"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 10, 2010

Curta

Comentando outra reportagem da Carta (desta vez a da capa). No livro depois do Consenso de Washington - que pasmem, diz que as ideias neoliberais que promoveram a quebra de diversos países não estavam erradas, simplesmente os países deixaram de executar as medidas secundárias discutidas neste livro - é apontada a grande possibilidade do Brasil envelhecer antes de crescer "ipsi literis".
Bem, quando vemos um aviso desses editado a em torno de quatro anos ser corroborado por um veículo que nada tem de neoliberal, confirmando dados preocupantes sobre o desenvolvimento da nossa população, devemos ficar muito mais alertas.
Na realidade de quando da publicação em português (daí não se teriam desculpas de barreira da língua) do livro dos economistas neoliberais, o Brasil já deveria ter implementado uma série de políticas públicas que levassem a uma crescente queda no desemprego e também crescente redistribuição de renda.
Sem essas duas coisas teremos uma série de idosos sem aposentadorias justas, e uma população trabalhadora sem capacidade de sustentar as demandas da base e do topo da pirâmide etária.
Como diz a reportagem temos uma chance de reverter esse quadro que se molda. Para isso teremos que deixar de lado os corporativismos, fisiologismos e outros "ismos" que entravam a melhoria das relações sociais no país.

Férias Judiciais

Na Carta desta semana tem uma reportagem com o título de "O Corporativismo Não Dá Folga", que retrata a grande mordomia do judiciário que tem 60 dias de férias ao ano (não esqueçamos também que o Legislativo não fica muito atrás) mais 19 de recesso, somando ao total 79 dias.
A Associação dos Magistrados do Brasil tenta (mas não consegue) justificar tal situação com a alta carga horária de trabalho diária.
Bom, fazendo uma simples comparação: o salário de um magistrado como diz a reportagem fica em torno de R$ 20.000,00, e este trabalha como justifica a AMB em torno de 12 a 14 horas por dia. Um professor deve ganhar algo em torno de R$ 1.527,00 em 2008(convém lembrar que em grande parte do país o professor recebe bem menos do que isso), trabalhando as mesmas 12 a 14 horas por dia (uma vez que tem diversos empregos e também como os magistrados leva trabalho para casa) e pior tendo que apresentar resultados pelo menos mensais de seu trabalho através dos diversos tipos de avaliação. Diferentemente dos magistrados que tem diversos auxiliares que fazem pesquisas relacionados à jurisprudência e outros assuntos processuais, o professor se vira com ele mesmo, cobra o escanteio, cabeceia e faz o gol, como se diz popularmente.
Diferentemente dos magistrados os professores não tem 60 dias de férias e mais 19 de recesso, apesar de que realmente precisaria, uma vez que, o desgaste diário de lidar com diversos alunos e interesses em sala de aula, além dos pais e metas a cumprir (no caso o conteúdo e o melhor ensino para que seu aluno seja aprovado ao final do ano) . Tais fatores levam o professor a um desgaste anual de grande impacto.
Gostaria de ver os magistrados trabalhando no serviço federal ou estadual e particular concomitantemente, solucionar diversos processos ao mesmo tempo sem auxilio de ninguém e ainda por cima com mudanças que não dependem somente dele ao longo do trajeto. Aí sim, acho que poderiam reclamar de algo, e mesmo assim, imerecidamente devido à remuneração que recebem.
É muito fácil se reclamar do alto nível de exigência quando não se compara as realidades onde não se tem o benefício de altos salários, como os professores que também tem que ter mentes capacitadas, porque senão, sem as mentes capacitadas do professores não há existência de magistrados, médicos, engenheiros, arquitetos, políticos (em sua maioria), entre outras áreas.
Não há justificativa nenhuma para as tais férias do judiciário, assim como as do legislativo também.

sexta-feira, abril 09, 2010

Estudo liga 'visões antes da morte' a altos níveis de CO2 no sangue

BBC Brasil - 09 abr 10

Parada cardíaca

Equipe estudou 52 pacientes que tiveram parada cardíaca

Cientistas acreditam ter encontrado a explicação para os relatos feitos por pessoas que estiveram perto da morte, de visões como uma "luz no fim do túnel" ou de imagens dos momentos vividos desfilando como um filme diante dos olhos.

A equipe da Universidade de Maribor, na Eslovênia, examinou as informações de 52 pacientes durante o momento de uma parada cardíaca, e concluiu que esses fenômenos se devem aos altos níveis de dióxodo de carbono (CO2) presentes no sangue naquele exato momento, por conta da suspensão da respiração.

Os níveis elevados deste composto químico foram registrados em 11 pacientes que relataram ter vivido experiências do tipo, segundo um artigo na revista científica Critical Care.

Os pesquisadores não encontraram nenhum padrão associado a sexo, idade, nível de educação, credo, medo da morte, medo da recuperação ou drogas subministradas durante o ressuscitamento.

Entre as experiências relatadas por pacientes que estiveram próximos da morte estão a visão de um túnel ou uma luz forte, uma entidade mística e até a sensação de "sair do próprio corpo". Outros relatam apenas uma sensação de paz e tranquilidade

Na cultura popular, esses fenômenos são atribuídos à religião ou às drogas. Mas, para a equipe eslovena, o estudo oferece uma explicação mais consolidada de por que tantos pacientes que sobrevivem a uma parada cardíaca relatam estas sensações.

Estima-se que entre 10% e 25% dos pacientes que sofrem de paradas cardíacas vivenciam algo semelhante.

A anoxia – a morte de células do cérebro em consequência da falta de oxigênio – é uma das principais teorias para explicar as experiências vividas em momentos de morte iminente. Mas este efeito foi estatisticamente insignificante no pequeno grupo de onze pacientes que as vivenciaram no estudo esloveno.

Em compensação, os níveis de CO2 no sangue destes pacientes foi muito mais alto que no resto dos pacientes da pesquisa.

Outros experimentos já mostraram que inalar dióxodo de carbono pode levar alucinações similares às relatadas em momentos de morte iminente.

O que a equipe ainda não sabe, porém, é se estes altos níveis de CO2 se devem à parada cardíaca ou se já eram registrados antes do fenômeno.

"Esta é potencialmente outra peça do quebra-cabeças. Precisamos de mais pesquisas”, disse a pesquisadora que coordenou o estudo, Zalika Klemenc-Ketis.

"Experiências de quase morte nos fazem questionar nossa compreensão da consciência humana, portanto, quanto mais, melhor."

O cardiologista Pim van Lommel, que há anos estuda fenómenos semelhantes, descreveu as conclusões como "interessantes".

"Mas eles não encontraram a causa, apenas uma associação. Acho que isto permanecerá um dos grandes mistérios da humanidade", disse.

"As ferramentas que os cientistas possuem simplesmente não são suficientes para explicá-los."


Aí depois não querem que haja crescimento de movimentos que tentam barrar os ensinamentos sobre a teoria da evolução, entre outras.

Como é que pesquisadores (que deveriam ser sérios) publicam uma besteira dessas baseados em dados de 20%, pois é o que representa aproximadamente 11 pacientes de 52.

Imagina se nas escolas se cobrasse apenas 20% de resultado?

Uma guerra inútil, difícil de justificar e ganhar

Le monde Diplomatique Brasil - mar 10

De um lado, o Talibã. De outro, o governo. Entre eles, a população paquistanesa, que atualmente não sabe a quem temer: se o exército insurgente ou as tropas oficiais. A onda de dúvidas e o sentimento de insegurança no Paquistão geram disputas e tensões cada vez mais acirradas

por Muhammad Idrees Ahmad
Desde minha chegada a Peshawar, em meados de setembro de 2009, ouvi nove explosões, antecedidas por assobios cortantes. O som vinha de Hayatabad, subúrbio a oeste da cidade. O alvo desses foguetes? Um posto de guardas que monitora a fronteira com a região tribal de Khyber.

Encorajado pelos americanos, o governo do Paquistão declarou, em 2002, guerra ao Talibã, o que levou à multiplicação das operações militares em áreas tribais sob administração federal (Federally Administered Tribal Areas, FATA).
Essas áreas, localizadas ao longo da fronteira com o Afeganistão, no noroeste do país, possuem três milhões de habitantes (cerca de 2% da população paquistanesa). Depois de sua derrota no Afeganistão, os talibãs se refugiaram no Waziristão do Norte, sob a liderança do senhor de guerra antissoviético, Jalaluddin Haqqani, e, em Bajaur, sob o partido Hizb-e-Islami, de Gulbuddin Hikmatyar. O exército nacional, que até então hesitara em atacar esses afegãos, considerando-os como um trunfo contra a crescente influência da Índia no Afeganistão, finalmente entrou no Waziristão do Sul para capturar os “estrangeiros”1.

A recusa, por parte das tribos, de se livrar de seus hóspedes, acabou os unificando contra o governo central.
Assim, vários grupos militantes se juntaram aos talibãs paquistaneses, menos disciplinados que suas contrapartes no Afeganistão, e a chefia dessas áreas passou para as mãos de homens como o carismático Nek Muhammad, de apenas 27 anos, mas ex-combatente na guerra contra a União Soviética e o Afeganistão, e feroz adversário da presença americana no país.

Apoio aos Estados Unidos

Durante o conflito contra os soviéticos, tanto os rebeldes afegãos como suas armas passaram pelas áreas tribais.
Hoje, porém, a política do governo e as aspirações do povo não convergem como naquele tempo, especula Rustam Shah Mohmand, analista político paquistanês. Segundo ele, isso acontece por três razões principais: a decisão tomada, em 2001, pelo presidente Pervez Musharraf, de participar na “guerra contra o terrorismo” travada pelos Estados Unidos; o uso excessivo da força no apoio a esse conflito, percebido como puramente americano; e o desaparecimento ou a entrega aos Estados Unidos de pessoas suspeitas de terrorismo, muitas delas inocentes. A partir daí aumentou o fosso entre o povo e o governo.

Em 2002, na Província da Fronteira Noroeste, chega ao poder o Conselho Unido Para a Ação (Muttahidda Majlis-e-Amal, MMA), uma coalizão de partidos religiosos que se opunha à “guerra
contra o terrorismo”2. As instituições locais entraram em colapso, principalmente o gabinete do “agente político”, que, desde meados do século XIX, durante o Império Britânico, fazia a ligação entre o governo federal e os maliks, os líderes tribais. A infraestrutura tribal tradicional e o conceito de autonomia regional também saíram prejudicados, o que contribuiu para aumentar a insegurança.

Em 2004, após Musharraf sofrer dois atentados fracassados, o governo enviou ao Waziristão do Sul cinco mil soldados apoiados por helicópteros de combate.
As tropas, porém, sofreram pesadas perdas e o presidente foi forçado a assinar um tratado de paz com Nek Muhammad. O cessar-fogo foi interrompido em 18 de junho, quando o jovem líder foi assassinado por um ataque aéreo americano, pelo qual o governo paquistanês assumiu a responsabilidade – como é frequente – para não ter que admitir que a sua soberania houvesse sido violada por Washington.

Dois outros acordos de paz foram concluídos nos anos seguintes até que, em agosto de 2007, as forças armadas do Paquistão invadiram uma mesquita ocupada por militantes pró-talibãs em Islamabad. Essa intervenção, que resultou na morte de muitas pessoas inocentes, provocou uma onda de terrorismo por todo o país.
Em resposta, o exército expandiu suas operações nas províncias de Bajaur, Mohmand e Khyber. Os combates foram violentos e sem vencedores. Milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar e a raiva contra o governo cresceu.

As tensões atingiram o auge em 2009, quando forças paquistanesas invadiram o vale de Swat após o fracasso da Ordem do Tribunal Islâmico (Nizam-e-Adl), o novo acordo de paz que o governo federal tinha assinado com o Movimento para a Aplicação da Sharia Islâmica (Tehreek Nifaz-e-Shariat-e-Muhammadi, TNSM), partido local que defende a restauração da lei islâmica na região.

Até 1969, os três distritos de Malakand – Chitral, Dir e Swat – eram, de fato, estados principescos independentes, com os seus próprios códigos legais. Sua fusão com o Paquistão levou à substituição desses códigos pela legislação nacional, mas os procedimentos judiciais já existentes não foram alterados em consonância. Nos tribunais dos distritos os processos ficaram em aberto e as decisões foram continuamente adiadas. Essa situação provocou, desde o fim dos anos 1970, uma campanha para o retorno ao sistema anterior e estimulou a fundação do TNSM em 1989 pelo líder Sufi Muhammad.

Ao longo dos anos seguintes, este movimento pegou em armas duas vezes, o que forçou os governos de Benazir Bhutto, em 1994, e de Nawaz Sharif, em 1999, a fazerem inúmeras concessões para acabar com a violência. Todas em vão: o TNSM nunca deixou de se desenvolver. Muhammad foi para o Afeganistão combater as forças dos EUA, à frente de dez mil homens. A maioria deles foi morta ou capturada, ele perdeu muito de sua credibilidade. Por fim, foi preso em Dera Ismail Khan.

Em 2005, porém, seu filho, o Mullah Fazlullah, reativou o TNSM, que se radicalizou. Depois de ser rebatizado Movimento Talibã do Paquistão (Tehreek-e-Taliban Pakistan, TTP), em dezembro de 2007, o partido ganhou popularidade entre os mais pobres. A retórica populista de seu líder, Baitullah Mehsud, seu método de dispensar justiça rápida e as críticas à velha elite feudal atraíram muitos jovens insatisfeitos. Asif Ezdi, outro analista político, explica que “o Estado tem decepcionado muito” os jovens, e acrescenta: “O islamismo militante no Paquistão tem se alimentado do comportamento das elites, que utilizam o Estado para preservar e aumentar seus privilégios e deixam as pessoas comuns numa pobreza crescente.”

Confrontados com o desemprego, uma grande quantidade de jovens se juntou às fileiras dos talibãs, porque, assim, eles poderiam obter armas e treinamento militar.

Ao mesmo tempo, os meios de comunicação privados empurravam para um confronto político e a guerra travada pelos talibãs começou a ser vista como uma luta contra as elites. “Em algumas áreas, os camponeses sem-terra se levantaram contra os latifundiários ricos”, diz Ezdi. “E isso num país onde as pessoas comuns não têm muitas oportunidades de ultrapassar as barreiras sociais, pois o governo, o sistema político e as elites parecem estar juntos contra eles. Essa mistura de fervor revolucionário e religioso é que propiciou o sucesso do Talibã3.”

Os pequenos criminosos, por sua vez, se integravam ao TTP na medida em que sua influência crescia, para escapar da justiça rápida dos talibãs, mas também para se beneficiar tanto das armas, como da rede de relacionamentos poderosa que eles usaram para aterrorizar os concorrentes, bem como a população. Nesse ínterim, de acordo com sua interpretação estrita do Islã, os talibãs locais proibiram a educação das meninas e mais de cem escolas foram bombardeadas, o que causou um rápido declínio na sua popularidade. Até mesmo o TTP, por meio de seu porta-voz, Maulvi Omar, expressou reservas sobre tal decisão.

Ansioso para conter o impacto do TTP, o governo liberou Muhammad em 2008. Ele havia, oficialmente, renunciado à violência e as negociações terminaram em fevereiro de 2009 com o compromisso de fim das hostilidades e a entrega de armas. Em contrapartida, o governo federal aceitaria os tribunais islâmicos, nos quais a lei se apoia na chariá. O acordo foi ratificado somente em 14 de abril de 2009 e, apesar de uma aparência de normalidade, a paz não retornou no vale de Swat e nenhuma das partes envolvidas respeitou seus compromissos.

Alguns analistas ocidentais e seus aliados locais se apressaram em denunciar a nova legislação, afirmando que o Paquistão estava à beira do colapso e que seu arsenal nuclear em breve ficaria em mãos do Talibã, que já estava organizado a cem quilômetros da capital. A pressão se intensificou sobre Islamabad. Em maio, quando um grupo de militantes do TTP organizou um ataque no vale de Buner, a mídia apresentou o incidente como o prelúdio de uma marcha na capital e os tanques do exército começaram a se movimentar.

As forças armadas conseguiram desalojar os militantes do Talibã, mas quase três milhões de civis foram deslocados como resultado da intervenção. Entre os que permaneceram, muitos foram mortos no bombardeio. A agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) denunciou esses atos e alertou que não poderia fornecer mais que um terço do suporte necessário. A maioria dos refugiados foi alojada por familiares e amigos. O governo não ofereceu nenhuma assistência e a ajuda externa foi parar, sobretudo, nos bolsos dos políticos corruptos. Os governantes do Sindh e do Punjab, no Paquistão Oriental, impuseram restrições à entrada de refugiados nas suas províncias, o que ressaltou a dimensão étnica do conflito: os pashtuns imediatamente se consideraram os alvos principais dessas decisões.

No entanto, ao contrário da intervenção militar nas áreas tribais, essa operação foi aprovada pela população do Paquistão – 41%, de acordo com várias pesquisas da época4 – e saudada como um sucesso pelos dirigentes políticos, os militares e os meios de comunicação. Todos consideraram que era imprescindível lutar contra os militantes e criminosos em Malakand, sem, porém, aprovar o uso da força. “Acho que [a guerra] era evitável”, disse Rahimullah Yusufzai, jornalista e analista renomado, “mas o Paquistão não é um ator livre e independente. Os Estados Unidos e outros países têm exercido pressão, e, por várias razões, o governo não pôde resistir.” Para ele, os militantes, nunca foram uma ameaça para o país ou para o seu arsenal nuclear. “O governo mesmo diz que não havia mais de cinco mil talibãs. Sim, eles controlavam o vale do Swat, mas de quantos homens dispunham para marchar sobre a capital?”

Cegueira política

O Paquistão tem 73 milhões de habitantes, um milhão deles no exército, e possui uma força aérea bem equipada. “O Talibã não tinha nem a capacidade nem a intenção de entrar na capital”, diz Yusufzai. “Eles visavam somente o Malakand, e mesmo lá eram influentes em apenas três distritos”. O analista aponta que muitos estão convencidos de que Muhammad poderia, pelo seu carisma, resolver o conflito e marginalizar os extremistas.

O ex-ministro paquistanês Roedad Khan se pergunta se todas as opções políticas foram consideradas. “Nós nunca vimos uma guerra mais inútil, mais difícil de justificar e ganhar”. Rustam Shah Mohmand, outro comentarista, se pergunta: “Se o objetivo da intervenção foi o de combater os elementos hostis ao Estado, era preciso atacar apenas a eles. Por que o governo achou necessário invadir todo o território? Ao usar a força aérea e o bombardeio indiscriminado, ele tinha certeza que o povo sofreria.” O poder certamente prevaleceu no Vale do Swat, mas, de acordo com o Mohmand, o preço a pagar pode ser caro demais se “as causas políticas, sociais e econômicas que provocaram o aparecimento dos talibãs não forem revistas e se não ocorrer uma extensa reconstrução.”

Para Yusufzai, outros sinais de cegueira política são a prisão de membros do Shura, o Comitê Consultivo do Talibã, que as autoridades paquistanesas convidaram, em setembro passado, para negociações; a tática de armar milícias contra os talibãs em uma região onde os feudos de sangue prevalecem; e a demolição de casas de famílias inteiras, ordenada pelo governo paquistanês no vale de Swat, em retaliação contra um de seus filhos em fuga. Tudo isso, analisa o jornalista, só pode levar ao aparecimento de novos recrutas para a insurgência.

E apesar de constatarmos a volta de uma paz frágil, isso é graças à execução de mais de duas centenas de suspeitos desde que os combates terminaram, com total impunidade. A população vive aterrorizada pelas forças de segurança. “Se antes as pessoas estavam assustadas com os talibãs, elas agora vivem com medo do exército”, disse Yusufzai. “Qualquer um pode ser acusado de ser talibã. Sua casa é então demolida, a pessoa é presa e, amanhã, seu corpo é jogado numa vala qualquer. As pessoas estão assustadas, têm medo de falar.”

Em outubro passado, na véspera da incursão militar no Waziristão do Sul, o Talibã multiplicou suas operações. Sob a liderança de Hakimullah Mehsud, eles tinham como objetivo conquistar Hangu, Kohat, Shangla e Peshawar, mesmo que para tanto tivessem que matar boa parte da população. Quando o governo central intensificou os bombardeios aéreos, para preparar a ofensiva terrestre, as ações dos talibãs se tornaram mais espetaculares. Simpatizantes, vindos do Punjab até se atreveram a atacar o quartel-general do Exército em Rawalpindi.

Enquanto isso, os ataques dos aviões não tripulados americanos continuaram nas áreas tribais. De acordo com uma pesquisa publicada pelo The News5, cerca de 700 civis morreram durante 60 bombardeios, entre 29 de janeiro de 2008 e 8 de abril de 2009. Apenas 14 desses mortos eram suspeitos de serem militantes. A opinião pública ficou indignada6.

É entre todos esses percalços que o Paquistão segue tentando realizar o que os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não foram capazes de conseguir no Afeganistão. Mas, quanto mais dura a ação militar, mais as províncias fronteiriças tendem a escapar ao seu controle. Com crescente número de vítimas e da insegurança, a revolta já ganhou alguns distritos do Punjab. Ao mesmo tempo, essa realidade não impede que as elites paquistanesas ou comentaristas ocidentais esperem eliminar todos os talibãs. E as vozes que se erguem contra a guerra são imediatamente suspeitas de serem simpatizantes.

Corações em disputa

A recente incursão de 28 mil soldados no Waziristão do Sul provocou um novo êxodo massivo: um terço da população foi deslocado. Enquanto os talibãs perdiam cada vez mais adeptos, a Associated Press apontou que os refugiados expressavam sua raiva contra o governo, gritando: “Viva o Talibã!” Em vez de conquistar os corações e mentes, o governo os entrega ao inimigo e se os talibãs não são amados, ele o é ainda menos. A convicção de que o Paquistão combate pelos Estados Unidos persiste.

Segundo o jornalista Syed Saleem Shahzad, os acontecimentos dos últimos sete anos têm provado que o Talibã sai sempre fortalecido das operações conduzidas contra ele. Eles já se reagrupam no vale de Swat, que tinham abandonado durante o ataque. “Quando a neve começar a cobrir as principais rotas de suprimentos é provável que os talibãs recuperem todo o território perdido7”, afirma. A mídia e os comentaristas ocidentais já não mantêm mais seu otimismo.

Foi em um desses dias que ouvi os assobios cortantes sobre Hayatabad. Um dia depois dos ataques, o custo do pão no mercado era de 15 rúpias, quase cinco vezes mais alto que na véspera. Enquanto isso, os salários estão estagnados, a inflação e o desemprego aumentam. Nas ruas, ninguém falava dos perigos que ameaçam a vida das pessoas, todo mundo estava reclamando dos preços dos alimentos.

Muhammad Idrees Ahmad é jornalista, co-fundador do site Pulse.


1 Ler Graham Usher, “Ligações Perigosas no Sul da Ásia”, Le Monde Diplomatique, Janeiro de 2009.
2 O MMA desmoronou quando das eleições legislativas de fevereiro de 2008. Ver Jean-Luc Racine, “O Paquistão, o mais difícil falta fazer”, Mala diplomática, Le Monde Diplomatique, 27 de fevereiro, 2008.
3 Asif Ezdi, “Obrigado, Sufi Muhammad”, The News, Islamabad, 29 de abril, 2009.
4 Sondagens do Gallup do Paquistão, Islamabad, 26-27 de julho de 2009, e Gallup - Al Jazeera, 13 de agosto http://english.aljazeera.net/focus/ 2009/08/2009888238994769.html
5 The News, Islamabad, 10 de abril, 2009. http://www.thenews.com.pk/top_story_detail.asp?Id=21440
6 De acordo com a sondagem da Gallup em agosto de 2009, 59% dos paquistaneses acreditavam que a principal ameaça vinha dos Estados Unidos, enquanto 18% apontavam para o rival tradicional, a Índia, e 11%, o Talibã. Embora a mesma sondagem revelou que 41% dos entrevistados apoiavam a ação militar no Swat, 43% afirmaram preferir uma solução política.
7 Syed Saleem Shahzad, “Uma nova batalha começa no Paquistão”, Asia Times, 19 de outubro, 2009.
Palavras chave: Paquistão, Guerra, Sociedade, Talibã

As guerras europeias quanto à dívida que vêm aí – Países da UE afundam na depressão

resistir info - 09 abr 10

por Michael Hudson [*]

. A dívida do governo grego é apenas a primeira de uma série de bombas de dívidas europeias destinadas a explodir. As dívidas hipotecárias nas economias pós-soviéticas e na Islândia são mais explosivas. Embora estes países não estejam na Eurozona, a maior parte das suas dívidas é denominada em euros. Uns 87% das dívidas da Letónia são em euros ou em outras divisas estrangeiras e são devidas principalmente a bancos suecos, ao passo que a Hungria e Roménia têm dívidas em euro principalmente para com bancos austríacos. Assim a contracção de empréstimos governamentais por membros não-euro foi para apoiar taxas de câmbio a fim de pagar dívidas do sector privado a bancos estrangeiros, não para financiar um défice orçamental interno como na Grécia.

Todas estas dívidas são impagavelmente altas porque quase todos estes países incorrem em aprofundamentos dos défices comerciais e afundam-se na depressão. Agora que os preços do imobiliário estão em mergulho, os défices comerciais já não são mais financiados por um influxo de empréstimos hipotecários em divisas estrangeiros e compras de propriedades. Não há meios visíveis de apoio para estabilizar divisas (tais como economias saudáveis). Durante o ano passado estes países suportaram as suas taxas de câmbio através da tomada de empréstimos da UE e do FMI. Os termos destas tomadas de empréstimos são politicamente instáveis: cortes drásticos nos orçamentos do sector público, taxas de impostos mais altas sobre o trabalho já super-tributado e planos de austeridade que contraem economias e levam a mais emigração de trabalho.

Os banqueiros na Suécia, Áustria, Alemanha e Grã-Bretanha estão prestes a descobrir que oferecer crédito a países que não podem (ou não querem) pagar pode ser problema seu, não dos seus devedores. Ninguém quer aceitar o facto de que dívidas que não podem ser pagas não o serão. Alguém deve arcar com o custo quando dívidas entram em incumprimento ou são reduzidas (written down), para serem pagas em divisas drasticamente depreciadas, mas muitos peritos legais consideram inaplicáveis (unenforceable) acordos de divida que recorrem ao reembolso em euros. Toda nação soberana tem o direito de legislar os seus próprios termos da dívida e os realinhamentos de divisas e reduções de dívida que vêm aí serão muito mais do que mera cosmética.

Não tem sentido desvalorizar, a menos que "em excesso" – isto é, o suficiente para realmente mudar padrões de comércio e produção. Eis porque Franklin Roosevelt desvalorizou o US dólar em 75% em relação ao ouro em 1933, elevando o seu preço oficial de US$20 para US$35 por onça [1 onça troy = 31,103 gramas]. E para evitar a elevação proporcional do fardo da dívida dos EUA, ele anulou a "cláusula ouro" que indexava o pagamento de empréstimos bancários ao preço do ouro. É aqui que se verificará o combate político de hoje – sobre o pagamento de dívida em divisas que são desvalorizadas.

Outro subproduto da Grande Depressão nos Estados Unidos e Canadá foi libertar devedores hipotecários do passivo pessoal, tornando possíveis que recuperassem da bancarrota. Os arrestos dos bancos permitem que tomem posse do imóvel colateral, mas não dá direito a qualquer reclamação ulterior sobre os hipotecados. Esta prática – baseada na lei ordinária – mostra como a América do Norte se libertou da herança de estilo feudal do poder do credor e das prisões de devedores que tornaram tão duras as primitivas leis europeias da dívida.

A questão é: quem arcará com as perdas? Manter dívidas denominadas em euros levaria à bancarrota muitos negócios locais e patrimónios imobiliários. Reciprocamente, redenominar estas dívidas em divisas locais depreciadas liquidaria o capital de muitos bancos baseados no euro. Mas estes bancos são estrangeiros, afinal de contas – e em última análise os governos devem representar os seus próprios eleitorados internos. Os bancos estrangeiros não votam.

Os possuidores estrangeiros de dólares perderam 29/30 avos do valor em ouro dos seus haveres desde que em 1971 os Estados Unidos cessaram de ajustar os défices de balança de pagamentos em ouro. Eles agora recebem menos de 1/30 avos disto, pois o preço elevou-se para US$1.100 por onça. Se o mundo pode aguentar isso, por que não deveria ele aguentar as reduções de dívida europeia que aí vêm a passos largos?

Há um reconhecimento crescente de que as economias pós-soviéticas foram estruturadas desde o princípio em benefício de interesses estrangeiros, não das economia locais. Exemplo: o trabalho na Letónia é tributado em mais de 50% (trabalho, empregador e contribuição social) – tão elevado quanto necessário para torná-lo não competitivo, ao passo que os impostos sobre a propriedade são inferiores a 1%, o que proporciona um incentivo rumo à especulação desenfreadas. Esta filosofia fiscal enviesada tornou os "Tigres do Báltico" e a Europa Central mercados de empréstimo primários para bancos suecos e austríacos, mas o seu trabalho não podia encontrar empregos bem pagos internamente. Nada disto (ou suas abissais leis de protecção laborais) existe nas economias da Europa Ocidental, América do Norte ou Ásia.

Parece não razoável e irrealista esperar que grandes sectores da nova população europeia possam ser tornados sujeitos de confisco salarial ao longo das suas vidas, reduzindo-a a uma crónica escravidão pela dívida (debt peonage). As futuras relações entre a Velha e a Nova Europa dependerão da aptidão para redesenhar as economias pós-soviéticas em bases mais solventes – com mais crédito produtivo e um sistema fiscal menos enviesada em favor dos rentistas que promova o emprego ao invés da inflação do preço do activos que leva o trabalho a emigrar. Além dos realinhamentos de divisas para tratar da dívida insustentável, a linha de solução indicada para estes países é uma grande mutação de impostos para fora do trabalho e em direcção à terra, tornando-a mais semelhante à Europa Ocidental. Simplesmente não há alternativa. Do contrário, o antigo conflito de interesses entre credores e devedores ameaçará dividir a Europa em campos políticos opostos, com a Islândia a fazer o ensaio geral.

Até que este problema da dívida esteja resolvido – e o único meio de resolvê-lo é negociar um apagamento da dívida (debt write-off) – a expansão europeia (a absorção da Nova Europa na Velha Europa) parece suspensa. Mas a transição para esta futura solução não será fácil. Os interesses financeiros ainda exercem um poder dominador sobre a UE e resistirão ao inevitável. Gordon Brown já mostrou as suas cores com as suas ameaças contra a Islândia de ilegalmente e inadequadamente utilizar o FMI como um agente colector para dívidas que a Islândia legalmente não deve e de chantagear com a entrada islandesa na UE.

Confrontados com a prepotência do sr. Brown – e dos caniches holandeses da Grã-Bretanha – 87% dos eleitores islandeses opuseram-se à liquidação da dívidas que no mês passado a Grã-Bretanha e Holanda procuraram forçar através da garganta do Allthing [parlamento]. Isto é uma votação nunca vista no mundo desde a antiga era stalinista.

Isto é só um aperitivo. A opção que a Europa fizer provavelmente levará milhões às ruas. Alianças políticas e económicas mudarão, divisas desmoronar-se-ão e governos fracassarão. A União Europeia, e na verdade o sistema financeiro internacional, mudará de formas ainda a serem vistas. Isto será o caso, em especial, se países adoptarem o modelo da Argentina e se recusarem a fazer pagamentos até serem efectuados descontos drásticos.

Pagar em euros – por imobiliário e fluxos de rendimento pessoal em situação líquida negativa, quando as dívidas excedem o valor actual dos fluxos de rendimento disponíveis para pagar hipotecas ou dívidas pessoais – é impossível para países que pretendam manter um mínimo de sociedade civil. "Planos de austeridade" estilo FMI e UE são um jargão anti-séptico para o impacto do encurtamento de vidas e da morte com o estripamentos de rendimentos, de serviços sociais, de gastos com saúde em hospitais, educação e outras necessidades básicas, assim como a liquidação de infraestruturas públicas para compradores transformarem países em "economias de portagem" onde toda a gente é obrigada a pagar preços de acesso a estradas, educação, cuidados médicos e outros custos para viver e fazer negócios que durante muito tempo foram subsidiados pela inflação progressiva na América do Norte e na Europa Ocidental.

Linhas da batalha estão a ser desenhadas quanto ao modo como as dívidas privada e pública devem ser reembolsadas. Para países que rejeitam o reembolso em euros, os países credores têm o seu "músculo" de sobreaviso: as agências de classificação de crédito. Ao primeiro sinal de que um país está a rejeitar o pagamento em divisa dura, ou mesmo à primeira indicação de questionar uma dívida externa como inadequada, as agências movimentar-se-ão para reduzir a classificação de crédito de um país. Isto aumentará o custo da tomada de empréstimos e ameaçará paralisar a economia por falta de crédito.

O tiro mais recente foi disparado em 6 de Abril, quando a Moody's degradou a dívida da Islândia de estável para negativa. "A Moody's reconheceu que a Islândia ainda pode alcançar um acordo melhor em negociações renovadas, mas diz que a presente incerteza está a prejudicar as perspectivas económicas e financeiras do país a curto prazo" [1]

O combate começou. Deverá ser uma década interessante.

[*] Conselheiro Económico Chefe da Reform Task Force Latvia (RTFL). O seu sítio web é michael-hudson.com .

[1] The Associated Press, "Moody's Downgrades Iceland Outlook", The New York Times, April 7, 2010.

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=18545

Presidente da Rússia deu início à realização do projeto gasífero Nord Stream

darussia.blogspot.com - Sexta-feira, Abril 09, 2010


O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, deu hoje início à realização do projeto internacional Nord Stream e previu um forte aumento da procura de gás na Europa não obstante a procura de fontes de energia renováveis.
“Estamos todos seguros de que a procura de gás na Europa aumentará”, declarou Medvedev na cerimónia solene organizada na estação Portovaia, nos arredores de São Petersburgo, por ocasião do início das obras do projeto Nord Stream.
O dirigente russo considerou “lógica” essa tendência e sublinhou que o novo gasoduto contribuirá “para o desenvolvimento das infraestruturas energéticas transnacionais e para a exploração conjunta dos jazigos”, para a criação de empregos na Rússia e nos países da União Europeia.
“Mas é necessário garantir a segurança do meio ambiente”, frisou.
O gasoduto Nord Stream, com quase 1.200 quilómetros de comprimento, ligará a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico e transportará até 55 mil milhões de metros cúbicos de combustível azul por ano.
O primeiro tubo no fundo do mar foi colocado na passada segunda-feira. Na estação de Portovaia realizou-se a soldura simbólica para assinalar a ligação entre as redes europeias e russas de transporte de gás.
Na cerimónia participaram também Jan Peter Balkenende, primeiro-ministro da Holanda, Gunther Oettinger, comissário europeu da Energia, Aleksei Miller, presidente da Gazprom, e Gerhard Schroeder, antigo chanceler alemão e presidente da comissão de acionistas da empresa operadora Nord Stream AF.
O monopólio gasífero russo, Gazprom, detém 51 por cento das ações da Nord Stream, as empresas alemãs Wintershall Holding e E.On Ruhrgas possuem 20 por cento cada uma, a holandesa Gasunie tem 9 por cento.
A primeira linha do tubo, com capacidade anual de transporte de 27.500 milhões de metros cúbicos, entrará em funcionamento em 2011. A segunda irá ser instalada e duplicará o volume de transporte.
À margem da cerimónia, Aleksei Miller diz não estar preocupado com a concorrência do gás extraído de xistos, cujos jazigos foram descobertos na Polónia.
“Não existem nenhumas premissas para que a extração de gás de xistos possa influir seriamente no mercado europeu e ponha em perigo as posições da Gazprom”, frisou.

Rússia dá por consumada a derrota de Bakiev no Quirguistão

darussia.blogspot.com - Sexta-feira, Abril 09, 2010


Texto enviado pela leitora Cristina Mestre:

"A Rússia deu por consumado o derrube do presidente Kurmanbek Bakiev no Quirguistão e manifestou apoio ao novo Governo quirguise, enquanto outras potências ligadas à Ásia Central (a China e os EUA) se limitam a expressar preocupação pelos distúrbios e apelam a evitar a violência, escreve hoje o diário Kommersant.

Segundo os dados mais recentes, os distúrbios já provocaram 75 mortos e 1.500 feridos.

Rosa Otumbáeva, que encabeça o Governo provisório do Quirguistão, afirmou que o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, prometeu às novas autoridades assistência económica por parte de Moscovo. O porta-voz do primeiro-ministro, Dmitry Peskov, precisou que Putin tratou Otumbáeva como “chefe de um Governo de confiança popular” e que a conversa telefónica entre ambos teve lugar por iniciativa da parte russa.

O derrube do presidente quirguise, Kurmanbek Bakiev, a quem os protestos de rua obrigaram a procurar refúgio no sul do país, recusa entretanto admitir a sua derrota e proclama-se vítima de uma campanha orquestrada a partir do estrangeiro. “Não vou mencionar o país concreto mas, sem forças externas, seria praticamente impossível conduzir uma operação tão bem coordenada”, declarou numa entrevista à rádio Eco de Moscovo.

Uma fonte da Administração Presidencial da Rússia disse ao Kommersant que Bakiev recebeu múltiplas advertências de que não devia comportar-se dessa maneira e apoderar-se de tudo mas, mais uma vez, não cumpriu as promessas que deu à parte russa, somente por avidez”.

Um alto funcionário do Governo recordou que “Bakiev faltou à sua promessa de encerrar a base (aérea) norte-americana de Manás”. “No Quirguistão deve haver só uma base militar, a russa”, disse.

Outra promessa não cumprida, segundo o Kommersant, foi a passagem de Dastan, a única empresa quirguise do sector militar que ainda produz componentes para os torpedos navais russos Shkval. No ano passado, foi acordado que Moscovo perdoaria a dívida externa do país, de 180 milhões de dólares, e obteria em troca 50% da Dastan, assim como um polígono experimental que esta empresa possui nas margens do lago Issyk-Kul.

A Rússia perdoou a dívida do Quirguistão, após o qual o Governo quirguise anunciou que controlava na realidade apenas 37% da fábrica, ao passo que o resto estava em mãos privadas, pertencendo, ao que se soube depois, a empresas ligadas a Maxim Bakiev, filho menor do presidente.

Em Julho passado, Moscovo e Bichkek acordaram criar no sul do Quirguistão um centro de instrução militar que se deveria converter na segunda base russa no território do país, depois da base de Kant.

Também seria, na opinião de analistas, uma espécie de recompensa pelas tentativas falhadas de expulsar os americanos de Manás.

Não foi assinado qualquer acordo formal a este respeito, apesar do anteprojecto já estar preparado para assinatura a 1 de Novembro de 2009.

Pelo contrário, Bakiev teria autorizado a construção de outro centro de instrução militar – norte-americano, não russo – na região de Batken.

É compreensível, portanto, que Moscovo não lamente a queda de Bakiev.

Um alto responsável do MNE russo disse que os acontecimentos neste país centro-asiático não foram uma total surpresa para a Rússia. “Tudo se desenvolvia nesse sentido, a única coisa que surpreendeu foi a velocidade dos acontecimentos”. "

Crimes do estalinimismo não têm justificação

darussia.blogspot.com - Quarta-feira, Abril 07, 2010

O primeiro ministro russo, Vladimir Putin declarou ser impossível justificar de qualquer forma os crimes do regime estalinista, que governou a União Soviética entre 1924 e 1953.

“Esses crimes não podem ter qualquer justificação, no nosso país foi feita uma avaliação política, jurídica e moral clara das maldades do regime totalitário, e essa avaliação jamais será revista”, declarou Putin numa cerimónia fúnebre em Katyn, em que participou também o seu homólogo polaco, Donald Tusk.

Por outro lado, Vladimir Putin defende que não se pode culpar os povos da Rússia pelos acontecimentos de Katyn, onde foram assassinados pela polícia política soviética NKVD mais de vinte mil polacos.
“Através de uma mentira cínica tentou-se, durante décadas, esconder a verdade sobre os fusilamentos de Katyn, mas também é uma mentira semelhante e uma falsidade atirar as culpas para cima dos povos da Rússia”, frisou.
O dirigente russo declarou também que a Rússia e a Polónia deixem de ajustar contas e estudar em conjunto os acontecimentos trágicos da história”.
“É precisamente a via conjunta de estudo da memória nacional e das feridas históricas que consegue ajudar-nos a evitar incompreensões sem saída e ajustes de contas eternos, interpretações primitivas da divisão dos povos em justos e culpados, como tentam fazer, por vezes, politiqueiros sujos”, acrescentou.
Putin defendeu que os povos russo e polaco devem ir ao encontro um do outro, recordar-se de tudo, mas compreender que “é impossível viver apenas do passado”.
Em Abril de 1940, agentes da polícia política soviética NKVD assassinaram, na localidade de Katyn, mais de quatro mil prisioneiros de guerra polacos: oficiais, funcionários públicos e polícias. Nesse mês e no seguinte, foram assassinados mais de vinte mil polacos.
A Alemanha nazi, depois de ocupar esse território soviético durante a segunda guerra mundial (1939-1945), tornou pública a autoria soviética do massacre. Segundo documentos publicados em 2009 pelo Serviço de Espionagem Externa da Rússia, os alemães fizeram chegar a documentação aos polacos sobre o crime de Katyn em Lisboa.
No entanto, a União Soviética negou sempre essa versão até 1990, ano em que Mikhail Gorbatchov, Presidente da URSS, reconheceu a existência de documentos que implicavam Estaline e outros dirigentes soviéticos nessa matança.
P.S. Grande acção de coragem da parte de Vladimir Putin, que pode contribuir para a aproximação entre a Rússia e a Polónia.

Afora todos os crimes internos que Stálin perpetrou contra o próprio povo russo.

Moeda local no comércio Brasil-Chile

Blog do Luis Nassif - 09/04/2010 - 18:35

Por foo

Do Estadão.com.br

Lula propõe uso de moeda local no comércio Brasil-Chile

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva leu hoje, no Itamaraty, um texto em que declara a necessidade de aumento do comércio entre o Brasil e o Chile e afirmou que é necessário um aprofundamento da identidade sul-americana também na moeda. “O Brasil quer estender ao Chile a experiência que temos com a Argentina de transações comerciais em moeda local”, disse o presidente brasileiro, após encontro com o colega chileno, Sebastián Piñera, na primeira visita oficial deste ao Brasil depois de eleito.

“Nossa aposta na integração não tem volta. Mas isso não basta, precisamos reformar uma arquitetura econômica e financeira global que privilegia a especulação e remunera a ganância”, declarou Lula, acrescentando que considera Brasil e Chile “peças fundamentais para a estabilidade na América Latina e no Caribe.” Segundo o presidente brasileiro, aos países da região “não interessa ser ilhas de prosperidade num oceano de insatisfação e frustração.” Ele disse que, por isso, o Brasil está reforçando a presença na missão no Haiti.

A parceria entre Brasil e Chile, de acordo com Lula, “se assenta em bases sólidas”, e por isso as economias dos dois países não sucumbiram à crise econômica global. “Reagimos, resistimos à tentação de protecionismo, de modo que nosso intercâmbio comercial já recuperou os níveis pré-crise”, declarou o presidente. Lula, que não compareceu à recente posse de Piñera, em Santiago, encerrou a leitura do discurso dizendo que, antes de terminar seu mandato, fará uma visita ao Chile.

Chuíça(*): ex-ministro da saúde, Zé Alagão raciona remédios para AIDS

Conversa Afiada - 9/abril/2010 19:30

Na foto, uma demonstração de coragem de Lula

Na foto, uma demonstração de coragem de Lula

O Conversa Afiada reproduz o comentário do amigo navegante marcus:

Enviado em 09/04/2010 às 16:07

PHA,

De uma olhadinha na reportagem abaixo, publicada no Estadao.
Tem municipios ameacando entrar com acao judicial para acesso aos
medicamentos anti-HIV. Reportagem original no link abaixo.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,sp-raciona-medicamento-contra-aids-lamivudina-por-falha-logistica,536050,0.htm

A falta do Lamivudina, um dos medicamentos do coquetel para tratamento da Aids, levou o programa do Estado de São Paulo contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) a fracionar comprimidos e a remanejar medicamentos para atender os ambulatórios estaduais. O medicamento, usado diariamente por soropositivos, está em falta no Estado. Desde o início de abril, é constatada a falta do produto nas regiões de Campinas, Marília, Sorocaba, Bauru e São José do Rio Preto.

A falta, que ocorre por problemas de logística na entrega dos medicamentos e pela adaptação do almoxarifado à mudanças do código de barras, foi agravada pelo feriadão da Páscoa, informou a diretora de Logística de Medicamentos do programa, Edjane Falcão. Segundo ela, para atender a todos, foram feitos remanejamentos de cargas de uma região para outra e fracionados comprimidos entregues aos ambulatórios.

O programa informou nesta quinta-feira, 8, que a normalização deve ocorrer até o início da semana que vem. “Disseram que nos mandariam o medicamento na segunda; a falta aqui ocorre desde terça-feira”, disse a coordenadora de Marília, Helena Shawitz. A previsão do programa estadual é de que a região de Sorocaba também seja abastecida a partir desta sexta-feira ou segunda, quando o município buscará o medicamento no aeroporto de Guarulhos.

Para segunda-feira também está prevista a normalização em Bauru. Já a região de Campinas, que possui a maior massa de soropositivos do Estado teria recebido os medicamentos na quarta-feira. “Aqui, conseguimos uma remessa que veio remanejada depois que ameaçamos entrar com centenas de ações na Justiça”, disse Júlio Caetano, do Grupo de Doentes de Aids, de São José do Rio Preto, região onde 1,2 mil soropositivos consomem 16 mil comprimidos por mês.


(*) Chuíça é como o PiG (**) de São Paulo quer que o resto do Brasil pense que São Paulo é: uma combinação do dinamismo econômico da China com o IDH da Suíça.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Burburinho: a ligação da ONG de Goldman e Serra

Conversa Afiada - 9/abril/2010 11:29

Serra declarou ter salas comerciais no mesmo prédio onde funciona a  ONG de Goldman

Serra declarou ter salas comerciais no mesmo prédio onde funciona a ONG de Goldman

O Conversa Afiada publica email do amigo navegante Stanley Burburinho (quem será Stanley Burburinho ?):

A atuação do Idelt (Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente), uma organização não governamental criada em 1996 por Alberto Goldman (PSDB), vice-governador paulista, Frederico Bussinger, ex-secretário municipal de Transportes de São Paulo, e Thomaz de Aquino Nogueira Neto, atual presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), entre outras pessoas ligadas ao setor de transporte público e ao PSDB.

1 – Em 2006 a FSP noticiou que a presidente do Idelt, esposa do secretário municipal dos Transportes de São Paulo, contratou uma empresa de ônibus concessionária da prefeitura. A informação sobre esse contrato surgiu um dia depois de o governo José Serra (PSDB) ter decidido cancelar a contratação do Idelt, feita sem licitação, por R$ 948.750:

“Folha de S. Paulo, 17/03/2006

Mulher de secretário trabalhou para viação

Uma empresa de ônibus concessionária da prefeitura contratou, no ano passado, o instituto presidido pela mulher do secretário municipal dos Transportes, Frederico Bussinger, para realizar um serviço de consultoria.

A viação Sambaíba firmou contrato com o Idelt (Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente), dirigido por Vera Bussinger, para estudar a viabilidade de um serviço de balsas pelo rio Tietê, entre a zona leste e a ponte das Bandeiras.

A informação sobre esse contrato surgiu um dia depois de o governo José Serra (PSDB) ter decidido cancelar a contratação do Idelt, feita sem licitação, por R$ 948.750. O contrato foi revelado pela Folha anteontem.

O empresário Carlos Alberto Fonseca, dono da Sambaíba, confirmou à assessoria da SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus) que contratou o Idelt. O valor, porém, não foi divulgado.

De acordo com o sindicato, a contratação foi sugerida ao empresário por um consultor. Fonseca disse desconhecer se Bussinger sabia do negócio.

O Idelt teve Bussinger entre seus fundadores, em 1996. O secretário se desligou da entidade.

O contrato entre o Idelt e a Sambaíba foi revelado ontem pelo vereador Antonio Carlos Rodrigues (PL) durante a audiência na Câmara em que Bussinger falava sobre os impasses nos contratos da prefeitura com as viações.
Queixando-se dos valores recebidos, as concessionárias ameaçaram, na semana passada, romper os contratos de forma unilateral.

A Folha telefonou para Fonseca, mas ele não ligou de volta.

Após a audiência, que durou seis horas, Bussinger, durante entrevista, nem confirmou nem negou o eventual contrato -disse que iria verificar com sua mulher.

Questionado sobre o que faria se o contrato realmente existisse, ele não respondeu. “”Quando me casei, minha mulher já era uma profissional experiente, e separamos a questão profissional da pessoal. Não vamos tratar desses assuntos familiarmente.”

Procurado ontem à tarde, o Idelt não respondeu aos pedidos de entrevista. O instituto, mesmo antes de Bussinger assumir a secretaria, já havia dado consultoria a empresas de ônibus.

Contrato rompido

A gestão Serra rompeu o contrato entre o Idelt e a Secretaria do Trabalho, que pagaria R$ 948.750 para que, durante nove meses, profissionais do instituto dessem cursos de capacitação para a construção de calçadas e para atividades como auxiliar de serviços gerais e de escritórios.

A contratação se baseou em um artigo da lei que permite a dispensa de licitação, em alguns casos, a instituições sem fins lucrativos.

O secretário do Trabalho, Gilmar Viana Conceição, informou ontem ter decidido pela rescisão “de modo a não alimentar dúvidas sobre qualquer hipótese de favorecimento”, embora houvesse um “ato jurídico perfeito” e “extensa documentação comprobatória de qualificação técnica, habilitação e regularidade fiscal por parte da entidade selecionada”.

Segundo a pasta, “os cursos de qualificação em andamento serão concluídos e os beneficiários receberão as bolsas na forma da lei”.

A secretaria não informou ontem como será a continuidade das aulas e se haverá licitação para contratar uma outra instituição.

Na última terça-feira, a pasta defendia a regularidade do contrato e dizia não ver conflito ético no fato de a entidade escolhida sem concorrência pública ser ligada a um membro da gestão Serra.”

http://www.ntu.org.br/Clipping/NTUClipping.asp?MATERIA=true&GUID_MATERIA={29A1401D-3CE8-48C9-BF3A-FEEDC47BF950}

2 – Em 2007 o MPE de SP apura que o Idelt recebeu R$ 5 milhões dos cofres públicos nos últimos 7 anos; promotores investigam superfaturamento:

“O Estado de S. Paulo – 22/10/2007

Idelt recebeu R$ 5 milhões dos cofres públicos nos últimos 7 anos; promotores investigam superfaturamento

Eduardo Reina

O Ministério Público Estadual investiga as relações do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transportes e Meio Ambiente (Idelt) com o governo paulista e prefeituras. O Idelt é uma organização não governamental criada por Alberto Goldman (PSDB), vice-governador paulista, Frederico Bussinger, ex-secretário municipal de Transportes de São Paulo, e Thomaz de Aquino Nogueira Neto, atual presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), entre outras pessoas ligadas ao setor de transporte público e ao PSDB. É presidido pela mulher de Bussinger, Vera Bussinger. E recebeu pelo menos R$ 5 milhões dos cofres públicos nos últimos sete anos.

Promotores querem saber se houve superfaturamento dos contratos e favorecimento da organização não governamental ligada ao PSDB. São analisados ao menos 16 contratos e aditamentos, parte sem licitação, com Dersa, Sabesp, Secretaria Estadual do Trabalho, prefeituras de São Paulo e Carapicuíba, segundo publicações do Diário Oficial do Estado. As contratações referem-se a cursos de qualificação profissional como assistente administrativo, reciclagem de lixo, conservação, limpeza e formação de mão de obra para fazer calçadas (calceteiro), além de assessoria técnica em transporte público e programas de água de reúso. A Dersa alega que não havia necessidade de licitação pelo fato de o instituto ter notória especialização nos setores em que atua.

Um dos inquéritos foi aberto no fim de setembro pela Promotoria da Justiça e Cidadania e apura quatro contratos e três aditamentos feitos entre o Idelt e a Dersa, que somam mais de R$ 450 mil. O outro, em andamento desde o ano passado, analisa contrato de R$ 948 mil com a Prefeitura de São Paulo, firmado na gestão de José Serra (PSDB).

Nos dois casos não houve licitação para contratação, apesar de existirem outras instituições capazes de fornecer tal tipo de serviço, como a Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a Fundação Tide Azevedo Setúbal, o Instituto Paradigma, a Cosmética Beleza e Cidadania, entre outras ONGs e instituições. Estas três últimas mantêm atualmente parcerias com a Prefeitura da capital.

A promotora Luciana del Campo quer saber se houve necessidade de a Dersa contratar o Idelt para fazer assessoria técnica, serviços de modelagem e gerenciamento dos Portos de São Sebastião e Santos. Foram quatro contratos – 1999, 2001, 2003 e 2004 – e três prorrogações, realizadas durante os governos Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. Os quatro contratos, que receberam três aditamentos, somaram originalmente R$ 441.228 – sem os acréscimos. O primeiro deles foi firmado em 2000, no valor de R$ 86.400.

O outro procedimento investigatório do MPE é sobre o contrato feito no fim de 2005 com a Secretaria do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, na gestão do prefeito José Serra. O instituto mais uma vez foi contratado sem licitação para realizar cursos para formação de calceteiros, auxiliares de serviços gerais, auxiliares de escritório e reciclagem de lixo. Por isso, são investigados o ex-prefeito Serra, o ex-secretário municipal do Trabalho, Gilmar Viana, Frederico Bussinger e sua mulher Vera, que preside o Idelt.

CONTRATO RESCINDIDO

O instituto receberia R$ 948.750 por nove meses de trabalho prestados à Prefeitura de São Paulo, mas, segundo a Secretaria Municipal do Trabalho, o contrato assinado em 2005 foi rescindido em dezembro do ano passado, já na gestão de Gilberto Kassab (DEM).

A administração municipal pagou quatro parcelas, além de duas multas rescisórias previstas em contrato, num total de R$ 534.763,93. Segundo a secretaria, o Idelt cobrou na Justiça a diferença de R$ 413.986,07.

Vera Bussinger afirmou que apenas notificou a secretaria da necessidade de saldar contratos pendentes. “Apresentamos a planilha do que já estava comprometido. Mesmo com o fim do contrato, completamos o treinamento da turma. Ficamos até abril”, explicou. “Não se pode dizer que temos contratos somente com administrações do PSDB.”

Ela contou que foi contratada por administradores do PT. Segundo Vera, o Idelt foi chamado para dar cursos profissionalizantes na administração de Marta Suplicy, entre abril e setembro de 2004. Outra contratação foi realizada por Vitor Buaiz, quando estava à frente do governo do Espírito Santo e ainda era do PT. Na época, um dos sócios do Idelt, Carlos Alberto Tavares Carmona, era diretor da São Paulo Transportes (SPTrans), que cuida do transporte público na cidade.

Em 2006, cada uma das 31 subprefeituras paulistanas teria 15 calceteiros, que deveriam passar por 16 dias de aulas teóricas e práticas. O curso, dado pelo Idelt, foi uma parceria entre as secretarias municipais do Trabalho, de Assistência e Desenvolvimento Social, e de Coordenação das Subprefeituras, segundo divulgação feita pela Assessoria de Imprensa da Prefeitura em 16 de março de 2006.

CALÇADÃO

O contrato do Idelt prorrogado várias vezes com a Prefeitura de Carapicuíba teve início em 2001, para um curso de calceteiro destinado a ex-presidiários. Batizado de Calçada Metropolitana, o projeto custou inicialmente R$ 560 mil. A cidade é administrada por Fuad Chucre (PSDB).

De acordo com o secretário do Trabalho da cidade, Luiz Gonzaga de Oliveira, depois que venceu o contrato com o Idelt, a prefeitura assumiu o serviço para complementar o trabalho nas calçadas. Realizou cerca de 500 metros de novos calçamentos na Avenida Rui Barbosa, no centro de Carapicuíba. Comerciantes da região reclamam que o trabalho foi mal feito e são necessários reparos constantes.
http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=414450

3 - A tal ONG Idelt funciona ou funcionava na Rua Arthur de Azevedo, 1767 – 12º andar Conj. 124 – São Paulo – SP CEP: 05414-001:

“Informações e Contatos

O IDELT quer continuar apoiando a população em situação de risco. Para que possamos realizar esta tarefa, estamos buscando parcerias com Empresas e Instituições Públicas e Privadas, nacionais e internacionais, para este e outros Projetos.

Caso necessite de dados mais completos e informações, entre em contato conosco:

IDELT – Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente

Rua Arthur de Azevedo, 1767 – 12º andar Conj. 124
São Paulo – SP CEP: 05414-001
Fone/Fax: (11) 3068-6868
e-mail:idelt@idelt.com.br”
http://www.idelt.com.br/projetos.aspx

4 – Não estou acusando ninguém, mas vejam a coincidência: conforme a declaração de bens do José Serra no TSE para as eleições de 2006, ele disse que possuía “3 salas comerciais no Edifício Premium Tower Altamura” (não especifica as salas), exatamente na mesma rua e no mesmo prédio onde funciona o Idelt:

“ Eleições 2006 – Divulgação de Dados de Candidatos

Declaração de Bens – Candidato(a) a Governador – SP

JOSÉ SERRA

Descrição: 3 SALAS COMERCIAIS DO EDIFICIO PREMIUM TOWER ALTAMURA, SITO NA RUA ARTHUR DE AZEVEDO, 1767

Valor: R$ 240.000.00

(…)”

http://www.tse.gov.br/sadEleicao2006DivCand/listaBens.jsp?sg_ue=SP&sq_cand=10106

http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com

Coutinho do BNDES quer dar a banda larga à BrOi. Depois do dinheiro do trabalhador, agora o dos pobres

Conversa Afiada - 9/abril/2010 9:07

Coutinho: aí tem coisa

Coutinho: aí tem coisa

Saiu na Teletime: o Luciano Coutinho, o engenheiro da P36 do Governo Lula, a BrOi, agora quer que a BrOi administre a grana do programa de banda larga.

