Nos Estados Unidos, cerca de 15 milhões de pessoas não têm emprego. E a perspectiva de encontrar um está difícil. A reportagem é de Peter S. Goodman e está publicada no jornal argentino Clarín, 22-02-2010. A tradução é do Cepat.
Mesmo quando a economia dos Estados Unidos dá alguns sinais de retomada, o custo humano da recessão cresce e milhões de norte-americanos continuam sem emprego, sem poupança e aproximando-se do fim do seguro-desemprego. São os novos pobres: pessoas acostumadas às comodidades da classe média que agora dependem da assistência pública pela primeira em sua vida, e possivelmente por vários anos seguidos.
A rede de seguridade social já está evidenciando graves tensões. Aproximadamente 2,7 milhões de desempregados perderão seu seguro-desemprego antes do final de abril caso o Congresso não aprovar a proposta de Barack Obama de estender o pagamento.
Há hoje 6,3 milhões de norte-americanos desempregados há seis meses ou mais, o número mais elevado desde que a estatística passou a ser realizada em 1948. Os especialistas em trabalho dizem que a economia necessita de 100.000 novos empregos por mês para absorver aqueles que ingressam na força de trabalho. Com mais de 15 milhões de pessoas desempregadas, é provável que até mesmo uma recuperação vigorosa deixe uma enorme quantidade de habitantes desempregados por anos seguidos.
Alguns especialistas dizem que o funcionamento básico da economia dos Estados Unidos se modificou, de forma que diminuem os postos de trabalho particularmente para as pessoas de mais idade e menor nível educacional.
Cada vez mais, as grandes empresas são propriedade de investidores institucionais que buscam lucros rápidos, algo que com frequência se consegue cortando pessoal. A menor influência dos sindicatos facilitou a transferência de trabalho para empregados de tempo parcial. Nos últimos anos, os trabalhos fabris e inclusive os de oficina foram deslocados para países de custo mais baixo. A automatização fez desaparecer 5,6 milhões de postos de trabalho desde 2000.
Tradicionalmente, três setores encabeçaram a saída da recessão: o automotivo, a construção e os bancos. Mas as montadoras estão se reduzindo há algum tempo porque os lares, com sérias dificuldades econômicas, têm poder aquisitivo menor. A construção se vê limitada pelos temores suscitados pelo excesso de propriedades executadas. Os bancos estão crescendo, mas com apoio governamental que agora começa a ser retirado. “O sistema não estava preparado para a realidade do desemprego de longo prazo”, disse Maurice Emsellen, diretor do Nacional Employment Law Project. “Agora, temos uma profunda recessão e criamos uma crise de proporções históricas”.
Timothy M. Smeeding, diretor do Instituto de Pesquisa da Pobreza da Universidade de Wisconsin, acrescenta: “As pessoas com maior nível educacional e habilidades talvez encontrem alguma solução quando a economia se recuperar. O problema são aqueles que têm menos educação e habilidades: eles são os novos pobres”.
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