viomundo - publicado em 21 de julho de 2012 às 16:13
editorial do diário direitista El País sobre o colapso econômico da Espanha:
Situación crítica
El BCE está obligado a actuar salvo que Europa haya decidido abandonar el euro a su suerte
A economia está se aproximando de uma situação de colapso que, se não
for corrigida com rapidez, poderá tornar necessário um resgate total em
prazo relativamente breve. O anúncio de que a Comunidade Valenciana
pediu adesão ao Fundo Autônomo de Liquidez devido à impossibilidade de
fazer frente a seus compromissos disparou ontem a taxa de risco para
além dos 600 pontos e o diferencial do título de 10 anos [da Espanha, em
relação ao da Alermanha] a 7,257%. A situação é potencialmente
catastrófica porque com um custo da dívida como o atingido ontem a
solvência exterior da nação é insustentável.
Durante as últimas semanas se comprovou, sem dúvidas, que a
estratégia econômica mais ou menos imposta por Bruxelas, consistindo no
aumento do imposto IVA, além de uma redução dos gastos sociais, da
intensificação dos cortes para os funcionários públicos e os que recebem
seguro desemprego não conseguiram restaurar a confiança dos mercados na
dívida espanhola. Ao contrário, se considerarmos a rentabilidade que o
Tesouro teve de pagar no último leilão de títulos, a desconfiança se
acentuou. O paradoxo é que o conjunto de medidas é provavelmente a única
solução a curto prazo para a economia, se for bem executado. Isso,
independentemente de que sejam necessários mais esforços nas próximas
semanas. Mas, apesar de tudo, das medidas já adotadas, assim como da
firme disposição do governo de aprofundar o ajuste, os investidores não
concedem credibilidade a dita política econômica. Seu ataque [dos
investidores] à dívida espanhola põe em risco a independência econômica e
a continuidade do euro.
Portanto, é imperativo que o Banco Central Europeu (BCE) compre a
dívida espanhola no mercado secundário, recupere a liquidez e anuncie
publicamente que os países que aprovem políticas de ajuste (caso da
Espanha) contarão com o apoio ilimitado da autoridade monetária
europeia. O BCE cometerá um erro gravíssimo se se prestar ao jogo de
condicionar sua intervenção à melhoria temporária das condições de
estabilidade na Espanha ou Itália, porque talvez não disponha da margem
de tempo para aplicar com eficácia essa intervenção e porque não pode
esperar que os cidadãos aceitem os cortes anunciados e os que
necessariamente haverão de vir sem expectativa de alguma saída para a
crise. Tampouco pode argumentar que deve ser o mecanismo de estabilidade
[da União Europeia] o encarregado de decidir politicamente a
intervenção, pelas mesmas razões de urgência.
É uma questão de sobrevivência para a dívida espanhola e para o euro
em seu conjunto; não cabe exagero algum nesta descrição, porque as
perspectivas econômicas para este ano e o próximo, de acordo com o
quadro macroeconômico revisado ontem pelo Governo (muito parecido com o
elaborado pelo FMI) prolonga a recessão. Não é previsível um aumento da
confiança na dívida. A Fazenda calcula que o pagamento de juros da
dívida crescerá 9,114 bilhões [de euros] em 2013 e será a principal
despesa governamental.
Para o BCE, uma instituição em teoria independente, deveria ser
evidente que esta escalada de gastos financeiros invalida qualquer
esforço de contenção do déficit e elimina qualquer possibilidade de
recuperação a médio prazo. Esta é a razão principal que exige uma
intervenção do banco. A razão excepcional, crítica, é que os mercados da
dívida não reagirão aos anúncios de ajuste econômico e condenam o país a
uma situação extrema. A Alemanha, a Comissão Europeia e o BCE já não
podem se esconder atrás de táticas de coação para impor medidas
drásticas de austeridade; elas já foram tomadas, seguramente haverá
outras; mas, desgraçadamente, não acalmam os mercados.
PS do Viomundo: Pode se dizer qualquer coisa da revista direitista britânica Economist,
menos que rasgue dinheiro. A revista informou recentemente que boa
parte dos bens nos livros dos bancos espanhóis é de non-performing
assets, ou seja, bens podres, como apartamentos vazios que ninguém quer
(pode) comprar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário