Nas relações internacionais, avaliar um país apenas pelo governo em exercício resulta em equívocos, como julgar a Venezuela por Hugo Chávez, seu atual presidente
Revista Nossa História - nr 37
Exportação de petróleo na Venezuela, década de 1950, quando o país ambicionava liderar o desenvolvimento na América Latina com os recursos daquele comércio |
Aquela opção pelo isolamento resultou de uma frustração política e de uma presunção de superioridade. Ocupando mundialmente a posição de primeiro exportador e segundo maior produtor de petróleo, seu presidente, Marcos Pérez Gimenez (1952-1958), propôs a criação de um fundo para financiar o desenvolvimento da América Latina, durante a reunião de chefes de Estado da Organização dos Estados Americanos (OEA), no Panamá, em 1956; mas o governo dos Estados Unidos logo conseguiu obter o apoio dos líderes regionais e obstruiu a proposta venezuelana. Para os dirigentes norte-americanos, iniciativas relevantes que demonstrassem liderança nas Américas pertenciam somente aos Estados Unidos - não convinha a seus interesses estratégicos que outro país conduzisse as relações interamericanas.
Amado Luiz Cervo é professor titular (emérito) de História
das Relações Internacionais da Universidade de Brasília e do
Instituto Rio Branco, e autor de mais de uma dezena de livros
sobre o tema, como Relações internacionais da América Latina:
velhos e novos paradigmas. Brasília: IPRI, 2001.
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