"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 17, 2010

FestiPoa Literária

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Dia 20 começa a FestiPoa Literária

Debates, saraus, exposições, exibição de filmes, lançamentos de livros e oficina de confecção de livros e de pintura de capas para livros em papelão integram a programação do evento. O escritor homenageado deste ano será o ficcionista e tradutor Sergio Faraco (foto), que estará na abertura da FestiPoa, dia 20, às 17h, na Palavraria, conversando com Cíntia Moscovich e Jacob Klintowitz.

Confira mais novidades no twitter e no blog do evento.

Produção e Realização


Parceiros

Cinzas de vulcão param aviões em toda a Europa

bol notícias - 17/04/2010 - 07h40 | da Folha Online



Fumaça é vista durante erupção de vulcão na geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia. Um total de 16 mil voos foram cancelados hoje na Europa como consequência da nuvem de cinzas, que mantém fechado o espaço aéreo de vários países europeus.

Três dias depois da erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, a nuvem de cinzas que ele em expelindo praticamente parou o tráfego aéreo em toda a Europa neste sábado do Reino Unido à Rússia, atingido países como a Romênia.

Os principais aeroportos europeus passaram a sexta-feira fechados e a situação não tem previsão de melhora, de acordo com o Serviço Britânico de Tráfego Aéreo (Nats, na sigla em inglês).

'As previsões atuais mostram que a situação vai piorar ao longo do sábado', afirmou a organização.

A Agência Europeia de Tráfego Aéreo (Eurocontrol), que monitora o espaço aéreo de 38 países, afirmou que dois terços dos 28 mil voos em toda o continente foram cancelados na sexta-feira. O Reino Unido estendeu o fechamento do seu espaço aéreo do meio dia de sábado à 1h de domingo (21h, em Brasília).

A suspensão dos voos está provocando prejuízos diários de mais de R$ 350 milhões, de acordo com a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês), que representa 230 empresas aéreas,

Milhares de passageiros já perderam os seus voos. Na Alemanha, todos os 16 aeroportos internacionais do país não devem operar neste sábado, e a companhia aérea Lufthansa já cancelou todos os voos até as 20h (15h, em Brasília).

'Nunca houve nada como isso', afirmou um porta-voz da empresa, acrescentando que não há aviões da empresa no ar em qualquer parte do mundo.

Alternativas de transporte

Na Europa, passageiros estão buscando alternativas como trens, ônibus e barcas.

O serviço Eurostar, que liga a Reino Unido ao continente europeu está lotado até segunda-feira.

'Em termos de fechamento de espaços aéreos, isso é pior que 11 de setembro. A interrupção é pior do que qualquer coisa que já vimos', disse um porta-voz do órgão que regulamenta a aviação no Reino Unido, a Civil Aviation Authority.

Entre os milhares de pessoas afetadas pela nuvem de cinzas vulcânicas estão a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que foi obrigada a pousar em Portugal na sua volta dos Estados Unidos, e a cantora americana Whitney Houston, que foi forçada a viajar de carro do Reino Unido para a Irlanda para fazer um show.

A suspensão de voos na Europa está provocando consequências há milhares quilômetros do continente, com o cancelamento de voos na Austrália, Índia, China, Japão e Cingapura.

A erupção do vulcão na Islândia começou na quarta-feira e continua lançando cinzas na atmosfera. Especialistas temem que as cinzas contidas na fumaça entrem nos motores do avião entupindo as turbinas. Quando isso acontece, o motor para de funcionar em pleno voo.

Perigos

As cinzas, no entanto, não apresentam risco grave para a saúde das pessoas. Segundo autoridades de saúde na Escócia, onde a previsão era de que as cinzas começassem a cair na noite de quinta para sexta-feira, a expectativa é de que a concentração de partículas seja baixa.

O serviço de meteorologia britânico Met Office afirmou que qualquer partícula que tocasse o chão seria praticamente invisível.

A segunda erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull em um mês começou na quarta-feira, lançando uma nuvem de fumaça a uma altura de 11 quilômetros na atmosfera. Uma fissura de 500 metros apareceu no topo da cratera.

O calor do vulcão derreteu parte do gelo em volta, provocando enchentes na região na quarta-feira.

Nos primeiros momentos, cerca de 800 pessoas tiveram que abandonar as suas casas. O vulcão, no entanto, continuou emitindo nuvens de poeira em direção à Europa.

Especialistas não sabem quanto tempo esta erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos.

domingo, abril 11, 2010

Balanço catastrófico de duas décadas de guerras

resistir info - 11 abr 10
por Eduardo Maia Costa [*]

Hieronymus Bosch, 'Nau de loucos', c.1500. CLIQUE PARA AMPLIAR I. A guerra, meio de reprodução dos impérios

Ao contrário do que se poderia (ingenuamente) esperar (e alguns efectivamente esperaram), o fim da Guerra-Fria não conduziu à pacificação das relações internacionais nem ao fim das guerras, não instaurou uma "Nova Ordem Internacional" de paz e progresso, que Bush (o pai) chegou a anunciar.

Pelo contrário, a afirmação dos EUA como única superpotência militar levou de imediato a uma série de guerras, iniciada com a do Golfo Pérsico, que não terminaram mais.

Guerras quentes e também guerras frias (Coreia, Irão…), num xadrez imenso que cobre o globo.

Porquê estes sucessivos e latentes conflitos se o poderio militar dos EUA não é desafiado, nem sequer contestado?

A guerra, creio, é uma das formas não só de afirmação como de reprodução dos impérios.

A guerra exerce diversas funções na consolidação do domínio imperial: funções políticas (conquista de posições, eliminação de inimigos), económicas (complexo militar-industrial), militares (testagem de estratégias e de armas) e até simbólicas (exibição da força, para uso externo e interno).

O império americano não assenta apenas na força. Nenhum império pode assentar somente na força. Quando os impérios se baseiam apenas na força estão à beira da queda.

