Por Luiz Eduardo Brandão
Divertida matéria no La Stampa de hoje do correspondente em Tóquio, Pierangelo Sapegno: “Yakuza em crise, o Estado paga”.
Conta Pierangelo que “os gângsteres da Yakuza entraram na fila, com a maior naturalidade, para receber auxílios do Estado, de seguro desemprego a casas populares, e, se possível, até mesmo pensão por invalidez. [...] Com esta crise, sumiram os contratos, a usura não rende mais como antes e a venda de proteção caiu vertiginosamente. A Yakuza tem mais de 90 mil dependentes com escopeta e metralhadora, que talvez sejam pouca coisa comparativamente à Cosa Nostra, mas que são, mesmo assim, um belo exército a se manter.”
Não é apenas o baixo clero da Yakuza que tenta se encostar no Estado. “Só para ter a assistência estatal, vários chefes [os 'oyabun'] escreveram cartas onde diziam terem sido expulsos da organização, porque nesse caso o Estado é obrigado a ajudar o ex-criminoso.”
Os oyabun construíram um verdadeiro império, que além do “exército de 90 mil homens, espalhados sobretudo no Japão, mas também nos EUA, América do Sul [opa!], Europa, Filipinas e Austrália, [...] tinha até há pouco um giro estimado em … cerca de 11 bilhões de euros por ano.
Foram ferrados pelo terremoto econômico que golpeou os bancos de Tóquio e suas relações perversas com a máfia japonesa.”
Com a crise as coisas estão mudando. No Japão, onde nem sequer existia o crime de formação de quadrilha, o Estado está endurecendo com os criminosos: “Mudou as leis, golpeia duramente a prostituição e a usura. Além do mais, os chefes da Yakuza hoje podem ser processados pelos ilícitos dos seus rapazes. Tanto que alguns boss iniciaram expurgos quase stalinistas para ficar com a ficha limpa. Pois é, a coisa fica preta até para eles, quando vem a crise: têm de baixar as velas dos juncos. Precisam esperar que a ventania passe.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário