"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, setembro 27, 2010

Onças Assassinas do Pantanal

Por Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 24 de agosto de 2010.


“Em geral, os tigres só atacam pessoas quando provocados ou para defender sua
comida ou seus filhotes. Em Sunderbans é diferente. Lá, os seres humanos viraram
o prato predileto dos grandes felinos. Os tigres descobriram que é muito mais fácil
atacar um pescador ou um lenhador desatento do que sair correndo atrás de animais
selvagens através da mata cerrada. ‘Quase todos os tigres daqui são comedores
de gente’, diz A.N. Bhattacharya, diretor da reserva. ‘O terreno é difícil para a
caça e os humanos tornam-se presas fáceis". (Miriam Jordan, de Annpur Hamlet)


- Domingão do Faustão - Aventura

“Lawrence Wahba e Haroldo Palo Júnior trouxeram para você neste Domingão Aventura curiosidades sobre um animal que é o maior predador carnívoro do Brasil: a onça! Isso mesmo, neste programa você pode tirar suas dúvidas e ficar por dentro realmente de como vive esse bicho e como ele se comporta.

Durante o quadro, João Victor, mineiro que estava passeando pelo Pantanal, entrou ao vivo para falar com Fausto, Lawrence e Haroldo sobre um acidente que sofreu com uma onça. Ele foi atacado pelo animal, que pulou no barco em que pescava e foi para cima dele. Os especialistas explicaram porque isso aconteceu e o que se deve fazer para evitar uma situação dessas”.

Vídeo: http://tvglobo.domingaodofaustao.globo.com/domingao-aventura

- Viagem Pelo Rio Amazonas - Paul Marcoy (1846)

“Um índio Ticuna e sua cara metade haviam saído de casa de canoa para ir a uma plantação que tinham na margem esquerda do Atacuary e lá abastecer-se de raízes. Assim que chegaram à margem, uma onça atacou o homem, que estava na parte dianteira da canoa. Seja que a fera tivesse errado a distância, ou o lodo embaraçado seu salto, aconteceu que ao invés de agarrar os ombros do selvagem, como certamente era sua intenção, ela só o atingiu na cabeça com a pata direita e, com as garras, literalmente escalpou o pobre coitado; este caiu inconsciente e sangrando no fundo da canoa enquanto a onça, com a cabeça fora d’água, a boca aberta e os olhos flamejantes, tentava abordar a canoa. Certamente o teria conseguido, não tivesse a mulher agarrado a lança do marido e, com as duas mãos, enterrado a arma na garganta da fera espetando-a como um frango; o animal caiu na água, debateu-se algum tempo e finalmente sucumbiu à empalação e à asfixia. Tendo-se livrado do inimigo, a mulher, ao invés de cair de joelhos e dirigir ao seu Deus Tupana um - ‘Obrigada, oh meu Deus’, voltou a sentar na canoa, remou vigorosamente para casa e carregou o marido desmaiado para a rede.

O gesto heróico acontecera somente umas duas horas antes da nossa chegada à habitação dos Ticunas, para onde íamos impelidos pela fome. A ‘vírago’ (mulher robusta com estatura e forças de homem), mesmo ocupada em nos preparar bananas e outros alimentos, descreveu o episódio aos nossos homens, sem gesticular ou emocionar-se, como se tivesse sido um simples caso de rotina.

Enquanto eu fazia um esboço a lápis da Amazona, a minha hospedeira, cuja habilidade na cirurgia igualava a dos melhores profissionais, embebeu de aguardente o seu lenço de algodão, salpicou-o com sal e o enrolou na cabeça do Ticuna que jazia na rede ardente em febre. Não tenho notícias do que aconteceu depois”.

- Felinos “Comedores de Gente”

Nas nossas descidas pelos fantásticos caudais amazônicos colhemos, junto às populações indígenas e povos ribeirinhos, inúmeros relatos de ataques de onças a seres humanos. As “comedoras de gente” que foram capturadas após os ataques tinham alguns pontos em comum: eram velhas, fracas, aleijadas ou doentes demais para caçar animais silvestres ou, em alguns raros casos, seu habitat tinha sofrido a ação predatória do nativo e afugentado suas presas naturais.

No Programa referenciado, a alimentação dos animais, para que sejam mais facilmente avistados pelos turistas, vai torná-los mais lentos e menos aptos para desempenhar suas atividades predatórias e, raramente, os levarão a atacar seres humanos como foi mencionado. É uma colocação falsa, simplista, que mostra total desconhecimento da psicologia felina e dos relatos históricos de ataques anteriores destes animais. A realidade é que, depois de comprovar a vulnerabilidade de seu novo “alvo”, ela poderá se tornar especialista trazendo perigo para qualquer indivíduo que adentrar no seu território.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br/

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