"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, dezembro 24, 2011

Natal com Gardênias

recebido por e-mail – 23 dez 2011

“As pequenas árvores de buxos, enfeitadas apenas com velas, significavam simbolicamente que em uma Noite Sagrada viera a Luz para a Terra...” (Roselis von Sass)

O perfume da gardênia trazido pelo vento entra sorrateiro pelo escritório de trabalho e faz sonhar e passear por outras paragens, ainda que o teclado do computador não pare de digitar. Lembro que as gar­dênias reinavam em outra parte do terreno. Eu havia plantado essas mesmas mudas em local estratégico para doar aroma a quem passasse pela calçada. Mas não deu certo. As gardênias eram roubadas, assim que abertas. Pior que roubar uma flor é roubar um aroma, pior que roubar um aroma é roubar a beleza, pior que roubar a beleza é roubar o sonho.

Amanhã é Natal. Ninguém sabe, mas descobri que o Natal foi roubado, assim como as minhas gardênias. Percebi isso ao entrar no Shopping, formigando de gente nervosa lutando por uma vaga no estacionamento. Mas decidi que do mesmo jeito que transplantei as gardênias para dentro dos meus portões, longe de um ladrão qualquer, poderia transplantar meu Natal para um lugar exclusivo dentro de mim.

Li que povos antigos comemoravam o Natal antes mesmo de ele existir. Não era bem o Natal, mas nessa mesma época de dezembro, já existia entre diversos povos, como romanos, incas e sumerianos, uma comemoração em prol da vida e do amor. Eram festas, em que os presentes trocados entre as pessoas eram bons e nobres sentimentos de amizade e bem querer.

A idéia de uma estrela brilhando que anuncia um nascimento é forte, eu diria, inesquecível. Fico imaginando... aonde foram parar os pensamentos sobre isso? Teriam sido roubados pela falta de tempo ou pela obrigação de comprar presentes? Ou teria sido o Papai Noel?

Dezembro é um mês especial. Não é só o mês que exala o perfume das gardênias. Dezembro é o mês que exala o encanto da vida que insiste em amar e surpreender quem tem olhos para ver. É o mês que desabrocha dadivoso e cheio de emoção aos pés de quem quiser sentir. Isso me lembrou Rainer Maria Rilke que diz sobre os dezembros e os janeiros de cada vida: “Se a sua vida diária parece pobre, não a culpe; culpe a si mesmo; admita para si mesmo que você não é poeta o bastante para atrair as riquezas da sua vida; porque para o criador não há pobreza nem lugar pobre e insignificante.”

Será que é possível recuperar o Natal? E depois, ainda, transformar cada dia da vida em Natal, como quem transforma um dia nublado em dia de sol e devoção?

(Sibélia Zanon)

‘A Privataria Tucana’ marca o fim de uma era

retirado do site de Carta Capital – 24 dez 2011

Luis Nassif

21.12.2011 09:12

 

O livro “A Privataria Tucana” marca o desfecho de uma era, ao decretar o fim político de José Serra. A falta de respostas de Serra ao livro – limitou-se a taxá-lo de “lixo” – foi a comprovação final de que não havia como responder às denúncias ali levantadas.

O ex-governador tucano José Serra. Foto: Filipe Araújo/AE

O livro mostra como, após as privatizaçōes, o Banco Opportunity – um dos maiores beneficiados – aportou recursos em paraísos fiscais, em empresas da filha Verônica Serra. Depois, como esse dinheiro entrou no país e serviu, entre outras coisas, para (simular) a compra da casa em que Serra vive.

Tem muito mais. Mostra a extensa rede de pessoas cercando Serra que, desde o início dos anos 90, fazia negócios entre si, utilizando o Banespa, o Banco do Brasil, circuitos de paraísos fiscais, as mesmas holdings utilizadas por outros personagens controvertidos para esquentar dinheiro

Provavelmente o livro não suscitará uma CPI, pela relevante razão de que o sistema de doleiros, paraísos fiscais, foi abundantemente utilizado por todos os partidos políticos, incluindo o PT. Aliás, uma das grandes estratégias de José Dirceu, assim que Lula é eleito, foi mapear e cooptar os personagens estrangeiros da privatização que, antes, orbitavam em torno de Serra.

Essa a razão de ter terminado em pizza a CPI do Banestado, que expunha personagens de todos os partidos.

Leia também:
Protógenes diz ter acordo para a CPI
‘Não dificultaremos’, promete Marco Maia
O ruído virtual do silêncio
Mino Carta: Só mesmo no Brazil-zil-zil

Câmara paulistana corta CartaCapital do clipping

Nesse imbróglio nacional, a posição mais sensível é a de Serra – e não propriamente para a opinião pública em geral, mas para seus próprios correligionários. Afinal, montou um esquema que em nada ficou a dever a notórios personagens da República, como Paulo Maluf. Jogou pesado para enriquecimento pessoal e da família.

Com as revelações do livro, quebra-se a grande defesa de Serra, algo que talvez a sociologia tenha estudado e que poderia ser chamada de “a blindagem dos salões”. É quando personagens controvertidos se valem ou do mecenato, das artes, ou da proximidade com intelectuais para se blindarem. O caso recente mais notável foi o de Edemar Cid Ferreira e seu Banco Santos.

Serra dispunha dessa blindagem, por sua condição de economista reputado nos anos 80, de sua aproximação com o Instituto de Economia da Unicamp. Graças a isso, todos os pequenos sinais de desvio de conduta eram minimizados, tratados como futrica de adversários.

O livro provocou uma rachadura no cristal. De repente todas aquelas peças soltas da história de Serra foram sendo relidas, o quebra-cabeças remontado à luz das revelações do livro.

Os sistemas de arapongagem, que permitiram a ele derrubar a candidatura de Roseana Sarney no episódio Lunus; o chamado “jornalismo de esgoto” que o apoiou, as campanhas difamatórias pela Internet, as suspeitas de dossiê contra Paulo Renato de Souza, Aécio Neves, o discurso duplo na privatização (em particular apresentando-se como crítico, internamente operando os esquemas mais polêmicos), tudo ganhou sentido à luz da lógica desvendada pelo livro.

Fica claro, também, porque o PSDB – que ambicionava os 20 anos de poder – jogou as eleições no colo de Lula.

Todas as oportunidades de legitimação da atuação partidária foram preteridas, em benefício dos interesses pessoais da chamada ala intelectual do partido.

A perda do bonde do real

No início do real, os economistas enriqueceram com operações cambiais, em cima de uma apreciação do real que matou a grande oportunidade de criação de um mercado de consumo interno. A privatização poderia ter sido conduzida dentro de um modelo de fundos sociais, que permitiria legitimá-la e criar um mercado de capitais popular no país. Mas os interesses pessoais se interpuseram no caminho do projeto político do partido.

O cavalo encilhado

O fim da inflação permitiu o desabrochar de um mercado de consumo de massa, dez anos antes que o salário mínimo, Bolsa Família e Pronaf abrissem espaço para a nova classe média. Estariam assegurados os 20 anos de poder preconizados por Sérgio Motta, não fosse o jogo cambial, uma manobra de apreciação do real que enriqueceu os economistas mas estagnou a economia por uma década. FHC jogou fora a chance do partido e do país. Conto em detalhes essa história no livro “Os Cabeças de Planilha”.

A falta de Mário Covas

Fica claro, também, a falta que Mário Covas fez ao PSDB. Com todas as críticas que possam ser feitas a ele, a Lula e a outros grandes políticos, havia neles o sentimento de povo. Na campanha de 2006, ouvi de Geraldo Alckmin a crítica – velada – à ala supostamente intelectual do PSDB. “Covas sempre me dizia para, nos finais de semana, andar pelas ruas, visitar bairros, cidades, para não perder o sentido do povo”.

Os construtores e os arrivistas

Não se vá julgar impolutos Covas, Lula, Tancredo, Ulisses, o grande Montoro, Grama e outros fundadores do Brasil moderno. Dentro do modelo político brasileiro, montaram acordos nem sempre transparentes, participaram dos pactos que permitiam o financiamento partidário, familiares se aproveitaram das relações políticas para pavimentar a vida profissional. Mesmo assim, imperfeitos que eram – como políticos e seres humanos – havia neles a centelha da transformação, a vontade de deixar um legado, o apelo da redemocratização.

A ala intectual do PSDB

Esses atributos passavam ao largo das ambições da ala intelectual do partido, os economistas financistas de um lado, o grupo de Serra do outro. O individualismo exacerbado, a ambição pessoal, a falta de compromisso com o próprio partido e, menos ainda, com o país, fizeram com que não abrissem espaço para a renovação. Com exceção de Serra, FHC não legou para o partido um ministro sequer com fôlego político. Como governador, Serra não permitiu o lançamento político de um secretário sequer.

A renovação tímida

A renovação do PSDB se deu pelas mãos de Alckmin – ele próprio não revelando um secretário sequer com fôlego para sucedê-lo – e, fora de São Paulo, de Aécio Neves. Ao desvendar as manobras de Serra, o livro fecha um ciclo de ódio, personalismo, de enriquecimento de pessoas em detrimento do país e do próprio partido. No começo, será um baque para o PSDB. Passado o impacto inicial, será a libertação para o penoso reinício político.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Cena brasileira

recebido por e-mail – 23 dez 2011

O médico José Guilherme Vartanian apareceu hoje na mídia nacional - como na entrevista à Globo News - para falar do tratamento do câncer do ex-presidente Lula. Ele não aparecia tanto em veículos de comunicação desde que, em dezembro de 1992, matou a socos e pontapés o maringaense Marcos Takashi Kawamoto, na frente do bar Ópera. Marcos, que trabalhava no Japão, estava em Maringá para passar o Natal com a família; Vartanian, que estudava Medicina na UEL, em Londrina, perseguiu a vítima antes de espancá-la até a morte. O caso andou lentamente; em primeira e segunda instância, decidiu-se que ele iria a júri popular; quando o caso chegou em Brasília, ficou cinco anos parado, até obter o voto do ministro Hamilton Carvalhido, que apontou a prescrição. A lei estabelece que o prazo para a prescrição é reduzido à metade quando o réu tem menos de 21 anos. A família de Marcos, que havia feito passeata em Maringá e protestado defronte o TJ-PR, até hoje não compreende a falta de justiça do caso.
À época, o advogado Israel Batista de Moura, assistente de acusação, apresentou pedido de providências contra a demora no STJ, que começava com uma frase de Rui Barbosa: "Justiça tardia não é Justiça, é injustiça manifesta". Em 2008, 16 anos depois da morte, o caso foi declarado prescrito, sem punição a Vartanian, hoje sob os holofotes da imprensa.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Cracolândia na Rua Dona Eugênia – Porto Alegre

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 16 de novembro de 2011.

    Antes, aparecia só um ou outro dependente de crack. Hoje, dos sete pacientes internados na minha clínica, que tem mensalidade de 13.500 reais, três são viciados nessa droga. Tem advogado, filósofo, professor... O poder viciante é   impressionante. De cada dez pessoas que provam bebida alcoólica, uma vira dependente. Com o crack, são nove. Quem fuma não precisa de mais nada. Encontra tudo na droga. Tem a sensação de que é forte e invulnerável. Rapidinho, o prazer da droga desaparece, mas a lembrança eufórica faz com que a pessoa não consiga largar. Ela fica agressiva, perde a autocrítica. Se precisar pisar no pescoço da mãe para conseguir a droga, vai pisar. Quem fuma crack vira um monstro.

(Psiquiatra Jorge César Gomes de Figueiredo)

Os altos da Rua Dona Eugênia, no Bairro Santa Cecília, em Porto Alegre, RS, onde passei minha adolescência era um exemplo de sadia comunidade onde os vizinhos eram gentis parceiros e não raras vezes amigos. As residências ostentavam belas árvores e jardins bem cuidados, se passeava pelas ruas limpas e arborizadas com segurança.

