos caricaturar as restrições da OMC. Assim que a Rodada de Doha for concluída, os americanos e europeus poderão ainda sustentar sua agricultura com até 100 bilhões de euros por ano cada um. Os direitos alfandegários continuarão sendo três a quatro vezes maiores do que os da indústria. Então a especificidade da atividade agrícola é de fato reconhecida. Mas é preciso que os países menos desenvolvidos possam valorizar mais seus potenciais agrícolas. O mundo precisa disso.

Justamente, tem-se a impressão de que a globalização não é mais um jogo onde todos saem ganhando, e que toda a renda é captada pela China.

Os chineses substituíram os japoneses dos anos 1970 nos pesadelos ocidentais. Se um trabalhador chinês recebe dez vezes menos que um trabalhador europeu, é antes de tudo porque são necessários oito chineses para produzir o que o europeu produz. A China é uma grande fábrica de montagem de produtos fabricados em outros lugares. Pegue um iPod: ele é fabricado na China, mas seu custo é composto 5% por salários chineses, 15% de impostos americanos, e 40% de valor agregado japonês, pois é lá que se produz o chip eletrônico de base. A ideia de que os trabalhadores europeus ou americanos estão em concorrência individual direta com seus colegas chineses não corresponde à realidade. Mas a percepção permanece.

Sim, mas eles acabarão nos alcançando...

É claro que eles se aproximarão aos poucos dos países ricos, todo mundo quer isso. Mas a regra de base da divisão internacional do trabalho permanece: você ganha em eficácia ao se especializar; e há lugar para todo mundo se a pobreza for reduzida. Essa eficácia se chama crescimento, e portanto possibilidade de reduzir a pobreza.

A estratégia alemã de fazer uma corrida pela produtividade não é destrutiva?

Se a Alemanha é hoje a principal exportadora agrícola e de alimentos na Europa, não é por causa de um dumping monetário, salarial ou ambiental. É a produtividade, a inovação que fazem o crescimento.

Tem reinado um sentimento pouco favorável à globalização na Europa.

A globalização provoca reações identitárias, modeladas pela ideia de que se tem do futuro. Os países mais pró-globalização são os mais pobres. Os mais otimistas. Os europeus são os mais pessimistas: de longe, eles têm o melhor modelo social. Para mantê-lo, eles só podem contar com o crescimento e a população. Eles não têm nenhum dos dois. Para compensar, eles só têm três soluções: fazer cortes em seu sistema social, aceitar a imigração, fazer reformas estruturais que aumentem o potencial de crescimento. É mais fácil falar do que fazer! Nenhum outro continente tem uma equação tão difícil de resolver.

A crise questiona os benefícios da globalização?

A globalização é, entre outras coisas, a abertura das economias umas às outras. Essa crise não se originou na interdependência. Ela se explica pelo fato de que a indústria mais globalizada, o setor financeiro, não se submete a disciplinas restritivas. A prova: o Canadá, cuja economia é imbricada com a dos Estados Unidos, atravessou a crise com tranquilidade, enquanto o sistema americano ruía. Nos Estados Unidos, o setor financeiro é mal regulado, diferentemente do Canadá. Portanto o problema não era de abertura, mas sim de regulação.

O sr. não se equivocou ao defender a globalização feliz?

Eu nunca falei em globalização feliz. Sempre falei da necessidade de controlá-la. Com a revolução das tecnologias de informação, nós vivemos uma revolução comparável à invenção da máquina a vapor ou da eletricidade: um crescimento inédito, impulsionado pela tecnologia e pela expansão territorial das economias. O resultado está aí: centenas de milhões de pessoas saíram da pobreza.

Em contrapartida, é preciso combater a desigualdade. Se quisermos que a política alcance a economia, é preciso ter mais regulação e redistribuição nacional e, se possível, supranacional. Esse salto é muito difícil. O objetivo da ajuda ao desenvolvimento é de 0,7% do PIB. O orçamento europeu é inferior a 1%. Os orçamentos nacionais, entre 20% e 50%. Só existe efetivamente a redistribuição quando o sentimento de se pertencer a uma comunidade é forte.

Mas os países da zona do euro convergiram muito menos do que o esperado desde Maastricht.

Veja o que aconteceu com a Grécia, Portugal e Espanha em vinte anos, e os países do Leste desde a queda do Muro: em matéria de infraestrutura, de educação, de saúde, todos esses países se beneficiaram muito com a integração europeia. Os dirigentes e os países da União Europeia decidiram sabiamente que a Grécia permaneceria no euro.

Os alemães estão visceralmente ligados ao euro?

Os alemães estão visceralmente ligados a uma moeda estável que os protege da inflação. A Europa tem um grande problema demográfico com uma população que vem envelhecendo. Não vejo uma população como essa aprovando a inflação! A Europa vem vivendo uma réplica sísmica da falência dos Lehman Brothers. A força do euro mascarou um certo número de desequilíbrios, que foram causados pelo relaxamento deliberado das disciplinas do pacto de estabilidade, que deu a mão aos mercados.

Por enquanto permanece a política do faça o que eu digo, não o que eu faço. As políticas de protecionismo, subsídios agrícolas e barreiras fitosanitárias e zoosanitárias, praticadas pelos EUA e União Europeia é um duro golpe nos países subdesenvolvidos que praticam a abertura de mercado e tem como principal produção de riqueza um produto agrícola. É a globalização que veio segundo os neoliberais para desenvolver e distribuir riqueza no mundo.