"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, novembro 03, 2011

Comentários

Apesar da data já distante dos fatos, não poderia deixar de comentar a reportagem de capa do Carta com titulo “Paranoia Verde-Oliva”. Leandro Fortes foi quase pueril ao escrevê-la.

Pelo que eu saiba, Manual de Inteligência e Contra-Inteligência existem em todos os países que possuem Forças Armadas, tanto governados por países com tendências socialistas, como capitalistas.

Não entendi realmente a surpresa de Celso Amorim. Como Ministro da Defesa e ex-Ministro das Relações Exteriores (que juntamente com Lula, estava no lançamento da Lei de Defesa Nacional e do Plano Nacional Estratégico de Defesa ) me causa estranheza ele afirmar que não conhecia os documentos citados na reportagem.

Com relação as várias criticas ao manual, devemos fazer simples comparações.

Em primeiro lugar a suposta ameaça de divulgação de documento sigiloso (que realmente é) que foi recebido pela revista. Imaginem o seguinte quadro: reunião do conselho diretor com presidente de Carta para decidirem estratégias e diretrizes de investimentos prioritários para consolidação e otimização da inserção da revista no mercado. O documento da reunião vaza para a mídia. O que faria a empresa? Procuraria o responsável para levá-lo a julgamento por vazer informações sigilosas das estratégias de investimento da empresa ou simplesmente consideraria como algo natural, que o público em geral deveria saber?

Segundo, a “espionagem” de militares estrangeiros que estejam em escolas do EB ou como adidos no país. Só uma pergunta? Leandro Fortes você garante que todos os militares estrangeiros estão aqui no país apenas como “alunos”, sem nenhum intuito de “espionagem”? Lembrem-se que como disse anteriormente o manual não exclusividade brasileira.

Terceiro, a questão do público interno. Creio que nem Leandro Fortes é capaz de imaginar um grupo de assaltantes invadindo um quartel para roubar armamentos,ou, um banco dentro do quartel, sem ter conhecimentos prévios da rotina, localização do objeto de interesse, etc.

Quarto, as ONGs. Bom, esse eu nem vou mais falar, pois até a Dilma já está colocando em suspeição as ONGs (deixo claro aqui que existem sim ONGs sérias, mas há muita falcatrua por trás desse nome). Dê uma boa pesquisada Leandro, na forma como algumas ONGs atuam na Amazônia “protegendo os povos indígenas”, mas interessantemente não existem em igual número, ONGs preocupadas com os “povos” nordestinos castigados pela fome e miséria impostas pela seca e não solucionadas pelo Estado.

E por fim. A questão do MST. É um inimigo interno? Não creio. Mas realiza invasões (que podem ter justificativas justas) e que segundo a Constituição (nesse caso o Exército está inserido dentro de uma legislação maior) as Forças Armadas são utlilizadas também na Garantia da Lei e da Ordem. A questão principal é que as Forças Armadas nesse caso atuam como papel coadjuvante do poder civil e sob mando direto do Presidente.Essa atividade pode assumir contornos preventivos ou repressivos: no primeiro caso, o objetivo é prevenir distúrbios à ordem pública, fim normalmente alcançado com a regulamentação administrativa de certas matérias e com a fiscalização de atividades potencialmente lesivas; no segundo, por sua vez, busca-se reprimir os distúrbios à ordem pública, o que é alcançado por meio da coerção, inclusive com o uso da força pública. Nesse caso a fiscalização ou “espionagem” como diz Leandro Fortes é uma das opções do Estado para evitar o uso desnecessário da força.

Se a atuação prática das Forças Armadas exige o mando direto do Presidente da República, então temos no mínimo como conhecedores do documento. O Presidente (Lula, o manual atualmente utilizado e Dilma), os Ministros da Defesa (Nelson Jobim e Celso Amorim), o Ministério das Relações Exteriores que se vincula ao da Defesa na organização das Missões de Paz, entre vários outros como a Casa Cívil, etc. Então jogar a culpa no ex-ministro Nelson Jobim é um exagero. É bom abrir um pouco mais o olho ao se escrever uma reportagem desses tipo.

 

A reportagem que trás a discussão de Luiza Erundina sobre a Comissão da Verdade é também interessante. Fiquei imaginando se o filho de Dona Elzita, Fernando desaparecido desde a “ditabranda”. Gostaria de saber se fosse descoberto que Fernando foi “justiçado” por grupos da esquerda libertária e abnegada, os membros da “resistência” seriam julgados por homicídio, ou o crime entraria na conta das Forças Armadas? O que Luiza Erundina e outros não percebem é que além dos crimes bárbaros contra inocentes, a turma da “resistencia” também justiçou companheiros. E aí? A Lei da Anistia cai para todo mundo e vão todos para a cadeia? Acho difícil.

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