"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, janeiro 25, 2009

A crise da máfia japonesa

Blog do Luis Nassif - 23/01/09

Por Luiz Eduardo Brandão

Divertida matéria no La Stampa de hoje do correspondente em Tóquio, Pierangelo Sapegno: “Yakuza em crise, o Estado paga”.

Conta Pierangelo que “os gângsteres da Yakuza entraram na fila, com a maior naturalidade, para receber auxílios do Estado, de seguro desemprego a casas populares, e, se possível, até mesmo pensão por invalidez. [...] Com esta crise, sumiram os contratos, a usura não rende mais como antes e a venda de proteção caiu vertiginosamente. A Yakuza tem mais de 90 mil dependentes com escopeta e metralhadora, que talvez sejam pouca coisa comparativamente à Cosa Nostra, mas que são, mesmo assim, um belo exército a se manter.”

Não é apenas o baixo clero da Yakuza que tenta se encostar no Estado. “Só para ter a assistência estatal, vários chefes [os 'oyabun'] escreveram cartas onde diziam terem sido expulsos da organização, porque nesse caso o Estado é obrigado a ajudar o ex-criminoso.”

Os oyabun construíram um verdadeiro império, que além do “exército de 90 mil homens, espalhados sobretudo no Japão, mas também nos EUA, América do Sul [opa!], Europa, Filipinas e Austrália, [...] tinha até há pouco um giro estimado em … cerca de 11 bilhões de euros por ano.

Foram ferrados pelo terremoto econômico que golpeou os bancos de Tóquio e suas relações perversas com a máfia japonesa.”

Com a crise as coisas estão mudando. No Japão, onde nem sequer existia o crime de formação de quadrilha, o Estado está endurecendo com os criminosos: “Mudou as leis, golpeia duramente a prostituição e a usura. Além do mais, os chefes da Yakuza hoje podem ser processados pelos ilícitos dos seus rapazes. Tanto que alguns boss iniciaram expurgos quase stalinistas para ficar com a ficha limpa. Pois é, a coisa fica preta até para eles, quando vem a crise: têm de baixar as velas dos juncos. Precisam esperar que a ventania passe.”

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