RFI - Artigo publicado em 15 de Setembro de 2011 - Atualizado em 15 de Setembro de 2011
Oração na rua des Poissonniers, em Paris.
AFP PHOTO MIGUEL MEDINA
RFI
Responsáveis de duas mesquitas do18o arrondissement, bairro do norte de Paris, assinaram com o Estado francês, um acordo que permite acabar com as orações dos muçulmanos nas ruas da capital. As orações de rua serão proibidas a partir dessa sexta. Os muçulmanos terão que utilizar um quartel do Corpo de Bombeiros, transformado em lugar de culto, para realizar suas reuniões.
As orações acontecem na rua porque as duas mesquitas do bairro não têm capacidade para acolher os fiéis. Eles se reúnem no exterior dos prédios e oram nas calçadas e na rua. O quartel do corpo de bombeiros será transformado em mesquita improvisada, capaz de receber 2.700 fiéis, a partir dessa sexta-feira. Segundo o acordo, concluído na quarta-feira, o prédio dos bombeiros será alugado por 30.000 euros por ano, e poderá ser usado por três anos.
As reuniões geraram polêmica. Grupos de extrema-direita franceses se manifestaram contra o que chamaram de “islamização da França”. Marine Le Pen, presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, chegou a falar em dezembro do ano passado de uma “ocupação”, comparando a presença muçulmana na França à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial.
O ministro do Interior, Claude Guéant, um dos idealizadores da proposta, está determinado a acabar com as orações de rua, que serão oficialmente proibidas a partir dessa sexta-feira.
As obras para transformar o quartel em lugar para orações ainda não terminaram e o imã de uma das duas mesquitas do bairro, Mohamed Salah Hamza, teme um “clima de anarquia”. Segundo ele, as reivindicações dos fiéis muçulmanos não foram completamente satisfeitas, o carpete não foi instalado e a sala de abluções para mulheres ainda não foi realizada.
O tempo de utilização do lugar também não agrada os responsáveis muçulmanos que gostariam que os fiéis tivessem acesso ao local todos os dias. A polícia só autoriza que eles usem o quartel durante a oração de sexta-feira e em duas datas comemorativas.
A construção de um Instituto de culturas islâmicas deve acabar em 2013. A prefeitura de Paris vai investir 23 milhões de euros na parte cultural. Até lá, todas as orações de rua ficam proibidas.
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