Apesar de ter dado o mesmo título do artigo de Wálter Fanganiello Maierovitch na Carta Capital, não vou me concentrar nele, apenas começarei por ele. Fiquei muito satisfeito com as explicações de Wálter Fanganiello Maierovitch, um vez que, aprendi que o chamado terrorismo de Estado meio que dá a condição de "legalidade" aos atos terroristas. Como tinha em postagem anterior levantado essa dúvida Wálter Fanganiello Maierovitch a retirou. Pelo seu artigo descobri que a Alqaeda não é terrorista, pois está apenas respondendo ao terror de Estado, assim como por analogia podemos colocar no mesma condição as ações do Hammas, do Hezbollah, do IRA e do ETA. Acho por sinal que Wálter Fanganiello Maierovitch deveria defender seu ponto de vista para a ONU, retirando assim esses grupos de sua condição preconceituosa.
Gostaria de salientar que no episódio do Rio-Centro a morte foi de um militar que iria colocar as bombas e não de civis ou de membros dos grupos da Resistência. Por sinal esse fato comprova a grande dissidência interna dos Governos Militares onde havia grupos que desejavam o retorno dos Governos Civis (como no caso de Geisel) e dos opostos a isso, também conhecidos como "linha dura" (no caso Sylvio Frota).Só para concluir esse comentário a Resistência matou civis sim, vou citar um dos casos de bomba colocadas, no caso a do aeroporto de Guararapes em Pernambuco. O ato terrorista mostrou o saldo de 17 vítimas: morreram o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Regis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos, o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes (pela lógica apesar de já ser reformado merecia morrer pois era militar), o guarda-civil "Paraíba" que encontrou a bomba teve amputada sua perna direita, o então Tenente-Coronel Sylvio Ferreira da Silva teve amputado quatro dedos da mão esquerda (com a explosão), ficaram ainda feridos os advogados Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antonio Morais da Cunha, os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro, os estudantes José Oliveira Silvestre, Amaro Duarte Dias e Laerte Lafaiete, a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciária Idalina Maia, o guarda-civil José Severino Pessoa Barreto, o Deputado Federal Luiz de Magalhães Melo e Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de apenas seis anos. Esse foi um dos vários atentados a bomba da Resistência somente em Pernambuco, mas ainda há morte de civis nos assaltos a bancos e a tortura de execução de militares. Mas, como disse Wálter Fanganiello Maierovitch, isso é justificado pelo terrorismo de Estado.
Saindo do Assunto vou para o editorial do Mino Carta. Acho que Geisel foi sim responsável por manter o crescimento do país após a crise do petróleo de 1973. Creio que seguia exatamente a receita de Delfim Neto (crescer o bolo para depois dividí-lo), só que no caminho teve a crise do petróleo de 1979. Irei transcrever algo escrito pelo professor de Economia Política Internacional no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Luis Fiori:" Se os anos 80 representam uma década de crise e indefinição sobre os caminhos do desenvolvimento nacional futuro, é indiscutível que, na segunda metade da década de 70, o governo Geisel, navegando contra uma maré ideológica e econômica internacional desfavorável, foi o úlitmo dos desenvolvimentistas latino-americanos e, certamente, o mais acabado realizador da proposta industrializante da Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) do final dos anos "40" (FIORI, José Luis. Em busca do dissenso perdido. Ensaios sobre a festejada crise do Estado. Rio de Janeiro: Insight, 1995)".
Dizer que sua postura frente a tortura era correta é outra coisa. Se assim o era, estava errado. A única coisa que ainda não entendi com toda essa polêmica sobre a Lei da Anistia, é exatamente a ausência de informação sobre os desaparecidos. Creio que essa lacuna existe exatamente pela tentativa de mudança na Lei de Anistia (ou pelo menos assim espero que seja), pois os familiares dessas pessoas merecem saber o que aconteceu e onde estão.
Mudando novamente de assunto, como estava na praia sem acesso ao pc, li duas cartas ao mesmo tempo e dessa vez vou de encontro à crítica de Jorge Caldeira à Caio Prado Jr, em seu livro História do Brasil com empreendedores.
Jorge Caldeira ao dizer que Caio Prado Jr não leu Marx pode estar certo, mas dizer que os empreendedores tiveram importância maior na formação do país que os latifundiários é forçar a situação. Se pensarmos na formação territorial, o país surgiu a partir de Capitanias Hereditárias (grandes latifundios), divididos em Sesmarias (grandes latifundios), a Lei de Terras de 1850 oficializou o latifundio para a expansão da cafeicultura, e os pequenos empreendedores é que dominaram a sociedade colonial brasileira? Como, se todas as atividades econômicas eram voltadas para dar sustento às atividades principais que eram praticadas nos latifundios? Lembrando apenas que a política também era dominada pelos latifundiários e não pelos pequenos empreendores, não digo que esse não tiveram importância, mas colocá-los como os verdadeiros dominantes da sociedade colonial brasileira para mim é um grande exagero.
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