Nesse sábado me aconteceu duas situações antagônicas. Em primeiro fui assistir ao filme Tropa de Elite 2. Me surpreendi (e uma excelente surpresa). O filme transcende à questão do tráfico (questão central do primeiro) e vai diretamente na jugular do sistema político-social-econômico que envolve a organização e exploração das favelas no Rio de Janeiro, e que, deve se repetir em vários outros estados do país.
É uma bela demonstração de como se usa a democracia com fins de benefício próprio, relegando o povo à massa de manobra eleitoreira. Como já dizia Zé Ramalho: Vida de Gado.
Mas, ao chegar em casa, ligando a tv resolvi assitir ao besteirol (às vezes é bom, se passa o tempo, não há preocupação com enredo ou lógica) "Todo Mundo em Pânico 4" na rede globo. Minha segunda surpresa (dessa vez desagradável) é que em um dos comerciais apareceu o Zeca Camargo comentando que no Fantástico iria ser discutido a morte de um dos personagens da atual novela das oito (que a muito tempo não passa às oito) "Passsione". Aquilo realmente me entristeceu. Lembrei-me de quando era adolescente, que às vezes deixavámos a roda de bate papo com os amigos para assistir uma reportagem do Fantástico. Se não estivéssemos envolvidos em alguma atividade, assistir ao Fantástico era um bom programa para aquisição de cultura. E fiquei pensando: que é isso? morte de personagem de novela? é nisso que se transformou o fantástico? Resultado, não conhecia os personagens, não sei até hoje quem morreu , algo que me causou estranheza (em um passado não muito distante, os comentários disso teriam chegado aos meus ouvidos, até mesmo pelos alunos, mas nada) e tive a grata supresa novamente de ver vários alunos comentando sobre a evolução do nível de discussão (mais cabeça como dizem) do Tropa de Elite 2. Ainda resta uma esperança.
Sobre a Carta que tem a capa "Aborto e Oportunismo Eleitoral" tenho algumas considerações a fazer (por enquanto até onde li). Uma delas não tem diretamente a ver com a revista que trás uma reportagem sobre o engenheiro Paulo Renato Corrêa do Amaral, que obteve ótimos resultados na ultramaratona. Mas, essa reportagem me fez lembrar do também engenheiro (militar) Cap Milton Augusto Maciel de Souza, que assim com Paulo Renato não tem patrocínio e banca do próprio bolso e com suas horas de lazer o seu treinamento. O Cap Augusto Maciel em 2009 foi o vice-campeão no Ultramen do Canadá. O Ultraman Canadá foi disputado em três dias seguidos: 01, 02 e 03 de agosto. No primeiro dia, o atleta nadou 10km em um lago e, logo após, percorreu144,8km de bicicleta. No segundo, novamente em bicicleta, foram percorridos mais 273,5km. No último dia, finalizando a prova, o atleta correu 84,3km. Apenas 19 atletas encerraram a prova. Não quero aqui passa a impressão de que desmereço o resultado de Paulo Renato, pelo contrário, feito desse tipo tem que ser divulgados para que estimulem outros, mas a ausência de uma reportagem do porte da que foi divulgada o feito de Paulo Renato, e a não divulgação de um tão magnifíco quanto, por parte de um militar, me leva a pensar que há um preconceito muito sério em relação à classe militar.
Com relação à reportagem da capa, bom, acho que não é surpresa alguma a igreja bater na questão do aborto. Nunca vi o Papa, a CNBB ou alta cúpula dizer que é a favor. Os evangélicos também. Se estamos em uma democracia, então deixem de criticar a opinião (já várias vezes reiterada) da igreja. Não nos cabe julgar como uso político a situação. Os vários Papas determinaram assim e pronto. A igreja é contra o aborto e se o PT quer bancar essa luta vai ter que aguentar o fogo contrário. Não adianta choramingar e querer se fazer de coitadinho, se é essa a opção, assuma e tente vencer pelo argumento e não acusando a igreja . O politicamente correto, só para lembrar, é algo muito bonito na cabeça dos "intelectuais", mas o Brasil (se não tiver mudado) ainda é o maior país católico do mundo, então, feche-se a boca e aguente a pancada.
Em outra situação, Maurício Dias fala da "Lei do Abate", sobre o caso de um desertor. A legislação militar trata de forma específica essa situação (tanto em caso de guerra como de paz). Apesar de ser um direito a todo ser humano a tentativa de fuga, não é devido a esse direito que em uma situação que só quem estava passando pode detalhar, vai se permitir o uso desse direito. Imagine o Fernandinho Beira-Mar sabendo dessa defesa de Maurício Dias. Com certeza esse vai solicitar a proibição do seu abate em caso de tentativa de fuga.
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