É indispensável um título legitimador que permita o domínio para além da força. É a função desempenhada pela hegemonia ideológica e cultural. Nenhum império sobrevive sem conquistar esse domínio, que lhe permite arvorar-se em vanguarda civilizacional, cultural, e até moral, contra os inimigos, degradados à condição de "bárbaros". É assim desde a antiga Atenas.

O império americano dispõe de poderosas armas ideológicas (os chamados "direitos humanos" – ou seja, os direito cívicos, que são essenciais para o funcionamento da economia capitalista, mas já não os direitos sociais e económicos – e a "cultura popular" – a TV, o cinema, a música, que hoje provêm exclusivamente ou quase dos EUA) e de veículos de difusão impressionantes (desde logo, a língua, a língua única, que não é "neutra", pois, mais do que instrumento universal de comunicação, ela é a difusora da ideologia, mas também a TV, a Internet, etc.).

Esta difusão universal da ideologia/cultura americana constitui o veículo de penetração da legitimidade do império.

O conhecimento torna-se reconhecimento.

O "pensamento único" impôs-se primeiro internamente, depois globalmente.

Há uma só "língua ideológica" internacionalmente falada e compreendida.

Uma língua/pensamento imposta também pela falta de pluralismo na comunicação social, o que é particularmente evidente no nosso país, tornando residual a difusão de "outros" pontos de vista.

II. A resistência ao império

Mas o império americano (a Pentagónia, como lhe chamou Fidelino de Figueiredo), se atrai e inclui muitos, hostiliza e exclui muitos mais, interna e externamente.

A resistência ao império é uma componente inevitável da existência de qualquer império.

A globalização económica, política e ideológica dos anos 90 foi sendo acompanhada pela resistência interna, com surtos de contestação por vezes radicais, e pelo confronto externo em diversos teatros de guerra, que não excluíram a própria Europa.

O grande problema do império americano é a sua imensidão, a sua sobre-extensão, a escala planetária a que se alarga, e que o obriga a um desdobramento de forças por todo o mundo e a um encargo financeiro tremendo.

Por isso, o império se vê progressivamente necessitado e até de alguma forma "dependente" de "aliados" (Europa, Canadá, Japão, Austrália) para juntarem forças para o ataque e ocupação do terreno, quando é caso disso. A formação de alianças "ad hoc" para a invasão do Iraque e do Afeganistão comprova a incapacidade dos EUA para agirem sozinhos.

Existe, é certo, a ONU, aliás a única entidade que pode decretar a guerra fora da estrita hipótese de legítima defesa (arts. 39º a 51º da Carta).

Mas, embora os EUA não menosprezem a "cobertura" da ONU para as suas acções, que confere uma legitimidade acrescida às mesmas, certo é que a ONU é uma organização demasiado pesada, complexa e "exigente" para servir os objectivos pretendidos. Os EUA precisam de instrumentos coesos e expeditos na forma de actuar.

III. A NATO, instrumento do império norte-americano

A NATO constitui o primeiro dos instrumentos do império americano. Instituída para a "defesa contra a ameaça soviética", em 1949 (o Pacto de Varsóvia só foi criado em 1955!), a NATO tinha, em termos institucionais e programáticos, o seu destino ligado ao da tal "ameaça soviética".

Mas o certo é que a NATO sobreviveu ao fim da Guerra Fria…

Logo em 1991 o conceito estratégico é reformulado em termos de alargar os objectivos da aliança da defesa dos seus membros à "segurança" da Europa no seu todo. A NATO passou a considerar-se responsável por essa segurança colectiva, independentemente da existência de ameaças para os seus membros. Ou seja, a NATO adquiriu competência para intervir em toda a Europa, não em defesa de algum dos seus membros, mas como força promotora da "segurança colectiva", tal como ela é interpretada pelo império, ou seja, como "polícia da Europa".

Em 1999, novo conceito estratégico amplia a competência da NATO à defesa da "paz e estabilidade" em toda a região euro-atlântica.

No entanto, nos anos 90, as intervenções da NATO na Europa (ex-Jugoslávia) invocaram também o título de "intervenção humanitária", mais legitimador.

Mas, com os ataques de 11/9/2001, e embora mantendo o mesmo conceito estratégico, a NATO é chamada à "defesa" dos seus membros "dentro e fora" da sua área de intervenção. A NATO arroga-se o direito de intervir em qualquer parte do mundo desde que os interesses dos seus membros estejam aí em perigo, em nome da "segurança global", de que se considera responsável. De polícia da Europa, a NATO converte-se em polícia do mundo. O "humanitarismo" é completamente rasurado.

Desde 2006, a NATO discute um novo conceito estratégico que visa, afinal, assumir expressamente esta "missão de segurança global", substituindo-se assim à ONU.

Esse documento será em princípio discutido e aprovado em Lisboa na cimeira a realizar no final deste ano.

IV. Uma aliança em erosão

No fim do consulado de Bush, o isolamento internacional dos EUA era quase total, devido ao fracasso no Iraque da sua política imperial. Os aliados tinham desertado quase todos. A opinião pública, internamente e a nível internacional, tinha colocado o império em dificuldade.

Obama veio trazer uma nova respiração ao império. Mas o caminho seguido por ele em pouco difere do anterior. Ao escolher a "guerra boa" (Afeganistão), em detrimento da "guerra má" (Iraque), Obama pensava contentar a opinião pública e escolher um alvo fácil e para o qual encontraria aliados.

Inicialmente, acalmou a opinião pública e encontrou aliados. Mas a guerra não é fácil. Não há "progressos" (pelo contrário), apesar do crescente envolvimento militar e da crescente agressividade contra a população civil afegã.

A aliança sofre uma grande erosão. E a opinião pública aperta, porque o desgaste militar e orçamental é enorme e os resultados não se mostram "compensadores". As baixas não param. A aliança começa a ser abertamente questionada nos países europeus. A Holanda já desertou…

Quanto tempo levará Obama a concluir que não há "guerras boas"?

E o Iraque? Invadido e ocupado há 7 anos, mantém-se um protectorado americano, apesar do disfarce de autonomia que se tenta conferir às suas instituições.

O ódio do povo ao ocupante é tanto que todos os partidos se dizem contra a ocupação, mesmo os que dela dependem para sobreviver politicamente.

Mas alguém acredita que, apesar das divisões, da tribalização a que a sociedade iraquiana foi submetida, alguém acredita que, após a retirada, o poder continuará por muito tempo nos amigos dos americanos? Aliás, alguém acredita que os EUA retirarão se virem em perigo o protectorado?

V. Denunciar o apoio português

Barroso, enquanto primeiro-ministro português, foi, como se sabe, um dos grandes entusiastas da agressão ao Iraque e conseguiu mesmo ficar na célebre "fotografia" das Lajes. O apoio português foi sobretudo diplomático e político, mas envolveu também o envio de uma força da GNR, após a ocupação, e a nomeação de um "representante" na autoridade ocupante.

Tudo isto contra a expressiva vontade do povo, manifestada de variadas formas (na AR e na rua).

A colaboração com a CIA na transferência de prisioneiros, embora nunca admitida oficialmente, é inegável, e abrangeu os governos de Barroso, Santana Lopes e presumivelmente o primeiro governo de Sócrates.

Na guerra do Afeganistão, Portugal colaborou primeiro enviando uma força da GNR e, posteriormente, com forças militares dos três ramos das Forças Armadas. Actualmente, encontram-se lá 167 militares. Durante este mês de Março o contingente será reforçado com a partida de 162 militares "operacionais", para intervirem em acções de guerra.

É preciso denunciar este apoio, que constitui uma subserviência ao império americano, pois Portugal nenhuns interesses tem a defender naquela região do mundo e só tem a perder com esse envolvimento militar.

VI. Um balanço catastrófico

O balanço que se pode fazer de duas décadas de guerras é catastrófico, em termos de mortes (militares e civis), estropiados, torturados e deslocados, de despesas e desperdício de meios, de destruição de infra-estrututas económicas, de equipamento social e de património cultural, e de desestruturação familiar e social nos países atacados e ocupados.

Mas não só nesses se verificam danos. Também nos "vencedores" houve danos profundos, não só em baixas humanas, como também em matéria de liberdades e direitos individuais. Para além de que o investimento nas guerras desvia os recursos dos fins sociais para finalidades bélicas.

O problema das guerras é global. Devemos agir não só por solidariedade com os povos e países atacados e violentados, como também em nossa própria defesa.

[*] Magistrado, membro do Tribunal-Iraque. Intervenção na sessão pública promovida pelo Tribunal-Iraque em Lisboa, a 20 de Março de 2010, para assinalar o 7.º aniversário da invasão do Iraque, sob o tema "Um mundo em estado de guerra?"

O original encontra-se em http://tribunaliraque.info/pagina/artigos/depoimentos.html?artigo=662

CONTRA OS QUE MAMAM...

aijesus.blosgspot.com - 11 abr 10

Para quem ainda não ouviu... uma deputada com os ovários no sítio:



Tive que buscar em um site fora do país esse discurso que mostra alguns dos exemplos da atuação de nossos políticos. Alguém já tinha visto esse vídeo?

O Príncipe dos Sociólogos deu nisso

Blog do Luis Nassif - 11/04/2010 - 07:35


Globo mente para crucificar prefeito de Niterói. E Lacerda volta a escrever editorial

Conversa Afiada - 10/abril/2010 10:57


 Ao lado deste "Caminho Niemeyer" ficará a estação  Getulio Vargas. A Globo não vai aguentar

Ao lado deste "Caminho Niemeyer" ficará a estação Getulio Vargas. A Globo não vai aguentar

A manchete do Globo de hoje mente:

“Niterói deixou de remover outra favela condenada. Morro do Céu, a 2 km do Bumba, também permanece junto a um lixão.”

O Globo diz que a favela nasceu junto a um lixão, o do Caramujo, que substituiu o do Morro do Bumba, que veio abaixo e pode ter soterrado 200 pessoas.

A Fátima Bernardes esteve ontem no Caramujo.

Eu também.

Ela sabe que os moradores do Morro do Céu se estabeleceram lá ANTES de a área mais alta se transformar num lixão.

Portanto, não ocorreu o mesmo do Bumba, onde os moradores construiram casas em cima de um lixão que já existia, desativado e compactado.

A favela do Morro do Céu NÃO está condenada.

A menos que tenha sido pelos geólogos da página de editoriais do Globo.

A disputa lá é por indenização.

É claro que eles querem mudar dali, sair de perto de um lixão horroroso.

E disputam com a Prefeitura o valor de suas casas.

A Fátima Bernardes sabe disso, porque viu os cartazes que os moradores prepararam para o jornal nacional (e para a Record).

O jornal nacional e o Globo dizem que o prefeito Jorge Roberto Silveira, eleito pelo povo de Niterói QUATRO vezes, não removeu os moradores do Bumba, “apesar de o município (?) ter sido alertado por estudos da UFF”.

Eu entrevistei Jorge Roberto ontem.,

Eu, uma repórter da Globo, um repórter da TV Brasil e, por telefone, apresentadores da Record News.

A todos ele disse que não sabia que o Bumba pudesse desabar.

Não teve conhecimento de estudo NENHUM.

Que o lixão do Bumba tinha sido desativado nos anos 80, antes que ele tivesse sido eleito pela primeira vez.

Que, para ele, aquela era uma das regiões pobres de Niterói, que ele dotou de escola e serviço médico.

A rua asfaltada que envolve a area desabada do Bumba foi construida antes dele.

À TV Brasil Jorge Roberto perguntou: qual é o problema – levar assistência aos pobres ?

