recebido por e-mail – 12 jan 2012
Sou pai de uma jovem vestibulanda da UFRGS e fiquei estarrecido com a complexidade do tema de redação proposto por esta tão concei-tuada universidade e aplicado na última segunda-feira. É quase inacreditável que uma instituição de ensino desse naipe, através dos seus “elaboradores”, possa estar tão distanciada da realidade cultural e educacional de nosso pobre/enorme país.
Li atentamente o texto-base para a redação e estou chegando à lamentável conclusão de que a banca que elabora as provas da UFRGS vive em outra “rea- lidade” ou então a explicação é, digamos, patológica de quem mira aquele exército, na sua maioria de adolescentes, como um alvo para o bombardeio do mais puro sadismo “intelectualoide”. Será que sentem prazer em ver os rostos tristes, frustrados e desorientados desses jovens em busca de seus sonhos?
Esses adolescentes, pelo menos aqueles que se prepararam, passaram o ano ligados nas notícias sobre o perigo de um acidente nuclear no Japão, fontes de energia alternativas para preservar o meio ambiente, quebradeira econômica na Europa, a “primavera” árabe, as manifestações de “ocupem Wall Street”, o paradoxo entre corrupção desenfreada e crescimento econômico brasileiro, as inovações tecnológicas etc., etc. Todos, temas bastante complexos para quem está à flor da pele, imaturo, transbordando de hormônios, pensando na namorada ou no namorado. Mesmo assim, ligados e conectados ao mundo através da internet, do celular etc.
Mas, para os “encastelados” e iluminados da banca da UFRGS, isto não bastava e preferiram aplicar um texto sobre o qual muitos professores, jornalistas e tantos outros profissionais das letras teriam muitas dificuldades de dissertar, pois se trata de um texto para especialistas no assunto, ou estou errado?
Com isso, se aprofunda de forma mais cruel a “exclusão”. Será que esse é o grande objetivo das provas da UFRGS, a exclusão?
Para dividir as tarefas de eliminação, nos anos anteriores podem ter sido as questões de física, matemática, química ou todas elas juntas... Este ano, tudo indica que o destaque será a redação, mas tem que parecer politicamente correto, de preferência exaltando nossa nacionalidade, nossas origens lusófonas, quem sabe, a nossa língua!
A arma fatal que promove a exclusão normalmente é apresentada de forma camuflada, desta vez utilizou-se o gigante mitológico Adamastor e uma flor, a flor do Lácio.
*Gerente de Operações e pai de vestibulanda
Já teci comentários anteriormente sobre os exageros do vestibular. É necessário que se introduza uma nova forma de pensar nesse processo de avaliação. Talvez, a saída acabe se tornando a adoção do ENEM como critério de avaliação.
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