"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, maio 16, 2009

A engenharia fiscal do BNDES

Blog do Luis Nassif - 16/05/09

Por Roberto São Paulo/SP

da Agência Brasil, Última modificação em 15 de Maio de 2009 - 18h44

Medida provisória libera R$ 11 bilhões para empréstimos do BNDES

Wellton Máximo /Repórter da Agência Brasil

Brasília - Uma mudança na contabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) permitirá à instituição emprestar até R$ 11 bilhões a mais para investimentos. A novidade consta de medida provisória (MP) que repassa R$ 1 bilhão para os municípios, publicada hoje (15) no Diário Oficial da União.
Um dos artigos estabelece que o BNDES poderá transformar passivos (dívidas) com o Tesouro Nacional no valor de até R$ 11 bilhões em instrumentos híbridos no patrimônio líquido. Com o mecanismo, a instituição passa a ser enquadrada em limites maiores dentro dos critérios do Banco Central para conceder empréstimos.

De acordo com a MP, esses R$ 11 bilhões poderão vir do reforço de R$ 100 bilhões concedido pelo Tesouro Nacional ao banco em janeiro. Segundo o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Marcus Aucélio, a mudança na contabilidade não significa o abatimento da dívida. “O BNDES continuará a quitar os passivos com o Tesouro normalmente”, afirmou. “Apenas demos autorização para o banco emprestar mais em caso de necessidade.”………………

Cai outra ofensiva contra de Sanctis

Blog do Luis Nassif - 16/05/2009 - 08:49

Por LPorto

Outro pedido foi provocado pela corregedora prisional JF Paula Mantovani, inconformada por ter o Juiz Fausto De Sanctis (juiz do feito) despachado no sentido de manter o delator do mega traficante Abadia em presídio protegido de outros membros da quadrilha.

“A juíza queria mante-lo por lá.”

Depois desta liminar, aguardo o corregedor Nabarrete ter bom senso e arquivar de oficio e a nobre Juiza requerente sair a francesa.

Mais um passo na privatização do Congresso

Site do Azenha - Atualizado em 16 de maio de 2009 às 12:38 | Publicado em 16 de maio de 2009 às 12:09

por Luiz Carlos Azenha

É inacreditável a irresponsabilidade daqueles que receberam de forma legítima, do povo, uma cadeira no Senado Federal. É inacreditável que coloquem seus interesses políticos de curto prazo adiante dos interesses da população e do Brasil.

A Petrobras pode ser investigada? Pode e deve. Não importa que seja uma empresa estratégica, nem que carregue consigo a simbologia do país. A Petrobras pode e deve ser cobrada, sempre, especialmente quando coloca em risco o meio ambiente, quando colabora com a precarização das relações de trabalho -- através da terceirização -- ou quando coloca interesses particulares de seus acionistas adiante dos interesses do Brasil.

Não queremos uma estatal fazendo o papel que a petroleira da Venezuela teve naquele país, de um verdadeiro governo paralelo, que colocava interesses comerciais e estratégicos dos Estados Unidos acima dos interesses nacionais. Ou vocês acham que não foi a intervenção de Chávez na PDVSA o estopim para o golpe contra o presidente da Venezuela?

O problema, portanto, não é se a Petrobras deve ou não ser investigada. É como fazê-lo. Já existem todas as instâncias necessárias à investigação da Petrobras, tanto da parte do governo, quanto da oposição, quanto da sociedade. A empresa pode ser investigada pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas, pela Polícia Federal e nas diversas comissões do Parlamento. Não há dúvida: a Petrobras deve satisfações ao Congresso, pode e deve ser denunciada na tribuna e precisa responder a todos os questionamentos que recebe.

O que não dá para entender, sinceramente, é que se pretenda promover um circo no Congresso às custas da Petrobras, especialmente num momento de crise econômica internacional em que suposições, ilações e acusações infundadas podem afetar a empresa. Que diretor da Petrobras terá coragem de tomar uma decisão estratégica sob o risco de depois ser arrastado e torturado pelo Arthur Virgílio sob as luzes da CPI? Qual será a reação dos parceiros estrangeiros da Petrobras diante dos escândalos artificialmente produzidos no Congresso? Quanto os acionistas da empresa perderão em dinheiro? Que projetos serão adiados ou comprometidos pela inquisição pré-eleitoral?

Em tese, uma CPI não deveria assustar ninguém. Mas não falamos em tese. Falamos no Brasil. E falamos a partir de exemplos concretos: qual foi a utilidade das CPIs recentes, além de gerar uma enxurrada de manchetes, 95% das quais baseadas em fofocas, meias-verdades, distorções e mentiras? Tomemos como exemplo a CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas. Qual foi a serventia, além de torrar dinheiro público com a defesa dos interesses do banqueiro Daniel Dantas?

A CPI dos Amigos de Dantas foi o caso mais concreto e escabroso, até agora, da privatização do Congresso brasileiro. Quem vai ganhar com a CPI da Petrobras? O Brasil? O eleitor? O acionista da empresa? O projeto de exploração do pré-sal?

Ou é aquela mesma turma que pretendia transferir a base de lançamentos de Alcântara para os Estados Unidos, que vendeu a Vale a preço de banana, que planejava vender Furnas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal?

A CPI da Petrobras é mais um passo na privatização do Congresso brasileiro, desta vez em nome de interesses externos conjugados com os de pilantras brasileiros de sempre. Pilantras, diga-se, com mandato popular.

PS: Está sendo lançada nos bastidores da internet uma articulação que tem como objetivo dar uma resposta unificada da blogosfera independente a este absurdo.

CPI da Petrobras: O objetivo é produzir manchetes para o Ali Kamel

Site do Azenha - Atualizado em 16 de maio de 2009 às 04:16 | Publicado em 16 de maio de 2009 às 04:04

por Luiz Carlos Azenha

Quando eu era repórter da Globo, entre 2005 e 2006, durante meses o Jornal Nacional dedicava de três a dez minutos diários à cobertura de três CPIs: a do Mensalão, a dos Correios e a do Fim do Mundo.

As reportagens registravam acusações, ilações e suposições geradas diariamente nos corredores do Congresso, a grande maioria delas desprovada mais tarde. Não importa. O objetivo óbvio era produzir fumaça e as manchetes que faziam Ali Kamel delirar. O capo da Globo ficou tão excitado que despachou para Brasília uma assistente pessoal, cuja tarefa diária era percorrer os bastidores do Congresso para passar e receber informações, além de monitorar os colegas de emissora.

Uma CPI como a da Petrobras fornece o argumento essencial para Kamel e seus asseclas: estamos apenas "cobrindo os fatos", argumentam. Já escrevi aqui ene vezes sobre 2006: capas da Veja alimentavam o Jornal Nacional, que promovia a devida "repercussão", gerando decisões políticas que alimentavam outras capas da Veja, que apareciam no JN de sábado e geravam indignação em gente da estirpe de ACM, Heráclito Fortes e Arthur Virgílio.

Só essa "indignação seletiva" é capaz de explicar porque teremos uma CPI da Petrobras mas nunca tivemos uma CPI da Vale ou das privatizações.

Porém, os farsantes de hoje correm alguns riscos:

1. Especialmente depois da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, em que o Parlamento brasileiro foi privatizado para defender um banqueiro, o próprio instituto das CPIs está desmoralizado.

2. À CPI da Petrobras faltam detalhes picantes. Já imaginaram qual será o grande momento da investigação? O depoimento de um contador? De um fiscal da Receita? A essa altura o Ali Kamel deve estar pendurado ao telefone com o Demóstenes Torres exigindo algum cadáver, alguma secretária traída, qualquer coisa que tenha apelo. Para não afundar ainda mais a audiência do JN.