Dede ante-ontem e ontem, no Bom Dia (?) Brasil – onde a urubóloga Miriam Leitão agora pontifica sobre lixo – a Globo insiste em não deixar o Jorge Roberto dizer que não teve conhecimento de estudo que condenasse o Bumba.

A Globo corta a resposta antes.

O editorial deste sábado do Globo (” falácia da urbanização das favelas” ) é uma repetição sistemática das ideias do Carlos Lacerda sobre os pobres do Rio: removê-los.

De preferência para o Quinto dos Infernos.

O editorialista do Globo (falta-lhe o sinistro talento do Carlos) diz que políticas de urbanização de favelas são populismo, não resolvem o problema e que obras como o PAC no Alemão, na Rocinha – isso tudo é malandragem eleitoral.

O problema da Globo são os pobres.

E o povo não é bobo.

Fui agora de manhã comprar o Globo numa banca na Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Mostrei a manchete ao jornaleiro: “Niterói deixou de remover outra favela condenada”.

- Você viu isso ?

Ele respondeu:

- Isso é cascata da Globo. (Note que ele fala do jornal como se fosse a TV – PHA)

O problema do(a) Globo é que o governador, prefeito do Rio e de Niterói não é o Carlos Lacerda.

Aquele que removia favelas na Zona Sul, abria espaço para empresas imobiliárias, e criava centros de delinquência na Zona Norte.

O único defeito é que ainda assim as favelas ficavam muito perto da Zona Sul.

Melhor seria se tivessem sido removidas para a Ilha do Diabo.

Qual é o o problema da(o) Globo com o Jorge Roberto ?

Jorge Roberto Silveira representa uma das mais nobres familias de políticos trabalhistas do Estado do Rio.

O pai – Roberto Silveira – morreu num desastre de helicóptero quando governava o Estado.

O tio, Badger, também foi governador.

Todos trabalhistas, getulistas, janguistas, brizolistas.

Jorge Roberto é do PDT, partido que a Globo(o) menciona em todas as reportagens sobre a tragédia de Niterói.

(Em São Paulo, no Alagão do Zé Inacabado, a Globo não mencionou o partido DEMO-tucano, nem o nome do governador. Uma questão de disciplina (*).)

Jorge Roberto está para concluir o “Caminho Niemeyer”, um conjunto urbanístico maravilhoso, desenhado por Oscar, e que vai conter um Museu com toda os estudos, maquetes, rascunhos, desenhos de Niemeyer.

O “Caminho” vai se encontrar com o Museu do Niemeyer, uma das melhores obras do arquiteto, de frente para a Baia de Guanabara.

Deslumbrante.

Ao lado estará uma estação rodoviária que se chamará “Getúlio Vargas”.

Outra obra de Niterói tem o nome de João Goulart.

Os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – têm memória.

Eles sabem que o pai ajudou Vargas a meter uma bala no peito.

Eles perseguem Vargas até depois de morto.

O problema é que nós, amigos navegantes, também temos memória.

E sabemos que a UDN só chega ao poder com o Golpe .

Clique aqui para ler “PiG (**) e Gilmar tramam contra Dilma”.

Paulo Henrique Amorim

(*) O Zé Incacabado, como se sabe, agasalhou um trampo da Globo: tornou escola “técnica” para empregados da Globo uma área que a Globo invadiu por 11 anos. Uma operação igual à da Cutrale, onde o Serra mandou bater no pessoal do MST.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Lula: “Serra pediu minha ajuda na greve dos professores, mas não cumpriu o acordo”

Site do Azenha - 11 de abril de 2010 às 10:36

A revelação foi durante encontro com sindicalistas nesse sábado, 10 de abril, no ABC

do Último Segundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que o pré-candidato do PSDB à presidência, José Serra, pediu sua ajuda quando ainda estava à frente do governo de São Paulo para debelar uma manifestação de professores grevistas, mas descumpriu o acordo. Serra teria se comprometido a receber pessoalmente os professores, mas mandou o secretário da Educação, Paulo Renato, como representante.

O pedido de ajuda teria ocorrido durante uma cerimônia de entrega de ambulâncias da qual ambos participaram em Tatuí, interior paulista, no dia 25 de março.

“Lá em Tatuí fomos procurados pelo seu adversário que dizia para nós tentarmos ajudar na greve dos professores que iriam ao Palácio dos Bandeirantes em determinado dia. Eu vim para cá e o nosso querido companheiro Edinho (Silva, presidente do PT-SP) ligou para o governador Serra. Eu assumi o compromisso de conversar com a Apeoesp (sindicato que representa os profesores estaduais)”, disse Lula à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.

O presidente relatou ter conversado no mesnmo dia durante o 2º Congresso da Mulher Metalúrgica, também no sindicato do ABC, com a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bel, e intermediado uma reunião entre os grevistas e o governador.

“A Bel, presidente da Apeoesp, estava aqui neste sindicato. Nós conversamos com a Bel, o Edinho ligou para o Zé Serra e eu havia dito para o Serra diretamente na conversa: “Serra, converse você diretamente com o sindicato. Não deixe o seu secretário da Educação conversar porque ele não conversava quando era ministro. Converse você, eles não querem muito e estão dispostos a fazer um acordo. Converse”.

Segundo Lula, Serra teria prometido ao presidente do PT paulista receber pessoalmente os professores. O iG apurou que o governador sugeriu a possibilidade de enviar o secretário da Casa Civil, Aloyzio Nunes Ferreira, já que a Apeoesp não aceitava negociar com Paulo Renato.

“Cheguei aqui e o Edinho me comunicou: “presidente eu conversei com o Serra e ele vai conversar com os professores’”, disse Lula.

De acordo com Lula, Serra não teria cumprido o acordo. “Conclusão: eu fui embora tranquilo. Conversamos com a Bel tranquilo de que o governador iria chamar os professores para conversar. Qual não foi minha surpresa quando no dia seguinte ele viajou, não conversou, e mandou um secretário seu conversar com os professores”, disse o presidente.

A assessoria de Serra, que poucas horas antes teve o nome lançado pelo PSDB em Brasília, foi procurada, mas não se manifestou.

A repressão policial às manifestações dos professores grevistas foi explorada em vários discursos durante o encontro de Dilma com representantes da seis centrais sindicais, neste sábado. “Posso afirmar porque estive do lado de lá na eleição passada. O Serra não gosta de trabalhador”, disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e do PDT-SP.

Efeito 'jovem viúva' surpreende o INSS

Instituto Humanitas Unisinos - 11 abr 10

O casamento entre mulheres jovens e trabalhadores mais velhos ou já aposentados passou a ser um dos nós da Previdência Social brasileira, que hoje concede por ano 30 mil pensões para beneficiários de casamentos em que a diferença de idade era superior a dez anos, conforme dados obtidos pela Folha.

A reportagem é de Julianna Sofia e Andreza Matais e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-04-2010.

Segundo o Ministério da Previdência, atualmente 605 viúvas de 15 a 19 anos recebem pensão por morte. Os números levantam a suspeita de que podem estar ocorrendo casamentos forjados para assegurar às famílias a manutenção do benefício após a morte do aposentado.

A cada ano, as novas concessões para jovens viúvas aumentam em R$ 280 milhões os gastos da Previdência, considerando o atual valor médio dos benefícios: R$ 713,14.

No total, são concedidas por ano aproximadamente 360 mil pensões por morte. O segmento já representa 30% dos 23,5 milhões de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Esses benefícios por morte consomem R$ 50 bilhões por ano.

"A concessão de pensões a casais com diferença superior a dez anos já representa um mês por ano do total de benefícios concedidos desse tipo. Essas pensões terão longa duração, sem contar a diferença de cinco anos que a mulher vive a mais que o homem", disse Helmut Schwarzer, dias antes de deixar o cargo de secretário de Previdência Social.

"Efeito Viagra"

O fenômeno do casamento entre gerações ganhou impulso no Brasil na década de 1980 e se manteve em alta nos últimos anos com o avanço da medicina. O chamado "efeito Viagra" e seus desdobramentos na Previdência Social vêm sendo estudados por especialistas, que consideram as regras de concessão das pensões no Brasil muito generosas.

Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre registro civil mostram que os casamentos de homens acima de 55 anos são mais comuns do que os de mulheres nessa faixa etária. A taxa de união civil para aqueles com mais de 60 anos chega a ser mais que o dobro da verificada entre as mulheres.

Em 2008, foram registrados 250 mil casamentos com diferença de idade acima de dez anos entre marido e mulher. Desses, 190 mil eram de mulheres mais jovens com homens mais velhos, de acordo com os dados do Ministério da Previdência Social.

"Não são mais casamentos só intergeracionais. São interseculares. O modelo brasileiro estimula as situações de casamento "fake". O próprio Ministério da Previdência já verificou isso. Homens de 70 anos com mulheres com menos de 20 anos", diz Paulo Tafner, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

''O problema está na tomada de decisão''

Instituto Humanitas Unisinos - 11 abr 10

As grandes cidades do País estão bem servidas de sistemas informatizados para a prevenção de desastres. Também não se pode dizer que as chuvas que atingiram o Sudeste nos últimos meses sejam "imprevisíveis" - fenômenos como o registrado no Rio na semana passada se repetem mais ou menos a cada duas décadas.

Então, como explicar as tragédias provocadas pelas chuvas? "O problema está na tomada de decisão. Isso não é técnico, é político", diz o geólogo Agostinho Ogura, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

As soluções, segundo ele, passam pelo investimento em projetos de urbanização e remoção de famílias de áreas de risco, como nos bairros-cota, em Cubatão (SP), e o aperfeiçoamento dos programas de prevenção.

A entreivsta é de Bruno Tavares e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 11-04-2010.

Eis a entrevista.

Que fatores são mais decisivos numa tragédia como a do Rio: os naturais ou os humanos?

Temos os dois contextos. O pano de fundo é sempre natural. Toda a Região Sudeste é de relevo acidentado. Nessa área, há condições naturais para a ocorrência de chuvas de alta intensidade. Isso sempre ocorreu, de termos chuvas muito intensas num curto espaço de tempo. Eventos de 300, 400 milímetros podem parecer anormais, mas não são. Ocorrem periodicamente - 1922 em Santos; 1948 na divisa entre Rio, São Paulo e Minas; 1966/67 em Caraguatatuba (SP) e no Rio; 1988 em Petrópolis, Rio e São Paulo; 2008 em Santa Catarina e 2010 em São Paulo e Rio. Sempre vai chover, até mais, por conta das mudanças climáticas. Enchentes causam prejuízos econômicos, mas escorregamentos matam. E aí está o problema: as pessoas invadem áreas sujeitas a isso.

A culpa é de quem invade ou de quem deixa invadir?

A culpa não é de quem ocupa, mas de quem deixa ocupar. Isso está escrito em todas as constituições municipais. Isso é de competência do poder municipal. É fácil controlar isso? Efetivamente não. Sob o ponto de vista legal, isso que prefeitos estão dizendo agora, que a culpa é de quem invade, não existe.

É possível reverter isso?

Projetos de melhorias das condições urbanas e redução de riscos existem e são perfeitamente viáveis. Temos bons exemplos com São Paulo - a antiga Favela do Gato, o Morro do Jaguaré, o Jardim Damasceno. As pessoas moram no local, mas em conjuntos habitacionais dignos. O exemplo de Cubatão, dos bairros-cota, é o melhor. O projeto contempla a remoção de um grande número de pessoas que vivem nas encostas da Serra do Mar. Quem mora em áreas de risco alto será removido. As moradias que vão continuar passarão por projetos de reurbanização e estabilização geotécnica. Haverá uma recomposição da floresta. Esse é o projeto mais bem acabado e a tendência é de que ele se reproduza para toda a Serra do Mar. Até o entulho da desconstrução das casas tem destinação correta.

