Luis Nassif - qui, 24/10/2013 - 11:09
Por Marco St.
Quem vai parar os EUA ?
A máquina de guerra americana continua insaciável. Os gastos militares do país giram ao redor de 600 bilhões de dólares por ano. A segundo colocada, a China, gasta certa de 10% disto. Para se ter uma idéia da monstruosidade, os EUA gastam o DOBRO da SOMA dos orçamentos militares das maiores potências do mundo.
Se somarmos à isso a impressionante voracidade de espionar todos os lideres mundiais e milhões de pessoas ao redor do mundo e o seu cada mais rotineiro comportamente de não respeitar as decisões da ONU, não fica difícil imaginar um cenário de ficção cíentifica e de terror, onde uma só nação controle, explore e subjugue todas as outras.
Um mundo com apenas uma super-potência pode ser muito mais perigoso do que no tempo da guerra fria.
Do Esquerda.net
O coletivo Union of Concerned Scientists (UCS) apresentou um relatório sobre a modernização do arsenal nuclear dos EUA no qual acusa o governo norte americano de ir além da mera manutenção das suas armas atômicas e de desenvolver na prática novos sistemas de armamento.
Bomba nuclear B 61. Foto Wikipedia.
Barack Obama tem falado muitas vezes de desarmamento nuclear. No seu discurso de Praga, em 2009, desenvolveu, amparando-se no lema “Yes, we can!”, a visão de um mundo livre de bombas atómicas. No seu discurso de Berlim, no verão deste ano, já se mostrou bastante mais modesto: disse que o número de armas atómicas norte americanas poderia reduzir-se em um terço se os russos se mostrassem dispostos a fazer o mesmo nas negociações.
No entanto, a realidade é muito diferente, como afirmam agora novamente os críticos. A associação de cientistas norte americanos Union of Concerned Scientists (UCS) acaba de apresentar um amplo relatório sobre a modernização do arsenal nuclear do seu país[i]. Este relatório não deteta quase nenhum progresso em matéria de desarmamento. Além disso, os cientistas acusam o governo dos EUA de ir além da mera manutenção das suas armas atómicas e de desenvolver na prática novos sistemas de armamento.
O governo de Washington encontra-se, desde já algum tempo, face a um dilema: a última bomba nuclear dos EUA desenvolveu-se em 1990 e está baseada na tecnologia dos anos setenta. Os ensaios nucleares subterrâneos ficaram suspensos em 1992 e, desde então, as provas baseiam-se em simulações por computador. Ao mesmo tempo, o arsenal envelhece, e para garantir a segurança e confiabilidade do armamento é preciso investir enormes somas de dinheiro. Porque os EUA ainda dispõem de nada menos que umas 7.700 cabeças nucleares, das quais 2.150 estão ativas.
Trata-se, na realidade, apenas de prolongar a vida útil das bombas?
Segundo o relatório da UCS, o governo de Obama quer investir 60.000 milhões de dólares nos próximos 25 anos na modernização do seu arsenal nuclear, mas isto não é mais que uma fração do que a super potência pensa gastar neste período com as suas armas atómicas. O relatório da UCS, de 81 páginas, cita alguns exemplos:
- O custo de uma planta química e metalúrgica no Laboratório Nacional dos Álamos ascende a uma despesa situada entre 3.700 a 5.900 milhões de dólares, o que representa entre seis e nove vezes o custo estimado em 2004.
- A construção de uma nova planta processadora de urânio ia custar, em 2004, entre 600 e 1.100 milhões de dólares, mas agora fala-se de 7.500 milhões.
- O ministério de Energia dos EUA orçamentou, em 2010, a modernização das bombas aéreas do tipo B61 em apenas 2.000 milhões de dólares, repartidos por quatro anos. Mais tarde afirmou-se que seriam 4.000 milhões e, em 2012, já se falava em 6.000 milhões. Segundo a UCS, agora a soma já ascende a 10.000 milhões de dólares (7.400 milhões de euros).
O “programa de prolongamento da vida útil” da bomba atómica B61 já é objeto de crítica há algum tempo. Entre os peritos reina em grande medida o consenso de que as bombas nucleares aéreas estacionadas na Europa ocidental são, desde o ponto de vista militar, relíquias inúteis da guerra fria que deveriam ser eliminadas de imediato. Não obstante, o governo dos EUA não só não se mostra disposto a retirar essas armas, senão que as moderniza ao ponto de os técnicos já falarem em sistemas completamente novos.
A UCS afirma agora algo parecido. É verdadeiro que o número de tipos de cabeças nucleares norte americanas reduzir-se-á de sete a cinco durante o processo de modernização, mas essas cabeças empregar-se-iam em diferentes tipos de portadores: três em mísseis de longo alcance e dois em bombardeiros e mísseis de cruzeiro. Este propósito “viola o espírito, por não dizer a letra, da promessa do governo de não desenvolver novas armas nucleares”, tem declarado Philip Coyle, do Center for Arms Controle and Non-Proliferation, um dos autores do relatório da UCS.
Isto não é uma trivialidade, nem pouco mais ou menos. Em 2011, entrou em vigor o tratado “New Start” de redução de armas estratégicas, no qual EUA e Rússia se comprometeram a reduzir até o ano 2018 o número das suas cabeças nucleares estacionadas sobre o terreno dos 4.000 atuais para 1.550. Os críticos temem que as futuras conversas em matéria de desarmamento se vejam enormemente dificultadas se os EUA estacionam de repente, contrariamente às suas promessas, armas com capacidades totalmente novas.
Material suficiente para 13.000 cabeças nucleares
Por exemplo, a bomba B61 completamente renovada, do modelo B61-12, é, na opinião do perito norte americano em desarmamento Hans Kristensen, um arma destas características. De acordo com os planos atuais, a partir de 2019 fabricar-se-ão umas 400 unidades, das quais uma parte estacionar-se-á também na Alemanha. Neste momento há entre 10 e 20 exemplares antigos desta bomba atómica na base aérea de Büchel, na Alemanha.
Os cientistas da UCS também estão preocupados com a enorme quantidade de bombas atómicas inativas. Segundo cifras do instituto Sipri de Estocolmo, os EUA contam com umas 2.500 cabeças nucleares de reserva, às quais há que acrescentar outras 3.000 que estão à espera de ser destruídas. Segundo o relatório da UCS, “há grandes quantidades de plutónio e urânio altamente enriquecido que o exército já não precisa”. Ainda que a National Nuclear Security Administration (NNSA) –o departamento do ministério de Energia dos EUA que se encarrega da custodia das bombas atómicas – preveja destruir grande parte do material de fissão das armas desmontadas, após isso, diz a UCS, os EUA continuarão a dispor de material suficiente para 13.000 bombas atómicas. Por isso, os cientistas exigem que o governo elimine uma maior quantidade deste material e que o faça de um modo seguro, ainda que seja apenas para evitar roubos. Esta preocupação não é gratuita, como mostra um relatório da Nuclear Threat Initiative (NTI), que tem denunciado toda uma série de desleixos ultrajantes no que respeita à custódia do material nuclear em todo mundo.
A UCS também vê possíveis problemas nos EUA. Assim, ao que parece, a NNSA pretende desfazer-se do plutónio em excesso aproveitando-o para a fabricação das chamadas barras de combustível de mistura de óxidos para as centrais nucleares. “Isto comporta graves riscos de segurança”, escreve a UCS, que exige que a NNSA detenha este programa e elimine o plutónio em forma de vidro ou cerâmica.
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