- Índice de Área Verde (IAV)

“Áreas verdes” é um termo que se aplica a diversos tipos de espaços urbanos que têm em comum o fato de serem abertos, acessíveis; relacionados com saúde e recreação ativa e passiva, proporcionaram interação das atividades humanas com o meio ambiente.
(José Alexandre Melo Demattê)

O IAV da cidade de Porto Alegre, RS, é de 13,5 m² por habitante bastante inferior à de Curitiba que ultrapassa os 50 m². Nossos administradores parecem desconhecer que a vegetação das áreas privadas possui um papel fundamental no IAV e que Curitiba só atingiu esse alto índice graças a uma inteligente política de incentivo fiscal. Este incentivo proporciona abatimento no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) proporcionalmente à área do terreno que é mantida com cobertura vegetal pelo proprietário, em alguns casos essa isenção pode chegar a até 100%.

A arborização urbana contribui significativamente para a melhoria da qualidade ambiental das cidades regularizando o ciclo hidrológico, moderando os extremos climáticos, permitindo a sobrevivência da fauna e reduzindo os níveis de poluição atmosférica. Além disso, proporciona um imenso bem-estar ao cidadão quebrando a monotonia das cidades e permitindo sua integração a um ritmo mais natural cuja harmonia se reflete profundamente nos aspectos psicológico e espiritual.

- Cracolândia na Dona Eugênia

A roda do tempo seguiu sua lenta e inexorável marcha, frios edifícios tomaram o lugar das decanas e amistosas casas, os jardins e árvores centenárias foram aniquilados, os cumprimentos efusivos de outrora foram substituídos pela frieza e indiferença, o respeito aos mais velhos e à tradição pela falta de educação. As crianças transformaram o carinho para com os animais domésticos alheios em uma gratuita e desumana provocação que conta, na maior parte das vezes, com a aquiescência dos pais omissos, tornando os pobres animais irritados e estressados. O acolhedor Bairro residencial de outrora transformou-se em mais um aglomerado de zumbis. Diz o velho ditado que “nada está tão ruim que não possa piorar”. Recentemente a empresa

POLIDO ARQUITETURA E INTERIORES

Marcelo Polido

Rua Dr. Alcides Cruz 136, 202

adquiriu duas decanas casas na região e não providenciou nenhum tapume ou vigilância para as mesmas. Como era de se esperar as casas abandonadas se transformaram em um antro de marginais e viciados que as invade todas as noites promovendo badernas e importunando a pacata vizinhança. Somente a nossa gloriosa Brigada Militar tem cumprido sua missão constitucional comparecendo sempre que chamada pela vizinhança para expulsar os invasores.

Não sei até quando ficaremos à mercê da bandidagem, a empresa já foi contatada diversas vezes e nenhuma providência foi tomada. Ao adentrar nas dependências das casas a atuante Brigada Militar constatou que além da depredação, existem restos de comida, lixo e dejetos por onde circulam enormes ratos. O caso se tornou de polícia esaúde pública, mas a “POLIDO ARQUITETURA E INTERIORES” continua se negando a tomar qualquer tipo providência. Estarão esperando que os marginais incendeiem as antigas moradias ou que façam alguma vítima nas redondezas?

Conclamamos aos amigos e moradores da vizinhança que se juntem a nós nessa cruzada cobrando da POLIDO ARQUITETURA E INTERIORES e de seu proprietário MARCELO POLIDO providências urgentes antes que um mal maior aconteça.

– Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura(http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

  • Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
  • Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
  • Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional

CHOREM BRASILEIROS!

Dois fatos aconteceram no mês de dezembro de 2011.
Um que deveria ser orgulho de todos os brasileiros e outro que mostra a torpeza humana quando guiada pela cegueira da paixão política ideológica.

MORREU UM HEROI NACIONAL.
Faleceu no último dia 3 de dezembro em Niteroi, Rio de Janeiro, de causas naturais aos 93 anos de idade, o veterano da FEB Coronel Iporan Nunes de Oliveira.
O senhor já ouviu falar neste brasileiro, que como 1º tenente na FEB conquistou a cidade de MONTESE?
O seu pelotão progredindo com dificuldade em meio a intenso bombardeio da artilharia alemã, ele e seus soldados conseguiram atingir as alturas da cidade, embora fossem cortados do restante das tropas.
No dia seguinte, consolidaram as posições de dominação da localidade, destruindo os últimos focos de resistência inimiga.
A sua valentia e a sua liderança mereceram o reconhecimento de dois Países.
Por sua extrema tenacidade na liderança do pelotão durante o ataque, o TENENTE IPORAN FOI CONDECORADO PELO EXÉRCITO DOS EUA COM A SILVER STAR - QUE FOI-LHE ENTREGUE PESSOALMENTE PELO GENERAL CHARLES GERHALT EM CUIABÁ, NO DIA 15 DE JULHO DE 1946.
ELE TAMBÉM RECEBEU A ORDEM DO IMPÉRIO BRITÂNICO, CONCEDIDA PELO MARECHAL-DE-CAMPO HAROLD ALEXANDER NO RIO DE JANEIRO, EM 15 DE JUNHO DE 1948.
Recebeu inúmeras medalhas nacionais, também, mas ao morrer nenhuma homenagem.
Foi esquecido pelo seu País; Ele e o seu Pelotão arriscaram a vida lutando pela liberdade.
ADEUS, QUERIDO HEROI BRASILEIRO!
SEU NOME ENCONTRA-SE GRAVADO NO CORAÇÃO DOS VERDADEIROS BRASILEIROS!

Neste mesmo mês um criminoso, um assassino completaria 100 anos e foi homenageado por autoridades brasileiras como se alguma coisa tenha feito pelo Brasil.
Foi até anistiado e a família deste facínora irá receber dinheiro por ter combatido a liberdade e ter querido implantar uma ditadura.
O GRUPO GUARARAPES irá transcrever alguns trechos do artigo muito bem escrito por Reinaldo Azevedo para que os amigos não deixem de ler a desgraça que vai sendo implantando no nosso Querido Brasil.
” Carlos Marighella, chefe do grupo terrorista “Ação Libertadora Nacional” (ALN),  foi homenageado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Declarou, então, a conselheira Ana Maria Guedes:
“A Comissão da Anistia, em nome do Estado brasileiro, faz os mais sinceros pedidos de desculpas pelas atrocidades que foram cometidas contra o herói do povo brasileiro, Carlos Marighella”.
Como é que é?! Em nome do Estado? Do povo?
“Marighella era o chefe da ALN, que MATOU UMA PENCA DE PESSOAS, muitas delas sem qualquer ligação com a luta política.”
“Também omite o fato de que ele foi o autor do “Mini Manual da Guerrilha Urbana, em que faz aberta e explicitamente a defesa do terrorismo e do assassinato de soldados.”
E, como é sabido, não ficou apenas na teoria.Abaixo, a lista de pessoas assassinadas pela ALN, sozinha ou em associação com outros grupos”.
“AS FAMÍLIAS DESSAS PESSOAS NÃO FORAM NEM SERÃO INDENIZADAS.
A COMISSÃO DE ANISTIA EXISTE PARA CONCEDER BENEFÍCIOS SÓ A ESQUERDISTAS CONSIDERADOS 'VÍTIMAS DO REGIME MILITAR'.
Os mortos de esquerda são heróis.
Os que não são, perdem até o direito de ter um nome. Aliás, o fato desaparece”.
Como se nota, o jornalismo brasileiro, com as exceções de praxe, tenta enterrar a memória. Vai aqui mais uma contribuição à Comissão da Verdade.
“PESSOAS ASSASSINADAS PELA ALN, DO “HERÓI” CARLOS MARIGHELLA
- 10/01/68 - AGOSTINHO FERREIRA LIMA - Marinha Mercante - Rio Negro – AM.
No dia 06/12/67, a lancha da Marinha Mercante “Antônio Alberto” foi atacada por um grupo de nove terroristas, liderados  por Ricardo Alberto Aguado Gomes, “Dr. Ramon”, que, posteriormente, ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN).Neste  ataque, Agostinho Ferreira Lima foi ferido gravemente, vindo a morrer no dia 10/01/68.

- 08/05/69 - JOSÉ DE CARVALHO - Investigador de Polícia -  SP
Atingido com um tiro na boca durante um assalto a uma agência do União de Bancos Brasileiros,
em Suzano, no dia 07 de maio, morreu no dia seguinte.
Nessa ação, os terroristas feriram, também, Antonio Maria Comenda Belchior e Ferdinando Eiamini. Participaram os seguintes terroristas da ALN: Virgílio Gomes da Silva, Aton Fon Filho, Takao Amano, Ney da Costa Falcão, Manoel Cyrilo de Oliveira Neto e João Batista Zeferino Sales Vani. Amano foi baleado na coxa e operado em um “aparelho médico” por Boanerges de Souza Massa, médico da ALN.

- 22/06/69 - GUIDO BONE - soldado PM - SP
Morto por militantes da ALN que atacaram e incendiarama rádio-patrulha RP 416, da então Força Pública de São Paulo, hoje Polícia Militar, matando os seus dois ocupantes, os soldados Guido Bone e Natalino Amaro Teixeira, roubando suas armas.

- 22/06/69 - NATALINO AMARO TEIXEIRA - Soldado PM - SP
Morto por militantes da ALN na ação acima relatada.

- 03/09/69 - JOSÉ GETÚLIO BORBA - Comerciário - SP
Os terroristas da ALN Antenor Meyer, José Wilson Lessa Sabag, Francisco José de Oliveira e Maria Augusta Tomazresolveram comprar um gravador na loja Lutz Ferrando, na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua São Luis.
O pagamento seria feito com um cheque roubado num assalto. Descobertos, receberam voz de prisão e reagiram.
Na troca de tiros, o guarda civil João Szelacsak Neto ficou ferido com um tiro na coxa, e o funcionário da loja, José Getúlio Borba, foi mortalmente ferido. Perseguidos pela polícia, o terrorista José Wilson Lessa Sabag matou a tiros o soldado da Força Pública (atual PM) João Guilherme de  Brito.

- 03/09/69 - JOÃO GUILHERME DE BRITTO - solado da Força Pública – SP
(ver relato acima)

- 11/03/70 - NEWTON DE  OLIVEIRA NASCIMENTO -  Soldado PM - RIO DE JANEIRO
No dia 11/03/70, os militantes do grupo tático armado da ALN Mário de Souza Prata, Rômulo Noronha de Albuquerque e Jorge Raimundo Júniordeslocavam-se num carro Corcel azul, roubado, dirigido pelo último, quando foram interceptados no bairro de Laranjeiras por uma patrulha da PM.
Suspeitando do motorista, pela pouca idade que aparentava, e verificando que Jorge Raimundo não portava habilitação, os policiais ordenaram-lhe que entrasse no veículo policial, junto com Rômulo Noronha Albuquerque, enquanto Mauro de Souza Prata, acompanhado de um dos soldados, iria dirigindo o Corcel até a delegacia mais próxima. Aproveitando-se do descuido dos policiais, que não revistaram os detidos, Mário, ao manobrar o veículo para colocá-lo à frente da viatura policial, sacou de uma arma e atirou, matando com um tiro na testa o soldado da PM Newton Oliveira Nascimento, que o escoltava no carro roubado.
O soldado Newton deixou a viúva, Luci, e duas filhas menores, de quatro e dois anos.

- 29/08/70 - JOSÉ ARMANDO RODRIGUES - Comerciante - CE
Era proprietário da firma Ibiapaba Comércio Ltda. Depois de sua loja ser assaltada, foi seqüestrado, barbaramente torturado e morto a tiros por terroristas da ALN. Seu carro foi lançado num precipício na serra de Ibiapaba, em São Benedito, CE.
Autores: Ex-seminaristas Antônio Espiridião Neto e Waldemar Rodrigues Menezes (que fez os disparos), José Sales de Oliveira, Carlos de Montenegro Medeiros, Gilberto Telmo Sidney Marques, Timochenko Soares de Sales e Francisco William.

- 14/09/70 - BERTOLINO FERREIRA DA SILVA - segurança - SP
Morto durante assalto praticado pelas organizações terroristas ALN e MRT ao carro pagador da empresa Brinks, no Bairro do Paraíso, em são Paulo.

-15/04/71 - HENNING ALBERT BOILESEN - Industrial - SP
Ligado à Operação Bandeirantes, que combatia as organizações de esquerda, foi assassinado, entre outros, por Carlos Eugênio da Paz (há depoimento deste senhor no blog).
Participaram ainda dação os terroristas Yuri Xavier Pereira, Joaquim Alencar Seixas, José Milton Barbosa, Dimas Antonio Casimiro e Antonio Sérgio de Matos.
No relatório escrito por Yuri, apreendido pela polícia, lê-se:
“Durante a fuga, trocávamos olhares de contentamento e satisfação. Mais uma vitória da Revolução Brasileira”.
Sobre o corpo de Boilesen, atingido por 19 tiros, panfletos da ALN e do MRT, dirigidos “Ao Povo Brasileiro”, traziam a ameaça: “Como ele, existem muitos outros e sabemos quem são.
Todos terão o mesmo fim, não importa quanto tempo demore; o que importa é que eles sentirão o peso da JUSTIÇA REVOLUCIONÁRIA. Olho por olho, dente por dente”.

- 20/01/72 - SYLAS BISPO FECHE - Cabo PM São Paulo - SP
O cabo Sylas Bispo Feche integrava uma Equipe de Busca e Apreensão do DOI/CODI/II Exército.
Sua equipe executava  uma ronda quando um carro VW, ocupado por duas pessoas, cruzou um sinal fechado quase atropelando uma senhora que atravessava a rua com uma criança no colo.
A sua equipe saiu em perseguição ao carro suspeito, que foi interceptado.
Ao tentar aproximar-se para pedir os documentos dos dois ocupantes do veículo, o cabo Feche foi metralhado. Dois terroristas, membros da ALN, morreram.

- 01/02/72 - IRIS DO AMARAL - Civil - RJ
Morto durante um tiroteio entre terroristas da ALN e policiais.
Ficaram feridos nesta ação os civis Marinho Floriano Sanches, Romeu Silva e Altamiro Sinzo. Autores: Flávio Augusto Neves Leão Salles (”Rogério”, “Bibico”) e Antônio Carlos Cabral Nogueira (”Chico”, “Alfredo”.)

- DAVID A. CUTHBERG - Marinheiro inglês - RJ
A respeito desse assassinato, sob o título “REPULSA”, o jornal “O Globo” publicou:
“Tinha dezenove anos o marinheiro inglês David  A. Cuthberg que, na madrugada de sábado, tomou um táxi com um companheiro para conhecer o Rio, nos seus aspectos mais alegres.
Ele aqui chegara como amigo, a bordo da flotilha que nos visita para comemorar os 150 anos de Independência do Brasil.
Uma rajada de metralhadora tirou-lhe a vida, no táxi que se encontrava.
Não teve tempo para perceber o que ocorria e, se percebesse, com certeza não poderia compreender.
Um terrorista, de dentro de outro carro, apontara friamente a metralhadora antes de desenhar nas suas costas o fatal risco de balas, para, logo em seguida, completar a infâmia, despejando sobre o corpo, ainda palpitante, panfletos em que se mencionava a palavra liberdade.
Com esse crime repulsivo, o terror quis apenas alcançar repercussão fora de nossas fronteiras
para suas atividades, procurando dar-lhe significação de atentado político contra jovem inocente,
em troca da publicação da notícia num jornal inglês.
O terrorismo cumpre,no Brasil, com crimes como esse,o destino inevitável dos movimentos a que
faltam motivação real e consentimento de qualquer parcelada opinião pública: o de não ultrapassar os limites dosimples banditismo, com que se exprime o alto grau de degeneração
dessas reduzidas maltas de assassinos gratuitos”.
A ação criminosa foi praticada pelos seguintes terroristas, integrantes de uma frente formada por três organizações comunistas: - ALN - Flávio Augusto Neves Leão Salles (”Rogério”, “Bibico”), que fez os disparos com a metralhadora, Antônio Carlos Nogueira Cabral (”Chico”, “Alfredo”), Aurora Maria Nascimento Furtado (”Márcia”, “Rita”), Adair Gonçalves Reis(”Elber”, “Leônidas”, “Sorriso”);

CHOREM BRASILEIROS!
A BANDEIRA NACIONAL DEVERIA SE ENCONTRAR A MEIO PAU EM HOMENAGEM AO TENENTE IPORANNUNES DE OLIVEIRA.
NADA, NEM UM TOQUE DE SILÊNCIO!
INFELIZ PAÍS EM QUE ASSASSINOS, QUE MATAM BRASILEIROS SÃO “HOMENAGEADOS” E OS VERDADEIROS HEROIS ESQUECIDOS?
SENTIDO!
ARMA EM FUNNERAL!
EM CONTINÊNCIA AO HERÓI IPORAN QUE DEFENDEU A PÁTRIA!
E A DEMOCRACIA!
GRUPO GUARARAPES

“QUEM ACEITA O MAL SEM PROTESTAR, COOPERA REALMENTE COM ELE”.
MARTIN LUTHER KING

domingo, dezembro 18, 2011

Como Fernando Henrica

Palmério Doria - 18 de Dezembro de 2011 às 08:30

O CASO PARIBAS OU FRAUDE À FRANCESA DO PRÍNCIPE DOS OCIÓLOGOS

Acho que Protógenes Queiroz nem sonhava com uma candidatura quando me falou pela primeira vez do Caso Paribas. Não apenas falou: de noite, no saguão do hotel em que se hospedava entre uma e outra operação em São Paulo, fez mapa minucioso da armação de tucanos de megabico para manipular a dívida externa em seu proveito.

A segunda vez foi em sua primeira entrevista à imprensa, na sede da revista Caros Amigos, que durou de 2 da tarde às 7 da noite. De tudo se tratou. Selecionei apenas o capítulo que trata do Caso Paribas, que pode levar à convocação de FHC e Armínio Fraga, entre outros, pelo Congresso.

Não por coincidência, depois da entrevista, a caixa d’água veio abaixo na vida de Protógenes.

PALMÉRIO DÓRIA - Você está falando do Fernando Henrique Cardoso?

Fernando Henrique Cardoso.

PALMÉRIO DÓRIA - Você está falando do Paribas, de como o presidente manipulou e ganhou com isso?

Exatamente. Nossa dívida externa é artificial e eu provei isso na investigação. Houve repulsa minha porque quando era estudante empunhei muita bandeira "Fora FMI", "Nós não devemos isso".

MYLTON SEVERIANO - "A dívida já está paga".

"A dívida já está paga". E foi muito jato d'água, muita cacetada, muito gás lacrimogêneo, "bando de doido, tem que tomar porrada, pau nesses garotos". Você cresce achando que era um idiota, não é? Chega um momento que pensa "a dívida foi criada no regime militar, mas a gente precisa pagar".

FERNANDO LAVIERI - Como você provou isso?

PALMÉRIO DÓRIA - O jogo começou a ser jogado no Ministério da Fazenda?

Sim. Querem essa história?

TODOS - Sim!

Vocês não vão dormir direito. Isso é para maiores de 50 anos. Estamos em 2002, me atravessa as mãos o expediente para um banco francês, "esse banco eu conheço, é sério". E a suspeita que investigo é fraude com títulos públicos brasileiros, negociados no mercado internacional, títulos da dívida externa. Negociados na década de 1980: o que chama atenção?

MYLTON SEVERIANO - Fim da ditadura.

E transição para o regime civil. José Sarney pega o país em frangalhos, devendo até a alma, sem dinheiro para financiar as contas públicas, muito menos honrar compromissos, a famigerada dívida com o FMI. Havia até o "decrete-se a moratória". Era o papo nosso, da esquerda, dos estudantes, "não vamos pagar, já levaram tudo". E o Sarney, o que faz? Bota a mão na manivela e nossos títulos da dívida externa valiam, no mercado internacional, no máximo 20% do valor de face, era negociado na bolsa de Nova York. No paralelo valiam 1%. O que significa? Não passa pela bolsa. Comprei, quero me livrar, então 1% do valor de face, título de um país "à beira de uma convulsão social, ninguém sabe o que vai acontecer com aquele país, um conjunto de raças da pior espécie": essa, a visão primeiro-mundista, o que representávamos para os banqueiros. Escória. E aqui estávamos, discutindo a reconstrução do país. Vamos dialogar, botar os partidos para funcionar, eleições, e o Sarney tendo que dar uma solução. Fecha a manivela e toca a jogar título no mercado de Nova York. Cada título que valia 10%, 15%, mandava dinheiro aqui para dentro. Seis anos depois, o mercado financeiro internacional detectou que no Brasil haveria desordem, até guerra civil, e eles não iam receber o que tinham colocado aqui com a compra dos papéis podres, queriam receber mesmo os 15%. E fazem uma regrinha de três e colocam para o Banco Central: “Você vai instituir uma norma, os títulos da dívida externa brasileira adquiridos no mercado financeiro internacional, no nacional poderão ser convertidos junto ao Banco Central pelo valor de face desde que esse dinheiro seja investido em empresas brasileiras." Bacana, não? Se funcionasse como ficou estabelecido, nosso país seria uma potência, não? Ainda que uma norma perfeita, acho um critério não normal, não é? Não é moralmente ético eu comprar um título por 15% e ter um lucro de 100%, em tão pouco tempo. Mas enquanto regra de mercado financeiro tenho de admitir que sou devedor. Se vendi a 15%, na bolsa, assumi o risco de, no futuro, o lucro ser maior para o credor. Tenho que pagar. Foi assim que foi feito? Não. Será que o grupo Votorantim recebeu algum dinheiro convertido? Alguma outra empresa nacional do porte recebeu? Não. O que o sistema montou? Uma grande operação em determinado período para sangrar as reservas do país, e ainda tinha as cartas de intenção, que diziam "se você não me pagar posso explorar o subsolo de 50 mil quilômetros da Amazônia".

WAGNER NABUCO - Era a fiança?

Sim. Então me deparo com um banco, o Paribas, hoje BNP-Paribas que se uniu ao National de Paris. Com três diretores, em São Paulo, e dois outros, mais um contador que foi assassinado e um laranja que se chamava Alberto. O banco adquire esses títulos, no valor de 20 milhões de dólares, não é? E converte no Banco Central e aplica em empresas brasileiras, empresas-laranja. Comprou no paralelo a 1%, eram 200 mil dólares, e converteu a 20 milhões de dólares aqui no Brasil e colocou nessa empresa-laranja...

MYLTON SEVERIANO - Empresa de quê?

De participações. Chamava-se Alberto Participações, com capital social de 10 mil reais. Já tem coisa errada. Como uma empresa com capital de 10 mil reais pode receber um investimento estrangeiro da ordem de 20 milhões? Cadê o patrimônio da empresa? Como é que o Banco Central aprova? Mando pegar o processo. Ela investiu, vamos ver aonde o dinheiro vai. Converteu os 20 milhões e ao longo de doze meses o dinheiro é sacado mensalmente na boca do caixa em uma conta e convertido no dólar paralelo e enviado para a matriz em Paris. Eu digo "Banco Central, me dá o processo do Paribas". Aí não consigo, quem consegue é o procurador que trabalhava comigo, Luiz Francisco. Consegue e remete pra mim em São Paulo. Vejo que no Banco Central houve uma briga interna pela conversão. Os técnicos se indignaram, e indeferiram. Ai houve uma gestão forte para que houvesse a conversão. De quem? Do ministro da fazenda. Que era quem?

MYLTON SEVERIANO - Fernando.

MARCOS ZIBORDI - Henrique.

MYLTON SEVERIANO - Cardoso.

Tento localizar os banqueiros. Todos fugiram. Os franceses todos. O contador, assassinado. O laranja Alberto morreu de morte natural, assim falam no Líbano, onde ele morreu. E me sobra a sócia dele, uma senhora chamada Célia. Morava na Avenida São Luís. Ah, é? Um foi embora, outro fugiu, outro morreu, outro foi assassinado: querem brincar com a Polícia Federal? Com a dívida externa do Brasil? Descubro essa sem-vergonhice, essa patranha, essa picaretagem de fundo de quintal que acontecia enquanto nós estudantes lutávamos, dizíamos que a dívida externa não existia, e, de fato, parte dela era artificial. A coisa é grave, vamos fazer uma continha, nós contribuintes, que cremos que existe uma ordem no país. Títulos que adquiri por 200 mil, converti no Brasil os 20 milhões de dólares, quanto tive de lucro? 19 milhões e 800 mil. Vamos fazer essa continha para vocês dormir direito hoje. Esses 19 milhões mandei para minha matriz, o papel está na minha mão ainda, porque dizia o seguinte a norma do Banco Central: ao converter esse título, invista em empresa brasileira, e ao final de doze anos "Brasil, mostre a sua cara e me pague aqui, você me deve, pois sou credor dessa nota promissória chamada título da dívida externa brasileira". Está na lei. Bota aí. Soma 20 milhões com 19 milhões e 800 mil: 39 milhões e 800 mil. Nós devemos isso aí? E mais, o que pedi? Que o juiz bloqueasse o título do Paribas, não pagasse, indiciei os diretores. Por quê? Porque estava se aproximando o final dos doze anos, o título estava vencendo e tínhamos que pagar. Pedi que o Banco Central enviasse cópia de todos os processos de conversão da dívida externa brasileira pra mim. Estou esperando até hoje. Sabe o que o Banco Central falou? "O departamento não existe, nunca existiu, era feito por uma seção aleatoriamente lá no Banco Central." Então nós não devemos esse montante de milhões que cobram.

RENATO POMPEU - Só não entendi o que o Fernando Henrique Cardoso ganhou com isso.

Calma, calma. Sobrou uma para contar a história. A Célia da Avenida São Luís. A mulher de verdade. Era companheira do Alberto, ex-embaixador do Brasil no Líbano. Quando estourou a guerra ele fugiu e viveu na França, estudando na Sorbonne. Quem ele conhece lá?

MYLTON SEVERIANO - Fernandinho.

Colegas de faculdade. A Célia, marquei depoimento numa quinta, véspera de feriado, às seis da tarde na superintendência da Polícia Federal. Uma morena bonita, quase 60 anos, me disse que tinha sido miss, modelo, era sócia nessa empresa, tinha tipo 1%. Furiosa, "que absurdo, véspera de feriado, perder meus negócios, engarrafamento". Já estava gritando no corredor. Dei um molho de uns trinta minutos até ela se acalmar. Pensei "essa mulher está furiosa e tem culpa no cartório". Falei "obrigado por ter vindo", e ela "obrigado nada, o senhor é indelicado, desumano, sou dona de uma indústria de sorvetes, e me chama numa hora importante porque tenho que distribuir sorvete, é feriado, o senhor não tem coração". No meio da esculhambação, digo "tenho que cumprir meu dever, sou funcionário público", e ela "aposto que é o caso daquele Paribas, não sei por que ficam me chamando, e tem mais, fui companheira do Alberto, e ele foi muito mais brasileiro que muita gente. Era digno, honesto, ficam manchando a alma dele. Eu ajudei ele até o fim da vida, inclusive sustentei parte da família dele". Percebi que não sabia a verdade, ela disse "ele morreu pobre, ficou esperando a conversão dessa dívida que nunca houve". Detalhe: na quebra de sigilo bancário encontrei um cheque do Alberto que ele recebeu, 64 milhões, na boca do caixa do banco Safra. E ele transfere as cotas para uma empresa criada pelo Paribas em nome dos diretores.

MYLTON SEVERIANO - No Brasil?

Já é um Paribas do Brasil. Transfere para a subsidiária, e os diretores começam a sacar. O primeiro que recebe é ele, valor equivalente a 5%. E ela disse "ele não recebeu a comissão dele que era de 5%". Bateu! Tranquei o gabinete, falei "vou mostrar um documento, mas se disser que mostrei, prendo a senhora", era a cópia do cheque, com assinatura e data. A mulher começou a chorar. "Desgraçado. Que o inferno o acolha!" Ela disse "tenho muito documento na minha casa". Se fizesse pedido de busca e apreensão chamaria atenção da Justiça, teria um indeferimento. Essa investigação estava sendo arrastada. Fiz uma busca e apreensão ao inverso, "a senhora permite que selecione o que quero?", ela disse "perfeito". Naquela véspera de feriado, peguei dois agentes, contrariando colegas que queriam ir embora...

MYLTON SEVERIANO - Qual o ano?

2002. Saímos de lá de madrugada, era um apartamento antigo, magnífico. Ela chorando, "desgraçado, até comida na boca eu dei". Ela me dá uma agenda, "aqui parecia o Banco Central, eu atendia o doutor Alberto, da área internacional". Encontrei documentos, agendas que vinculavam ele ao Armínio Fraga, ao Fernando Henrique, inclusive uma carta manuscrita, não vou falar de quem, depois confirmada, ela falou "levei esse presente, pessoalmente, até a casa do Fernando". Mandei documentos para perícia. Na época era eleição do Fernando Henrique.

RENATO POMPEU - Não, do Lula.

Isso. Lula venceu contra Serra. Fernando Henrique era presidente.

RENATO POMPEU - Ele recebeu dinheiro então?