3. O brasileiro se identifica com a Petrobras. Os inquisidores da empresa correm o risco de serem tachados de entreguistas, de prejudicarem a empresa e, portanto, a imagem do Brasil no Exterior. É óbvio que o PSDB pretende usar a CPI para fazer barganha política nos bastidores, especialmente agora que estão em discussão as regras para a exploração do pré-sal. Em relação a 2010, não há nada mais poderoso do que acusar os tucanos de buscarem a privatização da Petrobras. No segundo turno de 2006, lembram-se? Lula, acusado de desperdício por ter comprado um avião presidencial novo, passou a dizer que Alckmin pretendia privatizar "até o avião da Presidência".

Isso forçou Alckmin àquele momento patético:

alckmin.jpg

Vamos ver, agora, se a Petrobras continuará despejando dinheiro público nos intervalos do Jornal Nacional ou nas páginas de jornais e revistas cujo objetivo é servir ao projeto tucano de privatizá-la. Feito o filho do FHC com a jornalista da Globo, produzir a "Petrobrax" é algo que os tucanos nunca assumem.

Alagoas: Prefeitos mandam na Justiça

Site do Azenha - Atualizado em 16 de maio de 2009 às 03:21 | Publicado em 16 de maio de 2009 às 03:19

Enviado pelo leitor Marcos Araújo:

PREFEITOS MANDAM NA JUSTIÇA ALAGOANA

Comarcas do Interior são custeadas pelas prefeituras em prejuízo da isenção dos juízes e até dos promotores

FERNANDO ARAUJO – faraujofilho@yahoo.com.br

Afora a Capital, todas as comarcas de Alagoas só funcionam com ajuda das prefeituras, que pagam os servidores, água, luz, telefone, alimento e até o combustível para o carro do juiz. É o que a procuradora federal Niedja Kaspary chama de simbiose da promiscuidade. “Tem juiz que recebe até televisor LCD”, disse Kaspary ao condenar essa relação promíscua entre justiça e prefeituras.

Para o juiz Marcelo Tadeu - um dos poucos magistrados a marcar presença na audiência pública do CNJ - esse desordenamento sempre acaba influenciando as decisões dos juízes, principalmente quando prefeito e município são réus no processo. Perseguido por querer trabalhar certo, ele culpa o TJ pelo caos na justiça de primeiro grau – responsável por mais de 90% dos processos - e sugere a todos os juízes do Interior que dispensem os favores do município para forçar o Tribunal de Justiça a tomar uma decisão, já que até agora tem sido omisso nessa questão crucial.

“Veja o caso de São Miguel dos Campos onde os juízes estão pagando pela omissão do Tribunal de Justiça, que não dá conta da sua estrutura de primeiro grau no Interior, deixando os magistrados a mercê do poder público municipal”, disse Marcelo Tadeu referindo-se às denúncias de improbidade administrativa contra todos juízes daquela comarca. “É bom que fique claro que a Dra. Eliane Normande, administradora do fórum de São Miguel, é uma juíza séria. Tanto que procurou o presidente do TJ para assinar o convênio com a prefeitura e legalizar a situação, mas ele negou-se a assinar o documento”.

O leitor observou:

Azenha, isso eu vi pessoalmente.

Tava na audiência pública do CNJ e isso foi passado na cara da gente

Pessoalmente, acho que essas parcerias não acontecem por falta de dinheiro, isso é um estratégia do TJ para não mexer com o duodécimo do Tribunal.

Todos sabemos que no final do ano existe a divisão da sobra, uma espécie de décimo quarto salário.

Houve um ano em que a divisão ficou assim: desembargador, 40 mil reais; juiz, 20 mil reais; escrevente, escrivão e oficial de justiça, um décimo quarto salário.

Gripe, pesticidas e transgênicos. Manifestações da crise civilizacional

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As recorrentes pandemias que atingem a humanidade são resultantes de uma determinada matriz civilizatória industrial.

O artigo é de Victor M. Toledo, pesquisador do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM), em artigo para o Página/12, 08-05-2009. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Hoje, como no passado, a humanidade enfrenta uma nova pandemia de microorganismo, o qual, entretanto, não é senão uma fração de outra que se poderia chamar de suprema ou estrelar. A grande pandemia é sem dúvida a que nós mesmos, como espécie biológica provocamos nos últimos tempos. A espécie humana desafiou as leis do ecossistema.

De aproximadamente 1 bilhão de seres humanos que existiam em 1900 se passou aos 6 bilhões nesta década. Que planeta pode suportar essa insólita expansão? Do ponto de vista ecológico, manter essa gigantesca população significa travar permanentemente duríssima batalha contra os organismos que buscam se aproveitar desta situação anômala e, especialmente contra a gama conhecida de microorganismos: fungos, bactérias, vírus, retrovírus e viróides.

A grande pandemia, não é, entretanto, apenas demográfica, mas também diz respeito ao que podemos chamar de matriz civilizatória industrial, e inclui desde a visão moderna de mundo até aos desenhos tecnológicos e os mecanismos de acumulação implícitos ao desenvolvimento do capitalismo.

Não se pode apenas socorrer-se em Malthus, sem invocar Marx. O mundo de hoje necessita deter tanto o crescimento descomunal da população humana como transformar radicalmente o modelo de civilização. Hoje, os riscos não provêem unicamente de fora. A gripe estacional que a cada ano brota nos invernos dos dois hesmiférios tira a vida de 250 mil a 500 mil pessoas, é verdade, mas os carros matam anualmente 1 milhão de pessoas e os acidentes deixam entre 25 a 30 milhões de pessoas feridos a cada ano. Se a Aids mantém infectada a uma população estimada em 33 milhões de pessoas, das quais anualmente morrem 2 milhões, os pesticidas criados nos laboratórios químicos afetam, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 2 milhões de pessoas e matam anualmente 200 mil.

A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As gripes, por exemplo, são enfermidades geradas por vírus que são criações naturais e industriais. Os vírus das gripes é o resultado da combinação endiabrada de formas que tem ido dos humanos às aves e aos porcos, do movimento entre esses últimos, e o do retorno aos humanos em ciclos dominados pelo acaso (as mutações) que se repetem silenciosamente e perigosamente por todo o planeta.

Este fenômeno se vê promovido e acentuado pela existência de gigantescos confinamentos mediante os quais a produção industrial gera os alimentos cárnicos (de aves, porcos, bovinos, etc). Os campos de concentração animal, que são cada vez mais a base da maquinaria industrial produtora de alimentos, que concentram milhões e centenas de milhões de animais para o seu sacrifício, são verdadeiros focos para a incubação, mutação e recombinação de vírus, como o da gripe.

E as cifras são impressionantes. A espécie humana mantém ao redor de dois bilhões de porcos, 85% dos quais estão na China, Europa e Estados Unidos. A cada semana as bocas humanas consomem 23 milhões de porcos, boa parta dos quais provêem de confinamentos massivos. Monopólios e monocultivos são duas formulações fortemente semelhantes desde o surgimento do capitalismo. Os coquetéis para a gestação de novas formas virais estão, pois, a luz do dia nas granjas industrializadas do mundo, não apenas dos porcos, mas das aves (a gripe aviária) e a dos bovinos (lembre-se do mal das vacas loucas).

O risco de enfermidade não apenas está ligado às cadeias alimentares (e aqui a necessidade de criar e ampliar sistemas agroecológicos de produção de alimentos sadios). Os diferentes ramos industriais geraram substancias tóxicas (apenas na Europa foram inventadas 40 mil) que estão demonstrando que são a causa, ou parte dela, de novas doenças, como certos tipos de câncer, alergias e estado de depressão imunológica. Entre eles, destacam-se os pesticidas, utilizados principalmente nos extensos campos de cultivo agroindustrial.

