conversa afiada - Publicado em 27/10/2013
Ele diz que quer a partilha. Desde que a Petrobras seja sufocada.
Saiu na Folha (*), que a Cynara se recusa a ler:
PARA CAMPOS, SERÁ INEVITÁVEL DURO AJUSTE FISCAL PÓS-ELEIÇÃO
NATUZA NERY – DE BRASÍLIA
Independentemente do resultado da eleição do ano que vem, quem quiser governar o Brasil a partir de 2015 terá de fazer um duro ajuste fiscal. A avaliação é do governador Eduardo Campos (PSB-PE), reproduzida por diversos de seus interlocutores.
(…) ele tem defendido em diálogos recentes o que chama de “choque de responsabilidade”
(…)
“Qualquer que seja o resultado da eleição, será um ano difícil. Vai ter de ser duro para resgatar a confiança. O que conta é a previsibilidade, sem maquiagens”, disse o governador durante conversa com auxiliares na semana passada relatada à Folha.
(…)
O presidente do PSB se mostra contrário ao método de reajuste do salário mínimo automático, com base na inflação do período e no crescimento do PIB de dois anos antes. Concorda em garantir ganho real ao trabalhador, sem indexação.
(…)
Campos respeita as ideias de Pérsio Arida, um dos formuladores do Plano Real, …
O mais importante, porém, está num ”infográfico”:
“Petrobras – É a favor (?) do sistema de partilha, mas defende que a regra que obriga a Petrobras a ser sócia em ao menos 30% dos consórcios seja opcional no percentual”.
Como previsto, nesse ansioso blog, Dudu se encaminha, consistentemente, para se tornar o nosso Campriles.
Como se sabe, Dudu acabou de receber em Recife a “alta cúpula” da Folha.
Otavinho não chegou a levar seus 102 colonistas (**), porque não haveria suco de cajá que desse conta.
Portanto, suspeita-se que essa “conversa com auxiliares”, “relatada” à Folha, seja, na verdade, a transformação dos colonistas da Folha em “auxiliares” do Dudu …
Porque da Big House sempre foram, em sua esmagadora maioria, não é isso, Cynara ?
(O Otavinho até hoje não se recuperou da decepção de ter perdido o Paulo Francis. Se arrependimento matasse …)
Portanto, pode-se tomar o relato de Natuza Nery – essa moça vai longe … – como palavras do próprio Dudu.
Por aí, se percebe que ele retoma a ideia original do “tripé” da Bláblárina.
Que, na verdade, é do Persio Arida, que ele respeita tanto.
Porque o outro da dupla “Larida”, o André Lara Resende – que o Nassif imortalizou no livro “Cabeças de Planilha” (leia a entrevista com o Nassif) – parece ter influência sobre as ideias do “crescimento sustentável” da Bláblárina.
(“Crescimento sustentável”, como se sabe, é uma das falácias que escondem os neolibelês (***).)
O choque fiscal, ou de “responsabilidade” (o que pressupõe a “irresponsabilidade” da Dilma !) significa:
– arrocho salarial (daí ele rasgar a lei de correção do salário mínimo, aprovada pelo Congresso no Governo do Nunca Dantes);
– redução drástica do investimento publico;
– e, last but not least, como deseja o Itaú, pau nos juros !
Algo assim, como nos bons tempos do jenio neolibeles (***), o Armínio Fraga: 40% ao ano.
Será muito interessante aplicar um choque de “responsabilidade” em contas que exibem uma taxa de inflação seguidamente dentro da meta (quem não ficava na meta era o FHC) e uma relação dívida/PIB que é uma das menores do mundo.
Mas, como se sabe, aí o Dudu e a Bláblárina tentam encantar os teólogos que seguem a cartilha do FMI – clique aqui para ver o que a Dilma disse ao tucano Alckmin sobre os bons tempos do FMI.
“Choque de responsabilidade” numa economia com pleno emprego !
Quero ver o Dudu explicar isso lá num boteco de Brasília Teimosa:
“Meu querido, Severino (pode ser Inocêncio, também.) Desculpa, mas precisamos tirar o teu emprego. Vamos aumentar os juros… Casa própria, meu filho ? Minha Casa Minha Vida, Minha Casa Melhor ? Bye-bye ! Vamos ter que cortar o teu consumo, Severino, para ajustar as contas do jeito que o FMI e a Urubóloga gostam !”
O Dudu e a Bláblárina dançam o pas de deux que agrada a plateia cheirosa da Big House.
Mas, eles, finalmente, foram convidados para um o garden party na Big House por causa do desmonte que o Dudu quer aplicar no regime de partilha.
(O ansioso blogueiro dizia que a eleição de 2010 era sobre o pré-sal.
De 2014 será também !)
Dudu disse à Folha que é a favor da partilha.
Mesmo, amigo navegante ?
Ele é a favor da partilha SEM a Petrobras !
Logo, a partilha perde a razão de ser.
Porque essa lorota de a Petrobras continuar na partilha, mas num “percentual opcional” é desmontar a partilha – e a Petrobras.
E, aos ouvidos da Big House, quando ele assume essa posição, o naipe de violinos se ouve a fundo…
Vamos supor o impensável: o Dudu, a Bláblárina, o Aécio e o Cerra, num consórcio com o Itaú, assumem o Governo.
(O Jorge Bornhausen seria o presidente para privatizar o Banco do Brasil …)
O presidente da Petrobras será o genro do FHC.
O diretor de exploração da Petrobras, o Adriano Pires – quando eu crescer quero ser o Adriano Pires.
Aí, o Presidente Campriles pergunta ao genro: meu querido, quanto você quer explorar do campo ?
O genro consulta o Pires, e o Pires diz que a Petrobras não tem condições de ir além de 0,1% !
Perfeito !
A Petrobras terá, com o direito à “opção”, a “responsabilidade” de explorar 0,1% dos próximos campos partilhados …
Daí a se retirar da Petrobras – sempre tão incapaz, frágil, com a “defasagem” dos preços dos combustíveis, obsessão da Urubóloga … – coitadinha, a Petrobras, nesse cenário de opções, desiste também de ser a operadora única.
Além disso, como se sabe, a indústria nacional não tem como cumprir a sua parte de “conteúdo nacional”.
Tem que trazer tudo de Cingapura, mesmo !
Sai mais barato !, não é Reichstul ?
E estará aberto o caminho para a volta triunfal da Chevron.
A Chevron tomará conta da partilha: com a redução da Petrobras a 0,1% da exploração, e a perda do caráter de “operadora única”.
E a PPSA, amigo navegante ?
Bem, como é um cabide de empregos, mais uma invenção dos trabalhistas para empregar desocupados, fecha-se a PPSA em nome da redução dos gastos do Estado.
E o Gustavo Franco, de novo, presidente do Banco Central, consegue, enfim, realizar o sonho: vender a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa.
(Por um precinho um pouco maior do que o genro e o Adriano venderam um pedaço de Libra e o Cerra torrou a Vale, segundo o insuspeito testemunho do Príncipe.)
É nisso que dá o Dudu receber os colonistas da Folha.
Abre-se a caixa de Pandora do Palácio das Princesas.
Como diria o Oráculo de Delfos, ultimamente visto em Olinda, no restaurante Oficina do Sabor: o Dudu saiu da toca.
Paulo Henrique Amorim
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