Por que essas experiências não são replicadas pelo País?

Porque elas estão muito ao sabor de uma determinada política de governo. E quando há uma mudança política, esses projetos deixam de ser prioritários, talvez porque tivessem a marca muito forte do governo anterior. A velocidade de execução das obras é outro aspecto. É preciso que as verbas necessárias sejam alocadas. Isso precisa estar claro, as pessoas precisam cobrar quanto do orçamento vai ser destinado.

Esses projetos são viáveis para quaisquer municípios, sejam eles pobres ou ricos?

É claro que é preciso trazer para a realidade do local, mas sob o ponto de vista técnico fica possível. O que temos visto é uma grande dificuldade dos municípios sem recursos conseguirem esse dinheiro. Há um projeto do Ministério das Cidades, mas é preciso entender por que ele não foi bem implementado. Em 2007, Niterói elaborou seu Programa de Redução de Riscos e mesmo assim teve essa quantidade de mortes.

O que falhou?

Quem age na área é o município. O assunto tem de ser tratado como prioridade. Se os prefeitos estão tão aterrorizados quanto dizem, eles têm de colocar como prioridade.

O senhor é favorável ao uso de força policial na retirada de famílias de áreas de risco?

Numa condição de emergência, isso tem de ser feito. Mas é preciso entender que você só faz isso porque não tinha um plano preventivo estruturado.

Do ponto de vista tecnológico, as cidades estão preparadas para fazer prevenção?

Em termos de engenharia e capacidade de prevenção e previsão meteorológica, estamos bem. Em São Paulo e no Rio, esses sistemas existem e funcionam muito bem. O problema não está no "hardware", mas no "software". Falta planejamento urbano, regras para o uso do solo. O poder público é incapaz de fazer valer o que manda a lei, de fiscalizar, controlar. Defesa Civil tem pouca capacidade de atuar preventivamente. A informação que chega não se transforma em ação preventiva. A Defesa Civil não deve servir para resgatar corpos. É inconcebível que depois de tudo que aconteceu no Rio entre segunda e terça-feira, morra ainda mais gente na quarta-feira. O problema está na tomada de decisão. Isso não é técnico, é político.

Esse artigo corrobora o que escrevi a alguns dias atrás sobre a tragédia no Rio de Janeiro.

A Febraban teve um apagão moral de 24 horas

Instituto Humanitas Unisinos - 11 abr 10

"O Rio estava de joelhos e a banca informou aos cariocas que cobraria a multa-inundação", escreve Elio Gaspari, jornalista, em artigo publicado pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, 11-04-2010.

Eis o texto.

O presidente da Federação Brasileira de Bancos, Fábio Barbosa (Santander), e seus dois vice-presidentes, José Luiz Acar (Bradesco) e Marcos Lisboa (Itaú Unibanco), deveriam marcar um almoço para responder à seguinte pergunta: "Que tal fecharmos nossa quitanda?"

O Rio estava de joelhos (a sede da guilda fica em São Paulo), os mortos já beiravam a centena, os desabrigados eram milhares, e a Febraban emitiu uma nota oficial informando o seguinte:

"Somente em caso de decretação de calamidade pública é que os bancos poderão receber contas atrasadas sem cobrar os juros de mora estabelecidos pelas empresas que emitiram os títulos e boletos de cobrança." (Havia a calamidade, mas faltava o decreto.)

Nenhuma palavra de pesar, muito menos misericórdia. Recomendavam aos clientes que usassem o telefone, a internet ou recorressem aos caixas eletrônicos, sem explicar como chegar a eles. Centenas de agências bancárias estavam fechadas.

Exatas 24 horas depois, a Febraban voltou atrás. Aliviou as multas, os juros e ofereceu os serviços dos bancos para orientar as vítimas que porventura já tivessem sido mordidas.

Recuou com a mesma arrogância da véspera. Nenhuma palavra de pesar. Ao contrário. Em tom professoral, a guilda dos banqueiros ensinou: "Cabe lembrar que a cobrança é um serviço que os bancos, sob contrato, prestam às empresas titulares dos valores a serem pagos". Se é assim, por que recuou?

A Febraban deve ser fechada porque, tendo sido criada para defender os interesses de uma banca que gostava da sombra, tornou-se um ativo tóxico. Numa época em que as grandes casas de crédito gastam fortunas para divulgar seus compromissos com a sociedade, a Febraban arrastou-as para um apagão moral.

Há uma diferença entre banqueiro e usurário. Amadeo Giannini, por exemplo, era banqueiro. Em 1906, logo depois do terremoto e do incêndio de San Francisco (3.000 mortos), ele foi ao cofre de sua pequena casa bancária, tirou cerca de US$ 40 milhões (em dinheiro de hoje) e montou uma bancada no meio da rua. Enquanto os magnatas de colarinho engomado fechavam suas agências, Giannini concedia empréstimos, pedindo apenas a garantia de um aperto de mão. Ele morreu em 1949, rico, famoso e respeitado, dono do Bank of America. Pelas suas memórias, recebeu de volta até o último centavo. Na terça-feira, não havia banqueiro na Febraban.

Quem sustenta os bancos é a população, com seus depósitos e outros investimentos. Acho que seria hora da população carioca retirar seus valores desses bancos e repassá-los para os bancos públicos como forma de protesto. Aí queria ver essas três figuras sinistras tomarem tal decisão novamente.

Governo tem 19 projetos de usinas na Amazônia

Instituto Humanitas Unisinos - 11 abr 10

Após Belo Monte, o próximo grande projeto hidrelétrico previsto é São Luiz do Tapajós, no Amazonas. Com potência total de 3.136 megawatts (MW), o projeto faz parte da lista de 19 aproveitamentos hidrelétricos na Amazônia Legal incluídos na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). A expectativa do governo é que o leilão de São Luiz seja realizado no ano que vem.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 11-04-2010.

"A Amazônia tem 66% do potencial hidrelétrico ainda não aproveitado no País. É natural que os principais projetos sejam lá", diz o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim. Ele espera dificuldades menores para aprovação dos novos projetos, pois muitos deles seguirão o conceito de usina plataforma, que reduz os riscos de desmatamentos.

Esse é o caso de São Luiz do Tapajós e de outras nove usinas incluídas no PAC 2 - duas delas em Mato Grosso e o restante na Amazônia. São Luiz está em área de conservação ambiental, mas não há grandes comunidades indígenas - um dos principais entraves a Belo Monte. Ainda este ano, Tolmasquim espera levar a leilão 13 usinas hidrelétricas, a maioria nos rios Parnaíba, no Nordeste, e Teles Pires, em Mato Grosso. Ao todo, terão capacidade instalada de 4.586 MW.

O crescente número de hidrelétricas, diz, vai reduzir ao mínimo a necessidade de operação de térmicas a óleo no País. No plano decenal que será lançado em breve, a EPE vai indicar que, em 10 anos, as térmicas a óleo combustível vão gerar apenas 7% de sua capacidade instalada. No caso das usinas a diesel, a taxa será ainda menor: 1%.

Aquífero descoberto no Norte seria maior que Guarani

Instituto Humanitas Unisinos - 11 abr 10

Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) divulgarão oficialmente na semana que vem a descoberta do que afirmam ser o maior aquífero do mundo. A imensa reserva subterrânea sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá tem o nome provisório de Aquífero Alter do Chão - em referência à cidade de mesmo nome, centro turístico perto de Santarém.

A notícia é de Karina Ninni e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 11-04-2010.

"Temos estudos pontuais e vários dados coletados ao longo de mais de 30 anos que nos permitem dizer que se trata da maior reserva de água doce subterrânea do planeta. É maior em espessura que o Aquífero Guarani, considerado pela comunidade científica o maior do mundo", assegura Milton Matta, geólogo da UFPA. A capacidade do aquífero não foi estabelecida. Os dados preliminares indicam que ele possui uma área de 437,5 mil quilômetros quadrados e espessura média de 545 metros. "É menor em extensão, mas maior em espessura do que o Guarani."

Matta cita a porosidade da rocha em que a água está depositada como um dos indícios do potencial do reservatório. "A rocha é muito porosa, o que indica grande capacidade de reserva de água. Além do mais, a permeabilidade - a conexão entre os poros da rocha - também é grande."

Segundo ele, apesar de as dimensões da reserva não terem sido mapeadas, sai do aquífero a água que abastece 100% de Santarém e quase toda Manaus. "A vazão dos poços perfurados na região do aquífero é outro indício de que sua reserva é muito grande", afirma Matta.

Para o geólogo Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, a comparação com o Guarani é interessante como referência, mas complicada. "O Guarani é um aquífero extremamente importante para o Brasil e para a América Latina, mas não é o maior do mundo. Há pelo menos um aquífero, na Austrália, que é maior que o Guarani", contesta

Para Hirata, também se deve levar em conta a localização das reservas ao se comparar as duas. "Pela alta demanda e pela baixa disponibilidade de água que temos nas Regiões Sudeste e Sul, podemos dizer que o Guarani é estrategicamente muito mais importante do que um aquífero no Norte, mesmo que imenso."

Matta afirma categoricamente que o Aquífero Alter do Chão pode abastecer toda a população do mundo por centenas de anos. Afirma também que o acesso à água da reserva nortista é fácil. "Aqui, o sujeito encontra água a uma profundidade de 300, 350 metros. Para chegar até a reserva do Guarani, às vezes é preciso cavar mais de mil metros.""

O próximo passo do pesquisador é conseguir financiamento para um estudo sistemático da reserva subterrânea. Matta já concluiu um projeto para pedir recursos ao Banco Mundial.

Punidos Pelo Nada

Revista da Cultura - Edição 33 abr 10



Aos 11 anos, uma medicação fez com que Adrieli Cotrim tivesse suas primeiras espinhas. O que deveria ser um costumeiro problema de adolescente tornou seus anos escolares um tormento quando ela se viu alvo de chacotas. “Sempre riam de mim e os ouvia dizer que quem chegasse perto teria espinhas também. Isso durou até acabarem meus estudos. Ficava arquitetando um jeito de morrer. Hoje, vejo quão infeliz eu era”, relembra a estudante de Rolândia (PR), agora com 19 anos. Sem coragem de expor seu drama à família, à mercê de outros jovens que talvez não percebessem o mal que lhe causavam e sem orientação escolar, a garota sofreu sozinha o bullying. A expressão, em inglês, remete à prática que se tornou foco de estudos há pouco tempo, mas que existe desde que crianças e adolescentes passaram a conviver na escola.

Derivada do adjetivo bully, que significa valentão, a palavra reúne em seu conceito o hábito de se valer da superioridade física para intimidar, amedrontar ou humilhar outra pessoa. “A destruição pelo bullying não é uma violência única, é prática contínua, que significa uma criança ou adolescente destruir o semelhante”, afirma o vereador Gabriel Chalita, criador da lei que inclui o combate à prática nas escolas da rede municipal de ensino de São Paulo e autor dos títulos Pedagogia do amor e Pedagogia da amizade, entre outros.

Os casos são inúmeros e, na maioria, o despreparo da escola e a falta de diálogo entre pais e filhos agravam a situação. “Pesquisas apontam que metade dos alunos sofre alguma forma de bullying. Se não houver medidas protetoras e preventivas contra, vão existir crianças e adolescentes traumatizados, com medo da escola, com dificuldade de aprender”, avalia Chalita.

Para o pediatra Aramis Lopes, as escolas devem se conscientizar de que são instituições dedicadas à educação, e não apenas ao ensino. “São espaços para o desenvolvimento de habilidades dedicadas a socialização, convivência e desenvolvimento de potenciais entre os estudantes. Portanto, todas elas deveriam contemplar ações de prevenção e redução dessa prática.” Lopes é um dos fundadores da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), uma organização não governamental carioca que, há 18 anos, defende os direitos da criança e do adolescente por meio de programas de prevenção à violência.

Lopes garante que medidas individuais são pouco eficazes e a escola deve manter um trabalho que contemple o alvo, o agressor e as famílias. Um exemplo de trabalho que envolve as três vertentes acontece no Colégio Dante Alighieri, de São Paulo. Silvana Leporace, coordenadora do serviço de orientação educacional da escola, admite que o problema é real, mas defende que, com diálogo, é possível para a vítima adquirir atitudes positivas.

“Fazemos um trabalho reflexivo sobre responsabilidade, cooperação, solidariedade e convivência. Temos os professores como grandes aliados, além da família, que muitas vezes traz o problema até nós”, conta. As ações têm diversos efeitos. Moderador de uma comunidade no Orkut que fazia apologia ao bullying, Giovanni Knoxville, 14 anos, que não quis dar seu verdadeiro nome, afirma que o praticava por diversão. “Já joguei um moleque numa lata de lixo e, quando ele caiu, chutei. Depois, chamei uns amigos e fizemos ‘montinho’ nele”, afirma o adolescente de Santos (SP). Giovanni revela que as palestras em sua escola surtiram efeito, já que ele não pratica mais ataques. Porém, o jovem diz não sentir culpa. “Sentia alegria, euforia. Meus amigos riam sem parar. Mas, agora, penso bem e ainda imagino se um desses moleques me ataca armado.”

Os agressores nem sempre agem assim por natureza. Segundo Chalita, um dos motivos recorrentes para a prática está na imitação do comportamento dos pais. “Uma criança que apanha na escola e, por conta disso, apanha do pai, vai achar que pode fazer isso com outras. O agressor é tão vítima quanto a vítima. Ele quer chamar atenção e consegue, se impondo pela força”, explica.

Seja da forma que aconteça, a melhor defesa é o conhecimento. Para Chalita, o tema não deve vir imposto, e sim colocado em discussão com filmes, livros e peças teatrais. “O importante é desenvolver estratégia para perceber que tipo de sofrimento o jovem ou a criança está tendo na escola. O ideal é que exista um programa preventivo e que a escola ajude a formar os professores. Ao formálos, é necessário que haja material para trabalhar o bullying dentro da sala e na interação com os pais, trazê-los para discutir o que é preconceito, discriminação, sofrimento. Você precisa despertar nos alunos o senso de compaixão”, frisa.

A falta de culpa que acomete os agressores pode ser amenizada com os exemplos de quem já passou por isso. “Por muito tempo, me senti a pior pessoa do mundo. Ficava com medo de ir a alguns lugares, de me aproximar das pessoas, pois achava que também poderiam me maltratar. Superei o trauma conhecendo gente que não se importava com meu jeito de ser, com as roupas que vestia”, conta a universitária Adriéli Mussete, 24 anos, de São Paulo, que sofreu bullying na escola e ainda passa por isso na universidade.

Esse é um dos principais conselhos para quem ainda sofre com o problema. “Os alvos devem ser orientados sobre medidas para evitar que continuem sofrendo ataques. Eles podem buscar amizades com grupos que não adotem comportamentos agressivos, contar a seus pais sobre o que vem ocorrendo na escola, buscar o auxílio de algum professor ou funcionário da escola em quem confiem”, explica Lopes.

As experiências são sempre parecidas e os motivos que servem de estopim, pequenos. Entretanto, o trauma que fica na vida adulta é, de certa forma, perene. “A pessoa perde a confiança no outro, em si própria e começa a render pouco; não acredita em si. Outras vivem à base de remédios. O bullying deixa uma marca interna muito profunda”, completa Chalita. Cabe aos envolvidos impedir que essa marca continue a existir.

ASSÉDIO MORAL
Se no mundo infantojuvenil é a força física que decide, no universo adulto é o poder do cargo ou o poder econômico que define vítima e algoz. Quando essa relação se baseia no abuso de poder e inflige humilhações, está caracterizado o assédio moral.

“Juridicamente, o assédio moral pode ser considerado abuso emocional no local de trabalho, de forma maliciosa, sem conotação sexual ou racial, com o fim de afastar o empregado das relações profissionais, por meio de boatos, intimidações, humilhações, descrédito e isolamento”, garante o advogado trabalhista Téssio Tôrres.

A assistente jurídica S.M.S., 30 anos, não se esquece dos traumas adquiridos pelo assédio a que foi submetida. “Já não podia medir meu rendimento profissional, porque a assediadora tirou de mim todas as responsabilidades e incumbências que à minha função cabiam. Ia para o trabalho e não tinha nada para fazer. não havia mais a relação da contraprestação do contrato de trabalho”, conta.

Muitos casos vão parar na Justiça. Contudo, provar que está sob assédio é algo difícil. “Tão logo a vítima perceba que está sendo atacada, ela deve reunir documentos escritos pelo assediador, como e-mails, cartas e bilhetes, além de laudos médicos, cartões de ponto e quaisquer outros documentos que provem perseguição”, explica Tôrres.

S.M.S. disse ter confirmado suas suspeitas durante palestra sobre o assunto. Ao fazer uma pergunta hipotética, mas usando seu caso, obteve uma resposta imediata: a situação que descrevia era de assédio moral. Apesar disso, não conseguiu provar, para seus superiores, as denúncias. “O pesadelo teve fim quando resolveram me demitir, depois de nove anos de prestação de serviços. Foram incisivos em dizer que meu desligamento não tinha relação alguma com a queixa apresentada. Sei que saí de lá por ter denunciado. Mas não me arrependo. Fiz o que era certo. Recuperei, apesar de tudo, o bem que eles queriam tirar: minha dignidade.” ©