"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, agosto 17, 2012

Justiça

Sem comentários…

Meu filho, você não merece nada

Época – 11/07/2011 – atualizado em 09/08/2011

Eliane Brum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Mensalão: voto de Barbosa confirma piores temores do PT

R7 - 17 agosto 2012

Os piores pesadelos dos petistas começaram a se confirmar nesta quinta-feira com a primeira parte do voto do ministro relator do mensalão no STF, Joaquim Barbosa. "Era previsível" - disse o advogado de José Dirceu, José Luís Oliveira Lima, no intervalo da sessão, com expressão desolada de quem antevê problemas.
O que não era previsível no voto do ministro e surpreendeu a todos, foi iniciar o voto pelo petista João Paulo Cunha, condenando-o de cara pelas três graves acusações feitas pelo ministério público: corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. A condenação reverberará até a segunda-feira, quando outros réus tomarão o noticiário. Até lá, o estrago na campanha de João Paulo à prefeitura de Osasco terá sido incalculável - exatamente como previa o PT quando defendeu que o julgamento do mensalão fosse descasado da eleição.
A perspetiva de que os réus estejam mais próximo de uma pena de prisão arrancou comentário drástico na bancada dos advogados: "Ferrou!" - antecipou a assistente de uma das principais estrelas do caso, reconhecendo a gravidade da situação.
O relator deixou completamente atônitos advogados presentes e até os ausentes ao plenário do STF. "Já nem sem o que pensar" - dizia Arnaldo Malheiros Filho ao deixar o Tribunal no final do dia, perguntado se considerava viável o método de votação adotado pelo relator.
Inconformado estava o advogado de João Paulo Cunha, que sequer compareceu a Brasília, já que jamais imaginou que seu cliente encabeçaria a lista, no voto do relator. "Ele nos pegou de surpresa. Começou a julgar por uma figura lateral do caso", declarou Alberto Toron, minutos depois da primeira condenação do deputado, por corrupção passiva. A convicção geral era a de que Barbosa iniciaria por julgar as acusações contra o deputado cassado José Dirceu - o que não se confirmou.

Espero que todos sejam presos (o que acho muito difícil), mas que pelo menos desapareçam da cena política. Mas, não esqueçamos (como a Carta) de que o caso Eduardo Azeredo (entre outros) deveria ter o mesmo rigor de investigação e punição.

Petrobrás

 

Petrobras vai ajudar Transocean e Chevron

A Petrobras acionou seu departamento jurídico para ajudar a Transocean e a Chevron a não interromperem suas operações no país.

A reportagem é de Denise Luna e foi publicada no jornal Folha de S. Paulo, 16-08-2012.

Liminar concedida em 31 de julho pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região, a pedido do Ministério Público Federal, exige que as duas americanas suspendam suas operações no país.

O motivo é o acidente ocorrido em novembro, no campo de Frade, na bacia de Campos, que derramou 3.700 barris de petróleo no mar.

A Transocean já apresentou ao TRF embargos de declaração, recurso usado quando uma das partes considera que a decisão judicial foi obscura, omissa ou contraditória em algum ponto.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo) pediu ao TRF para fazer parte do processo.

A Petrobras teme que a parada da Transocean tenha impacto em suas operações. A estatal tem oito sondas de perfuração contratadas da empresa, sendo que sete estão em operação.

"Claro que teria impacto, nosso jurídico está trabalhando junto com a Transocean e, na medida do possível, junto com a Chevron. Vamos mostrar à Justiça que não há razão nessa decisão", afirmou ontem o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli.

Em relação à Chevron, a preocupação da estatal se refere à produção interrompida em março, no campo de Frade, após um segundo vazamento.

A Petrobras tem 30% do campo, que produzia no início do ano 70 mil barris de petróleo por dia.
 
 
Carta Capital -10.08.2012 15:19

Os efeitos da alta do dólar 

Caixa. Graça Foster espera um reajuste da gasolina. Foto: Ag. Petrobras

Não foi apenas a carência de reajustes dos derivados de petróleo a afetar o resultado da Petrobras, cujo balanço do segundo trimestre registrou prejuízo de 1,35 bilhão de reais. O desempenho ruim, mergulho considerável em comparação ao lucro de mais de 10 bilhões do mesmo período de 2011, teve outras razões de peso.
No rol de explicações apresentadas por Graça Foster, presidente da companhia, a primeira da lista foi o impacto da desvalorização do real sobre o passivo da empresa, fortemente influenciado pela cotação do dólar. Não por outro motivo o maior resultado negativo registrado na história da estatal ocorreu em 1999, no rescaldo da maxidesvalorização posterior à reeleição de FHC. Àquela altura, o prejuízo foi de 1,5 bilhão de reais, segundo a consultoria Economática.
Ainda assim, aos poucos o governo deixa entrever sua disposição para aumentar o preço dos combustíveis nos postos. O debate no Planalto parece intenso. Para o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, o aumento virá em breve. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também presidente do conselho de administração da Petrobras, garante que não há nada definido até o momento.
 
 
Quando da primeira crise mundial de petróleo, a petrobrás produzia 20% do petróleo que consumiamos, o que provocou um seríssimo processo de endividamento por parte dos Governos Militares. Nesse setor específico esse endividamento era para: 1º- ampliar a capacidade produtiva da empresa; 2º- tornar o país "independente" do produto externo (o que foi concluido nos anos Lula).
Então, temos hoje uma empresa que luta pela defesa de poluidores para resguardar seus interesses produtivos e também usa a desculpa da alta do dólar para seus problemas.
Bom, nos dois casos a unica solução é uma reestruturação da empresa para que essa volte a atender os interesses do país. O dólar alto pode até ter prejudicado a empresa, mas, que ela se reformule para que isso não ocorra, pois o dolár baixo é um entrave bem sério para a economia em vários setores, então beneficiar a petrobrás com sua baixa não deveria nem ser cogitado, ainda mais, usar essa desculpa para seus problemas.
Não podemos esquecer que a petrobrás é uma sociedade mista, e que 44,5% da petrobrás é privada, mas se considerarmos o capital social como um todo, aí a coisa complica, pois a petrobrás é majoritariamente privada com o Governo detendo algo em torno de 49%. 
Enquanto corporação que tem interesses privados em sua estrutura, o principal objetivo é o lucro, e nesse caso independe se esses lucros atendem aos interesses da sociedade como um todo ou não. Daí vermos esse tipo de situação e notícia ser veículada.

quinta-feira, agosto 16, 2012

Militância na Ásia Central: mais do que extremismo religioso

darussia.blogspot -Sábado, Agosto 11, 2012


Texto traduzido e enviado pelo leitor Pippo:
"09 de agosto de 2012 | 0900 GMT
Stratfor
Por Eugene Chausovsky
Desde 2010, a Ásia Central tornou-se cada vez mais volátil, e muitos atribuem a tendência ao aumento do islamismo militante. A militância tem de facto aumentado desde 2010, mas a noção de que os militantes islamitas são os principais responsáveis ​​pela volatilidade da Ásia Central é um exemplo de miopía, porque ignora outras dinâmicas políticas e económicas em jogo na região.
Mas se essas dinâmicas, que não são produto dos jihadistas, inspiram grande parte da recente actividade militante da região, a iminente retirada dos EUA do Afeganistão em 2014 poderá colocar na Ásia Central em maior risco de islamismo militante no futuro. Combinado com mudanças de liderança em vários Estados da Ásia Central, a retirada pode complicar um já complexo cenário militante na região.
Militância Regional: final dos anos 1990 e início de 2000
A Ásia Central era uma região importante para a militância islâmica na década de 1990 e início de 2000. A região é predominantemente muçulmana, embora, como todas as práticas religiosas, o Islão fora reprimido durante a era soviética. Dada a secularização da região sob domínio soviético, muitos grupos e figuras religiosas, ou foram para a clandestinidade, ou praticaram a sua religião de forma mais ou menos aberta, na medida em que os soviéticos o permitiam. Estes grupos e indivíduos concentraram-se no Vale de Fergana, o núcleo demográfico da Ásia Central que abrange partes do Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão. Os islamistas eram particularmente prevalentes no Uzbequistão, que é sede de várias organizações religiosas e culturais importantes situadas em locais como Samarkanda e Bukhara.
Quando os países da Ásia Central conquistaram a sua independência na década de 1990, a religião começou a ser praticada de forma mais aberta, e os elementos islamitas que operavam à margem da sociedade usaram essa liberdade para se abrirem à sociedade. O ambiente islamista fortaleceu-se, da mesma forma que a capacidade dos novos regimes da Ásia Central para controlar e suprimir os movimentos islamistas enfraqueceu. Como resultado, alguns grupos islamitas começaram a apelar à criação de um califado regional regido pela Sharia.
Entre esses grupos estão o Movimento Islâmico do Uzbequistão e o Hizb al-Tahrir, os quais inspiraram-se nos Mujahideen afegãos que lutaram contra a União Soviética de 1979 até 1989. Apesar das suas semelhanças - ambos defendiam a expulsão do presidente uzbeque Islam Karimov - os dois grupos diferiram de maneira fundamental: considerando que o Movimento Islâmico do Uzbequistão usava a violência em prol da sua causa, o Hizb al-Tahrir não. Outros grupos, como o Akromiya, mais tarde adoptaram o uso da violência, tal como o Movimento Islâmico do Uzbequistão, ao mesmo tempo que defendiam a ideologia do Hizb al-Tahrir.
Karimov apertou o cerco contra esses grupos no início e meados da década de 1990, mas o Movimento Islâmico do Uzbequistão ganhou refúgio no Tadjiquistão, que foi devastado pela guerra civil de 1992 a 1997. Por causa do vácuo de poder resultante e a sua fronteira, muito porosa, com o Afeganistão, o Tadjiquistão tornou-se a principal base de operações para o Movimento Islâmico do Uzbequistão. No final dos anos 1990 e início de 2000, multiplicaram-se os ataques do grupo a partir do Tajiquistão, realizados no Vale Fergana e no sul do Quirguistão e Uzbequistão.
Em 2001, a invasão dos EUA no Afeganistão, um país cujo regime talibã ultra-conservador forneceu apoio ideológico e material a grupos islamitas na Ásia Central, reduziiu a actividade e ambições jihadista na Ásia Central. Com a ajuda do Exército dos EUA, incluindo as Forças de Operações Especiais norte-americanas, o Movimento Islâmico do Uzbequistão foi em grande parte expulso da Ásia Central, encontrando refúgio na zona da fronteira Afeganistão-Paquistão. Por sua parte, o Hizb al-Tahrir refugiou-se n a clandestinidade.
Os regimes da Ásia Central, especialmente o de Karimov, foram capazes de reprimir os militantes islamitas remanescentes. Os ataques islamitas tornaram-se mais raros ao longo da década seguinte, dado que os grupos militantes islamitas lutavam para sobreviver num Afeganistão ocupado pelas forças norte-americanas.
Militância Desde 2010
O ataques de militantes na região tornaram-se mais frequentes em junho de 2010, quando ecolodiram confrontos entre quirguizes e uzbeques no sul do Quirguistão, nas províncias do Vale de Fergana de Osh e Jalal-Abad. Como resultado, as autoridades do Quirguistão conduziram operações de segurança através de bairros predominantemente uzbeques sob o pretexto de os extirpar de suspeitos de militantância islâmica.
Na realidade, essas operações foram provavelmente dirigidas contra a etnia uzbeque. Muitos quirguizes suspeitam de etnia uzbeque no Quirguistão, que constitui uma parte substancial da população de Osh e Jalal-Abad. Assim, estas operações com vista a securizar estas zonas e a resistência armada resultante não se encaixam necessariamente nas reivindicações do extremismo religioso. Pelo contrário, a actividade militante pode estar relacionada com as tensões internas e as políticas entre quirguizes e uzbeques. Na verdade, estas tensões surgiram periodicamente desde o colapso da União Soviética.
Uma dinâmica semelhante pode ser vista no Tadjiquistão. Após a guerra civil do país, militantes islamitas conciliáveis, tal como os do Partido do Renascimento Islâmico do Tadjiquistão, foram incorporados no governo e nas forças de segurança, enquanto o Movimento Islâmico do Uzbequistão e outros elementos jihadistas foram suprimidos. A violência atingiu um pico no início de 2000, após o que Tadjiquistão experimentou uma década de relativa calma. No entanto, uma badalada fuga da prisão em Dushanbe em Agosto de 2010 interrompeu essa calma. Durante a fuga, cerca de 24 prisioneiros tidos como sendo ex-membros do Movimento Islâmico do Uzbequistão fugirm para o vale de Rasht, no leste do Tadjiquistão. Esta ocorrência originou operações de segurança no Vale de Rasht, o que resultou em ataques a comboios militares no Tadjiquistão - ataques esses que o governo tadjique atribuiu a militantes islamitas.
Estes “militantes” eram, muito mais provavelmente, ​indivíduos ​associados aos elementos da oposição da guerra civil no país, ao invés de militantes jihadistas. (O facto de terem fugido para o Leste é revelador: os habitantes das províncias orientais do Garm e Gorno-Badakhshan opunham-se aos indivíduos que chegaram ao poder nas províncias ocidentais de Leninabad e Kulyab.) A fuga da prisão pode ter levado - ou sido meramente um sintoma de - ao resurgimento da luta de poder entre clãs tadjiques, luta essa que era comum durante os primeiros anos de independência do país. Em si, a fuga da prisão pode não significar um ressurgimento jihadista.
De igual modo, as operações militares em torno de Gorno-Badakhshan podem ser vistas a uma luz semelhante. As forças de segurança foram mobilizadas para a região após as forças leais ao senhor da guerra e ex-líder da oposição Tolib Ayombekov supostamente terem morto um oficial superior da segurança da região. Provavelmente, contudo, Ayombekov não terá morto o oficial sob quaisquer motivações religiosas. Pelo contrário, são as alegadas ligações de Ayombekov com as lucrativas redes de contrabando regionais, bem como sua resistência ao regime de Rakhmon Emomali, o que levou à realização das operações de segurança e, finalmente, à morte do referido oficial. Tal como a militância no Quirguistão, grande parte da militância do Tadjiquistão é provavelmente mais o resultado de rivalidades políticas e étnicas do que do extremismo religioso.
Da mesma forma, o Cazaquistão desafia a teoria de que está proliferando militância islâmica na região. Dada a sua separação geográfica do Vale de Fergana e uma sociedade comparativamente menos religiosa, o Cazaquistão não teve militância islâmica na década de 1990 e 2000. No entanto, em 2011, o Cazaquistão assistiu, pela primeira vez na sua História moderna, a ataques de militantes islamitas. Que os ataques tenham sido realizados usando táticas diferentes por todo o país, incluindo Almaty, Atyrau e Taraz, é algo particularmente anómalo.
O governo cazaque culpou militantes islamitas e grupos de propaganda religiosa que alegadamente circulam por todo o País. No entanto, o timing desses ataques é curioso, porque eles ocorreram a meio a uma batalha política crescente acerca da sucessão a longo prazo do presidente do país, Nursultan Nazarbayev. Conclui-se que esses ataques poderiam ter sido menos inspirado pelo radicalismo islamita, o que tem sido pouco evidente no Cazaquistão durante os últimos 20 anos, e mais pela luta de poder entre diversos actores que buscam posicionar-se para a sucessão de Nazarbayev.
Notavelmente, um grupo jihadista chamado “Os Soldados do Califado” assumiu a responsabilidade por alguns dos ataques, incluindo os atentados de Outubro de 2011 em Atyrau. As reivindicações sugerem que há uma genuína ameaça de militantes islamitas no Cazaquistão. No entanto, o grupo era desconhecido até 2011, e há pouca informação sobre os seus membros e de liderança.
Mais recentemente, o Uzbequistão e o Turcomenistão têm assistido a menos ataques e a registos de actividade militante. Isto sugere que as respectivas situações internas são relativamente estáveis ​​e que os seus governos já estão seguros o suficiente para não terem que usar o radicalismo islamita para justificar a repressão de segurança.
Enquanto isso é provavelmente verdade para o Turquemenistão, a situação é menos clara no que diz respeito ao Uzbequistão, que tem sido mais estável do que seus vizinhos do Vale de Fergana. No entanto, o Uzbequistão testemunhou uma explosão numa linha férrea, perto da fronteira tadjik em Novembro de 2011. O governo classificou o incidente um ataque terrorista. Dado que a explosão ocorreu numa área remota com pouco significado estratégico, muitos especularam que o foi o Governo uzbeque quem realizou esse ataque para impedir o tráfego de mercadorias de e para o Tadjiquistão, com o qual Tashkent ja teve várias disputas.
Enquanto isso, o Uzbequistão está passando por uma luta de sucessão, o que poderá resultar em instabilidade política. Com efeito, recentemente tem havido relatos de protestos no Vale de Fergana, na província de Andijan, o local de uma operação de segurança em 2005 que matou centenas de pessoas. Neste caso, mais uma vez, o governo culpou o Movimento Islâmico do Uzbequistão e militantes islamitas. No entanto, assim como no Quirguistão e Tadjiquistão, iste foi, mais provavelmente, o resultado de lutas de poder dentro do país.
Ressurgimento potencial
Como a dinâmica e as circunstâncias nos países da Ásia Central sugerem, muitas vezes, é do interesse do governo referir-se a qualquer actividade militante como sendo islamita. Se o fizer, tal sugere que essa é uma actividade política transnacional, ao invés de se limitar a elementos indígenas, havendo assim uma desculpa para se acabar com esses elementos.
Claro, grupos e elementos jihadistas existem na Ásia Central, mas há indícios de que uma parte substancial dos elementos jihadistas mais importantes foram em grande parte eliminados, marginalizados ou empurrados para dentro do teatro Afeganistão-Paquistão. No entanto, a retirada dos EUA do Afeganistão poderá provocar um ressurgimento jihadista na região. O vácuo de segurança criado pela saída do pessoal dos EUA e da Força Internacional de Assistência também poderá desestabilizar o Afeganistão, ao mesmo tempo que várias forças internas competem para preencher o vazio.
Devido à proximidade da Ásia Central com o Afeganistão e com a fronteira porosa e mal vigiada entre o Afeganistão e o Tadjiquistão, há certamente potencial para a violência e instabilidade transbordarem. Particularmente preocupante para os regimes da Ásia Central são os militantes islamitas na zona da fronteira Afeganistão-Paquistão que, sobrevivendo à guerra, tornaram-se endurecidos veteranos da guerra contra as forças ocidentais. No entanto, há relatos de que Abu Usman Adil, o líder do Movimento Islâmico do Uzbequistão, foi morto a 4 de Agosto por aviões remotamente tripulados no Paquistão, sugerindo que o grupo pode estar lutando pela sobrevivência, mesmo na área entre o Afeganistão eo Paquistão.
O grau em que elementos e militantes islamitas poderão tornar-se activos na Ásia Central dependerá da retirada dos EUA e do estado em que se encontrar o Movimento Islâmico do Uzbequistão. Até então, todos os desenvolvimentos na frente militante na região precisam ser analisados no contexto das dinâmicas internas de poder e as lutas políticas de cada país, para além do ângulo islamita. É somente nesse contexto que as motivações subjacentes aos ataques e aos actores militantes da Ásia Central podem realmente ser determinadas e previstas.
 

O desafio da infraestrutura

 

Coluna Econômica
Há décadas, todos os programas de investimento em infraestrutura repetem os mesmos projetos do programa anterior. Nesses anos todos, projetos já definidos foram interrompidos por contingenciamentos orçamentários, problemas de licenciamento, escassez de escritórios de engenharia e planejamento.
Ao colocar 9 trechos de rodovias e 12 de ferrovias em regime de concessão, perfazendo um total de investimentos de R$ 133 bilhões, o Programa de Investimentos em Logística – lançado ontem pela presidente Dilma Rousseff – pretende romper com essa inércia. Até o final do mês serão anunciadas as concessões nos sistemas portuário e aeroportuário.
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Há avanços em relação a momentos anteriores. O principal deles é a visão sistêmica sobre o setor de logística, pouco apurada em outros planos.
Na origem do “Brasil  em Ação” – primeira tentativa de articulação dos investimentos públicos orçamentários – havia um pano de fundo estratégico, absorvido dos trabalhos de Eliezer Baptista. Este propunha articular um conjunto de ações em sete regiões específicas, integrando a América Latina, e criando zonas de circulação de riqueza.
O programa foi menos ambicioso, concentrando-se em projetos. Mas acabou engolfado pelo contingenciamento orçamentário que matou todas as iniciativas de investimento público até o advento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que conseguiu livrar as obras da maldição do controle na boca do caixa.
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Nos programas seguintes – incluindo o PAC – avançou-se nas formas de gestão e de acompanhamento e de liberação de recursos, mas ainda estava verde nos chamados aspectos sistêmicos da logística.
Nesse ínterim, no entanto, houve grande avanço do conhecimento interno, especialmente a partir de trabalhos e estatísticas produzidas no âmbito da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). Foram feitos estudos mais meticulosos de origem e destino de mercadorias e estudiosos de diversos setores passaram a enxergar a logística de forma integrada, juntando rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, sistemas de armazenamento etc tendo como foco central o fluxo de mercadorias.
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Além disso, foram feitas algumas mudanças regulatórias relevantes.
No caso das ferrovias, por exemplo, assegurou-se o chamado direito de passagem – ou seja, o direito de qualquer empresa poder passar sua carga pelos trilhos da ferrovia concedida. Acaba com o uso exclusivo de ferrovias por algumas empresas ou com seu sub-aproveitamento, como ocorre hoje.
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Mesmo assim, persistem problemas estruturais que não serão resolvidos com o Plano. Há escassez de projetos executivos – os projetos mais detalhados de cada obra -, o mercado de engenharia ainda não conseguiu crescer para atender a todas essas demandas, permanecem as dificuldades com licenciamento ambiental.
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Por outro lado, o panorama externo é extraordinariamente favorável, com muito recurso disponível. Há que se tomar algum cuidado nos contratos de licitação, especialmente em relação ao capital estrangeiro. É bem vindo, especialmente se acompanhado de serviços de engenharia. Mas infraestrutura não gera divisas, capazes de equilibrar a conta da remessa futura de dividendos.

Equador: “Não somos uma colônia britânica”

viomundo - publicado em 16 de agosto de 2012 às 12:22
 

Equador rechaça ameaças e concede asilo a Assange
O governo do Equador anunciou oficialmente na manhã desta quinta-feira, por meio de um comunicado do ministro de Relações Exteriores, Ricardo Patiño, que aceitou o pedido de asilo apresentado pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange. Além disso, reafirmou que as ameaças do governo britânico de invadir a embaixada equatoriana em Londres para prender o ativista australiano são inaceitáveis.
O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, anunciou nesta quinta-feira (16) que o país aceitou o pedido de asilo apresentado há cerca de dois meses pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange.
“Há sérios indícios de retaliação por parte de um país ou países que se sentem afetados pela divulgação de informação confidencial [pelo site WikiLeaks], que pode pôr em causa a integridade de Julian Assange ou a sua vida”, disse o responsável pela diplomacia equatoriana.
Patiño afirmou que se fosse extraditado para os Estados Unidos, na sequência da extradição para a Suécia, Assange não teria um julgamento justo e poderia inclusive enfrentar a pena capital. “O sr. Assange não teria um julgamento justo nos EUA e não é inverossímil que lhe fosse aplicado um tratamento cruel e degradante”, disse ainda o ministro.
Patiño reafirmou que as ameaças do governo britânico de invadir a embaixada para prender o australiano são inaceitáveis e explicou que o Equador convocou os diferentes organismos regionais para estudar o que qualificou de ameaça. “Em caso algum se podem aceitar esta chantagem, estas ameaças”, enfatizou.
Londres já tinha comunicado que a concessão do asilo não muda nada, e que o governo britânico tem a obrigação de extraditar Assange para a Suécia. Por outro lado, no documento ameaçador entregue às autoridades equatorianas, o governo britânico afirmou que não daria salvo-conduto ao australiano para sair da embaixada, o que faz prever que a sua permanência no prédio londrino, que à luz da lei internacional é considerado território do Equador, pode eternizar-se.
Na manhã desta quinta-feira, houve incidentes com ativistas britânicos da Wikileaks, que foram retirados de volta da embaixada, quando a polícia reforçou o cerco ao prédio.
As ameaças do governo britânico
A ameaça apresentada pelo governo do Reino Unido de invadir a embaixada do Equador em Londres para prender o fundador da Wikileaks, Julian Assange, é oficial e consta de uma carta entregue ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Quito.
“Recebemos a ameaça expressa e por escrito”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Equador, Ricardo Patiño, numa conferência de imprensa realizada na noite de quarta-feira, acrescentando considerar esta atitude imprópria de um país democrático, civilizado e que respeita o Direito.
“Se as medidas anunciadas na comunicação oficial britânica se materializarem, serão interpretadas pelo Equador como um ato hostil e intolerável e também um ataque à nossa soberania, que exigirá uma resposta com grande força diplomática”, disse Patiño, acrescentando que uma ação como essa seria um flagrante desrespeito da convenção de Viena sobre as relações diplomáticas e das regras da lei internacional nos últimos quatro séculos.
“Seria um precedente perigoso porque abriria a porta à violação de embaixadas como um espaço soberano declarado”, afirmou o responsável pela diplomacia equatoriana. Sob a lei internacional, as instalações diplomáticas são consideradas território da nação estrangeira.
A decisão do governo do Equador sobre o pedido de asilo apresentado por Assange ao refugiar-se na embaixada será conhecida nesta quinta-feira.
Por seu lado, o presidente da Assembleia Nacional do Equador, Fernando Codero Cueva, convocou uma sessão extraordinária do parlamento para tomar posição sobre a comunicação britânica. No portal da Assembleia, Cueva recorda que “a Constituição da República do seu país condena a ingerência dos Estados nos assuntos internos de outros Estados e qualquer forma de intervenção, seja incursão armada, agressão, ocupação ou bloqueio económico ou militar”. E conclui: “Com base nos princípios constitucionais, Fernando Cordero Cueva, titular da legislatura, qualificou este facto como uma intolerável ameaça britânica”.
O portal da Assembleia disponibiliza um resumo da carta britânica, onde se afirma, entre outras coisas, que, diante da possibilidade de o presidente Rafael Correa conceder asilo a Assange, as autoridades britânicas negarão qualquer salvo-conduto para permitir a saída do australiano da embaixada. Mas as passagens mais significativas da carta são as que se referem a uma possível invasão da embaixada:
• Devemos reiterar que consideramos o uso contínuo de instalações diplomáticas desta maneira incompatível com a Convenção de Viena e insustentável, e que já deixamos claro as sérias implicações para as nossas relações diplomáticas.

• Devem estar conscientes de que há uma base legal no Reino Unido – a Lei sobre Instalações Diplomáticas e Consulares de 1987 (Diplomatic and Consular Premises Act 1987) – que nos permitiria tomar ações para prender o sr. Assange mas instalações atuais da embaixada.
• Sinceramente esperamos não ter de chegar a este ponto, mas se os senhores não podem resolver o assunto da presença do sr. Assange nas instalações, estará o caminho aberto para nós.”


“Não somos uma colônia britânica”
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Equador reafirmou que “a entrada não autorizada na embaixada do Equador seria uma violação flagrante da Convenção de Viena”. E sublinhou: “Não somos uma colônia britânica. Esses tempos são passado.”
Julian Assange, fundador do site Wikileaks pediu asilo à embaixada do Equador em Junho para evitar a extradição para a Suécia, onde teria de responder como testemunha a um processo de agressão e violação sexual, de que não foi ainda acusado formalmente. O australiano de 41 anos, que nega os crimes, quer evitar a extradição para a Suécia por considerar que esta seria apenas um pretexto para depois o extraditar para os Estados Unidos.

Em reação às declarações de Patiño, o governo britânico disse que apenas “chamou a atenção do Equador sobre as disposições da legislação britânica, entre elas as garantias sobre os direitos humanos” nos processos de extradição no país e o “status legal das sedes diplomáticas”.
Num comunicado emitido já nesta quinta-feira, a Wikileaks condenou a ameaça britânica. “Uma ameaça desta natureza é um ato hostil e extremo, que não é proporcional às circunstâncias, e é um ataque sem precedentes aos direitos dos cidadãos que procuram asilo por todo o mundo”, afirma a organização.

Estamos falando de Suécia, EUA e Inglaterra, países que a principio são exemplos de democracia.  Fantasiosa democracia!!!

Miguel Urbano: Novas formas de agressão dos EUA

viomundo - publicado em 16 de agosto de 2012 às 14:38 

Nas guerras, os drones apagaram a fronteira entre o soldado e o civil. Foto: Força Aérea dos EUA/Sargento Brian Ferguson

por Miguel Urbano Rodrigues, Jornal Brasil de Fato
Os EUA surgem como pioneiros em duas formas de agressão que o Pentágono define como evolução na arte da guerra: os drones, aviões sem pilôto, e os ataques cibernéticos.
Robôs sofisticados, as aeronaves sem piloto estão a ser utilizadas intensamente em bombardeamentos no Afeganistão e no Paquistão e em operações similares no Iêmen e na Somália.
Num brilhante ensaio, o professor português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão desses armamentos de tecnologia avançada.
Em 2003, o número de veículos aéreos sem piloto (Vasp) excedia já os sete milhares. Segundo o Pentágono, esses engenhos vieram revolucionar a arte militar.
Eles apagaram na guerra a fronteira entre o soldado e o civil. Agora, algures numa pequena cidade dos EUA, um técnico, recebidas as instruções sobre o alvo a atingir, carrega nos botões de uma mesa de comando e depois vai jantar com a família de consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação criminosa.
Mas o ataque pode ser também desfechado de uma base na Etiópia, em Djibuti, nas Seychelles ou na Arábia Saudita. Eventualmente, de um porta-aviões. Os drones disparam mísseis Halfi re ou Scorpion.
Afirmam os generais do Pentágono que os danos colaterais são mínimos. Mentem Dennis Blair, o ex-diretor Nacional da Espionagem, qualifica os Vasps de arma perigosamente sedutora, porque é barata, não faz vítimas americanas e transmite uma imagem de dureza.
Oficialmente, os alvos visados são grupos de terroristas ou personalidades cujos nomes constam de uma lista submetida à aprovação prévia do presidente Obama.
O balanço dos ataques a aldeias das zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados diretamente pela CIA, é pesado.
Nas aldeias bombardeadas por cada terrorista abatido são mortos dez camponeses.
De uma só vez, os mísseis de um drone mataram 26 soldados paquistaneses. A indignação naqueles país foi tamanha que o governo de Islamabad proibiu durante meses na fronteira o trânsito de caminhões de abastecimento às tropas americanas e da Otan que ocupam o Afeganistão.
O presidente Obama não somente aprova a utilização massiva dos drones como deu o seu aval a uma alteração dos regulamentos que autoriza o recurso da força letal longe de zonas de guerra. Por outras palavras, o assassinato em países estrangeiros de indivíduos considerados perigosos para a segurança dos EUA passou a ser legal.
Além dos drones, os EUA contam hoje com um arsenal de robôs de reconhecimento.
Revistas especializadas referem a existência de pequenos robôs espiões com a aparência de insetos, que passam despercebidos. Está aliás em estudo a utilização de insetos reais em que seria implantado um chip eletrônico que permitiria comandar a distância o seu vôo.
Cibernética a serviço da guerra
OS EUA são também pioneiros na utilização da cibernética como instrumento de espionagem e arma eficaz para a desativação ou destruição de equipamentos e sistemas informatizados.
O subsecretário de Defesa dos EUA, William Lynn, reconheceu numa declaração pública que para o Pentágono o ciberespaço é um novo teatro de guerra, como o solo, o mar ou o ar.
Atos de agressão cibernética confirmam essas palavras. Em setembro de 2010 a mídia estadunidense noticiou que o parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã, fora alvo de um ataque. Em Washington sabia-se que ali se procedia ao enriquecimento de urânio natural destinado a combustível nuclear para a produção de energia.
Aproximadamente mil centrifugadoras foram então inutilizadas pela operação de pirataria cibernética que utilizou o vírus Stuxnet. Posteriormente, soube-se que esse vírus, até então desconhecido, resultara de um projeto americano-israelense.
Operações como a citada são planejadas e executadas sob a direção do Ciber Comand, subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas.
É de lamentar que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à importância crescente da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA.
Essas inovações revolucionárias na estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de um sistema de poder monstruoso que somente encontra precedente no III Reich nazi.

Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português.

L'appel de Karim Ouattara pour «décourager toutes les velléités d’attaques armées»

RFI - Article publié le : jeudi 16 août 2012 - Dernière modification le : jeudi 16 août 2012

Après l'attaque du camp militaire d'Akouédo, à Abidjan, les soldats patrouillent dans la capitale économique ivoirienne, le 6 août 2012.
Après l'attaque du camp militaire d'Akouédo, à Abidjan, les soldats patrouillent dans la capitale économique ivoirienne, le 6 août 2012.
REUTERS/Thierry Gouegnon

Par RFI

En Côte d'Ivoire, le climat d'insécurité perdure. Presque deux semaines après la première attaque d'une longue série, qui a visé des sites militaires sur tout le territoire, l'armée a déployé des barrages dans de nombreux quartiers d'Abidjan et à l'intérieur du pays. Et les soldats aident la police et la gendarmerie pour mener des arrestations et des perquisitions. Les accusations, soupçons et rumeurs ont créé une atmosphère tendue. Ceci inquiète la Commission dialogue, vérité et réconciliation (CDVR), qui a choisi mercredi 15 août de s'adresser à la population.

C'est Karim Ouattara qui s'exprime au nom de la Commission dialogue, vérité et réconciliation. Chargé des relations avec la jeunesse, il espère être entendu par les auteurs des attaques. D'après lui, 90% des gens en armes sont aujourd'hui des jeunes.
Les autorités accusent des sympathisants de l'ancien président Laurent Gbagbo d'être derrière ces violences qui visent l'armée ivoirienne. Des violences dont les conséquences affectent en majorité les populations civiles.
« Les Check-points se sont multipliés. Les civils avaient commencé à apprendre à vivre ensemble, à se retrouver dans une situation de normalité, mais à partir de 19 heures, il y a un couvre-feu de fait. Tout le monde est effrayé, et particulièrement, les populations favorables au président Laurent Gbagbo. Donc, pour qui travaillez-vous ? »
Pour Karim Ouattara, il est indispensable de faire baisser la tension. Il met en garde les différents leaders politiques ivoiriens. « Découragez toutes les velléités d’attaques armées. Pour ceux qui sont de l’opposition, nous ne vous demandons pas de vendre l’âme de votre parti politique. On vous demande simplement de sauver la vie de vos militants à travers votre langage. »
Karim Ouattara a enfin appelé les forces de sécurité à user de discernement lors des opérations de contrôle, et de ne pas faire l'amalgame entre miliciens et simples civils.

Six Ivoiriens soupçonnés d'être impliqués dans l'attaque cette semaine d'un poste militaire dans l'ouest de la Côte d'Ivoire ont été arrêtés au Liberia, dans une zone frontalière. Selon le ministre libérien de la Défense, ils fuyaient la Côte d'Ivoire pour le Liberia à cause de cette attaque.

Somalie : à l'approche de l'assaut sur Kismayo, l'ONU s'inquiète pour les civils

RFI  - Article publié le : jeudi 16 août 2012 - Dernière modification le : jeudi 16 août 2012

Des soldats de l’Amisom et des forces somaliennes pendant une opération contre les shebabs à Dayniile, le 22 mai 2012.
Des soldats de l’Amisom et des forces somaliennes pendant une opération contre les shebabs à Dayniile, le 22 mai 2012.
Reuters/Stuart Price/African Union-UN Information Support Team

Par RFI

La prise de Kismayo en Somalie, le bastion des shebabs, avait été annoncée de longue date comme devant survenir avant le 20 août, la date théorique de l’élection du nouveau président dans le cadre des nouvelles institutions remplaçant le gouvernement de transition actuel. Des bombardements ont eu lieu il y a quelques jours et l’ONU évoque une attaque imminente.

« Alors que la prise de Kismayo semble imminente, j’appelle les parties à minimiser les victimes civiles ». Le responsable des affaires humanitaires de l’ONU pour la Somalie Mark Bowden déclare être préoccupé par les conséquences des attaques aériennes et navales, survenues récemment sur le port de Kismayo.
La prise de ce dernier gros bastion des shebabs était sensée survenir avant le 20 août, date de la fin du mandat du gouvernement de transition.
Cependant cette offensive a été retardée car elle dépend de plusieurs facteurs. Sur le plan militaire, les forces burundaises et ougandaises doivent s’emparer de Merka et Brava. Selon une source au sein de l’Amisom, les Ethiopiens devraient sécuriser Jamaame et Jilib. Ce sont les Kenyans, qui devront mener l’offensive sur Kismayo.
Mais celle-ci dépend étroitement du processus politique en cours. Des pourparlers sur l’avenir du Bas, Moyen Juba et Gedo sont cours depuis plusieurs semaines à Nairobi sous l’égide du Kenya et l’Ethiopie.
La brigade Ras Kamboni, Azania, mais aussi Ahlu Sunna wal Jamaa, le groupe Harti, ont été réunis pour s’accorder sur un partage du pouvoir et des ressources. Le port est la « vache à lait » des shebabs, il faut donc atteindre un consensus avant la prise de la ville pour éviter un vide politique qui risquerait de faire ressurgir des disputes claniques historiques pour le contrôle de Kismayo.

Les notables de la région de Gao, nouveau canal de négociation avec les islamistes

RFI -Article publié le : jeudi 16 août 2012 - Dernière modification le : jeudi 16 août 2012

Combattants du Mujao dans la région de Gao le 7 août 2012.
Combattants du Mujao dans la région de Gao le 7 août 2012.
Reuters

Par RFI

Les efforts de médiation avec les groupes armés se poursuivent au Mali. Différentes initiatives en la matière existent : celle du Burkina Faso et du Haut conseil islamique. Mais il faut aussi compter avec les filières de négociations maliennes. La dernière mission en date est celle de notables de la région de Gao, présentés comme des proches du Mujao. Ils viennent d'arriver à Bamako.

On connaissait le canal du Haut conseil islamique du Mali qui servait dans les négociations. Il n’y a pas longtemps, ses responsables ont organisé l’acheminement de convois humanitaires dans le Nord, avant de repartir pour engager des négociations avec les islamistes. Les deux partis se sont entendus sur une chose : dialoguer et non faire la guerre, pour arriver à une paix durable dans le nord du Mali.








Mais depuis quelques jours, il y a un nouveau canal pour discuter avec les islamistes. Il s’agit de notables de la région de Gao, actuellement présents à Bamako. Ils ont, dans un passé récent, été à tort ou à raison accusés d’être proches du Mujao, organisation des islamistes qui contrôlent la région de Gao.
En tout cas, depuis leur arrivée ici, ils ne sont pas du tout inquiétés. Et d’après nos informations, ils estiment même pouvoir mettre tout leur poids dans la balance pour que le pouvoir central de Bamako exerce à nouveau son autorité dans le Nord.
Une paix « made in Mali », c’est également l’objectif de plusieurs associations et de partis politiques locaux, regroupés au sein de la coalition pour le Mali. Des membres de ce regroupement sont actuellement dans les trois régions du nord du Mali, en tant que messagers de la paix.

La conférence nationale malienne : une conférence à enjeux multiples
De tous les organes de transition promis par le président Dioncounda Traoré, c'est bien la Conférence nationale qui est la plus attendue. Cette instance largement ouverte à la société malienne aura pour mission de cadrer la transition, mais aussi d'initier un dialogue entre Maliens et de réfléchir à l'avenir du pays. Le fédéralisme peut-il par exemple être une réponse à la crise du Nord ?
Elle sera aussi appelée à valider les autres instances de la transition : un Haut conseil d'Etat dirigé par Dioncounda Traoré, avec à ses côtés deux vice-présidents issus de l'armée et de la société civile. Le premier aura en charge la réforme du secteur de la défense et l'organisation de la reconquête du nord du Mali.
Tous les pronostics donnent le chef de la junte, le capitaine Sanogo, gagnant sur ce poste. L'autre vice-président pilotera le CNT, le Conseil national de transition. Il sera chargé de la préparation du processus électoral. Ce poste semble plus ouvert.
Une autre nouveauté : une commission sera chargée de négocier avec les groupes armés du Nord. Certains souhaitaient que la conférence nationale puisse aussi se prononcer sur le gouvernement d'union, ce qui n'est pas le cas. Ce dernier est attendu pour les prochains jours, si tout va bien.
RFI

quarta-feira, agosto 15, 2012

Brasil tem munição para apenas uma hora de guerra, diz portal

Brasil tem munição para apenas uma hora de guerra, diz portal
Assinada em 2008, a Estratégia Nacional de Defesa (END) prevê o reaparelhamento das Forças Armadas do país em busca de desenvolvimento e projeção internacional, mirando a conquista de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, poucas medidas previstas no decreto tiveram avanços desde então. O Exército, que possui o maior efetivo entre as três Forças (são 203,4 mil militares), está em situação de sucateamento. Segundo relato de generais, há munição disponível para cerca de uma hora de guerra. Quatro anos após o decreto da END, assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Exército usa o mesmo fuzil, o FAL, fabricado pela empresa brasileira Imbel, há mais de 45 anos. Por motivos estratégicos, os militares não divulgam o total de fuzis que possuem em seu estoque, mas mais de 120 mil unidades teriam mais de 30 anos de uso.  Informações do G1.
 
É assim que o Estado quer que o as Forças Armadas sejam capazes de realizar suas obrigações previstas na Constituição Federal.

Comentários

Hoje pela manhã, ouvi na BandNews FM que 42% da renda do brasileiro está comprometida com dívidas.
Não querendo retirar as responsabilidades financeiras que cada um deve ter, mas o brasileiro vem vendo seu poder de compra ser reduzido com os sucessivos aumentos de preços (apesar dos índices divulgados oficialmente serem baixos) que somados ao longo do tempo, reduzem sua capacidade de consumo.
Recentemente na Forbes saiu uma reportagem ironizando o que pagamos pelos nossos veículos (coisa que já critiquei aqui), mas essa realidade pode ser estendida para diversos outros produtos de consumo. Um que, não só poderia, como deveria ter essa realidade era o cigarro, mas, existem outros interesses.
Bem, voltando ao que interessa. O fato é que pagamos caro por diversos produtos e esses tem tido sucessivos aumentos. O endividamento do brasileiro não é decorrente de sua irresponsabilidade financeira e sim dessa realidade. Pensar em culpar o padrão de consumo (já baixo) é querer "tapar o sol com a peneira", quando na realidade o valor irrisório do salário mínimo é o principal agente causador.
Como justificativa de proteção contra o calote, o setor financeiro cobra juros exorbitantes (que a justiça já declarou serem completamente legais e liberados), e a população fica mais uma vez a ter que fazer malabarismos para pagar suas contas.
O que nos remete a outra realidade atual do país, as greves. Vemos e ouvimos sobre greves nos mais variados setores, além de paralisações de alguns setores privados que reinvidicam melhorias nas suas condições de trabalho. Será que o governo não enxerga que há algo errado?
Apenas como adendo. Nos ultimos dias venho ouvindo o Boechat falar na paralisia do Governo ao não empregar, ou não antecipar os movimentos de alguns setores que imobilizam ou reduzem a mobilidade nas grandes vias de nossas metrópoles.
A antecipação meu caro Boechat até deve acontecer, mas o emprego real das informações não competem aos orgãos de informação, e sim ao poder executivo que controla esses orgãos. Daí o emprego (como assim descreve Althusser) dos aparelhos repressores do Estado para impedir tais atos ser única e exclusivamente de competência do Executivo. O que não vai ocorrer em plena campanha eleitoral, ou se pensa que isso não ocorre porque o Governo é bonzinho e preocupado com o trabalhador?
Se a preocupação primária do governo Dilma é com quem não tem renda e não com aumento de quem tem, ótimo, acho que há necessidade real de se priorizar os que não estão nem em condições de consumo (que em uma sociedade de consumo como a nossa são párias). Mas, não vejo mobilização do governo (como em outros assuntos) em aprovar por exemplo um imposto diferenciado sobre as grandes fortunas (o IGF, previsto na Constituição de 1988 e até hoje não levado adiante por nenhum governo, de direita ou de esquerda), mas o trabalhador permanece massacrado pelos mesmos índices de impostos indiretos que a elite mais rica também paga, só que com uma "pequena" diferença nos padrões de consumo.
O nosso comprometimento com as gerações futuras (no caso direto, nossos filhos) em relação ao consumo é simplesmente ridícula. Estamos em um país que nos vai triturar ao final da vida com seu sistema previdenciário irresponsável. O que se defende hoje em dia como meta previdenciária é um absurdo. A queda da condição de vida ao se aposentar devido aos valores limites do salário do aposentado, no momento em que esse tem aumento com gastos com medicações é pura maldade. Além de que após passar no mínimo 30 anos trabalhando o aposentado é proibido de aproveitar sua vida com viagens e passeios porquê o salário irresponsável pago não abrange essa possibilidade. Realmente ridícula a nossa situação. E o que fazemos? Continuamos votando na continuidade (cuidado com as possibilidades, trocar Dilma por Serra nem pensar). 
Devemos portanto repensar as práticas que levam aos nossos governantes a continuarem nos tratando como massa de manobra fornecedora de votos, pois a mudança decorre muito dos interesses e mobilização social. A esquerda e a direita no país atualmente se confundem em suas alianças. Faz-se necessário buscar alternativas, talvez corporativas (fora dos grupos políticos) que lutem por melhorias das condições de vida de seus representados.

terça-feira, agosto 14, 2012

Lula fala sobre os aposentados

recebido por e-mail - 13 agosto 2012




Se nós devemos esquecer o que FHC escreveu, às vezes devemos esquecer o que Lula falou.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Dilma quer o ITA fora do sistema de cotas que ela deve aprovar. A picaretagem intelectual está comprovada! Qual é a tese, presidente? Seria só covardia?


recebido por e-mail - 12 agosto 2012

Ai, ai…
O Instituo Tecnológico da Aeronáutica, o famoso ITA, é uma das escolas mais seletivas do país. Não por acaso. O Brasil avançou bastante nessa área, e muito se deve, sim, ao ITA, que valoriza de modo obsessivo o mérito. Trata-se de uma instituição federal. Como tal, deveria, então, reservar 50% de suas vagas a alunos das escolas públicas — segundo a lei que Dilma quer sancionar —, metade das quais para alunos que pertençam a famílias cuja renda per capita é de até 1,5 salário mínimo. Tanto esses 25% de vagas quanto os outros têm de ser preenchidos segundo a cor da pele do estado em que a escola se encontra. O ITA fica em São José dos Campos, São Paulo. Segundo o Censo de 2010, o estado tem 41.262.199 habitantes. Do total, 63,9% se autodeclaram brancos, 29% se dizem pardos e 5,5 se dizem negros.
Durante a tramitação da lei, o Ministério da Defesa, ao qual o ITA (que é da Aeronáutica) é administrativamente ligado, deu um jeitinho de negociar o texto (íntegra aqui). Estarão sujeitas às cotas apenas as instituições de ensino “vinculadas ao Ministério da Educação”. Ocorre que o ITA, lamento, é vinculado, sim, ao MEC — ou não é esse Ministério que dá fé aos diplomas lá expedidos?
É agora? O ITA conta, sim, com alunos oriundos do ensino público: 30% estudaram em escolas estaduais, e 7,3%, em federais. Mas passaram no concorridíssimo vestibular da instituição — QUE TAMBÉM NÃO USA O ENEM PARA ADMITIR ALUNOS, A EXEMPLO DO QUE FAZEM AS UNIVERSIDADES FEDERAIS.
Se faltasse alguma coisa para evidenciar a má-fé, a pilantragem intelectual e a demagogia da lei, já não falta mais nada. O próprio governo Dilma Rousseff, que quer instituir esse aloprado regime de cotas sociais e raciais nas universidades federais, na proporção estratosférica de 50% das vagas — ignorando até mesmo a nota do Enem (serão usadas as médias obtidas no segundo grau) —, está a dizer: “Ah, gente, no curso que consideramos realmente sério e importante, o do ITA, não vamos mexer; continuará com o seu vestibular de sempre. Afinal, engenharia aeronáutica é coisa muito complicada!”
É inacreditável! Essa estupidez passou pela Câmara. Essa estupidez passou pelo Senado! Parlamentares hoje se borram de medo dos ditos “movimentos sociais” e mesmo de setores engajados da imprensa. Elio Gaspari deveria, agora, oferecer uma resposta no caso do ITA. E aí?
Porque recebe alguns dos alunos mais preparados do país — e, infelizmente, há mais candidatos do que vagas —, o ITA pode ministrar um curso de alta performance. A coisa por lá é tensa no que respeita ao desempenho intelectual. E assim é nos centros tecnológicos mais avançados do mundo. Ao ITA, recebendo, por óbvio, alunos muitos menos preparados, restaria, caso aderisse ao modelo, uma de duas alternativas:
a) rebaixar o seu padrão de exigência, o que significaria, por óbvio, queda da qualidade num tempo muito curto e migração das melhores cabeças, então, para cursos privados de alta performance — existem;
b) manter o seu padrão de exigência e excluir, na prática, logo no primeiro ano, os menos preparados. A escola manteria a excelência, mas formaria menos engenheiros aeronáuticos.
Escolha, Gaspari: formar o atual número de bons engenheiros, formar o mesmo número de engenhos mais ou menos; formar menos engenheiros preparados. Qual a melhor alternativa, visto o mundo à luz daquela sua teoria da luta de classes, relida à luz dos Elevadores Atlas (andar de cima, andar de baixo…)? 
E tudo para atender a esse aloprado critério de “justiça social e racial”, que delegou às universidades públicas o papel de acabar com as desigualdades. Ainda que Dilma venha a sancionar aquela porcaria, o ITA deve ficar de fora, o que denuncia a desfaçatez da proposta.
Por que há de valer para os demais cursos do país o que não vai valer para o ITA? Só porque, administrativamente, ele está subordinado à Defesa? É medo da farda? Dona Dilma Rousseff tem certeza de que 25% das vagas do curso de Medicina da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), um dos mais concorridos do país, devem ser ocupadas por estudantes oriundos do ensino público e de famílias com renda per capita de até 1,5 mínimo? Mas atenção: nesse grupo, 29% têm de ser pardos, e 5,5% negros. Na hipótese de haver mais gente do que vagas, aí se recorre à nota (não ao Enem, reitero!) que eles tiveram no ensino médio. Quem pegou a escola mais chulé, que exigia menos, sai na frente.  É o milagre da seleção dos menos aptos. Pergunta óbvia: um aluno com esse perfil, fazendo um curso em tempo integral, vai se sustentar como? Tem de morar, comer, se vestir, tomar um Chicabon de vez em quando…
“Ah, Reinaldo quer perpetuar a desigualdade!”, diz o idiota. O idiota, por alguma razão, se considera mais humanista do que eu! Não! Reinaldo acha — e eu sei que demora! — que é preciso qualificar a escola pública para dar aos mais pobres condições de competir. E acha, adicionalmente, que mesmo as universidades públicas precisam cobrar mensalidade de quem pode pagar, ora essa! Não! Eu não quero me conformar com o quadro atual é pronto! E qual é ele? Na média, os ricos estão em cursos gratuitos de alta performance, e os pobres estão pagando (ou o ProUni paga por eles) para estudar em faculdades de terceira ou quarta linha — lá onde só se usam culpe e giz — e olhem lá.
É claro que é preciso pensar políticas públicas que mudem essa situação. Para tanto, não é necessário destruir o ensino público federal com a vigarice política, a má-fé intelectual e a demagogia arreganhada!
Ou o ITA participa dessa patuscada — e aí quero ver o resultado —, ou a pilantragem está consumada, senhora Dilma Rousseff, senhor ministro Aloizio Mercadante!
Vocês estão onde estão também para contrariar a militância organizada quando suas reivindicações atentam contra os interesses do povo brasileiro. E é o caso. Deixem de ser covardes!
Por  Reinaldo Azevedo                                                                                                                                                        
                                                                                                                                                                                                                   
 É interessante essa discussão em relação ao ITA e a estratégia do Governo em excluir esse centro de excelência (que se insere em um tecnopólo) da regra geral das cotas.
Mas, o que foi demonstrado em relação a essas é que em grande maioria os alunos que tiveram seu ingresso através das cotas tem apresentado rendimento superior aos não cotistas.
Outra coisa, qual é a vantagem de se ter apenas não cotistas? Estou pagando meus impostos (que não é nada suave a mordida do leão, fora os indiretos) para que estudantes provenientes de escolas particulares abastadas façam cursos gratuitos nas Universidades Federais sem ter compromisso nenhum de retorno a esse investimento da sociedade. Para mim o exemplo mais claro são dois cursos desejados, o de medicina e o de direito. Se os formandos de tais cursos (oriundos das estatais) fossem obrigados a prestar por pelo menos um ano de serviço no setor público, seriam reduzidas as filas no sistema de saude, a justiça seria mais célere, entre outros beneficios oriundos desses e demais formandos. E não digo, que essa atividade não fosse remunerada (claro que em padrões abaixo do mercado), mas que a sociedade se beneficiasse do imenso investimento que faz, a final de contas, não é só a receita do imposto direto que entra nas verbas das instituições, mas também os indiretos. E nesse caso a população pobre está custeando o ensino, sem ter os benefícios desse.