"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, agosto 22, 2010

A “Estranha” Morte do “Tigre de Bengala”

Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 16 de agosto de 2010.

“Foi uma explosão de indignidade, aquele vulcão que faz parte do meu DNA italiano. Fui ao Congresso doar livros para a biblioteca. Já estava indo embora quando vi uma movimentação, me aproximei e eis que aparece o Zé Dirceu que nem a Ana Botafogo dançando Romeu e Julieta: leve, solto, fagueiro, risonho, acima do bem e do mal e da justiça. Aí, dei umas bengaladas muito bem dadas”. (Yves Hublet)


- Yves Hublet


O escritor Yves Hublet nasceu em Curitiba - PR, em 7 de abril de 1938, e morreu em circunstâncias muito “estranhas”, em Brasília a 26 de julho de 2010. Autor de livros infantis como “A Grande Guerra de Dona Baleia”, “Planeta Água” e “Artes & Manhas do Mico-leão-dourado”, sucesso de público e crítica adotado nas escolas de todo o País, além de histórias em quadrinhos como “A Torta Certa” e “O Materializador de Desejos”. Foi fundador e Presidente da Associação Cultural Paranaense de Autores Independentes, da União Brasileira de Escritores (seção Paraná) e seu primeiro presidente.


- O Homem da Bengala “Justiceira”


Em 29 de novembro de 2005, o escritor curitibano Yves Hublet, desferiu umas bengaladas no então deputado José Dirceu (PT-SP), que falava a jornalistas na saída do plenário da Câmara, em Brasília. Dirceu, na época, enfrentava um processo de cassação por suspeita de estar envolvido no “Escândalo do Mensalão”. Na ocasião, além dos golpes de bengala, Hublet gritou: “Fristão, Fristão”, em referência ao sábio feiticeiro a quem Dom Quixote (da obra de Miguel de Cervantes) acusa de ter tentado roubar-lhe a glória das vitórias épicas contra os gigantes transformando-os em moinhos de vento. Ao que parece, o escritor tentou qualificar o abjeto deputado de “farsante”. Por duas vezes, o corrupto deputado “mensalista”, processou o escritor, e a justiça considerou seus pedidos improcedentes. Depois do episódio, Hublet, passou a enfrentar diversos problemas no Brasil e, como possuía dupla cidadania, resolveu mudar-se para a Bélgica, onde tinha uma pequena propriedade em Charleroi, província de Hainaut, região da Valônia.


- A Estranha Morte de Yves Hublet


Hublet voltou ao Brasil, em maio de 2010, para tratar do lançamento de mais um livro e, ao tentar retornar para a Bélgica, foi preso em Brasília pela Polícia Federal, sob a alegação de transportar consigo duas armas, de sua propriedade, sem o devido registro legal. Liberado cinco dias depois, foi internado em 3 de julho no Hospital Regional da Asa Norte, onde veio a falecer em 26 de julho de 2010. Seu corpo foi “cremado e sepultado em Brasília no dia 30 de julho de 2010.


A pergunta que persiste é se foi “queima de arquivo” ou só mais um trágico acidente envolvendo dissidentes que incomodam o governo PeTralha.


- Álvaro Dias questiona circunstâncias da morte de Yves Hublet

Senador Álvaro Dias, 3 ago 2010.


“O senador Álvaro Dias (PSDB/PR) questionou hoje, em plenário, as circunstâncias da morte do escritor curitibano Yves Hublet - conhecido como o ‘Homem da Bengala’, por ter, em 2005, desferido bengaladas no então deputado José Dirceu, que estava sendo processado por envolvimento no mensalão. Hublet faleceu em Brasília no último dia 27 de julho, aos 72 anos.


Álvaro Dias informou que, segundo relato de seu editor e amigo Airo Zamoner, da editora Protexto, após o episódio da bengalada, Yves Huble, escritor infanto-juvenil de fábulas ecológicas, enfrentou vários problemas no Brasil e mudou-se para a Bélgica, pois tinha dupla cidadania. Ele voltou em maio para Curitiba para discutir a publicação de um livro, e antes de retornar à Bélgica foi até Brasília. Segundo o editor, ao descer do avião, Huble foi preso em Brasília e ficou incomunicável. No presídio teria adoecido e foi hospitalizado, sob escolta. Alegou-se que estava com câncer. Uma ex-namorada de Curitiba de nome Solange foi quem recebeu um telefonema de Brasília comunicando o falecimento do Yves. O corpo teria sido cremado na capital federal.


‘A autoridade tem que esclarecer a sociedade. Por que foi preso? Qual a razão dessa prisão? Em que circunstâncias ele veio a falecer? Isso não foi divulgado. Os relatos do seu editor e amigo fraterno situam, sem deixar dúvidas, que as circunstâncias que envolvem a morte de Yves precisam ser melhor esclarecidas. Também manifesto solidariedade aos seus amigos e aos seus eventuais parentes que, porventura, estejam em Curitiba ou em qualquer parte desse País. O nosso mais profundo sentimento pelo falecimento de Yves’, disse Álvaro Dias”.




Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br

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