Define-se um pesticida como toda substância que serve para combater os parasitas e as doenças de cultivos, do gado, de animais domésticos, e mesmo do ser humano. Os pesticidas surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial e são compostos químicos (DDT, organoclorados, organofosforados e carbomatos) elaborados para exterminar pragas e doenças que afetam as grandes concentrações humanas e as de suas plantas e animais domesticados. Não obstante, os pesticidas não apenas afetam a saúde humana, mas também geram impactos sobre os ciclos naturais e as espécies. A estranha extinção das abelhas em extensas regiões dos Estados Unidos e da China ao que parece foram provocada por estas substâncias.

O último desenho ligado aos extensos campos de cultivos agroindustriais são os organismos geneticamente modificados (alimentos transgênicos), que são criações derivados da biotecnologia e da genômica. Ainda não está demonstrado que causam dano a quem os consome, seu perigo potencial está no fato de que se trata de um novo tipo de contaminação: a genética, cujos efeitos são muito mais difíceis de detectar e controlar. Nessa situação, o ser humano, não Deus, joga com os dados da própria vida ao introduzir no mundo da natureza organismos que podem provocar mudanças inesperadas sobre as populações das espécies domesticadas e silvestres. No México, o caso do milho transgênico é um caso chave e dramático.

Os seres humanos estão metidos em uma encruzilhada, num turbilhão de riscos, que é o resultado do tamanho descomunal da população, a qual precisa se alimentar mediante formas (agroindustriais) que facilitam, por sua vez, a proliferação de patógenos, que contaminam e afetam a saúde humana e que ameaçam provocar transformações nunca antes vistas na estrutura genética dos organismos (transgênicos). Tudo isso é parte dessa grande pandemia na qual acabaremos chegando. Qual é a cura possível das infinitas pandemias que tem matado milhares?

Chávez ocupa fábrica da Cargill

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

O governo venezuelano ordenou ontem a "ocupação temporária" da fábrica de massas da multinacional americana Cargill em La Guaira, perto de Caracas. Segundo o vice-ministro da Alimentação, Rafael Coronado, que comandou a ocupação, o objetivo é obrigar a empresa a produzir a quantidade de produtos de preço tabelado estipuladas pelo governo.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.

Desde março, uma lei obriga fabricantes de produtos básicos a dedicar de 70% a 95% de sua capacidade produtiva a mercadorias tabeladas - no caso da fábrica da Cargill, por exemplo, macarrão simples. Numa inspeção oficial anteontem, fiscais teriam descoberto que a Cargill não obedecia a essa regra.

A ocupação deve durar 90 dias. Segundo Coronado, depois desse período, o governo terá uma ideia mais precisa sobre a situação da empresa e avaliará "junto com seus trabalhadores e conselhos comunitários" a aplicação de outras sanções. O presidente Hugo Chávez - que ontem visitava, em Buenos Aires, a argentina Cristina Kirchner - não se pronunciou sobre o assunto.

A fiscalização sobre as fábricas de massas venezuelanas aumentou nos últimos dias. A justificativa é que teria sido detectada uma "falha no abastecimento" desse produto, cujo preço tabelado foi reduzido.

A fábrica de macarrão é mais uma de uma série de empresas do setor de alimentos que foram expropriadas ou sofreram intervenção nos últimos meses por ordem de Chávez. Em março, uma beneficiadora de arroz da Cargill foi expropriada. Entre as empresas que foram ocupadas estão indústrias de conservas e outra processadora de arroz da Polar, de capital venezuelano.

O objetivo de ações como essas Chávez não esconde: controlar grande parte da cadeia produtiva venezuelana para impedir que as grandes empresas "boicotem o avanço da revolução". Analistas explicam que os alimentos representam uma grande parcela do orçamento das famílias pobres, a base de apoio de Chávez.

Ampliar o controle da cadeia produtiva teria sido a fórmula encontrada pelo presidente para evitar que o descontentamento causado pela inflação e a escassez de alguns alimentos resulte em perda de votos.

Um deputado homicida a 190km/h

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

"O Brasil tem um trânsito que mata uma pessoa a cada 15 minutos, num total de cerca de 35 mil mortes/ano, com altíssimo custo dos acidentes, sem falar nos que permanecem, em razão de graves colisões, mortos em vida", constata Milton Corrêa da Costa, tenente-coronel da Polícia Militar do Rio, na reserva, em artigo publicado no jornal O Globo, 16-05-2009. Segundo ele, "o Brasil é um país onde não se tem notícia de condenações à prisão em regime fechado por homicídios cometidos ao volante. É preciso acabar com o acobertamento, a benevolência e a tibieza com os criminosos do trânsito".

Eis o artigo.

O gravíssimo e recente acidente automobilístico, ocorrido em Curitiba, resultando na morte de dois jovens, de 20 e 26 anos, é mais um lamentável fato, provocado pela imprudência e a insensibilidade de motoristas, na rotina de violência do trânsito brasileiro.

Pior: desta vez envolve alguém que, detentor de mandato no Poder Legislativo, deveria primar pelo cumprimento das leis: o deputado estadual paranaense Fernando Ribas Carli Filho (PSB) — um homicida em potencial ao volante, que acumulava (pasmem) 130 pontos em sua carteira de habilitação, com 23 multas exclusivamente por excesso de velocidade, e que estava, inclusive, com o direito de dirigir suspenso.

Este é, infelizmente, o padrão comportamental de vários motoristas que circulam por rodovias e vias urbanas. O Brasil tem um trânsito que mata uma pessoa a cada 15 minutos, num total de cerca de 35 mil mortes/ano, com altíssimo custo dos acidentes, sem falar nos que permanecem, em razão de graves colisões, mortos em vida.

Boa parte de nossos condutores, como o deputado Carli Filho, continua imprudente, agressiva e deseducada ao volante de um carro. Comportam-se como “donos” de ruas e estradas. Matam, mutilam ou são mortos ao volante.

Carli Filho, jovem parlamentar, é mais um daqueles que se habituaram ao “sabe com quem está falando?”, certamente em razão de sua “imunidade”.

E, por isso mesmo, sequer foi submetido ao teste de alcoolemia ou a exames periciais ou clínicos para determinar ingestão de bebida alcoólica ou mesmo substância entorpecente, como exige o artigo 277 do Código de Trânsito Brasileiro, uma lei federal. Essas são medidas legais que devem ser tomadas toda vez que o condutor de veículo automotor envolver-se em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização em via pública sob suspeita de uso de álcool ou entorpecente.

O deputado (pasmem novamente!) voou com seu carro a 190km/h sobre o veículo dos jovens mortos. Segundo o boletim dos socorristas, Carli Filho apresentava “sinais clínicos de agitação e hálito etílico” — o suficiente para que se possa, em razão da chamada Lei Seca, ser processado por crime de direção alcoolizada (previsto no artigo 306 do referido Código de Trânsito Brasileiro), com pena de detenção que varia de seis meses a três anos. A prova é testemunhal.

Sobre os dois homicídios, definidos claramente pelo dolo eventual, o acusado poderá, eventualmente, responder em liberdade — com direito (pasmem mais uma vez!) a “foro privilegiado”.

É provável que a atitude comportamental, comprovadamente imprudente e agressiva do deputado, seja decisiva para sua condenação.

No país do direito penal mínimo, todos os “direitos humanos” agora pertencem ao parlamentar sobrevivente.

Às vítimas restam somente os sete palmos de terra, a dor e a saudade dos familiares.

Fatos assim deixam indignados os cidadãos que se preocupam em cumprir as leis básicas da cidadania, entre elas as normas de trânsito.

O Brasil é um país onde não se tem notícia de condenações à prisão em regime fechado por homicídios cometidos ao volante. É preciso acabar com o acobertamento, a benevolência e a tibieza com os criminosos do trânsito. Que se puna, com o máximo rigor, homicidas e imprudentes do volante. Mais do que nunca, neste e em casos semelhantes, é preciso punir para reeducar.

Prisão perpétua

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

"Nos EUA, a punição para esse tipo de acidente, mesmo sem tantos agravantes, pode levar à prisão perpétua. No Brasil, o deputado, se se recuperar do choque, logo estará de novo ao volante e à sua cadeira na Assembleia local. Condenados à prisão perpétua estão os pais dos rapazes mortos - a mãe de um deles, ao ser chamada após a tragédia, recebeu a cabeça de seu filho para reconhecer", escreve Ruy Castro, jornalista, comentado, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 16-05-2009, o acidente provocado por um deputado paranaense, filho do prefeito de Guarapuava.

Eis o artigo.

Na madrugada do dia 7, em Curitiba, o deputado estadual Francisco Carli Filho, 26, literalmente decolou com seu carro, um Passat preto, e passou como uma navalha sobre um Honda Fit prata, matando os dois ocupantes deste, de 20 e 26 anos. O choque atirou os carros na outra pista. Um dos rapazes foi decapitado.
Uma testemunha declarou que o Passat vinha em alta velocidade, a ponto de levantar voo ao atravessar um desnível. Os bombeiros encontraram o velocímetro congelado em 190 km/h. Nove deles disseram que, ao ser socorrido, o deputado estava "visivelmente alcoolizado". Apesar disso, a polícia de Curitiba levou uma semana para pedir amostras de sangue do deputado.

O deputado tinha 30 multas de trânsito, das quais 23 por excesso de velocidade, e 130 pontos na carteira -o máximo permitido é 20 pontos por ano. Estava com a habilitação suspensa desde julho de 2007, mas continuava dirigindo.

Nos primeiros dias, o noticiário privilegiou a informação de que o deputado saíra gravemente ferido do acidente e só se referia de passagem à morte dos dois rapazes. Seus assessores levantaram "suspeitas" de que tivesse havido um pega entre os carros ou que a culpa pelo acidente pudesse ser do Honda -tramoia desmentida pela testemunha. O deputado pertence a uma influente família de políticos paranaenses, com poderes sobre alguns meios de comunicação.

Nos EUA, a punição para esse tipo de acidente, mesmo sem tantos agravantes, pode levar à prisão perpétua. No Brasil, o deputado, se se recuperar do choque, logo estará de novo ao volante e à sua cadeira na Assembleia local. Condenados à prisão perpétua estão os pais dos rapazes mortos - a mãe de um deles, ao ser chamada após a tragédia, recebeu a cabeça de seu filho para reconhecer.

O coração de ouro da China

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

"Ninguém sabe ao certo quando a maré começou a baixar, ou o exato momento em que o ouro americano começou a perder, lentamente, mas de modo irreversível, o seu brilho. Hoje, contudo, muitas lojas na China não aceitam mais cartões de crédito baseados em dólar emitidos por bancos estrangeiros (o cliente paga em dólar, mas o lojista é pago em renminbi) e os estrangeiros não conseguem converter dólares americanos na moeda local além de uma determinada quota", escreve Victor Zhikai Gao, diretor executivo da Beijing Private Equity Association, e diretor da China National Association of International Studies, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009. "Nós ainda nos referimos ao dólar como ouro americano - escreve Gao. Mas os Estados Unidos não devem entender que isso nunca vai mudar".

Eis o artigo.

Na China as pessoas ainda costumam se referir ao dólar como "mi jin", ou ouro americano. Autoridades de governo, empresários e pessoas da rua usam esse termo. Portanto, se um chinês disser que lhe deve 100 ouros americanos, não espere uma grande fortuna porque, na verdade, são apenas US$100.

Essa noção do dólar americano como sendo um padrão ouro está tão profundamente arraigada entre os chineses a ponto de sobreviver à decisão do presidente Richard Nixon, em 1971, de desatrelar o dólar do ouro.

Há cerca de 30 anos, as reservas cambiais da China eram de apenas US$167 milhões. Numa importante reunião no fim dos anos 70, o líder da China, Deng Xiaoping, falando para uma plateia de autoridades do alto escalão de governo, profetizou que : "Um dia teremos uma reserva em moeda estrangeira tão grande como US$10 bilhões!" O público silenciou, considerando essa uma cifra improvável. Depois de uma longa pausa, Deng prosseguiu dizendo a um público pouco convencido: "Camaradas, imaginem! Com 10 bilhões de ouros americanos, quanto a China pode fazer?"

Essa visão que Deng tinha do dólar era reflexo da sua admiração por muitos elementos positivos do capitalismo americano. Em novembro de 1986, trabalhei como intérprete de Deng no seu encontro com John Phelan, chairman da Bolsa de Valores de Nova York, em visita a Pequim.

Nessa reunião, Deng disse ao chairman: "Vocês são capitalistas abastados com uma grande riqueza, e a China ainda é muito pobre. O senhor conhece muito bem o mundo das finanças e os mercados de capitais. Pode ensinar muita coisa à China a respeito. Um dia, no futuro, a China também terá sua própria bolsa de valores".

Esse foi o prelúdio do rápido crescimento econômico da China. As reservas cambiais do país estão próximas de US$2 trilhões e, desse total, US$1,5 trilhão está investido em ativos em dólar. Com a crise financeira global, a atenção do mundo quase sempre se concentra nessa imensa pilha de dólares americanos em mãos dos chineses.

O que muitos não lembram é que, durante anos, houve uma escassez ou uma temida escassez de dólares americanos. Nos anos 80, por exemplo, o governo exigiu que todas as pessoas convertessem seus dólares em moeda chinesa, o renminbi, que literalmente significa "dinheiro do povo". Com isso, o ouro americano tornou-se um símbolo de status. Apesar da conversão compulsória em renminbi, muita gente reteve seus dólares, ou comprou mais da moeda a taxas de câmbio infladas, isso quando era possível encontrar alguém disposto a vender.

Ninguém sabe ao certo quando a maré começou a baixar, ou o exato momento em que o ouro americano começou a perder, lentamente, mas de modo irreversível, o seu brilho. Hoje, contudo, muitas lojas na China não aceitam mais cartões de crédito baseados em dólar emitidos por bancos estrangeiros (o cliente paga em dólar, mas o lojista é pago em renminbi) e os estrangeiros não conseguem converter dólares americanos na moeda local além de uma determinada quota.

No passado, os chineses guardavam dólares, mas não para um fim imediato. Hoje, preferem manter uma reserva apenas se precisarem de dólares para enviar os filhos para escolas no exterior, para viajar, ou fazer negócios em outro país.

E o governo está ficando mais preocupado com a segurança dos seus investimentos nos Estados Unidos, grande parte em papéis do Tesouro americano e títulos quase soberanos emitidos pela Fannie Mae e Freddie Mac.

Recentemente, Pequim exigiu um papel maior no comércio internacional dos Direitos Especiais de Saque (SDR, sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas a China também tem plena consciência de que os americanos podem vetar uma decisão do FMI. O apelo da China teve o objetivo de soar o alarme para os Estados Unidos.

Muitos chineses estão cada vez mais temerosos com a rápida corrosão do dólar americano. Os Estados Unidos devem pensar na adoção de medidas de proteção contra a inflação para os investimentos da China no país e oferecer uma proteção ou garantias adicionais para seus continuados investimentos. E devem também oferecer à sua maior credora mais transparência e informação.

Nós ainda nos referimos ao dólar como ouro americano. Mas os Estados Unidos não devem entender que isso nunca vai mudar.

