Em abril, a alta direção da gigante alemã de software de gestão empresarial SAP deve definir se irá ou não continuar investindo no Centro Global de Serviços de São Leopoldo, que iniciou as suas operações no segundo semestre do ano passado. A unidade, que é a única na América do Sul, funciona como parte de uma rede mundial de nove Centros Globais de Serviços SAP, como os da China, Alemanha, Hungria, Índia e Japão. A notícia é do Jornal do Comércio, 22-02-2007.
Por hora, o que se sabe é que a operação não cresceu como o esperado pela companhia. Uma das maiores dificuldades - que já é crônica no Estado - é a falta de mão-de-obra qualificada e, principalmente, oferta de pessoas com fluência em inglês. De acordo com o consultor da SAP, Orestes Hypolito, juntam-se a este motivo, problemas conjunturais enfrentados no Brasil. "Além da falta de pessoas, o nosso crescimento está condicionado a questões relacionadas ao custo-Brasil", diz, taxativo.
Caso em abril os executivos da SAP definam que os investimentos para essa ampliação não serão feitos, o risco passa a ser o encerramento das atividades da unidade. Hypolito admite que, se a operação se mantiver pequena, corre o risco de ser atropelada por algum investimento em um país próximo.
Um novo agravante pode ser a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre as licenças de software, medida aprovada recentemente e que em breve deverá ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, alguns especialistas defendem que haverá um incentivo para a compra de softwares importados, prejudicando o desenvolvimento local, como no caso da SAP.
Atualmente, a empresa está utilizando um prédio provisório dentro do campus da Unisinos, onde também estão empresas como Softek e para onde está finalizando a sua mudança a Stefanini. São 50 funcionários, quando a meta era ter fechado o ano de 2006 com 80 e neste ano chegar a 200. Para isso, a empresa passaria a ocupar um novo prédio, já no Pólo de Informática da universidade. A expectativa da SAP era de que o novo Centro Global de Serviços pudesse apoiar os planos de crescimento da companhia no longo prazo no Brasil.
Atualmente, de cada dez candidatos gaúchos que com condições técnicas de fazer parte do time da SAP, oito não dominam o inglês, o que acaba inviabilizando a contratação. Para Hypolito, esse é um problema sério no Brasil e que precisa ser superado com investimentos em formação.
A operação de São Leopoldo desenvolve softwares que são comercializados para as demais unidades da SAP no mundo e, sendo assim, também sofre concorrência de países mais preparados para a globalização, como China e Índia.
O gerente da Unidade de Inovação e Tecnologia da Unisinos (Unitec), Aliomar Silva de Oliveira, diz que a universidade não recebeu nenhum comunicado oficial da SAP sobre essa possível ausência de novos investimentos. "Ficamos preocupados com essas notícias, mas vamos aguardar a empresa", diz. Oliveira concorda que as universidades precisam conseguir intensificar o processo de colocar no mercado pessoas com qualificação para atender demanda das empresas locais e multinacionais que vem para o Estado.
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