darussia.blogspot.com – 03 mar 2014
PUBLICADA POR JOSÉ MILHAZES
A chanceler alemã, Angela Merkel, conversou ontem por telefone com o Presidente russo, Vladimir Putin, sobre a situação na Crimeia e, segundo a parte alemã, Putin teria aceitado “a formação de uma missão internacional para o estabelecimento dos factos e para o início do diálogo político com vista à regularização da crise na Ucrânia”.
Nota:Não, não há engano no mapa,
é só para recordar
Alguns analistas apressaram-se a apresentar isto como uma cedência de Putin e uma vitória de Merkel, mas eu não iria tão longe, pois a história poderá repetir-se. Em Agosto de 2008, depois de tropas russas terem invadido a Geórgia, Nicolas Sarkozy, então Presidente da França, e o nosso conterrâneo Durão Barroso, foram a correr para Moscovo com vista a chegar a um acordo sobre o cessar de fogo na Geórgia.
Então, o Presidente francês também conseguiu uma “importante vitória” ao anunciar a substituição das forças de manutenção de paz russa por forças da OSCE, mas o Kremlin veio imediatamente emendar:
“A Rússia não chegou a acordo sobre a substituição das forças de manutenção da paz russa por forças da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, mas apenas manifestou estar pronta para interacção”.
E, mais tarde, precisou: “A Parte russa apoia a instalação de um número significativo de observadores da OSCE na zona de segurança... para organizar a monitorização das acções da parte georgiana, que continua a empreender acções provocatórias violando os princípios do acordo de Moscovo”.
Neste momento, tropas russas (sim, porque já não há dúvida de que se trata de militares russos, e não de forças de autodefesa da população russófona) ocuparam praticamente todos os pontos estratégicos na Península da Crimeia, informa o correspondente da Rádio Svoboda na região.
Por isso, quando chegarem os observadores da OSCE e de outras organizações internacionais, eles deverão ser convidados pela parte russa para organizar a monitorização das acções da parte ucraniana que continua a empreender acções provocatórias violando os princípios do acordo.
Até agora, tudo tem corrido às mil maravilhas para Vladimir Putin, pois as suas tropas, que foram enviadas para a Crimeia para proteger a população russófona não se sabe de quem, pois até aí nada acontecera aos russófonos dessa região, ocuparam a península sem derramar uma gota de sangue. Agora, resta realizar o referendo na ponta das baionetas para se “legitimar” a separação da Crimeia.
Se a história se repetir, a Rússia não vai anexar a península, pois anexar é um termo feio, faz lembrar a palavra “anchluss”, mas pode muito bem apoiar a proclamação da independência da Crimeia, que passará a juntar-se à colecção de “estados independentes” como são a Ossétia do Sul e a Abkházia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário