A edição de Carta Capital de nº 638, traz um complemento da The Economist sobre a fome mundial.
Lá temos o de sempre, estudiosos que, ou consideram o problema pelo viés da produtividade, ou, pela discussão da obesidade e questão animal. Ambos os grupos levam a discussão para o lado politico.
O grupo da produtividade (que deve ter ligação com a FAO) está preocupado com a capacidade de limitação do poder de aumento desta. O outro, que corresponde ao deserdados do Muro de Berlim, atiram para todo lado.
O cerne do problema (já que todos sabem que no mundo se produz mais do que suficiente para alimentar a todos) que recai na distribuição e não na produção não é citado por nenhum dos grupos. Ou seja, solução viável, nada.
O texto, claro muito bem escrito, repleto de estatísticas leva o desavisado a crer que a questão da produtividade é central, quando na realidade tem todo um sistema de exploração e de interesses que não é citado no artigo.
Como já disse outro dia, o sistema financeiro que não serve pra nada, ainda por cima atrapalha com seu jogo de negócios na bolsa (que é uma porcaria) a alimentar a problemática de distribuição.
Lembro que no documentário Corporation, os dois reporteres mostram o contra-senso da DEA (outra porcaria dos EUA) ter liberado o uso de um produto que notoriamente fazia mal às vacas (provocando mastite) com o objetivo de ampliar a produção de leite, quando o Governo dava subsídios para que o produtor reduzisse essa produção para evitar queda dos preços no mercado.
Vemos assim que o problema é (não o produtor) alguém na Bolsa ganhar dinheiro no mercado. E da mesma forma, os demais produtos acompanham essa situação.
Na mesma reportagem de Carta vemos a situação de que a Embrapa produziu soja capaz de crescer no sertão, em um ambiente adverso ao que naturalmente ela está adaptada. Não seria o caso, ao invés de se investir em um produto para exportação, a Embrapa (com o nível técnico que tem) se voltar para a melhoria e ampliação da produtividade de sementes que estejam na cesta básica do brasileiro?
Sei que não depende da Embrapa em si, as ordens vem de cima. Será que não era a hora da "democracia" funcionar? De cobrar dos representantes eleitos uma mudança no direcionamento de parcela desta pesquisa?
Se é importante para o país ampliar as divisas com a exportação agrícola, mais importante é aumentar os nutrientes que chegam à população.
Os bancos e demais áreas financeiras já ganharam o bastante e bateram recordes durante o governo Lula, creio que dá para repassar um pouco desse ganho das mãos de poucos para a barriga de muitos.
E isso se faz com políticas públicas e econômicas voltadas à uma ampliação da cidadania, e não com aumento de produtividade que vai gerar riqueza no mercado de capitais (principalmente para os grupos internacionais que realizam pesquisa nessa área, ou será que a Monsanto e demais fazem pesquisa filantrópica?) para poucos.
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