O fim do regime militar e a Lei da Anistia não trouxeram a
pacificação desejada. Crédulos, os militares voltaram às suas
atribuições, confiantes na reconciliação de todos os brasileiros. As
mãos foram estendidas em sinal de paz, por um dos lados - as mãos dos
vencedores da luta armada -, porém, para os vencidos, o combate
continuou. Os derrotados trocaram as armas pelas palavras, fazendo
questão de não deixar cicatrizar as feridas que procuram manter abertas
até os dias de hoje.
Com a chegada ao Brasil dos primeiros banidos e auto-exilados a
História começou a ser reescrita. Com os direitos políticos
readquiridos, muitos voltaram a seus cargos, outros foram acolhidos por
governos simpatizantes e outros ingressaram em partidos políticos recém
fundados.
Aos poucos, a maioria dos "perseguidos políticos" ocupava cargos
públicos, setores da mídia e universidades. Bons formadores de opinião,
passaram a usar novas técnicas na batalha pela tomada do poder e pela
tentativa de desmoralização das Forças Armadas.
A esquerda revanchista passou a descrever e a mostrar, da forma que lhe convinha, a luta armada no Brasil.E
o fez de maneira capciosa, invertendo, criando e deturpando fatos,
enaltecendo terroristas, falseando a história, achincalhando as Forças
Armadas e expondo à execração pública aqueles que, cumprindo com o
dever, lutaram contra a subversão e o terrorismo em defesa da Nação e do
Estado.
Passou a predominar no País a versão dos derrotados, que agiam
livremente, sem qualquer contestação. As Forças Armadas, disciplinadas,
se mantiveram mudas.Aos poucos, a farsa dos revanchistas começou a
ser aceita como "verdade" pelos que não viveram a época da luta armada e
do terrorismo e que passaram a acreditar na versão que lhes era imposta
pelos meios de comunicação social.
No segundo semestre de 1985, em razão das acusações formuladas
no livro Brasil: Nunca Mais e pelas suas repercussões na mídia, a Seção
de Informações do Centro de Informações do Exército (CIE) - atual
Divisão de Inteligência do Centro de Inteligência do Exército - recebeu a
missão de empregar os seus analistas - além de suas funções e encargos
normais -, na realização de uma pesquisa histórica, considerando o
período que abarcasse os antecedentes imediatos da Contra-Revolução de
31 de março de 1964, até a derrota e o desmantelamento das organizações e
partidos que utilizaram a luta armada como instrumento de tomada do
poder.
As pesquisas iniciais, realizadas ainda em 1985, mostraram, com
clareza, que o trabalho ficaria incompleto e, até mesmo, impreciso
historicamente, se fosse cumprido o planejamento inicialmente
estabelecido. Assim, ampliou-se, no tempo e no espaço os limites físicos
e cronológicos da pesquisa, retroagindo-se a Marx e Engels, passando
pelos pólos irradiadores do Movimento Comunista Internacional e pela
história do PCdoB – desde a sua criação em 1922 com a denominação de
Partido Comunista do Brasil/Seção Brasileira da Internacional Comunista
-, prolongando-se até a primeira metade da década de 1980.
Foi um trabalho minucioso, realizado em equipe, em que,
inicialmente, os documentos existentes àquela época no CIE foram
estudados, analisados e debatidos, conduzindo a novas indagações e a
novos interesses. Com isso, as pesquisas foram ampliadas
significativamente, incluindo processos, inquéritos, depoimentos de
próprio punho de presos, jornais, revistas, gravações de programas de
televisão, entrevistas, uma extensa bibliografia nacional e estrangeira e
alguns livros de ex-militantes da luta armada.
Todas as pesquisas contribuíram para a elaboração desse livro,
diferentemente do trabalho da equipe de D. Paulo Evaristo Arns que, para
o livro "Brasil Nunca Mais", pesquisou os processos e os inquéritos
disponíveis na Justiça Militar, de onde extraiu, apenas, o que
interessava, desde que fossem acusações e críticas aos militares e civis
que os combateram e os derrotaram.
Visando a resguardar o caráter confidencial da pesquisa e a
elaboração da obra, foi designada uma palavra-código para se referir ao
projeto - Orvil -, livro escrito de forma invertida. Em fins de 1987, o texto, de aproximadamente mil páginas, estava pronto.
A obra recebeu a denominação de "Tentativas de Tomada do Poder" e
foi classificada como "Reservado", grau de sigilo válido até que o livro
fosse publicado oficialmente ou que ultrapassasse o período previsto na
lei para torná-lo ostensivo.
Concluída e apresentada ao ministro do Exército, General Ex Leônidas
Pires Gonçalves, este não autorizou a sua publicação - que seria a
palavra oficial do Exército -, sob a alegação de que a conjuntura
política não era oportuna, que o momento era de concórdia, conciliação,
harmonia e desarmamento de espíritos e não de confronto, de acusações e
de desunião.
Assim, a instituição permaneceu muda e a farsa dos revanchistas continuou, livre e solta, a inundar o País. Muitos
militares, considerando que a classificação sigilosa "Reservado" já
ultrapassara o sigilo imposto pela lei e dispostos a divulgar o livro,
resolveram copiá-lo e difundi-lo nos últimos 12 anos, na expectativa de
que um número cada vez maior de leitores tomasse conhecimento de seu
conteúdo.
Milhares de exemplares foram distribuídos a amigos, em corrente, e
alguns exemplares foram entregues a jornalistas. Nós também recebemos um
e nossos visitantes têm nos cobrado, permanentemente, a difusão do
mesmo. Hoje, até órgãos do governo o possuem. Não o difundem porque a
eles não interessa a divulgação do que ele contém.
Em abril de 2007, o Diário de Minas e o Correio Braziliense
publicaram, por vários dias, extensa matéria sob o título "Livro Secreto
do Exército é revelado", em que abordaram, de forma irresponsável e
panfletária, alguns aspectos que mais lhes interessavam sobre o livro.
Logo em seguida, os telejornais fizeram coro à campanha.
Um procurador, mais afoito e atirado, afirmou que os militares
sonegam dados sobre os desaparecidos. E de repente, não mais que de
repente, o assunto bombástico desapareceu da mídia, como sempre. Os
críticos do livro se recolheram, deixando no ar algumas meias verdades e
muitas mentiras.
O silêncio prolongado, embora excepcionalmente revelador, sugere algumas indagações, dentre outras: a - Por que os jornais não difundem o livro sequencialmente em capítulos?
-Teriam matéria gratuita por um longo período e, por certo, bateriam recordes de venda;-
Mostrariam à Nação um pouco das "ações heróicas" dos angelicais
ex-terroristas, que receberam treinamento de guerrilha em Cuba, União
Soviética e na China. Terroristas, que mataram, "justiçaram",
seqüestraram e assaltaram.
- Alertariam a população para as verdadeiras intenções da luta
armada - implantar no Brasil o comunismo - seguindo as idéias de Fidel
Castro e Che Guevara. As mesmas intenções do atual bolivarismo.
b -Se o livro teve a mais baixa classificação sigilosa – "Reservado" -, porque denominá-lo de Livro Secreto?--Para criar impacto e vender mais? -Para criar falsas expectativas no leitor?- Por que não permitir ao leitor conhecer toda essa História?
-Por que não publicá-lo ostensivamente, se a classificação "Reservado" já está caduca? Assediado
pela imprensa, o General Leônidas confirmou a missão atribuída ao CIE
de elaborar o livro em 1985 e a decisão de não publicá-lo em 1988, em
nome da concórdia, do desarmamento de espírito e da pacificação
nacional, como o fora em 1979 a "Lei da Anistia".
Em 29 de agosto último, a Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidência da República lançou, no Palácio do Planalto, em
badalada cerimônia, que contou com a presença do presidente Lula, o
livro "Direito à Memória e à Verdade", praticamente uma cópia do livro
"os filhos deste solo" de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio. Para os
autores desses dois livros, os crimes praticados pelos militantes da
luta armada, simplesmente, não existiram. São "heróis" que precisam ser
permanentemente homenageados.
No texto de uma matéria publicada no Correio Braziliense de
31/08/07, o articulista Lucas Figueiredo estabeleceu um ponto de
contato, um elo de integração entre o livro "Direito à Memória e a
Verdade" e o livro do CIE "As Tentativas de Tomada do Poder", quando
afirmou: "a versão oficial do Exército sobre a morte de desaparecidos
políticos é incorporada à história formal do período militar – Livro
secreto agora é oficial", como se o Orvil desse credibilidade às versões
publicadas no livro" Direito à Memória e a Verdade".
Em razão de uma afirmação descabida, desonesta e mal
intencionada e para que os leitores possam comparar, avaliar e concluir,
resolvemos divulgar o "Projeto Orvil" no site -
www.averdadesufocada.com , para consulta livre e gratuita. Ao
mesmo tempo, o divulgaremos para todos os endereços eletrônicos
disponíveis – particularmente os de jornais, revistas, escolas,
universidades, associações de classe, etc - e o colocamos à disposição
de outros sites que, como o nosso, estejam interessados em mostrar aos
leitores que o livro não é secreto e nada tem a esconder, pelo
contrário, ele mostra tudo aquilo que a esquerda não quer que o Brasil
conheça.
Os editores do site www.averdadesufocada.com
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