Depois de dois anos de estudos, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo, começam a catalogar 50 novas espécies de pequenos peixes de água doce descobertas na bacia do alto Rio Paraná, nos Rios Grande, Tietê, Paranapanema, Paranaíba e Paraná, entre os estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A reportagem é de Chico Siqueira e publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 6-08-2007.
Além de revelar que a diversidade de espécies na região é maior do que se imaginava, a descoberta mostra que há peixes pequenos adultos que sobrevivem à degradação de nascentes, riachos, ribeirões e pequenos lagos marginais a estes grandes rios.
“Pode-se imaginar que são filhotes, mas não. São peixes adultos que sobrevivem nesses pequenos ambientes que sofrem uma grande carga de ataque, como o soterramento dos mananciais pela agricultura e o corte das matas ciliares”, explica o professor Francisco Langeani, do Departamento de Zootecnia da Unesp de Rio Preto e autor do projeto Ictiofauna da Região do alto Rio Paraná. O estudo conta com 20 pesquisadores da Unesp, da Universidade de São Paulo (USP) e das Universidades Estaduais de Londrina e Maringá.
A descoberta também pode auxiliar no desenvolvimento de estudos sobre a genética e reprodução dos peixes e também nas pesquisas de ecologia.
“O mais importante é que podemos mostrar à população que é necessário preservar esses ambientes, pois no ritmo em que vai, essa degradação do meio ambiente pode extinguir muitas espécies antes mesmo de serem conhecidas”, afirma Langeani.
Os exemplares, todos de no máximo 20 centímetros de comprimento (a maioria de 2 a 3 centímetros), foram coletados em pequenos ambientes marginais dos rios da bacia. Vinte e cinco espécies foram retiradas de coleções científicas disponibilizadas aos pesquisadores e outras 25 encontradas em 30 a 40 coletas feitas por meio de pesca elétrica em vários riachos da bacia.
Entre as espécies encontradas, algumas despertaram mais a atenção e estão sendo chamadas popularmente de novo canivete, novo bagrinho, novo cascudinho e novo lambarizinho, por serem semelhantes a peixes da região. Os nomes científicos oficiais ainda serão determinados pelos pesquisadores.
Depois de catalogadas, as descobertas serão publicadas e em seguida, iniciada uma nova etapa do projeto, que prevê coletas em outras porções menos exploradas da margem direita do Rio Paraná (MS), e de riachos do Rio Paranaíba (PR).
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