"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, setembro 27, 2008

Dmitri Medvedev anuncia plano de modernização militar do país

darussia.blogspot.com - 27/09/08




Dmitri Medvedev, Presidente da Rússia, declarou que a guerra na Ossétia do Sul mostrou a necessidade do seu país modernizar as suas Forças Armadas.
Num encontro realizado com os comandantes das regiões militares da Rússia, realizado na cidade de Orenburgo, o dirigente russo anunciou que, até ao fim do ano, deverá ser elaborado um plano de acções com vista à reorganização das Forças Armadas do país.
Medvedev defendeu “a necessidade de, até 2020, resolver o problema da dissuasão nuclear”.
“Até 2020 deverá ser garantida a solução da dissuasão nuclear em diferentes situações político-militares, bem como o fornecimento complexo de novos tipos de armamentos e de meios de reconhecimento”, precisou.
Medvedev anunciou que o seu país tenciona criar um sistema de defesa aéreo-espacial.
Além disso, revelou que a Rússia vai começar a construir em série submarinos nucleares que portarão mísseis de cruzeiro.
“Está planeada a construção em série de vasos de guerra, em primeiro lugar cruzeiros submarinos atómicos com mísseis de cruzeiro e submarinos multifuncionais”, acrescentou.

De Sanctis: "pediram que eu voltasse atrás"

Blog do Luis Nassif - 27/09/08

Da Revista Época

O juiz afirma que sofreu pressão para recuar no caso que levou à prisão de Daniel DantasWálter Nunes



O juiz federal Fausto de Sanctis estava agitado na tarde da quinta-feira. Ele acabara de prestar um depoimento de três horas à Polícia Federal sobre sua atuação na Operação Satiagraha, que investiga o banqueiro Daniel Dantas por crimes financeiros. Em julho, De Sanctis mandou prender Dantas duas vezes. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, concedeu dois habeas corpus para soltá-lo. Instalou-se uma crise no Judiciário, agravada por uma acusação da desembargadora Suzana Camargo, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 3a Região. Ela disse à PF que ouviu de De Sanctis trechos de uma conversa telefônica de Gilmar gravada ilegalmente. De Sanctis nega ter dito isso à colega, afirma ter testemunhas da conversa e diz que ela tentou pressioná-lo para manter Dantas solto.



Frederic Jean



ÉPOCA – A desembargadora Suzana Camargo disse em depoimento à PF que ouviu do senhor o conteúdo de conversas gravadas ilegalmente envolvendo o presidente do STF, Gilmar Mendes. Isso aconteceu?



Fausto De Sanctis – Nunca soube da existência de grampo ilegal ou clandestino. Evidentemente, não determinei nenhuma interceptação telefônica ou telemática (de e-mail ou de dados digitais) do ministro Gilmar Mendes ou de seu gabinete, até porque não tenho tal competência. Também nunca recebi “informes” nesse sentido. As únicas interceptações telefônicas ou telemáticas por mim autorizadas tinham como alvo pessoas supostamente ligadas ao grupo Opportunity.

ÉPOCA – Mas o senhor conversou com a desembargadora?


De Sanctis – Sim, na tarde de 10 de julho. Ela telefonou, mas não pude atendê-la. Retornei depois sua ligação.

ÉPOCA – Sobre o que vocês conversaram?


De Sanctis – Não gostaria de fazer qualquer juízo sobre a conduta de meus colegas, que sempre admirei e respeitei, aí incluindo a desembargadora Suzana Camargo. Mas eu me surpreendi com o teor da conversa, já que a desembargadora começou o diálogo invocando sua condição de amiga pessoal do ministro Gilmar Mendes. Ela me disse que ele estava irado com a notícia de que eu teria decretado a prisão preventiva de Daniel Dantas e gostaria de confirmar essa decisão. Confirmei que havia, de fato, decretado a prisão preventiva. Disse quais eram as bases legais e, principalmente, que havia fatos novos, elementos obtidos na busca e apreensão.

ÉPOCA – Acabou aí a conversa?


De Sanctis – Em seguida fui novamente surpreendido com o apelo da desembargadora para que eu voltasse atrás em minha decisão. Ela insistia que o ministro Gilmar Mendes estava irado. Respondi-lhe que minha decisão estava fundamentada, era fruto de minha convicção e que, em hipótese alguma, voltaria atrás. Diante de uma última insistência da desembargadora, reafirmei que não reconsideraria e que, inclusive, o mandado de prisão já havia sido expedido e encaminhado. Estavam presentes na minha sala três servidores que, com certeza, ouviram as respostas que eu dava às perguntas formuladas pela desembargadora.

ÉPOCA – Ela diz no depoimento que ouviu do senhor a afirmação de que haveria “sujeira” no STF e de que o ministro Gilmar Mendes o teria chamado de “incompetente”. É verdade?


De Sanctis – Também não houve isso. Em momento algum eu disse à desembargadora que sabia que o ministro me qualificara como incompetente.

ÉPOCA – Foi noticiado pela imprensa que existiria uma gravação em vídeo de um jantar entre advogados dos investigados e assessores do ministro Gilmar Mendes. O senhor soube de algo?


De Sanctis – Nunca soube. O que sei é o conteúdo das investigações. Tive conhecimento de tal fato pela imprensa.

ÉPOCA – Na investigação há alguma citação ao ministro Gilmar Mendes?


De Sanctis – Minha convicção pessoal é no sentido de que essas informações, por sua natureza, não podem ser reveladas, pois configuraria uma quebra do sigilo do processo e, inclusive, nesse sentido foram as minhas informações prestadas em habeas corpus ao TRF da 3a Região, ao Superior Tribunal de Justiça e ao STF. Reforço que nenhuma informação obtida das investigações constante dos autos decorreu de interceptação telefônica ou telemática de linhas ou computadores do gabinete do ministro Gilmar Mendes ou de qualquer outra autoridade com prerrogativa de função.

ÉPOCA – O senhor foi acusado de ser muito próximo das pessoas que investigam os crimes que o senhor julga, sobretudo do delegado Protógenes Queiroz. Isso prejudicaria sua posição de magistrado. Qual é sua relação com o delegado Protógenes?


De Sanctis – Nunca tive nenhum contato com ele fora do meu gabinete e só o recebi durante as investigações (de fevereiro de 2007 a julho de 2008) por uma ou duas vezes. Todas as representações eram formuladas por ofícios. Não temos relação de amizade.

ÉPOCA – Outra crítica é que o senhor autoriza indiscriminadamente quebras de sigilo telefônico nas investigações.


De Sanctis – De forma alguma. Fiz vários pedidos de explicações à autoridade policial e neguei algumas quebras ou prorrogações, como também aceitei vários pedidos. Tudo está registrado nas decisões, que nada têm a ver com as conclusões da polícia e do Ministério Público Federal, mas sempre de acordo com a convicção e a interpretação da lei. Tudo é feito com critério e dedicação, caso a caso.

ÉPOCA – O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) fez uma representação contra o senhor no Conselho Nacional de Justiça. Como o senhor encara essa representação?


De Sanctis – Antes, fui chamado a ser ouvido como testemunha de grampos ilegais. Observe que, como juiz, que representa a legalidade, fui ouvido, não me opus a depor. E mais: fiz questão de firmar compromisso com a verdade antes do depoimento. Não quero que nada fique sem esclarecimentos. Mas deve causar perplexidade, não apenas a mim, mas à Justiça como um todo, um ofício da CPI questionando decisões judiciais e partindo já de afirmações de prática de toda sorte de ilegalidades. Deve-se respeitar o Poder Legislativo. Não se pode brincar de ser sério. Mas deve-se respeitar da mesma maneira o Poder Judiciário. Os juízes de primeiro grau estão sendo qualificados de maneira gravemente pejorativa.

ÉPOCA – Mas e o teor da representação no CNJ? Segundo o deputado Jungmann, o senhor distribui indiscriminadamente senhas de identificação telefônica.