Vá ao site da respeitada publicação Teletime.

Ou seja, o BNDES quer enfiar o dinheiro do acesso dos pobres à banda larga no buraco sem fundos da BrOi.

Logo agora que a BrOi faz mais água do que a P36. Clique aqui para ler.

Ou seja, o Luciano Coutinho, que usou dinheiro dos trabalhadores, do FAT, para fazer a BrOi e dar um cala-a-boca de US$ 1 bilhão ao passador de bola apanhado no ato de passar bola, o Daniel Dantas, agora quer usar o dinheiro destinado aos pobres para dar à BrOi.

O que o Luciano Coutinho faz no governo trabalhista do Presidente Lula ?

A revista Economist, numa edição especial sobre o Brasil, quando disse que o Brazil finalmente takes off, fez essa observação singular: como é que um governo trabalhista pega dinheiro dos trabalhores e entrega a empresários (?) como Carlos Jereissati e Sergio Andrade, que, sem botar um tusta, controlam 70% da telefonia fixa do Brasil.

Como é que pode ?

Aí tem coisa.

O eixo do mundo roda para a Ásia. O Brasil deve apenas assistir?

Site do Azenha - 9 de abril de 2010 às 9:44

por Luiz Carlos Azenha

Recentemente o Viomundo republicou um artigo de Otávio Frias Filho sobre a política externa brasileira. O estilo é elegante, como sempre, embora eu discorde do conteúdo. O publisher da Folha argumenta que a política externa é algo muito sério para ficar nas mãos de diplomatas ou ideólogos. Talvez devesse acrescentar os jornalistas nessa lista. Especialmente aqueles cuja curiosidade intelectual parece anestesiada ou subordinada a projetos eleitorais.

Há algumas semanas fui ao Rio de Janeiro entrevistar o historiador Alberto da Costa e Silva. Ele fez observações sobre a inserção da África no comércio internacional antes das grandes viagens de “descobrimento” dos europeus. Usei as aspas pelo fato de que, na verdade, foram os asiáticos que primeiro navegaram o oceano Índico em direção à África para fazer comércio, dominado então pelos mercadores árabes. Isso explica porque objetos chineses foram encontrados por arqueólogos em escavações feitas na costa africana do Índico, por exemplo.

Só muito mais tarde, a partir dos primórdios da revolução industrial, os europeus gradativamente assumiram o controle do comércio e colonizaram as Américas, a Ásia e a África, para levar os três C’s: Comércio, Civilização e Cristianismo.

Podemos dizer, sem medo de errar, que o processo de descolonização ainda está em andamento e que será acelerado pela decadência relativa da Europa e dos Estados Unidos em relação a países ou grupos de países emergentes: China, Índia e Brasil, mas também Coréia do Sul, Indonésia e Irã. E as relações que estes países desenvolverão entre si, sem pedir licença a Washington, Londres ou Paris.

A política externa num mundo multipolar é muito mais complexa do que era no período da guerra fria, quando nossas escolhas ficavam limitadas a integrar o espaço geopolítico dos Estados Unidos ou da União Soviética. Diz-se que era a armadilha da “competição” entre Coca-Cola e Pepsi, quando muitos talvez tivessem feito outra escolha, se pudessem fazê-lo. Houve um ensaio, no movimento dos países não-alinhados, sem efeitos práticos consideráveis.

Mas o fim da guerra fria e a ascensão econômica da China promoveram a revolução mundial em andamento: os eixos de poder estão em deslocamento acelerado. Nos Estados Unidos se fala do século 21 como mais um século americano (estadunidense), mas não há como negar que este será o século da Ásia, pelo poder combinado de grandes populações consumidoras, educadas e dotadas de alta tecnologia.

É só juntar a China, a Índia, o Japão, a Indonésia, a Coréia do Sul, a Malásia, as Filipinas, o Vietnã , boa parte da Rússia e o Irã para vocês terem uma ideia do que estou falando.

O que me leva de volta àquela conversa com o historiador Alberto da Costa e Silva, que observou que a África estava voltando lentamente a ser o que foi antes dos grandes descobrimentos dos europeus: um espaço periférico do comércio asiático.

Tenho visto isso em minhas viagens à África. É um fenômeno que em breve abordaremos na revista Nova África: a penetração chinesa. Os três Cs da China na África são: Chineses, Comércio e Construção. Beijing incentiva a imigração de chineses para o continente, em busca de oportunidades de negócio. Eles já dominam o comércio em vários países, inclusive onde me encontro, Cabo Verde.

Trazem consigo mercadorias baratas. Existe algum ressentimento contra a presença dos chineses, mas muito menos do que quer fazer crer a mídia ocidental. A população local, pelo menos nesse primeiro momento, reconhece que entrou no mundo do consumo pelas mãos dos chineses. Outro dia chequei o preço de um DVD em uma loja chinesa: o equivalente a 100 reais. Famílias inteiras que antes não podiam calçar os filhos ou comprar material escolar para mandá-los à escola agora podem fazê-lo.

Além disso, em países onde os europeus só deixaram a infraestrutura básica necessária à exploração dos recursos locais, os chineses fazem obras fundamentais para o desenvolvimento. Aqui em Cabo Verde, um país árido, fizeram a primeira grande represa para capturar a água de chuva que corria para o oceano, o que poderá ter consequências notáveis para a produtividade agrícola. Tudo feito em tempo recorde, com mão-de-obra chinesa, por construtoras chinesas e financiamento chinês.

Neocolonialismo? É um debate interessante, com os chineses argumentando em sua defesa que não interferem na política local, não promovem ocupação territorial, nem cultural.

Também noto, em minhas viagens, o surgimento de fontes de informação que já não refletem mimeticamente as ideias de Washington, Londres ou Paris. A rede árabe Al Jazeera tem uma audiência notável, especialmente no norte da África. O jornal Asia Times Online, do qual frequentemente reproduzo artigos traduzidos pela Caia Fittipaldi, tem iluminado de forma notável o intrincado jogo diplomático e econômico nas relações entre China, Índia, Irã e Rússia. É parte do que eu definiria como “descolonização mental”.

Em seu artigo sobre a política externa brasileira, o publisher da Folha argumenta que o Brasil não deve “caçar” confrontos gratuitos com os Estados Unidos. Que eles virão naturalmente. Ele pode ter razão, não sei. Mas acho que a questão é muito mais complexa e que não deve ser tratada a partir da perspectiva de nossas relações com Washington. Trata-se de discutir qual é a inserção do Brasil em um mundo multipolar, no qual o eixo do poder se desloca para Ásia.

É nesse contexto que cabe avaliar as relações bilaterais do Brasil com países como a Rússia, a China, a Índia e o Irã.

Em minha modesta opinião, devemos buscar uma política multifacetada, que explore os consensos e mesmo as dissensões entre os diferentes protagonistas, mirando sempre no interesse econômico nacional e tirando proveito do papel sui generis do Brasil como uma potência diplomática, não militar. Não acho prudente subordinar a política externa brasileira, aqui ou ali, aos interesses de Washington ou Beijing, mesmo que no curto prazo isso represente ganhos econômicos.

Não sou especialista, apenas um curioso, mas me parece que chegou a hora de descolonizar nossas relações externas. O que começa pela descolonização mental.

Apenas como complemento a esse excelente artigo do Azenha. A China durante os séculos XIII e XV dominou a navegação internacional, e se hoje a América fala línguas europeias ao invés de chinês, é simplesmente pelo fato de que a Dinastia Qing que assumiu o governo se voltou para o espaço interno (que estava com diversos problemas) e mandou queimar toda a esquadra oficial chinesa.

Veja as rotas e detalhes histórico sobre a esquadra do eunuco Zhou Di (1421) um dos grandes navegadores chinês. Acesse o link:

http://oglobo.globo.com/servicos/pop_infografico.asp?p=/mundo/info/china/default.swf&l=730&a=564