"A Terra está por atingir um ponto de não retorno”. É alarmante a previsão da Agência da ONU para o meio ambiente – Unep – no 4º Relatório sobre as prospectivas globais da terra “Geo-4” realizado à base dos dados recolhidos por 390 especialistas, nos últimos 20 anos. A reportagem é do jornal Corriere della Sera, 27-10-2007.
Unep, em português, ao Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
A tese: a humanidade está mudando o clima tão velozmente e está exaurindo os recursos naturais com tal avidez que coloca em risco a própria sobrevivência e a do Planeta.
Nas 572 páginas do documento, os especialistas levantam a hipótese que depois de cinco extinções em massa que se deram nos últimos 450 milhões de anos – a última foi há 65 milhões de anos – “a sexta está em curso e desta vez causada pelo homem”. Os dados são dramáticos.
Um terço dos anfíbios, 23% dos mamíferos e 12% dos pássaros estão em risco, enquanto que, anualmente, um dos 10 maiores rios do mundo não consegue chegar ao mar pois seca antes. O clima está mudando com uma velocidade maior do que nos últimos 500 mil anos. A temperatura média aumentou 0,74 graus no século passado e crescerá de 1,8 a 4 graus até 2100. A partir de 1850, onze dos anos mais quentes foram registrados nos últimos 12 anos.
A situação alcançará proporções catastróficas quando os atuais 6,5 bilhões de habitantes do planeta chegarão a 11 bilhões, em 2050. “A população humana já é tão grande que os recursos necessários para a sua sobrevivência é superior aos que a Terra consegue produzir”, constata Achim Steiner, diretor executivo do Unep - Pnuma.
Apesar dos índices de saúde do ambiente tenham piorado, desde a disponibilidade de água até à quantidade do aumento do gás estufa na atmosfera, a riqueza dos países desenvolvidos cresceu em um terço. O problema são os países em vias de desenvolvimento. Na ponta está a África, onde a produção de alimentos per capita desceu em 12% e os pobres aumentaram de 47%, em 1985, para 59%, em 2000.
Mas além de afrontar a apatia das pessoas, sempre mais conformada com as notícias alarmantes sobre a Terra, o relatório tenta fazer as contas com os países ricos que mais poluem e que são inertes. Entre os quais sobressaem os EUA, precisamente nesta semana em que a Casa Branca admitiu de ter censurado o relatório sobre “as mudanças climáticas e a saúde pública” redigido pelo Cdc de Atlanta. Numa conferência de imprensa o governo Bush voltou a defender a tese de que “as mudanças climáticas poderão trazer benefícios à saúde das pessoas, diminuindo as mortes causadas pelo frio intenso e as doenças infecciosas”.
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