"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, setembro 10, 2012

Sistema Colégio Militar

Em reportagem intitulada " Exército planeja ensino integal em todos os colégios militares até 2012", vi um comentário de Daniel Cara (coordenador da Campanha Nacional pelo Acesso à Educação) de que o "sistema dos colégios militares funciona em turmas homogêneas de alunos". 
Sinceramente não entendi onde está a homogeneidade. As únicas que percebo são o fato da gestão ser militar e de em todo o sistema há concurso de admissão. Demais, vejo muita heterogeneidade.
Na atualidade a maior parte de nossos alunos são provenientes de outra forma de acesso que não é o do concurso público. São filho de militares que são transferidos, ou de outra forma amparados. O percentual de não concursados no sistema hoje em dia é de aproximadamente 70%. São crianças que podem ingressar por exemplo no Colégio Militar de Porto Alegre vindas de São Gabriel da Cachoeira (AM) de onde o pai foi transferido. 
Dá para imaginar heterogeneidade maior do que essa? Uma criança vinda de um município de aproximadamente 39 mil habitantes, a 1.146 Km da capital (Manaus) e que faz fronteira com a Venezuela e Colômbia, vindo para uma capital de mais de 1,4 milhões de habitantes, com grande variedade cultural e de estrutura de ensino?
Essa realidade ocorre nos 12 colegios militares espalhados pelo país. A heterogeneidade em sala de aula é imensa. Considerando esses percentuais por exemplo, o sistema promove (claro que não em todos os casos) o acesso ao ensino superior da maioria dos alunos que não tiveram acesso ao ensino das grandes escolas privadas, nem tampouco, do próprio sistema até seu ingresso. A turma Moacyr Scliar (2011) teve 77 aprovados de 119 inscritos na UFRGS. Se levarmos em consideração as demais entidades de ensino superior esse percentual cresce, principalmente se observarmos o fato de que uma parte desses alunos ter realizado concurso para as escolas militares e não para as universidades gauchas.
Podemos concluir que o resultado de destaque dos Colégios Militares nas diversas estatísticas nacionais, são fruto de intenso trabalho e dedicação do seu corpo docente (civis e militares), assim como de toda a estrutura de apoio tanto administrativa, quanto disciplinar, para o principal objetivo do sistema que é a formação de cidadãos. 
Este modelo permite ao aluno oriundo de outro, que pouco o proveu de pré-requisitos, encerrar seu ciclo de ensino com total capacidade de buscar seus objetivos no ensino superior ou em outras atividades.
Então, novamente, não consigo entender onde Daniel Cara viu homogeneidade.

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