Vamos pegar a linha do tempo. Ele sai de ministro da Fazenda e vira presidente. O gerente da área internacional que dá o parecer no processo, quem era? Armínio Fraga. Que presidiu o Banco Central. Essa investigação não sei que fim deu. Pedi ao Banco Central o bloqueio de todos os títulos da dívida externa brasileira que foram convertidos. E pedi cópia de todos os processos de conversão junto ao Banco Central para investigação.

RENATO POMPEU - Saiu na mídia?

Em parte, mas foi abafado. Quem conseguiu publicar foi, se não me engano, a Época.

PALMÉRIO DÓRIA - Citando Fernando Henrique?

Não, não citou. A reportagem era "Fraude à francesa". Essa investigação surge da denúncia de um advogado, Marcos Davi de Figueiredo. Ele sofre uma pressão implacável dentro do banco. A Célia passa a ser ameaçada, logo que presta depoimento entregando tudo. Inclusive os escritórios que deram suporte a essa operação, um do Pinheiro Neto, e ela diz que sofria ameaça do próprio Pinheiro Neto. O procurador foi o doutor Kleber Uemura.

Falta muito a dizer, como dizia o saudoso Aloysio Biondi.

A Enfermeira e o Yorkshire

Nesse espaço normalmente não publico noticias desse tipo, mas achei um absurdo a noticia ter sido veiculada com imagens e ainda aparecer em alguns sites a enfermeira como suspeita do caso. Como assim suspeita? As imagens não falam por si?

A enfermeira Camila Correa Alves de Moura, casada com o médico Adelino Araujo dos Santos (cirurgião do Hospital das Clínicas, de Urgências de Goiânia, entre outros), foi flagrada agredindo um cachorro Yorkshire até a morte na cidade de Formosa-GO. Toda a agressão foi registrada em vídeo  por duas menores que se revoltavam com os constantes maus-tratos contra o animal.

Segundo o site ogritodobicho não é a primeira vez que Camila (que se diz uma pessoa calma) agride seus animais. A chamada da policia nesse caso foi devido à situação desesperadora do animal.

Uma das piores situações de todo o caso é que toda a barbaridade. Lembro de um video que circulou por e-mai intitulado Children see, Children Do que tem como mensagem exatamente a repetição do comportamento por parte das crianças do que vêem no dia a dia. Nesse caso, o que pode-se esperar dessa criança que deve ter vivenciado várias agressões aos animais?

Comentários

Como ainda estou na edição nº 675 de Carta, os comentários para quem acompanha a revista terão que ser vistos para o “passado”.

A reportagem “Andarilhos Modernos” da The Economist sobre imigração tem um que de falta de bom senso de quem a escreveu.

Para quem lê, a impressão que nos é passada é a de um imigrante que tem recursos para mandar mensagens para os familiares assim que passa na alfândega, que pode se comunicar através das redes sociais, ou voar para casa regularmente, quando na realidade após a crise de 2008 as migrações para os países ricos se reduziram devido ao desemprego agudo nos setores típicos de mão-de-obra estrangeira.

Um grande parte dos migrantes não possuem renda para conseguir sair do seu continente e migram para os países “menos pobres” vizinhos em busca de uma forma de se sustentar.  Existem ainda a figura dos migrantes ilegais em todo o mundo. Imaginar que esses imigrantes que são a maioria vão se comunicar ao passar pela alfândega, mandar dinheiro para casa ou voar para visitar os familiares é no mínimo um irresponsabilidade informacional.

As leis antimigração que surgem cada vez mais duras para exatamente reduzir a entrada de imigrantes nos países duramente atingidos pela crise, mostram uma realidade completamente diferente da descrita na reportagem.

É claro que a migração de cérebros para países ricos (principalmente os EUA que quase não os produz por incompetência de seu sistema de ensino) vai continuar existindo, pois esses países precisam repensar e estimular com novas fórmulas o seu desenvolvimento.

Me admira a reportagem ter sido por um reporter de uma revista inglesa no momento em que estoura a situação do aumento da prostituição por parte das jovens inglesas que buscam na profissão um forma de pagar seus estudos. Convém lembrar que o índice de desemprego na Inglaterra hoje está em 8,1% (o maior desde 1994) e que a taxa de desemprego entre os jovens subiu 21,3 %. 

Então, se na Inglaterra que é considerada um dos países de economia mais saudável da União Europeia, o que deve estar acontecendo nos países menos saudáveis? E os imigrantes serão bem recebidos e terão dinheiro para fazer as coisas ditas na reportagem? Acho muito difícil.

 

Em outra do The Observer sobre o uso das máscaras nos diversos protestos anticoporativos no mundo, o autor dos quadrinhos Alan Moore que criou o personagem da máscara acha cômico o fato de uma corporação (no caso a Time Warner que detém os direitos de criação de Moore) está lucrando com a venda das máscaras.

Ao meu ver nada mais normal. A corporação tem como principio básico o lucro. Não existe padrão ético ou questões morais envolvidos nessa situação, a corporação uma vez criada tem a obrigação de em primeiro lugar de gerar lucro aos acionistas, e aí nesse caso não importa se as custas da sociedade ou com protestos anticorporativos. Tudo faz parte do objetivo principal e se esse é atingido (principalmente em tempos de crise), não importam os meios.

 

Achei representativa a foto na pág. 58 do caderno especial sobre o Nordeste. Na foto aparecem militares em processo de revitalização de rodovias. Os militares (apesar de não ter sido identificado sua origem) devem ser de um dos Batalhões de Engenharia do Piauí, pois está logo abaixo de uma parte do texto que fala sobre o cerrado piauiense.

Vemos nesse caso o emprego da tropa para um serviço que deveria ser feito por empreiteiras privadas. Não sou contra. Basta pensar nos desvios que ocorrem nos processos licitatórios pelo país, e, a entrada desse recurso para os batalhões se reequiparem é importante.

Só espero que não ocorra o mesmo de outras obras em que um batalhão de engenharia é empregado para realizar o serviço pesado (menos rentável), enquanto que o “acabamento” (serviço mais rentável) ser feito por empreiteiras privadas.