Lula vai à China propor o fim do uso do dólar no comércio bilateral

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai propor ao seu colega chinês, Hu Jintao, na terça-feira, que o comércio entre Brasil e China seja feito na moeda dos dois países. "Nós não precisamos de dólares. Por que dois países importantes como China e Brasil têm que usar dólares como referência, em vez de suas próprias moedas?", afirmou Lula, em entrevista à revista chinesa Caijing (Finanças).

A reportagem é de Cláudia Trevisan e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.

O presidente brasileiro chegará a Pequim na segunda-feira, para uma visita que vai durar pouco mais de 48 horas. A ampliação do peso dos países em desenvolvimento nos organismos multilaterais será outro ponto crucial do encontro de trabalho que ele terá com Hu Jintao às 17 horas de terça-feira (horário local). Antes disso, na segunda-feira, os dois presidentes vão jantar juntos.

Brasil e China possuem uma série de posições comuns nas negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC) e respondem por metade da sigla Bric - a outra metade é formada por Rússia e Índia.

Os dois países também se alinharam na reunião do grupo dos 20 (G-20) - que inclui países ricos e emergentes - realizada no dia 2 de abril, em Londres, para discutir a crise financeira internacional.

Ambos defenderam a ampliação da presença das nações emergentes em organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial e uma reengenharia financeira global.

"Foi a primeira fez que estive em encontros nos quais os países ricos, que no passado sabiam tudo, não sabiam nada. Hoje, nós podemos discutir em condições de igualdade decisões que antes excluíam Brasil e China", destacou o presidente Lula.

A proposta de adoção de moedas nacionais no comércio bilateral está em linha com reiteradas manifestações de autoridades chinesas em defesa de uma alternativa ao dólar na economia internacional.

Dez dias antes da reunião do G-20, o presidente do Banco da China (equivalente ao banco central), Zhou Xiaochuan, publicou artigo no qual defendeu a criação de uma moeda internacional para substituir o dólar como reserva de valor.

PODER GLOBAL

A China possui US$ 2 trilhões de reservas internacionais, o maior volume do mundo, e o texto de Zhou Xiaochuan evidenciava a preocupação das autoridades de Pequim com o fato de grande parte desses ativos financeiros estar aplicada em uma única moeda.

Por trás da discussão sobre a moeda internacional também há uma questão de disputa de poder político global, permeada pela concepção de que o uso do dólar como moeda de troca e de reserva de valor reflete e sustenta a supremacia norte-americana no mundo.

Paralelamente à defesa de uma moeda internacional, Pequim deu os primeiros passos no sentido de promover o uso internacional de sua própria moeda, o yuan. Desde o dia 12 de dezembro, a China já fechou acordos de swap cambial no valor de US$ 95,6 bilhões com seis países, incluindo a Argentina.

Um mês depois da publicação do artigo de Zhou Xiaochuan, o governo chinês anunciou ainda que quatro cidades do país poderiam utilizar o yuan para quitar suas transações de comércio exterior, exatamente o que Lula pretende que seja feito agora com o Brasil - em uma rua de duas mãos, com uso também do real.

Para o presidente brasileiro, é inevitável que os países emergentes tenham mais voz e voto nas instituições e nas decisões globais. "Agora, sempre que há uma reunião no mundo, as pessoas querem saber o que a China pensa e o que o Brasil sente. As pessoas começam a perceber que não somos mais atores coadjuvantes, mas atores principais. Isso cria uma nova e real possibilidade para uma nova política global. É precisamente neste momento que China, Brasil, Rússia e Índia precisam ser muito humildes e calmos, mas também muito audaciosos", declarou Lula à Caijing.

Parte da receita do pré-sal pode ir para fundo social

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

A equipe econômica estuda a criação de um Fundo de Responsabilidade Social, que seria abastecido com recursos arrecadados com a extração do petróleo da camada pré-sal. Segundo uma fonte do governo, esse fundo, diferentemente do Fundo Soberano do Brasil, terá por objetivo investir em educação, saúde e combate à pobreza, com uma atuação de longo prazo, atravessando gerações. "Se for criado, esse fundo muda o Brasil", afirmou a fonte.

A reportagem é de Fabio Graner e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.

A modelagem do mecanismo ainda está em fase de elaboração, no âmbito das definições do marco regulatório da exploração do pré-sal. A intenção é que os estudos e propostas técnicas de regulamentação do tema estejam prontos até o fim deste mês, ou no mais tardar no início de junho, para poderem ser encaminhados ao Congresso ainda no mês que vem.

Embora o governo esteja trabalhando intensamente na elaboração do marco regulatório do pré-sal, há sérias dúvidas sobre a viabilidade da aprovação pelos parlamentares das regras propostas, por causa da proximidade das eleições presidenciais de 2010. De qualquer forma, o atual governo não quer perder a oportunidade de dar uma referência ao debate. Além disso, as propostas já serão uma explicitação clara do programa de governo da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para o petróleo.

Nessa regulamentação, o governo deve propor a criação de uma empresa para gerenciar as reservas do pré-sal. Além disso, estará se definindo o modelo de exploração: de partilha - em que o produto é todo do governo, que o divide com a empresa que extrai o petróleo - ou de concessão, modelo atual, em que o governo licita blocos de exploração para as empresas, que podem vender o produto, pagando impostos e royalties à União.

O outro foco dessa discussão é o que fazer com o grande volume de recursos financeiros que o pré-sal promete gerar para o País. E é nesse sentido que o Fundo de Responsabilidade Social, nome provisório do mecanismo em estudo, está sendo preparado. A ideia é que seja abastecido com um porcentual das receitas que o governo federal vai obter com a exploração nas águas profundas.

Quanto será o porcentual é um dos temas em discussão. Disso e também das estimativas de produção nos próximos anos dependerá o tamanho do fundo. Outro aspecto da discussão é detalhar o tipo de política pública na área social na qual os recursos do fundo podem ser aplicados. Outro tema em discussão é a partir de quando o dinheiro poderá ser gasto, já que o caráter desse fundo é de longo prazo.

Promessas de campanha ficam pelo caminho e Obama cede ao pragmatismo

Instituto Humanitas Unisinos - 16/05/09

Nos quatro meses na Casa Branca, o presidente dos EUA, Barack Obama, começa a abandonar a retórica de campanha e a conviver com uma dura realidade: algumas promessas serão difíceis ou impossíveis de cumprir. Fechar a prisão de Guantánamo e acabar com as comissões militares criadas para julgar suspeitos de terrorismo são alguns compromissos que ficarão pelo caminho.

A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.

O primeiro sinal do pragmatismo de Obama surgiu na quarta-feira, quando ele mudou de ideia e decidiu contestar a determinação judicial de divulgar fotos de americanos torturando presos. "As imagens incentivariam o antiamericanismo e colocariam nossas tropas em risco", justificou o presidente.

A decisão enfureceu alguns democratas, que reclamam da guinada para o centro do governo, que ainda não emplacou uma reforma das leis de imigração, não tem um plano de retirada do Afeganistão e até o cronograma para o fim das operações no Iraque está ameaçado pelo retorno da violência na região.

Obama bem que tentou. Seu primeiro ato de governo foi assinar uma ordem executiva suspendendo as comissões criadas por George W. Bush e prometendo fechar Guantánamo em um ano. Quatro meses depois, tudo continua na estaca zero.

O revés político era previsível, já que ninguém sabe o que fazer com os 240 presos da base. "Não traremos a Al-Qaeda para meu Estado", disse na semana passada Max Baucus, senador democrata de Montana.

"Para Quantico ninguém vai", disse Mark Warner, senador democrata de Virgínia, sobre a possibilidade de alojá-los numa base em seu Estado. "Alcatraz é um parque nacional, não uma prisão de terroristas", afirmou Dianne Feinstein, senadora democrata da Califórnia.

A pressão da opinião pública fez com que deputados de Louisiana, Califórnia, Mississippi, Missouri e Virgínia aprovassem leis proibindo a transferência de detentos para seus territórios. Os republicanos encaminharam um projeto ao Congresso que, se aprovado, não permitirá que detentos de Guantánamo sejam transferidos para Estados sem a aprovação de governadores e deputados estaduais.

Em abril, o senador republicano Jeff Sessions questionou a autoridade do governo federal de transferir presos para o território americano com base em uma lei federal de 2005, que proíbe a entrada nos EUA de estrangeiros que tenham envolvimento com o terrorismo.

Sem saída, o secretário de Justiça, Eric Holder, fez em abril um giro pela Europa para tentar se livrar de alguns detentos. No entanto, o máximo que conseguiu foi um aceno de britânicos e alemães, que prometeram pensar no assunto.

Há duas semanas, o secretário de Defesa, Robert Gates, reconheceu que cerca de 75 presos não poderão ser libertados nem julgados nos EUA por causa de confissões obtidas sob tortura. Ao mesmo tempo, muitos são considerados perigosos demais para serem soltos.

Além disso, nem todos podem ser devolvidos a seus países, pois correm o risco de ser mortos. Uma solução seria aprovar no Congresso uma lei permitindo que presos sejam mantidos indefinidamente sob custódia, sem julgamento, opção que causaria uma convulsão na base democrata. Para a maioria dos constitucionalistas americanos, o nó dado por Bush é impossível de desatar.

Rondon – de Mimoso à Praia Vermelha

Por Cel Hiram Reis e Silva, 15 de Maio de 2009

Rondon: altura média, testa larga, fisionomia distinta,traços finos, olhos amendoados, queixo delgado. Herói que nasceu soldado e morrerá soldado. Mas herói ‘sui generis’ que, para não matar, nem deixar que se matasse um só homem, preferiu arrostar cem vezes a morte...

(Fuad Carim - Embaixador da Turquia no Brasil)”.

Falar de Rondon é abusar dos adjetivos, é falar no superlativo. Encontramos na obra de Esther de Viveiros um relato pessoal que não nos cabe, como cronista, nada acrescentar. Apresentamos ao leitor brasileiro a vivencia contagiante de brasilidade de um ícone tão magnífico que a própria história resolveu materializar sua grandeza emprestando seu nome a um estado brasileiro - Rondônia. Resolvemos apresentar Rondon em quatro artigos iniciando pela sua origem até o seu ingresso na Escola Militar.

- Benjamim Costallat

"Esse caboclo, peregrino por patriotismo, viajante por ideal, desbravador por destino, apaixonado por ofício, pionei­ro por temperamento, incansável por dever, estóico por profis­são, soldado da paz, a serviço das fronteiras que ajudou a de­marcar e do sertão ,que ajudou' a revelar, na mais nobre das conquistas e na mais santa das vitórias, Rondon é glória que reúne os mais altos méritos militares aos mais altos méritos civis".

- Família

Cândido Mariano da Silva Rondon, militar e sertanista brasileiro, mais conhecido como Marechal Rondon, nasceu em Mimoso, MT, em 5 de maio de 1865.

“(...) minha ascendência materna indígena - índios terena e índios borôro. Com os guaná de quem descendia minha avó paterna, Maria Rosa Rondon, são três as tribos de que descendo.

(...) Casaram-se meus Pais, Cândido Mariano da Silva e Claudina Lucas Evangelista, no Mimoso. Foram meus padrinhos Antônia Rosa da Silva e Quintiliano Pereira de Castro. Maria Antonia de Arruda, mulher do pescador Antônio Alves, foi ‘madrinha de carregar’, isto é, ter nos braços o neófito, até lhe ser ministrado o sacramento do batismo”. (Viveiros)

- A terra Natal

Mimoso é distrito do município de Santo Antonio do Leverger, antigamente Santo Antonio do rio Abaixo.

(...) Era eu já um pequenino vaqueiro. Corria logo que alguém ia tratar do gado ou tirar leite. E não era só do leite que eu gostava. Quando, segundo a expressão popular, ‘o homem transformava o touro, que Deus fez, em boi’, corria para junto da fogueira onde se realizava a operação e onde se assava o que fora extraído, e que todos nós saboreávamos.

Iniciei, bem pequeno, as caçadas, de que fui sempre apaixonado - até que lhes compreendi a desumanidade. Minha arma era um bodoque com que atirava pelotas de barro.

Vivia vida ao ar livre, vida sã e ativa, naquelas paragens pelos borôros denominadas Aquiríio - nome de um pequenino pássaro que vive e faz os ninhos no capim macio das campinas. Voa para o alto, verticalmente, como uma seta, a subir cada vez mais, embriagado de luz e de altura, até desaparecer no azul... para depois se deixar cair, com um longo assovio aquirí-i-i-i-i-i-o...

Em mim se desenvolviam, assim, naturalmente, os germes de todos os elementos do sertanejo.

Meu avô materno, já viúvo, e Dindinha Joaquina que me criavam, não se esqueciam, entretanto, de me instruir.

Terminada a guerra do Paraguai, em fins de 1871, veio para o Mimoso um ex-sargento de ‘Voluntários da Pátria’. Propôs aos fazendeiros de maior destaque - entre os quais Antônio Caetano, meu tio, e João Lucas Evangelista, meu avô - ensinar a petizada, fundando uma escola de onde, ao terminar o ano, saía eu sabendo ler e escrever.

Usava o ex-sargento barba cerrada. Apesar do aspecto severo, só lhe chamávamos o 79, seu número no regimento. Seu nome era Jacinto Heliodoro de Almeida e nascera em Niterói”. (Viveiros)

- Cuiabá

Em colóquio íntimo, transmitira meu Pai a meu tio seus tristes pensamentos: ‘Mano Manoel Rodrigues, sinto-me muito doente. Penso no primeiro filho que vou ter. Posso morrer antes que ele nasça. Meu irmão, se isso acontecer, e se o filho esperado for um menino, não o deixe no Mimoso. Mande-o buscar, afim de o salvar da triste ignorância em que jazem os filhos dos mimoseanos. Aqui. em Mimoso. Será ele um vaqueiro ignorante; na Cidade, poderá se preparar para servir melhor nossa Terra’.

E realizaram-se aqueles tristes pressentimentos - não pôde ele estreitar nos braços o filhinho. Veio a falecer em fins de dezembro de 1864, Quando rebentou a guerra do Paraguai, e eu nasci a 5 de maio de 1865, no aceso da luta desumana.

Dois anos e meio depois, falecia minha Mãe.

Meu tio. Manoel Rodrigues da Silva. sem aquilatar o alcance do compromisso tomado, cumpriu-o religiosamente: mandou buscar-me quando atingi a idade de 7 anos. E assim é que passei a segunda infância e o início da puberdade em Cuiabá, em companhia daquele tio, realizador dos sonhos de meu Pai.

(...) Era solitária e triste minha vida, em casa do tio viúvo - perdera ele a esposa, dois anos depois de minha vinda para sua companhia. Só tinha relações com a família de Manoel Lino de Christo, casado com Nhá Vita, irmã de sua falecida esposa, com Nhá Juvência, outra irmã, casada com João Marques, o ‘palhaço’, como lhe chamavam, pelas suas pilhérias e com Nhá Balbina, outra parenta.

Minha convivência era, pois, com filhos de trabalhadores que frequentavam a escola. E, desde logo, como sempre, no correr de minha carreira, puseram-me como chefe, chefe da meninada.

Aliás, não tinha eu muito tempo para brincar. Quando não estava agarrado aos livros, ia ajudar o tio na venda de roça, onde de tudo se vendia, inclusive peixe frito que, com farinha, constituía a alimentação dos trabalhadores.

(...) Ao chegar eu a Cuiabá, em 1873, estavam fechadas as matrículas nas escolas públicas e, para não perder tempo, pôs-me meu tio na escola particular de Mestre Cruz. No ano seguinte fui matriculado na escola pública do Professor João Batista de Albuquerque, uma vez que meu tio não tinha posses para pagar uma escola particular.

(...) Passei, depois da escola de Mestre João, para a do Professor Francisco Ribeiro da Costa, Mestre Chico, na qual completei o curso primário, em 1878.

(...) Matriculei-me em 1879 na Escola Normal - que tomou no ano seguinte o nome de Liceu Cuiabano - completando com distinção o curso normal, em princípio de novembro de 1881, isto é, com 16 anos. Tornei-me assim, uma vez diplomado, apto a exercer as funções de professor primário, tendo sido nomeado.

Sem conhecer ainda os sonhos de meu Pai a meu respeito, inspirei-me nas resoluções de meus colegas do Liceu, que assentavam praça para estudar na Escola Militar.

(...) Por isso, pouco antes de me formar, procurei meu tio, para uma conversa. O bom Manoel Rodrigues assustou-se, quando lhe disse:

- Meu tio, deixe-me estudar no Rio de Janeiro.

- Como te poderei eu sustentar lá! Procurei satisfazer teus desejos, nesse teu anseio de aprender, de progredir, mas mandar-te para o Rio, não é possível, não tenho recursos para isso!

- Não lhe estou a pedir recursos, meu tio, e sim o seu consentimento. Quanto aos meios para estudar no Rio, há muito venho preocupado com o problema, e já lhe encontrei a solução.

(...) Aflito, ao pensar nas dificuldades que teria eu de enfrentar, como soldado, foi procurar seu amigo, o Dr. Malhado, médico, professor de pedagogia na Escola Normal, que me dera distinção. Expôs-lhe suas preocupações.

Voltou Manoel Rodrigues satisfeitíssimo e apressou-se em me comunicar que decidira me adotar, para que, na qualidade de filho de Capitão da Guarda - Nacional, me fosse possível iniciar a carreira como cadete, e não como soldado. Dr. Malhado dar-me-ia carta de recomendação.

Qual não foi, porém, sua surpresa quando, em vez da alegria entusiástica com que contava, teve a minha resposta:

- Fico-lhe muito agradecido pela sua idéia, mas não posso aceitar que me adote.

- Dizes-me isso a mim, que te criei, que fiz por ti tudo quanto em mim coube!

- Pai só posso ter um - é o Senhor meu tio, um tio que muito prezo e a quem muito estimo. Nunca poderá, entretanto, ser meu Pai!

E fui assentar praça.

Não aceitei também carta de recomendação.

- Se não puder me encaminhar sozinho, renunciarei a meus projetos e serei vaqueiro - garanto-lhe que bom vaqueiro!

- Para não magoar Dr. Malhado, aceite a carta e dê-ma. Inutilizá-la-ei.

Tinha Manoel Rodrigues da Silva um homônimo cajas falcatruas andavam pelos jornais - resolveu, por isso, acrescentar ao seu nome o apelido de sua Mãe: Rondon. E passou a assinar-se Manoel Rodrigues da Silva Rondon.

Ao formar-me, adotei o nome de Rondon, em homenagem ao tio que quisera ser meu pai. Requeri, ao Ministro da Guerra, permissão para acrescentar Rondon ao meu nome e passei a assinar Cândido Mariano da Silva Rondon, depois de deferido meu requerimento”. (Viveiros)

- Soldado

“Poucos dias, apenas, depois de ter terminado meu curso no Liceu Cuiabano, era eu soldado do 3° Regimento de Artilharia a cavalo, com praça verificada a 26 de novembro de 1881, no Quartel do antigo acampamento Couto de Magalhães, em Cuiabá, e com destino à Escola Militar da Praia Vermelha. Para isso requeri, previamente, licença para nela me matricular.

Embarquei a 2 de dezembro desse mesmo ano de 1881, com destino ao Rio de Janeiro, aonde cheguei a 31.

Fui então mandado adir ao 2° Regimento de Artilharia a cavalo, onde iniciei a instrução de recruta, e incluído na 4ª Bateria do Regimento, sob o comando do então Capitão Hermes da Fonseca, com o soldo de 3$160.

Não tardou muito, porém, que reconhecessem em mim preparo acima daquelas funções e, como eu tinha boa letra. fui designado para o cargo de amanuense da secretaria do Regimento.

Tendo, mais tarde, o Quartel Mestre General requisitado uma praça, graduada ou não, para o cargo de amanuense, fui eu designado.

Vinha a pé de São Cristóvão ao Quartel General - mas, ao chegar à esquina da praça, comprava pé de moleque a uma baiana. Sacudindo os balangandãs e mostrando os dentes alvos, em bondoso sorriso, oferecia ela gostosas guloseimas, ativando, de vez em quando, as brasas em que assava os beijus.

Muito me fazia sofrer o alojamento com os cadetes. Minha vida de menino que só tinha um sonho - estudar para bem servir sua Terra - não me preparara para a convivência com rapazes de tão descabelada linguagem.

Como amanuense do Quartel Mestre General, porém, poderia eu residir fora do alojamento. Desarranchado, passei a receber um soldo que me permitia pagar o aluguel do quarto e fazer as refeições em um frege-moscas... Vinha o bodegueiro, um gordo português, ler o cardápio - deixava-o eu cantar a lista dos quitutes e invariàvelmente pedia um prato de feijão... que comia com pão.

E assim vivia sem apuros. Arranjara um meio de poupar lavagem de roupa: usava um colarinho de celulóide na gola da farda irrepreensível, rigorosamente abotoada... para disfarçar a falta da camisa.

Não eram válidos, para a matrícula nas Escolas Superiores do Rio, os exames do Liceu Cuiabano. Não me foi assim possível matricular-me na Escola Militar em 1882. Não desisti, entretanto, como meus colegas de Cuibá, vindos ao Rio com o mesmo objetivo, que regressaram, convidando-me a que fizesse o mesmo. Mantive-me firme no propósito de contornar a dificuldade.

Procurei imediatamente solução para esse novo problema e verifiquei que os exames, prestados na Instrução Pública, eram válidos para a Escola Militar.

Inscrevi-me, pois, em 1883, em todos os exames do Externato Pedro II e cheguei a prestar os de português e geografia cujo lente, o Dr. Xavier - que mais tarde viria a ser meu sogro - me deu plenamente.

Choviam, entretanto, empenhos para que todas as praças, aprovadas no exame de admissão, que tivessem requerido matrícula na Escola Militar - era esse o meu caso - fossem admitidas como adidas à mesma Escola. O Ministro Carlos Afonso, o Afonsinho, como lhe chamavam, cedeu e assim nós, 200 praças, fomos adidos à Escola Militar. Eram 200 novos alunos acrescentados à matrícula de 1883.

Iniciei, pois, em 1883 meu curso de preparatórios, de 3 anos. Assim, só em 1886, no caso de ser sempre aprovado, poderia eu iniciar meu curso superior, para o qual trazia, do Liceu Cuiabano, todos os preparatórios necessários que só não poderiam ser aproveitados por não serem reconhecidos oficialmente. Decidi, pois, cursar o 1° ano exigido pelo regulamento e requerer, no fim do ano, exame vago dos 2° e 3° anos.

Meus companheiros ficaram estatelados ante minha audaciosa decisão.

- Bicho peludo! pensas que com matemática de Cuiabá vais vencer! É muito atrevimento! Vais levar bomba, na certa!

- É possível, mas estou convencido de que sei e vou tentar.

E tentei. Com matemática de Cuiabá, tirei eu, o ‘bicho peludo’, distinção no 1° ano e plenamente de 2° e 3° anos.

Nunca se havia realizado tal façanha na Escola Militar cujo rigor era inquebrantável, mas, vencendo, habilitei-me a me matricular no curso superior, o que realmente fiz, em 1884. (Viveiros)

Fonte: VIVEIROS, Esther de – Rondon conta sua vida - Brasil, Rio de Janeiro,1958 – Livraria São José.

Os ‘sacoleiros’ do Conselho Indígena de Roraima (CIR)

Por Cel Hiram Reis e Silva, 13 de Maio de 2009

‘Malévolos sicários,

Raça espúria, sem Pátria, ermos de brio,

Já traidores alfanges afiando,

O ensejo só aguardam favorável

De ensopá-los no sangue

Daqueles a quem bens, e honra devem.’

(Domingos José Gonçalves de Magalhães)

- O ‘padre’ italiano Giorgio Dal Bem

Giorgio, que vive no Brasil desde a década de 60, a Igreja Católica, Organizações Não-Governamentais (ONGs) estrangeiras e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) sempre defenderam a demarcação contínua das reservas de Raposa e Serra do Sol. Desde que chegou à região o padre guerrilheiro promoveu, com seus simpatizantes, uma série de invasões a propriedades rurais no estado procurando intimidar os não-índios e os indígenas que não faziam parte de sua corja. As ações do CIR seguiam à risca a cartilha preconizada pelo missionário estrangeiro. Os criminosos destruíram patrimônio público e privado, atentaram contra a vida de seus opositores, impediram o acesso aos postos de saúde de elementos não filiados ao CIR e cercearam, indiscriminadamente, o direito de ir e vir das pessoas.

“Ele anda armado e usa os índios na exploração de ouro e no garimpo de diamante. Antes isso era feito com máquinas, e hoje o trabalho é todo manual, feito pelos índios. Enquanto estivemos juntos, sempre vi o padre pegando ouro e diamantes. Não sei o que ele fazia com aquilo, para onde mandava. Só sei que ficava com ele.” Acusava, na época, o tuxaua Terêncio Luiz.

O ‘bom’ padre transformou a aldeia Maturuca numa fortaleza na qual só permitia a entrada da FUNAI, missionários e representantes de ONGs. Sempre que se sentia acuado, o ‘padre’ se refugiava na Guiana, por diversas vezes teve de travestir-se de mulher, substituindo o hábito ou as roupas ‘mundanas’ por roupas femininas.

- O ouro de Dom Aldo Mongiano

Em abril de 1988, agentes do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e o secretário de Segurança de Roraima, Coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto, invadiram a casa do arcebispo dom Aldo Mongiano. No cofre da arquidiocese foram encontrados um saco com 615 gramas de diamante e dois quilos de ouro. Na queixa que fez à polícia sobre a invasão de sua residência, dom Mongiano não registrou o sumiço de ouro e diamante. Aldo Mongiano, da Ordem Missionária da Consolata, antes de vir para o Brasil, havia fugido de Moçambique onde apoiava a guerrilha de esquerda. O bispo italiano ofereceu, em 1993, recursos internacionais a Maurício Corrêa, então ministro da Justiça, para a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol.

- Semeando a Cizânia e o ‘Apharteid’

Aliciados pelas espúrias ONGs estrangeiras e seduzidos pela cantilena malévola e entreguista, patrocinada pelos missionários do clero católico, acobertado pelo manto da fé, o CIR, desde a década de 70, vem trabalhando na cizânia e no ‘apharteid’. O objetivo final do famigerado Conselho é, sem dúvida, criar uma nação independente com o beneplácito do governo federal e recursos fornecidos pelo próprio estado brasileiro. A recente vitória na demarcação contínua da Raposa e Serra do Sol, com o apoio de nossos alienados Ministros do STF parece que os encorajou a mostrar finalmente a sua verdadeira cara. Transcrevemos, abaixo, um artigo do amigo Wilson Barbosa, jornalista em Roraima.

- CIR rola a sacolinha - Jornalista Wilson Barbosa – Boa Vista, RR

“Não dá para acreditar. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) está rolando a sacolinha, em linhas gerais, pedindo dinheiro sob a alegação que está enfrentando dificuldades financeiras para continuar a luta pelos povos indígenas de Roraima. Pelo menos é o que consta na página da entidade do Estado que recebe recursos do governo Federal além de governos estrangeiros e entidades internacionais.

Isto é o que consta na página da ONG. “O CIR enfrenta dificuldades financeiras para continuar a luta pelos povos indígenas de Roraima. Se desejar, você pode fazer uma contribuição Solidária aos Índios de Roraima. O depósito, de qualquer valor, pode ser feito na (...)”.

O que não para dá para entender é como uma organização não governamental cujos diretores vez por outra estão viajando pelo Brasil afora e porque não dizer pelo exterior, está rolando a sacolinha, ou seja, pedindo dinheiro para continuar a luta pelos povos indígenas de Roraima, o que não é verdade. A luta da entidade deve ser apenas para os índios que rezam pela cartilha da ONG e os indígenas de outras associações ficam apenas a ver navios.

Outro ponto que acho estranho é que meses atrás o diretor da ONG, Dionito José de Souza teria declarado a imprensa que a entidade iria comprar maquinários para tocar a lavoura de arroz quando os não índios e os arrozeiros deixassem a reserva Raposa/Serra do Sol. E agora na página da ONG tem o pedido de dinheiro. Fica difícil de entender a real dificuldade financeira do CIR se é que realmente ela existe.

E o baixo astral do CIR teve mais um desdobramento. Esta semana o coordenador da Funasa em Roraima, Marcelo Lopes, concedeu entrevista para esclarecer denúncias de atrasos de salários do Conselho Indígena de Roraima (CIR), e anunciou as novas medidas quanto ao fim das assinaturas de convênios para prestação de saúde indígena com as organizações não governamentais (ONGs).

Em Roraima, os convênios com o CIR, Serviços de Cooperação aos Povos Yanomami (Secoya) e a Diocese de Roraima vencem entre maio e julho deste ano e não serão renovados. Com isso, a intenção é contratar apenas uma conveniada para o Distrito Leste de Roraima e a outra para o Distrito Yanomami. Segundo Marcelo Lopes, coordenador da Funasa no Estado, o CIR estava inadimplente com o órgão em cinco convênios.

E para receber a última parcela do convenio no valor de R$ 7,8 milhões, foi criada uma condição para que o CIR regularizasse a situação. “Esse valor é suficiente para pagar todos os funcionários e custear todas as despesas. Os convênios não serão renovados”, enfatizou Lopes a imprensa.

Durante a coletiva aos meios de comunicação do Estado, o coordenador Marcelo Lopes, afirmou que a idéia é quebrar o ciclo de convênios renováveis, tendo em vista que há dez anos que o CIR tem convênio com a Funasa. “Houve um desgaste. Vale ressaltar que o CIR foi um modelo para todo o Brasil. Porém, vamos corrigir todos os erros. Precisamos de um modelo que se adeque a nossa realidade”, declarou o coordenador da Funasa em Roraima.

E ao tudo indica vem mais pressão contra o Conselho Indígena de Roraima. O deputado federal Márcio Junqueira tem prometido que vai continuar denunciando a não prestação de contas da entidade, que tem o dever de apresentar como foram gastos os recursos recebidos nos últimos anos do governo Federal.

Em 2002 o Senado Federal criou a 1ª Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no sentido de apurar as atividades das organizações não governamentais (ONGs) no País e este ano o Senado vai implantar em breve a segunda CPI que tem o objetivo de investigar os recursos oriundos do governo Federal que foram repassados as ONGs do Brasil”.