"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, outubro 13, 2010

Ode a um Velho Guerreiro

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 27 de setembro de 2010.

(Rivadávia Leite - A Saga de um Guerreiro).


Esta é a história de um guerreiro,
Que vivia sua vida triste e a penar,
Se infeliz foi, mas forte e altaneiro,
Da pugna fazia o seu sagrado altar.

Travou pelejas pela vitória da paz,
Sofreu derrotas, mas sempre a lutar,
Venceu o medo por ser ele capaz
Do estandarte, à mão empunhar.

Soldado foi na luta contra o adversor,
No teatro de guerra, sua vida a levar;
Na espreita do inimigo, o seu furor,
Enfrenta o mal preste a lhe causar.

Nas trincheiras da injustiça, foi mentor.
Estrategista hábil em lide e dedicação.
Sua espada era a justiça com destemor,
Nos combates diários... mira da traição.
Certames... vaticínio de mais tristeza.
Avante camaradas! Dizia com ardor!
Hasteiem a bandeira com toda alteza,
Com seu grito de guerra: ave o amor!

Fazia da arma a fortaleza da verdade,
Em cruéis combates sua compreensão,
Saudava os aliados em cumplicidade,
As vítimas em peleja, sua compaixão.

A saga deste intrépido guerreiro,
Que fez desta vida sua proposição,
Glorioso, esse pracinha ventureiro,
Vence a guerra... justa realização!

Hodierno herói! Você em anonimato!
Eventos vis que se propõe a vencer,
Veja neste bravo o seu fiel retrato,
Exemplário de luta, na dor de viver.

- Carta a El-Rei de Portugal, 1893
Moniz Barreto

“Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares... Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina”.

- “Ultima Ratio Regis”

Necessário se faz esta pequena preleção inicial enaltecendo a profissão militar. Ao longo da história as grandes nações concluíram que suas Forças Armadas representavam a “ultima ratio regis”. Só as Forças Armadas são capazes de sustentar as decisões estratégicas do Estado, além de assegurar a soberania, integridade territorial e os interesses nacionais. Meu grande amigo e mestre Coronel Fregapani enviou-me um e-mail que faço questão de compartilhar com todos os verdadeiros cidadãos brasileiros. Conhecendo a alma do valoroso Soldado-Cidadão imagino a dor e o desespero que o atormentam e a todos aqueles que, como ele, optaram a dar tudo de si, sem nada pedir em troca, nem mesmo compreensão. A todos que servindo a seu país, almejam como recompensa apenas a grata sensação do dever cumprido.

- Desabafo
Coronel Gelio Augusto Barbosa Fregapani

Confesso que estou desapontado. Passei toda minha vida dando segurança para o meu País, e garantindo-lhe a soberania e a integridade. Pedi e cumpri as missões mais difíceis. Procurei voluntariamente a luta e a tormenta. Era por ideal. Meus próprios colegas me chamavam de “O Patriota”. Era pelo meu País, por suas instituições, pelo meu povo.

Agora olho o meu povo e o vejo prestes a se desagregar em etnias rivais; em conflitos sociais e a desfibrar-se na mesma libertinagem que, se não condenou Sodoma e Gomorra é certo que contribuiu para a queda de todos os impérios.

Olho para o meu Governo e o vejo cercado dos piores ladrões. Olho para o Legislativo e sinto um balcão de negócios, onde poucos se lembram que tem uma Pátria. Vejo um Judiciário que, no caso da Raposa, decide contra a integridade da própria Pátria mesmo contrariando a opinião geral, mas quando está em jogo a ficha limpa, decide não decidir.

Penso comigo: foi por isto que empenhei a vida toda? Valeu a pena brigar por esta gente? Por estas instituições?

Diz o poeta que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Bonitas palavras, mas não são suficientes para impulsionar. Contudo me ressoa na mente o incentivo de minha mãe: “Cabeça erguida, soldado”! – Sim, contudo, ainda há gente boa em nosso País.

Dias difíceis estão a caminho. Tudo bem, se não houvesse dificuldades, a Pátria não precisaria de nós. Se ela necessitar de mim, me encontrará pronto, com a arma na mão. Afinal, como se diz na minha terra: “Não tá morto quem peleia”.

Que Deus guarde a todos vocês.


Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

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