De Sanctis – As senhas são pessoais, intransferíveis e específicas da operação que estiver em curso. Elas permitem que a autoridade policial, ou o agente por ela indicado, tenha acesso aos dados cadastrais daquele que ligou para o investigado, mas apenas no caso de conversas com teor suspeito. Todo acesso é registrado, ou no computador ou mediante gravação telefônica. Quem fizer uso abusivo pode ser facilmente identificado. A senha nada tem a ver com a quebra da interceptação telefônica (escutas).(...)

A NOVA INICIATIVA DE BUSH

Site do Azenha - Atualizado em 27 de setembro de 2008 às 13:16 | Publicado em 27 de setembro de 2008 às 13:09

do ADNMUNDO.COM

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou hoje uma nova iniciativa para promover o livre comércio nas Américas, em uma reunião com representantes dos países da América Latina que fecharam acordos de livre comércio (TLC) com Washington.

Em breves declarações no Conselho das Américas em Nova York, onde teve lugar o encontro, Bush afirmou que o projeto, que denominou "Iniciativa para o caminho à prosperidade na América", criará um fórum onde "os líderes podem trabalhar para assegurar que os benefícios do comércio sejam compartilhados amplamente".

A iniciativa, assegurou o mandatário, "aprofundará as conexões entre os mercados regionais e ampliará nossa cooperação em assuntos de desenvolvimento". "É uma iniciativa muito promissora e esperamos resultados positivos quando nossos representantes se reunirem neste fórum no fim deste ano, destacou".

O presidente estadunidense não deu detalhes sobre a iniciativa na reunião, da qual participaram, entre outros, os presidentes de El Salvador, Antonio Saca, e do Panamá, Martin Torrijos. Em seu discurso, Bush fez uma defesa do livre comércio, destacando que "nos convém continuar abrindo mercados, especialmente em nossa própria vizinhança". "É importante para os norte-americanos entender que as exportações beneficiam a nossos trabalhadores", acrescentou.

Além disso, recordou que seguem pendentes as aprovações no Congresso dos TLCs com a Colômbia, Panamá e Coréia do Sul. O presidente fez um chamamento ao Legislativo para que aprove esses três tratados assim que possível.

De concreto, Bush se referiu ao TLC com a Colômbia, e assinalou que o presidente Álvaro Uribe e ele têm "trabalhado de modo diligente para conseguir um acordo justo e o Congresso deve aprová-lo". A maioria democrata resiste a votar o TLC com a Colômbia e pede maiores garantias de respeitos aos direitos humanos e aos trabalhadores desse país. Bush também pediu a ratificação do TLC com o Panamá, que assegurou "será bom para esse país e bom para os Estados Unidos".

APOIO DE 11 LÍDERES


Em uma declaração conjunta, os líderes de onze países americanos reafirmaram seus "compromissos compartilhados com o comércio e a liberalização de investimentos, a inclusão social, o desenvolvimento, o Direito e a democracia".

"Reconhecemos que a estabilidade macroeconômica e a liberalização comercial são ferramentas importantes na luta contra a pobreza", acrescentaram os líderes. Os signatários são os seguintes: Michelle Bachelet (Chile), Álvaro Uribe (Colombia), Oscar Arias (Costa Rica), Leonel Fernández (República Dominicana), Antonio Saca (El Salvador), Álvaro Colom (Guatemala), Manuel Zelaya (Honduras), Felipe Calderón (México), Martín Torrijos (Panamá), o vice-presidente do Peru, Luis Giampietri e a embaixadora canadense Michael Wilson.

O texto, apresentado com uma declaração de princípios, faz uma defesa dos TLC, ponta de lança da política de Bush na região. Ao mesmo tempo em que defendem iniciativas como uma área de livre comércio da região Ásia-Pacífico, também expressam seu apoio a acordos bilaterais negociados pelos Estados Unidos.

A oposição aos TLC é pronunciada em casos como o do venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales ou do equatoriano Rafael Correa. Chávez inclusive promove, em oposição à idéia de uma ALCA, seu projeto de Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), à qual se integraram Cuba, Bolívia, Nicarágua e Honduras, o que permite a esses países fazerem comércio em condições preferenciais.

Caiu outro gigante dos EUA e a crise se alastra

Instituto Humanitas Unisinos - 27/09/08

O Washington Mutual (WaMu), fundado em 1889, tornou-se o maior colapso bancário da História dos Estados Unidos. Desde o último dia 15, o WaMu sofreu saques de US$ 16,7 bilhões. O banco, comprado na noite de quinta-feira pelo JPMorgan Chase por US$ 1,9 bilhão, tem US$ 307 bilhões em ativos. Isso passa, e muito, os US$ 40 bilhões do Continental Illinois National Bank, que quebrou em 1984 (US$ 68 bilhões em dólares de hoje). Ironicamente, o WaMuWaMu deve pedir falência em breve. sucumbiu à crise do crédito de 2008 depois de ter sobrevivido à Grande Depressão dos anos 1930. Um analista da Merrill Lynch afirmou em nota que o

A notícia é do jornal O Globo, 27-09-2008.

O banco tinha US$ 188 milhões em depósitos, segundo as autoridades reguladoras, 43.198 funcionários e 2.239 agências em 15 estados americanos. O órgão regulador do setor bancário afirmou que “com liquidez insuficiente para cumprir suas obrigações, o WaMu estava em condições inseguras e instáveis para operar”.

A negociação de suas ações foi suspensa na Bolsa de Nova York depois de caírem 90% na quinta-feira, para meros US$ 0,16. O WaMu opera com depósitos de poupança e empréstimos a pessoas físicas e pequenas empresas.

Com intervenção, acionistas ficam de mãos vazias Devido ao passivo do WaMu, que inclui hipotecas de risco, o JPMorgan fará uma baixa contábil de US$ 31 bilhões no balanço da instituição. O WaMu é a segunda grande aquisição do JPMorgan este ano. Em março, ele levou o banco de investimento Bear Stearns por US$ 1,4 bilhão, com ajuda do governo. O JPMorganBank of America Segundo a Bloomberg News, ele ficaria como o maior em depósitos. é hoje o segundo maior banco dos EUA em ativos, atrás do

Na sede do banco, em Seattle, o clima era de tensão. No saguão, há a réplica de uma sala de estar, símbolo do financiamento imobiliário. Uma placa na parede diz “Os primeiros 118 anos foram só o começo”.

— Não esperamos ter nossos empregos dentro de uns dois meses — disse Bryan Johnson, consultor sênior.

— Saímos ontem (quinta-feira) à noite e nos embebedamos. Provavelmente faremos isso de novo hoje (ontem).

O colapso do WaMu era esperado há algum tempo devido às grandes perdas com hipotecas.

Em dezembro de 2007, o banco suspendeu suas operações com subprime, as hipotecas de alto risco. No segundo trimestre deste ano, teve prejuízo recorde de US$ 3 bilhões.

O Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), responsável pelo setor bancário, afirmou em nota que o WaMu estava sob severa pressão de liquidez. A presidente do FDIC, Sheila Bair, assegurou que, para os clientes do WaMu, será apenas a combinação de dois bancos:

— Não haverá interrupção nos serviços.

Como o WaMu sofreu intervenção do FDIC antes de ser comprado pelo JPMorgan, os papéis dos acionistas perderam o valor. Ou seja, investidores como a TPG Capital, que coordenou uma injeção de US$ 7 bilhões no banco no primeiro semestre, ficaram de mãos vazias.

O JPMorgan informou que, com a compra do WaMu, ficará com 5.400 agências em 23 estados e que planeja fechar menos de 10% das agências das duas instituições. Para financiar a operação, o JPMorgan vendeu 246,9 milhões de ações ordinárias (ON, sem direito a voto), por US$ 10 bilhões.

— É definitivamente um bom negócio para o JPMorgan — disse Sebastian Hindman, analista do SNL Financial.

Papéis do Wachovia chegaram a cair 37% em NY

Depois do WaMu, ontem foi a vez do Wachovia, o sexto maior banco dos EUA em ativos, procurar um comprador. O “New York Times” revelou, citando fontes próximas às discussões, que o Wachovia estaria em negociação com o Citigroup.

Já o “Wall Street Journal” informou que o Wachovia estaria discutindo uma possível fusão com Citigroup, Santander e Wells Fargo, também citando fontes próximas às negociações.

Segundo o “Journal”, executivos do banco passarão o fim de semana em Nova York em negociações. O Wachovia não quis comentar os rumores.

Ontem as ações do banco caíram 27%, tendo recuado até 37% durante o pregão em Nova York. Seu valor de mercado é de US$ 21,6 bilhões. No início deste mês, o Wachovia chegou a discutir uma fusão com o Morgan Stanley, que não foi adiante.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Rússia anuncia novo sistema de defesa nuclear

BBC Brasil - 26/09/08

Equipamentos militares russos durante um desfile em Moscou (arquivo)
Para a Rússia, sistema de defesa antimísseis dos EUA é uma ameaça
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou planos para construir um sistema de defesa nuclear mais moderno que deverá iniciar suas operações em 2020 e incluir um sistema de defesa aeroespacial e novos submarinos nucleares - equipados com mísseis.

O presidente russo quer que os comandantes militares do país submetam seus planos ao governo até dezembro.

"Temos que garantir a defesa nuclear sob várias condições políticas e nucleares até 2020", disse Medvedev a comandantes militares.

O anúncio é realizado semanas depois de a Rússia acusar os Estados Unidos de iniciar uma nova corrida armamentista ao anunciar os planos de instalar um escudo de defesa antimísseis na Europa Oriental.

O governo russo acusou Washington de usar o escudo para construir "um anel de aço" em volta da Rússia e prejudicar suas defesas nucleares.

Novos tipos

De acordo com a agência de notícias russa Itar-Tass, Medvedev afirmou que é preciso construir "novos tipos de armamentos" e "alcançar o domínio aeroespacial".

"Planejamos iniciar a produção em série de navios de guerra - primeiramente submarinos nucleares, que levam mísseis de cruzeiro e submarinos multifuncionais", disse.

"Vamos desenvolver também um sistema de defesa aeroespacial", acrescentou.

O governo da Rússia já criticou os Estados Unidos várias vezes devido aos planos americanos para implantação do escudo antimísseis, que usará foguetes baseados na Polônia e radares na República Checa.

A Rússia afirma que o plano americano desestabiliza o equilíbrio estratégico entre os dois países e que, por isso, seria "forçada a reagir".

Os Estados Unidos, por sua vez, afirmam que o sistema é um elemento-chave para sua segurança e para a segurança de seus aliados. O plano americano quer o sistema operando em 2012.


Moscovo envia vaso de guerra para combater pirataria nas costas da Somália

darussia.blogspot.com - 26/09/08




A Rússia enviou o vaso de guarda-costeira Neustrachimii (Destemido) para as costas da Somália a fim de combater a pirataria e libertar o navio ucraniano Faina, que transportava tanques de guerra para o Quénia e ontem foi desviado por piratas somalis.
“O navio de guerra russo, sob o comando do capitão de mar e guerra Oleg Gurinov, saiu do porto principal da Armada do Báltico no dia 24 de Setembro com o objectivo de garantir a presença militar naval em vários oceanos”, anunciou Igor Digalo, porta-voz da Marinha da Rússia.
Digalo precisou que o Destemido irá proteger os navios mercantes russos junto das costas da Somália.
No início da semana, o almirante Vladimir Visotskii, comandante da Marinha de Guerra da Rússia, admitiu o envio de navios de guerra russos para combater a pirataria.
“Planeia-se realizar isso nos próximos. tempos. Porém, os navios russos não participarão em manobras internacionais, mas irão realizar essa tarefa separadamente”, declarou o almirante russo, citado pela Agência Interfax.
O navio guarda-costeiro faz parte da Armada do Báltico da Rússia desde 1993. Com um comprimento de 128,9 metros e 15,6 metros de largura e um calado de 3 590 toneladas, pode atingir 30 milhas por hora e transportar 210 marinheiros.
O Destemido está equipado com complexos de mísseis de combate a submarinos e aviões, metralhadoras de 100 mm e torpedos. O navio transporta também um helicóptero Ka-27.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, o navio ucraniano Faina, que navegava sob a bandeira de Belize, foi tomado de assalto por piratas somalis perto da costa do Quénia, para onde transportava 33 tanques T-72.
A tripulação do navio mercante era constituída por 21 homens, 17 dos quais ucranianos, três russos e um letão.

SATIAGRAHA FAZ O QUE A CVM NÃO FEZ E INGLATERRA BLOQUEIA GRANA DE DANTAS

Conversa Afiada - 26/09/2008 19:30



Cantidiano e Dantas: unidos pelos fundos

Paulo Henrique Amorim


. O Supremo Presidente Gilmar Mendes – que o Nassif chama de “Imperador”; clique aqui para ler – tenta salvar a pele de Dantas e assassinar o caráter do corajoso Juiz Fausto De Sanctis.

. Clique aqui para ler “Mendes manda e PF constrange De Sanctis”.

. Mas, nem assim, Dantas consegue fugir das garras da Lei.

. O ínclito Delegado Protógenes Queiroz – degolado pessoalmente pelo Presidente que tem medo – e o Ministério Público Federal conseguiram fazer com que o Reino Unido bloqueasse US$ 45 milhões de Dantas.

. De Sanctis, o corajoso Procurador Rodrigo De Grandis e o ínclito delegado Protógenes Queiroz já tinham conseguido bloquear, aqui no Brasil, R$ 535 milhões de Dantas.

. Esse bloqueio na Inglaterra merece duas ou três explicações adicionais.

. O ínclito Delegado Protógenes Queiroz flagrou Dantas no processo de transmigrar dinheiro de Cayman, onde Dantas está mais sujo do que está na torcida do Esporte Clube Bahia, para um fundo na Inglaterra, o Unique.

. Dantas se sujou em Cayman, porque, lá, os trâmites judiciais se travam na língua inglesa, com juízes ingleses, sobretudo na Corte Supremo da Inglaterra, e onde, portanto, ele não conta com as “facilidades” de que desfruta nos tribunais superiores do Brasil, como informou o jornal nacional.

. O empresário Luiz Roberto Demarco ganhou TODAS as ações que moveu contra Dantas em Cayman, inclusive na Suprema Corte (do Reino Unido) ...

. O ínclito Delegado Protógenes abortou a estratégia de Dantas que consistia em transformar os fundos de Cayman em sacos vazios.

. Os investidores nesse fundo que estava em Cayman e atravessaram o Atlântico são residentes no Brasil – o que é contra a Lei.

. Essa questão – residentes no Brasil aplicarem em fundos para não-residentes – foi vagarosa e inutilmente investigada pela Comissão de Valores Mobiliários nos Governos FHC e Lula.

. Como se sabe, Dantas conseguiu, num famoso jantar com Fernando Henrique Cardoso, no Palácio da Alvorada, nomear seu antigo advogado, Luiz Cantidiano, presidente da CVM.

. Foi Cantidiano, lá nos anos 90, nos tempos luminosos da privatização do Governo do Farol de Alexandria, quem, como advogado de Dantas, registrou esse fundo de Dantas na CVM !

. Depois, já presidente da CVM, o mesmíssimo Cantidiano investigou os fundos de Dantas – esses em que residentes do Brasil aplicavam – fora da Lei.

. Foi uma investigação tão minuciosa e competente quanto a que a Polícia Federal realiza, nesse momento, nos 12 HDs que o ínclito Delegado Protógenes encontrou atrás da parede falsa de Dantas.

. Clique aqui para ler “Qualquer HD pode ser decifrado”.

. A investigação da CVM foi exemplar: multou Dantas em R$ 0, 000001.

. E os administradores de Dantas foram proibidos de administrar organizações financeiras.

. Só que essa proibição foi rapidamente revogada, num tal de “Conselhinho”, em que o próprio representante da CVM (pasme, amigo leitor), o próprio representante da instituição que tinha punido os administradores de Dantas, voltou atrás e absolveu os administradores de Dantas.

. Caro leitor, não é uma história inacreditável ?

. Que poderes tem Dantas, hein, caro leitor ?

. Pois, foi isso o que o ínclito Delegado Protógenes acabou de corrigir.

. Apagou uma pequena mácula na história dessa organização imaculada, a CVM.

. Clique aqui para ler a representação com que entrei no Ministério Público Federal contra a CVM e a “BrOi”.

Fugindo da solução óbvia

Blog do Luis Nassif - 26/09/08

Entenda os impasses em torno do Plano Paulson.

O sistema bancário americano está atulhado com títulos do subprime. Esses papéis foram adquiridos por valores muito baixos, em relação ao seu valor de face. Essa diferença corresponde à rentabilidade esperada pelos bancos especuladores, caso o papel fosse levado até o vencimento.

Existe uma curva de valor desse papel. Ou seja, a cada dia uma parte dos juros é apropriada ao valor inicial de aquisição do papel, até chegar no vencimento com o papel valendo 100% do valor de face.

Vamos a um pequeno exemplo matemático:

1. Uma empresa hipotecária pega sua carteira de contratos de risco (subprime) e vende para um banco a uma taxa de 15% ao ano.

2. Se o prazo médio da carteira for de 120 meses, o banco irá pagar US$ 24,71 por cada US$ 100,00 que terá a receber no vencimento.

3. A cada dia que passa (supondo dias corridos), o valor dessa carteira aumentará 0,0388%. Assim, no 120º dia, por exemplo, a carteira estará valendo US$ 25,90. No 4º ano, estará valendo US$ 43,23. E assim por diante.

Mas suponha que o banco necessita vender essa carteira no mercado. Quanto maior a sua pressa, menor o valor que conseguirá. Se a curva da carteira está em US$ 30,00, por exemplo, na hora de vender no mercado conseguirá, digamos, apenas US$ 15,00.

A discussão sobre o plano Paulson reside nessa diferença. Paulson-Bernanke querem pagar integralmente os US$ 30,00. Os críticos querem que pague os US$ 15,00 para não premiar os especuladores.

Os críticos têm sua razão. Os bancos aceitaram correr riscos em troca de remuneração elevadíssima de 15% ao ano. Se o Tesouro americano paga o preço do papel, eles receberão os 15% (até a data da troca) sem incorrer em perda alguma. Por outro lado, alega Bernanke, se pagar o preço de mercado os bancos ficarão totalmente descapitalizados, com conseqüências drásticas sobre o futuro.

A solução para esse impasse é lógica. Implementá-la exige um presidente com coragem de colocar o guizo no gato. No caso, no poderio de Wall Street. É só pegar o modelo sueco. Paga-se pelos títulos um meio termo entre o valor da curva e o de mercado. A direrença será coberta com ações dos bancos, que ficarão guardadas pelo Tesouro para venda futura. Não haverá descapitalização dos bancos, porque as ações apenas trocarão de mãos.

Os acionistas serão penalizados, assim como os executivos, mas a instituição bancária é preservada. Mas, passada a borracasca, novos investidores adquirirão as ações, valorizadas, ressarcindo o Tesouro e permitindo a recriação do sistema financeiro em outras bases.

Essa é a solução óbvia, até para preservar os valores americanos de respeito ao mercado e ao contribuinte.

O Imperador do Brasil

Blog do Luis Nassif - 26/09/08

Da Folha

Juiz De Sanctis é intimado a pedido do STF

DA REPORTAGEM LOCAL

A pedido de Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, o juiz Fausto De Sanctis foi intimado anteontem pela Corregedoria, que apura erros e abusos de magistrados, a se explicar sobre o motivo que o levou a decretar a prisão do banqueiro Daniel Dantas, que é investigado por supostos crimes financeiros.

A intimação abre um novo capítulo da situação de mal-estar entre De Sanctis, que atua na primeira instância, e Mendes, que representa o grau máximo do Judiciário.

Foi o juiz federal que decretou a primeira prisão do banqueiro, em 8 de julho. No dia seguinte, Mendes mandou soltar Dantas. Em menos de 24 horas, De Sanctis ordenou uma segunda prisão, desta vez por suposta tentativa de suborno de um policial com US$ 1 milhão.

Mendes, que viu a medida como uma afronta, pediu ao Conselho Nacional de Justiça, presidido por ele, e à Corregedoria que inquirissem o juiz. Após reação indignada da classe, Mendes disse que o envio era só para estatística.

De Sanctis terá cinco dias para responder. Ontem, ele foi ouvido pela PF, que apura grampo ilegal contra Mendes.

O juiz rebateu a afirmação da desembargadora Suzana Camargo, que o acusou de ter mandado grampear o presidente do STF. À polícia, ele negou e disse que foi a juíza que o procurou, em nome de Mendes, pedindo informações sobre um caso sigiloso. (LILIAN CHRISTOFOLETTI)

Comentário

O presidente do STF tornou-se suspeito de envolvimento emocional com o caso Daniel Dantas, a partir dos seguintes atos:

1. O segundo habeas corpus concedido a Dantas.

2. Segundo o juiz De Sanctis, por ter solicitado a uma desembargadora que buscasse informações com De Sanctis sobre inquérito sigiloso. Quem está com a verdade: De Sanctis ou a desembargadora. Enquanto esse inquérito corre, Gilmar deveria se declarar impedido de tomar qualquer atitude contra o juiz. Mas seu sentimento de onipotência é irrefreável.

3. Desqualificou todas as instituições envolvidas no inquérito de Dantas.

4. Permitiu que seu nome fosse usado em uma reportagem - a do grampo - sobre a qual pairam suspeitas de manipulação. E afrontou o chefe de outro poder com base na reportagem.

5. No momento está se valendo do cargo para algo que é visto como acerto de contas pessoal.

Pergunto: até quando prosseguirá nessa escalada suicida? Mendes perdeu a noção de proporção. Virou o fio há tempos.

Digo com a experiência de décadas de jornalismo: é impossível que tamanha demonstração de poder e arrogância seja bem sucedida, no atual estágio de desenvolvimento do país e da opinião pública.

O vazio e o nada

Instituto Humanitas Unisinos - 26/09/08

“Se estamos fazendo pesquisas é porque não sabemos a resposta e a natureza: as coisas são como são. O que menos entendemos é o vazio. Nem sequer compreendemos ainda a fundo a diferença entre o vazio e o nada”. A afirmação é de Álvaro de Rújula, físico teórico do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), no artigo publicado no jornal El País, 24-09-2008. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Tiremos os móveis da casa, apaguemos as luzes e saiamos. Fechemos o recinto, esfriemos as paredes a zero absoluto e extraiamos até a última partícula de ar, de modo que não fique nada. Nada? Não, estritamente falando, o que preparamos é um volume cheio de vazio. E digo cheio com propriedade. Talvez a segunda mais surpreendente descoberta da física seja que o vazio, aparentemente, não é o nada, mas uma substância. Embora não como as outras...

No começo do século passado, Einstein acreditava que o Universo era estático. Preocupado com o fato de que teria que colidir – devido à atração gravitacional de cada galáxia sobre as demais – ocorreu-lhe uma peregrina idéia: acrescentar às suas equações a Constante Cosmológica. A interpretação moderna desta estranha intrusa é que se trata da densidade de energia do vazio, também chamada de energia obscura, talvez para aproximar ciência e ficção, ou quinta-essência, para dar um toque alquimista à coisa. Tudo o que tem energia exerce uma ação gravitacional, mas a energia do vazio, diferentemente de qualquer outra, pode ser repelente. O que Einstein propunha é que dois volumes de vazio cósmico se repeliriam exatamente tanto quanto as galáxias que contêm se atraem, resultando num equilíbrio difícil de acreditar e instável.

Um belo dia, Einstein se inteirou de que o universo estava em expansão. Era isso que demonstrava a fuga das galáxias, observada por Edwin Hubble e outros. Ou melhor, por outros e Hubble: muitas vezes, na ciência, o importante não é ser o primeiro, mas o último, que é quem leva a fama (como em outros campos; veja-se o caso de Colombo e os vikings, ou os indígenas que já estavam ali). Imediatamente, o tio Albert qualificou sua idéia como a maior derrapada de sua vida.

Recentes observações cosmológicas indicam que o universo está em expansão acelerada. As galáxias não se comportam como flechas, mas como foguetes propulsados por algo. A analogia não é boa, porque o conceito é difícil. As galáxias não fogem, já estão estabilizadas por sua própria gravidade e têm um tamanho fixo. Mas o espaço (ou o vazio) entre elas, se alonga. É como se alguém tomasse a Terra por globo e a inflasse: amanhã Barcelona estaria ainda mais distante de Huelva. Quem infla o universo seria a densidade de energia do vazio. O vazio seria, pois, uma substância ativa, capaz de exercer uma repulsão gravitacional, inclusive sobre si mesmo. Não foi um erro, mas um golaço de Einstein.

A Constante Cosmológica apresenta um aspecto tranqüilizante. Se domina a dinâmica do universo agora, o fará no futuro durante muitíssimo mais tempo que os meros 14 bilhões de anos transcorridos desde que este nosso cosmos nasceu. Um nenê bem equipado, com seus próprios espaço e tempo e até seu próprio vazio, que – segundo a muito bem confirmada relatividade de Einstein – nasceram com ele. A atual inflação do universo implica, perdoem-me o galicismo, em que o céu não vai desmoronar sobre nós. Má notícia para futuros cosmólogos. As galáxias distantes estarão tão distantes que não poderão nem ser vistas. Eles terão que estudar cosmologia em livros de história.

Se o vazio contém algo do que não podemos esvaziar (sua densidade de energia), talvez esse algo possa fazer algo mais. Ao menos isso supuseram, já há décadas, Peter Higgs e outros. Ou outros e Higgs, se poderia de novo argüir; o que não farei. A substância do vazio, chamada na variada linguagem dos físicos um campo que o permeia, poderia interagir com as partículas que ali se encontrarem. E interagir de modo diferente com cada tipo de partícula, gerando assim suas massas, que fazem com que sejam como são. Essa é a origem das massas no Modelo Padrão das partículas elementares, que explica com sucesso insuportável suas outras propriedades e interações não gravitacionais. Disse insuportável porque aos cientistas inquietam mais as perguntas que as respostas.

A substância do vazio daria assim resposta a duas muito candentes questões da física: uma, no extremo do maior – o cosmo – e outra no do menor, as partículas elementares que – por definição – são tão pequenas que, se têm partes, não o sabemos.

Empreguei algumas condicionais porque nem tudo o que escrevi já está provado empiricamente de maneira irrefutável. Que direção estão tomando as pesquisas hoje? Os cosmólogos têm muitas observações projetadas para averiguar se a expansão acelerada do universo se deve à energia do vazio, assim como intuiu Einstein, ou a algo que só se parece com isso. Os estudiosos das partículas estão colocando em marcha o Grande Colisor de Hádrons (LHC) do CERN para, entre outras razões, estudar o vazio com brutalidade: sacudindo-o.

Ao sacudir uma substância qualquer, ela vibra. As vibrações de campos elétricos e magnéticos, por exemplo, são a luz. A um nível elementar, as vibrações são quantums, entes que podem comportar-se como ondas ou como partículas (ou bolinhas de gude): fótons, no caso da luz. Se o vazio for uma substância, podemos fazê-la vibrar. Basta sacudi-la, como fará o LHC, com energia suficiente para transformar a energia de suas colisões em partículas de Higgs que, se existirem, têm uma massa elevada... e E=mc2, disse alguém.

A partícula de Higgs é uma vibração do vazio, não no vazio, como as demais. Seria, pois, o nunca visto. Assim mesmo, Higgs preferiria que não batizássemos a sua partícula de goddamned particle [partícula maldita] ou de God particle [partícula divina], adjetivos pouco científicos.

O vazio sempre fascinou os físicos. Há um século se tratava do éter, a interpretação do vazio como a trama do espaço absoluto, que a teoria da relatividade enviou à deriva. O éter não estava apoiado em nenhuma teoria decente. Um século depois, as novas teorias do vazio são o que de mais razoável e melhor comprovado temos. Mas há um pequeno deslize no que disse. Acreditamos entender suficientemente bem o Modelo Padrão para avaliar o quanto o campo de Higgs deveria contribuir para a densidade de energia do vazio observada pelos cosmólogos. O resultado são cerca de 54 (cinqüenta e quatro!) ordens de magnitude superior às observações. Tem seu mérito incorrer em tamanha contradição.

Se estamos fazendo pesquisas é porque não sabemos a resposta e a natureza: as coisas são como são. O que menos entendemos é o vazio. Nem sequer compreendemos ainda a fundo a diferença entre o vazio e o nada.

A força do narcotráfico no México e a impotência do governo

Instituto Humanitas Unisinos - 26/09/08

O presidente mexicano e os principais funcionários da área assumiram publicamente que os aparelhos de segurança e os governos municipais, estatais e federais estão cooptados até a medula.

A reportagem é de Gerardo Albarrán de Alba, do jornal argentino Página/12, 25-09-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O Estado mexicano é incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos, reconheceu o governo de direita de Felipe Calderón, cuja impotência e ineficácia contra o crime organizado ficaram expostas durantes dois dias consecutivos pelos secretários de Governo e Segurança Pública, junto com o procurado geral da República, em pouco mais de 10 horas de depoimentos diante de legisladores.

Há mais de uma semana do ataque com granadas contra civis em uma praça pública na cidade de Morelia, cujo saldo elevou-se no sábado a oito mortos, nenhum dos três funcionários teve uma só resposta satisfatória para deputados e senadores sobre as investigações realizadas. Na realidade, o que eles fizeram foi mostrar-se derrotados, pois aceitaram que os aparelhos de segurança e os governos municipais, estatais e o federal estão cooptados até a medula.

“Enquanto as polícias estejam infiltradas, não podemos, plenamente, garantir a segurança” da população mexicana, reconheceu o secretário de Governo, Juan Camilo Mouriño, que também admitiu a alta probabilidade de que o narcotráfico financie campanhas políticas nas próximas eleições federais de deputados e senadores, assim como uma dezena de governos estatais e congressos locais em 2009. No que muitos analistas não souberam definir se se tratava de reconhecimento da debilidade governamental ou de um grande cinismo político, o responsável pela segurança interna do país e os outros dois responsáveis pela segurança pública se negaram a renunciar a seus cargos, depois das denúncias da oposição, que mais de uma vez lhes exigiu separar-se de seus cargos diante de sua evidente incapacidade. O secretário de Governo, pelo menos, assumiu que, nessas circunstâncias, o governo de Calderón “também não (pode) gozar da confiança dos cidadãos”.

Tal confiança parte não apenas da desproporcional escalada de violência que aflige o país desde o final de 2006, que custou a vida de mais de três mil pessoas, mas também de sinalizações diretas dos cartéis do narcotráfico que, nas últimas semanas, denunciaram a existência de pactos criminais realizados com funcionários públicos, assim como a corrupção generalizada em todos os níveis do governo.

No entanto, na terça-feira, o secretário de Segurança Pública, Genaro García Luna, e o procurador Eduardo Medina Mora negaram diante dos senadores que a administração de Calderón tenha realizado pactos com narcotraficantes ou que vá realizá-los, como os principais cartéis da droga os acusaram nos últimos meses: batem em um grupo enquanto protegem outro. Porém, reconheceram que todas as polícias do país estão infiltradas pelo crime organizado e, o que é pior, que pelo menos dois mil policiais ganharam proteção para ser reinstalados em seus postos, depois de serem despedidos por corrupção.

De passagem, advertiram que ninguém deve esperar resultados efetivos quando se cumpram os cem dias do Acordo Nacional pela Segurança, pela Justiça e pela Legalidade, ainda que os três níveis do governo tenham se comprometido com sua assinatura. “Não vamos ver uma mudança substancial. O que vamos ver é se as instituições públicas do Executivo federal, as entidades federativas, os outros poderes colocaram em marcha ou não os processos que vão levar ao cumprimento desses objetivos”, disse o procurador Medina Mora. O prazo vence no dia 2 de dezembro.

Ontem, as baterias dos deputados se centraram no secretário de Governo, pois o secretário de Segurança Pública e o procurador geral da República haviam sido questionados na véspera, no Senado da República. De qualquer forma, a ala civil do gabinete de segurança de Felipe Calderón foi protegida sem constrangimento pelos deputados do governista PAN e seus aliados do contraditoriamente direitista Partido Verde. Mas nem assim saíram beneficiados. Mouriño teve que reconhecer inclusive a incapacidade do Centro de Investigação e Segurança Nacional (Cisen, a polícia política do regime) para combater o crime organizado, enquanto o procurador insistia que já não se trata de uma disjuntiva entre pacto ou violência: “a violência já está aí”.

Diante do pleno dos deputados, os funcionários exasperaram a oposição, que gritava em coro sua exigência de que cúmplices e corruptos renunciem, por serem ineficientes. Apesar de que no começo do seu depoimento juraram dizer a verdade, todas as suas respostas vinham preparadas em cartões, e eles as liam de cor, sem sair nem um só momento de seu roteiro. Todas as vezes que não tiveram uma saída preparada, simplesmente ignoraram os questionamentos.

Túnel de usina tinha oito pontos de ruptura

Instituto Humanitas Unisinos - 26/09/08

Consultores internacionais que visitaram a Usina Hidrelétrica de San Francisco revelaram que foram identificados oito pontos de ruptura no túnel de 11,2 quilômetros da usina. Houve desprendimento de pedaços de rochas e buracos foram abertos, com queda de fragmentos rochosos. De acordo com os consultores, os oito pontos estão localizados no trecho de 8,4 quilômetros em que o duto foi aberto com a ajuda de máquina shield, semelhante ao tatuzão usado na construção do metrô. Esse espaço fica na área central da tubulação de sete metros de diâmetro. Num dos lados, 1,8 quilômetro foi aberto com a ajuda de explosivos, mesmo método empregado em 1 quilômetro no outro extremo.

A reportagem é de Eduardo Reina e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-09-2008.

A Odebrecht passou a colocar vigas metálicas nesses buracos abertos após o esvaziamento da água do túnel. Por sobre as vigas são fixadas malhas metálicas e o espaço, preenchido com concreto projetado. Em alguns pontos será necessário colocar cambotas (estruturas metálicas), tirantes (pinos gigantes de fixação) e até mesmo aduelas (estrutura de concreto que forma um revestimento). Também estão sendo feitos reparos nas turbinas e outros equipamentos da usina.

A data prevista para concluir os reparos - 4 de outubro - poderá atrasar, por causa de dificuldades no trabalho de contenção das falhas geológicas detectadas nos oito pontos que desabaram. Tais dificuldades, dizem os técnicos, são originadas pela presença de soldados do Exército equatoriano no local, onde trabalham 300 operários. Hoje, 80% do trabalho já foi realizado.

A parada programada de manutenção da usina aconteceu no dia 6 de junho. Técnicos da Odebrecht só entraram no duto 15 dias depois. As duas caixas de retenção de sedimentos construídas no local - com 7 metros de largura, 8 de comprimento e 2,5 de profundidade - estavam cheias de pedras e lama.

Os técnicos que visitaram San Francisco dizem que há muito material proveniente da erupção do vulcão Tungurahua, que chegou ao local levado pelas águas do Rio Pastaza. O vulcão teve forte erupção no dia 16 de agosto de 2006, espalhando cinzas por toda a região. “A usina está preparada para operar com água contendo até 400 partes por milhão (PPM) de sedimentos. A análise da água mostra que existem até 14 mil PPM”, explicou um engenheiro que visitou o duto há duas semanas.

Não existe um equipamento específico para impedir que o material originado do vulcão entre na tubulação. Há apenas o que se chama de caixa desarenadora, que tem a função de reter o material sólido existente na água. Essa barragem recebe a água vinda de outro túnel, da Usina de Aguyan. A Odebrecht não se pronunciou sobre os comentários dos especialistas.
Instituto Humanitas Unisinos - 26/09/08

Um dia depois de o presidente dos EUA, George W. Bush, ter feito um apelo ao povo americano para apoiar o plano de socorro ao sistema financeiro, centenas de pessoas foram às ruas protestar contra o pacote e denunciar as falhas do sistema capitalista e da administração republicana.

A notícia é do jornal O Globo, 26-09-2008.

As manifestações reuniram desde sindicatos a associações em defesa da democracia.

Uma extensa passeata foi organizada pelo Conselho Central do Trabalho de Nova York próxima à Bolsa de Valores. Em punho, os protestantes levavam faixas e cartazes com dizeres como “US$ 11 trilhões de dívida: sua ganância vai destruir a América” e acusações de que o socorro bilionário era uma audácia dos grandes executivos de Wall Street.

Outro protesto, espontaneamente organizado via internet, resultou numa pilha de lixo em frente à estátua do Touro, símbolo do mercado financeiro americano.

“Já que Bush quer comprar ativos podres de Wall Street com dinheiro do cidadão americano, algumas pessoas estão planejando trazer seu próprio lixo para Wall Street para ver se podem ter ajuda do governo também” disse Arun Gupta, uma das líderes da manifestação, em e-mail distribuído a centenas de internautas e que inspirou vários protestos.

Em Washington, protestos do lado de fora da Casa Branca Estavam previstas 220 manifestações semelhantes para ontem em mais de 30 estados americanos, segundo os organizadores TrueMajority.com.

Entre as organizações que contribuíram para o planejamento dos protestos estão a Democracia para a América.

— Pessoas em todo o país abraçaram a causa — disse o porta-voz do grupo de advocacia UsAction, que também liderou manifestações.

— Nossos membros estão pasmos, e eles estão indo para rua.

Em Washington, onde o presidente Bush se encontrou com congressistas e com os candidatos democrata, Barack Obama, e republicano, John McCain, para debater o plano, as vozes das ruas também puderam ser ouvidas do lado de fora da Casa Branca.

— As pessoas em quem confiamos para dirigir nossa economia falharam. Não podemos mais confiar nelas — disse Alan Charney, da UsAction.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Paquistão abre fogo contra helicópteros da Otan

BBC Brasil - 25/09/08

Soldado do Exército paquistanês
Clima de tensão na fronteira entre Paquistão e Afeganistão aumentou
As forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no leste do Afeganistão afirmam que militares paquistaneses abriram fogo contra seus helicópteros em um posto militar de fiscalização.

A aliança militar ocidental diz que suas aeronaves não ultrapassaram a fronteira para o espaço aéreo paquistanês, mas receberam disparos de uma arma leve perto do distrito de Tanai, na província de Khost.

Em sua página na internet, a Otan afirma que os helicópteros de sua Força Internacional de Assistência de Segurança (Isaf, na sigla em inglês) realizavam uma "operação de rotina no Afeganistão".

A declaração acrescenta que não ocorreram danos e diz que ninguém ficou ferido. A Isaf afirma que está trabalhando com os militares paquistaneses para resolver o assunto.

Incidentes

O último incidente ocorreu em meio à crescente tensão gerada por problemas na fronteira entre Paquistão e Afeganistão.

No começo da semana, soldados paquistaneses dispararam tiros contra helicópteros americanos, perto da fronteira, segundo autoridades locais.

Uma aeronave teleguiada de espionagem, que seria operada pela CIA (agência de inteligência americana), caiu em território paquistanês na quarta-feira.

As tensões na fronteira entre os dois países cresceram no último mês, depois que os Estados Unidos aumentaram o número de incursões contra militantes do Talebã.

O Exército do Paquistão afirmou que vai defender a soberania do país e tem o direito de retaliação em caso de violações de sua fronteira.

ODEBRECHT: EQUADOR FAZ O QUE SERRA NÃO FEZ

Conversa Afiada - 25/09/2008 09:02




José Serra, aquele defende os
interesses do cidadão de São Paulo

Paulo Henrique Amorim

Ele (Serra) é sem escrúpulo, passa por cima da mãe".

(De Ciro Gomes, numa sabatina da Folha)

. A Folha (da Tarde *) está uma fera com o Presidente do Equador, Rafael Correa, que botou a Odebrecht para correr.

. Chama de “demagogo”, “teatral”, “bravateiro”.

. Clique aqui para ler o furioso editorial.

. É tudo o que o presidente eleito José Serra deveria ser: demagogo, teatral e bravateiro, se tivesse um mínimo de coragem e enfrentasse a tragédia que foi a abertura da cratera da Linha 4 do metrô de São Paulo, onde morreram sete brasileiros.

. A Odebrecht está lá, enterrada naquela cratera.

. Na ilustre companhia da Andrade Gutierrez (epa ! Andrade ? É o Sergio Andrade, aquele que não vai botar um tusta e ficar com a patranha da “BrOi” !), Camargo, OAS e Queiroz Galvão.

. A fina flor do caixa-dois da política brasileira.

. Lá no Equador, a Odebrecht construiu uma hidrelétrica que não dá luz.

. Aqui, a Odebrecht construiu um túnel que desabou por causa da chuva.

. No Equador, o Presidente da República manda a Odebrecht embora, prende os responsáveis pela obra malfeita, e ameaça não pagar (*2) o que deve por uma hidrelétrica que não dá luz.

. Você pagaria, caro leitor ?

. Ou pediria uma indenização ?

. O notável governador Leonel Brizola encampou uma empresa de energia do Rio Grande do Sul, a Bond & Share, em 1962, que também não dava luz (*3).

. O Serra paga tudo, contrata a Odebrecht para fazer mais obras, e fica mudo.

. Até hoje, mesmo depois do laudo do IPT e do indiciamento proposto pelo Ministério Público Estadual, o presidente eleito não disse uma mísera palavra sobre a cratera do metrô.

. Não tomou uma única medida que tivesse o efeito de punir ou recriminar publicamente os faltosos.

. O Conversa Afiada quer deixar muito claro, caro leitor, que não contrataria a Odebrecht para derrubar uma parede no meu apartamento.

. Corria o risco de derrubar o prédio, na primeira chuva.

. Por isso, prefere a demagogia, a teatralidade e a bravata de Rafael Correa à pusilanimidade de José Serra.

. Clique aqui para ler as 29 perguntas que o Conversa Afiada fez a José Serra sobre a cratera do metrô e ele jamais respondeu. A trigésima pergunta era sobre como ele pretendia comprar ambulâncias para o Estado de São Paulo. Essa, ele também não respondeu.

. Clique aqui para ler o que Serra disse a uma repórter do Conversa Afiada que lhe perguntou por que ele não respondia às nossas perguntas.

A crise bancária sueca

Blog do Luis Nassif - 25/09/08

Do Estadão

Suécia combateu crise bancária nos anos 90 sem afetar contribuinte


Carter Dougherty*

Um sistema bancário em crise após o colapso de uma bolha imobiliária. Uma economia perdendo empregos vertiginosamente. Um governo orientado para o mercado se esfalfando para conter o pânico. Soa familiar? Para a Suécia, sim. O país estava num aperto tão grande em 1992 - depois de anos de regulação imprudente, política econômica míope e o fim de seu boom imobiliário - que seu sistema bancário estava, para todos os fins práticos, insolvente.

(...) A Suécia não só salvou suas instituições financeiras quando seu governo assumiu dívidas podres. Ela extraiu quilos de carne de acionistas de bancos antes de escrever seus cheques. Os bancos tiveram que dar baixa de prejuízos e emitir garantias para o governo. Essa estratégia manteve os bancos responsáveis e transformou o governo em proprietário. Quando os ativos problemáticos foram vendidos, os lucros foram para os contribuintes, e mais tarde o governo pôde recuperar mais dinheiro vendendo ações nas companhias também.

(...) A crise sueca teve origens espantosamente parecidas com as da crise americana, e seus vizinhos, Noruega e Finlândia, foram prejudicados até o ponto de precisar de um salvamento do governo para escapar do pântano. A desregulação financeira dos anos 1980 alimentou um frenesi de empréstimos para compra de imóveis pelos bancos suecos, que não se preocuparam muito com a possibilidade de o valor das garantias evaporar em tempos mais difíceis.

Os preços das propriedades implodiram. A bolha desinflou rapidamente em 1991 e 1992. Um esforço vão para defender a moeda sueca, a coroa, fez as taxas do overnight (interbancárias) dispararem, em certo ponto, até 500%. A economia sueca se contraiu por dois anos seguidos após uma longa expansão, e o desemprego, de 3% em 1990, quadruplicou em três anos.

Após uma série de quebras de bancos e soluções específicas, a hora da verdade chegou em setembro de 1992, quando o governo do primeiro-ministro Carl Bildt decidiu que era o momento de pôr ordem na casa.

(...) A Suécia disse aos bancos para darem baixa das perdas para ficarem em condição de recapitalização. Enfrentando o problema mais para o fim da década, o Japão cometeu o erro de arrastar esse processo, retardando uma solução durante anos.

Daí veio o imperativo de sangrar primeiro os acionistas. Lundgren recorda uma conversa com Peter Wallenberg, na época presidente do SEB, o maior banco da Suécia. Wallenberg, rebento da família mais famosa do país e timoneiro de grande parte de sua economia, ouviu dele que não haveria vacas sagradas. Os Wallenbergs trataram de arranjar uma recapitalização por conta própria, eliminando a necessidade de salvamento. O SEB saiu do vermelho no ano seguinte, em 1993.

(...) Quando os mercados se estabilizaram, o Estado sueco colheu os benefícios, tornando a abrir o capital dos bancos. Mais dinheiro ainda pode vir para os cofres oficiais. O governo ainda possui 19,9% do Nordea, um banco de Estocolmo que foi totalmente nacionalizado e agora é um gigante muito conceituado na Escandinávia e na região do Mar Báltico. (...)

*Carter Dougherty escreve para o The New York Times.

Paulson pisca

Blog do Luis Nassif - 25/09/08

No mercado financeiro, usa-se o termo "piscar" quando alguma autoridade ou investidor dá sinais de fraqueza ou de dúvida. A análise de George Soros sobre Henry Paulson (na "Folha" de hoje) mostra as muitas dúvidas sobre sua competência para conduzir uma operação de alto risco:

ARTIGO

Não se pode dar cheque em branco a Paulson

GEORGE SOROS

ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"


(...) O histórico de Paulson não inspira a confiança necessária para que lhe sejam concedidos plenos poderes sobre US$ 700 bilhões. Suas ações da semana passada causaram a crise que torna necessário o resgate. Na segunda-feira ele permitiu a quebra do Lehman Brothers e se recusou a fornecer verbas governamentais para salvar a AIG.

Na terça, se viu forçado a reverter sua posição e a oferecer à seguradora um empréstimo de US$ 85 bilhões, com condições punitivas. O colapso do Lehman Brothers perturbou o mercado de commercial papers. Um grande fundo do mercado monetário viu sua carteira cair abaixo do valor nominal dos papéis, e os bancos de investimento que dependiam do mercado de commercial papers enfrentaram dificuldades para financiar suas operações.

Por volta da quinta-feira, uma corrida aos fundos do mercado monetário estava em pleno curso, e nunca chegamos tão perto de um colapso completo do sistema, desde os anos 30. Paulson reverteu sua posição uma vez mais e propôs um resgate sistêmico.

Paulson já havia recebido um cheque em branco do Congresso no passado. Isso aconteceu no caso da Fannie Mae e da Freddie Mac. A solução que ele desenvolveu colocou o mercado da habitação na pior situação possível: os administradores das empresas sabiam que, se o cheque fosse preenchido, perderiam seus empregos, de modo que se reposicionaram e tornaram as hipotecas ainda mais dispendiosas e menos acessíveis. Dentro de poucas semanas, o mercado forçou Paulson a agir e ele teve de tomar o controle das duas instituições. A proposta de Paulson para adquirir títulos problemáticos lastreados por hipotecas apresenta um problema clássico de assimetria de informação. É difícil avaliar os papéis, mas os vendedores sabem mais sobre eles do que os compradores; em qualquer processo de leilão, o Tesouro ficaria com o lixo.

A proposta também está repleta de potenciais conflitos de interesse. A menos que o Tesouro pague mais pelos títulos do que eles valem, o esquema não aliviaria os problemas. Mas caso o esquema seja utilizado para resgatar bancos insolventes, o que os contribuintes receberão em retorno?


Barack Obama delineou quatro condições que deveriam ser impostas: que os contribuintes tenham algo a ganhar, além de algo a perder; que um conselho bipartidário fiscalize o processo; que os proprietários de imóveis também recebam ajuda, e não só os detentores de hipotecas; e alguns limites para a remuneração daqueles que se beneficiem do dinheiro dos contribuintes. Os princípios são corretos. Poderiam ser aplicados mais efetivamente por meio da capitalização direta das instituições que detém títulos problemáticos, em lugar de medidas de alívio dirigidas aos títulos problemáticos. (...)

O IMPENSÁVEL ACONTECEU

Site do Azenha - Atualizado em 25 de setembro de 2008 às 14:30 | Publicado em 25 de setembro de 2008 às 14:20

O Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição.

Boaventura de Sousa Santos, na CARTA MAIOR
A palavra não aparece na mídia norte-americana, mas é disso que se trata: nacionalização. Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o governo dos EUA decidiu assumir o controle direto de uma parte importante do sistema financeiro.

A medida não é inédita pois o Governo interveio em outros momentos de crise profunda: em 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), em 1907 (neste caso, o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), em 1929 (a grande depressão que durou até à Segunda Guerra Mundial: em 1933, 1000 norteamericanos por dia perdiam as suas casas a favor dos bancos) e 1985 (a crise das sociedades de poupança).

O que é novo na intervenção em curso é a sua magnitude e o fato de ela ocorrer ao fim de trinta anos de evangelização neoliberal conduzida com mão de ferro a nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e o Banco Mundial: mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social.

Foi com estas receitas que se "resolveram" as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.

À luz disto, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição; o capital tem sempre o Estado à sua disposição e, consoante os ciclos, ora por via da regulação ora por via da desregulação. Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal.

Muito continuará como dantes: o espiríto individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o fato de que a fatura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos, já que é com seu dinheiro que o Estado intervém e muitos perdem o emprego, a casa e a pensão.

Mas muito mais mudará. Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge um novo patamar. Este país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira massiça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão "soberana" de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o actual american way of life.

Segundo, o FMI e o Banco Mundial deixaram de ter qualquer autoridade para impor as suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela agora fantasma. A hipocrisia dos critérios duplos (uns válidos para os países do Norte global e outros válidos para os países do Sul global) está exposta com uma crueza chocante. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, não só proteção e regulação específicas, como também taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o setor automóvel).

Não estamos perante uma desglobalização mas estamos certamente perante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já hoje presentes na África e na Ásia mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul. Por sua vez, a União Européia, o regionalismo mais avançado, terá que mudar o curso neoliberal da atual Comissão sob pena de ter o mesmo destino dos EUA.

Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso que seja possível acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado. Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo Estado que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção.

Isto significa que se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução. Quinto, as mudanças na globalização hegemônica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais que vão certamente se refletir no Fórum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Idoso banca mais da metade da renda de 53% dos domicílios

Instituto Humanitas Unisinos - 25/09/08

Em 53% dos domicílios do País, mais da metade da renda era fornecida por idosos em 2007, revela o IBGE. Dez anos antes, o porcentual era de 47,2%. Na área rural do País, o mesmo nível de contribuição das pessoas com 60 anos ou mais no orçamento familiar chegou a 67,3% dos domicílios em 2007 - no caso do Nordeste rural, a 73%.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 25-09-2008.

“Numa sociedade em que a população vem envelhecendo rapidamente, é de notar que a parcela mais idosa tenha dose de contribuição maior. A política de aumento do salário mínimo não só ajuda para o aumento da renda familiar em geral, como em especial para esta camada da população, que depende principalmente da aposentadoria”, disse o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.

A análise do crescimento relativo da população por grupos de idade entre 1997-2007 mostra um incremento de 65% na faixa de 80 anos ou mais. A população brasileira apresentou crescimento de 21,6% no período, e na faixa de 60 anos ou mais o aumento foi de 47,8%.

ABAIXO DA REPOSIÇÃO

O IBGE destaca o baixo crescimento nas faixas de 0 a 14 anos (0,4%) e 15 a 24 (13,6%). A taxa de fecundidade recuou 66% em menos de 40 anos - era de 5,8 filhos por mulher de 15 a 49 anos em 1970, e chegou a 1,95 em 2007, abaixo do nível de reposição da população (2,1 filhos por mulher).

Uma crise que enterra a vigência de muitos mitos econômicos

Instituto Humanitas Unisinos - 25/09/08

Está em marcha o que o The New York Times chama de “a maior operação de resgate dos tempos modernos” que – como destaca – “pode redefinir o papel do Governo no mercado nos próximos anos”. A reportagem é de Bernardo Kliksberg, economista e assessor do PNUD, organismo da ONU, e publicada no Clarín, 24-09-2008. A tradução é do Cepat.

Segundo suas linhas gerais, o Estado norte-americano tomaria 700 bilhões de dólares de ativos “tóxicos” da banca, basicamente com fundos do contribuinte. Chega depois da quebra de dois dos cinco Bancos de Investimentos dos Estados Unidos mais importantes. Muitos deles tinham em seus balancetes enormes ativos, mas se perdeu o elemento central do capital social de uma sociedade, a confiança.

A necessidade de agir rapidamente superou – como ressaltou Ben Bernake, presidente do Federal Reserve – qualquer consideração ideológica. Só em 2008, 600 mil pessoas perderam seus empregos nos Estados Unidos. Os impactos nas economias européias, e agora também asiáticas, se sucedem.

A América Latina deveria tirar algumas lições destes acontecimentos tumultuosos que estão marcando a história. Parece hora de revisar “o disco rígido” de receitas econômicas infalíveis que predominaram na região nos anos 80 e 90 e resultaram no aumento do número de pobres de 137 para 200 milhões, de jovens marginalizados de tudo (25%), e dos níveis de desigualdade (atualmente, os piores do planeta).

A crise é de extrema complexidade, mas entre os destaques mais freqüentes, hoje, entre os observadores mais argutos, se encontram:

1. Houve um vazio muito importante de regulações. O New York Times escreve em um de seus editoriais: “Esta crise é o resultado da voluntária e sistemática falha do governo em regular e monitorar as atividades de banqueiros, prestamistas, fundos de investimento, seguradoras, e outros atores do mercado. Faziam apostas de pôquer muito altas com o sistema financeiro, sem a adequada transparência e supervisão”.

2. Fatores especulativos precipitaram a queda de algumas das principais instituições. O Controlador do Estado de Nova York, Thomas DiNapoli, disse o seguinte sobre as operações dos “short sellers” (operadores que fazem empréstimos de ações, vendem-nas, pressionando assim a queda de seus preços, para comprá-las na seqüência a preços deteriorados, e as devolvem aos seus proprietários ganhando a diferença): “Estas vendas especulativas pressionaram o nosso mercado acionário e ameaçam precipitar a nossa economia nacional”.

3. Retornou a discussão sobre os salários dos altos executivos. O várias vezes Prêmio Pulitzer, Nicholas Kristof, informa que três décadas atrás os executivos ganhavam nos Estados Unidos 30 a 40 vezes o que o trabalhador comum percebia. No ano passado, a diferença foi de 344 vezes. Kristof assinala que os contribuintes estão subsidiando com 20 bilhões de dólares anuais os supersalários. Warren Buffet, o investidor mais bem sucedido de Wall Street, afirma: “Para julgar se a América corporativa é séria sobre uma auto-reforma, a remuneração dos CEOS é o teste crucial”.

4. Muitos mitos sobre a possibilidade de prescindir do Estado caíram. A demanda por política pública foi muito forte, e ultrapassou toda a discussão ideológica. Na região haveria que reexaminar pontos como estes: a necessidade das regulações, as práticas especulativas, as altas desigualdades, o papel da política pública, e muitos outros subjacentes à crise. Também sair de uma vez por todas dos economicismos estreitos, e visualizar que componentes básicos do capital social como a confiança e a ética têm enorme peso sobre a economia.

Dever-se-ia ter em conta que os erros cometidos nestes campos não são meras questões acadêmicas, mas que são os consumidores, os pequenos acionistas, os pequenos e médios empresários, os agricultores, as classes médias e os trabalhadores, que devem arcar com eles, com graves riscos para os seus esforços realizados ao longo de anos.