Enviado por luisnassif, qui, 07/03/2013 - 07:44
Por joao
Do Estado de Minas
Após anos de abandono, a obra da ferrovia foi retomada em 2007, em meio a corrupção
Sílvio Ribas - Estado de Minas
Basta uma visita a Uruaçu para ver
os estragos da corrupção antes e depois da interdição. O cenário é
desolador. O mato toma conta e as enxurradas das chuvas levaram terra e
cascalho, deixando em algumas partes trilhos levitando sobre o leito da
ferrovia. Há também risco ao meio ambiente e à segurança urbana gerados
pelos canteiros abandonados. A linha nova, com modernos dormentes de
concreto, grafados com as marcas Valec e Constran (construtora
contratada), e trilhos importados que enferrujam com a falta de
atividade, se contrasta com o claro descuido em volta.
Uruaçu (GO) – A obra da Ferrovia Norte-Sul (FNS) — a
maior da história do setor no Brasil e essencial para integrar trilhos
de todas as regiões e encurtar o caminho da exportação para diversos
setores da economia — completou 25 anos em 2012. Marcada pelas falhas na
elaboração e na execução do seu projeto e pelos desvios de recursos
públicos, seus trilhos poderiam estar ajudando a reduzir o chamado custo
Brasil, gerando empregos e abrindo frentes de negócios.
Mesmo depois de tanto tempo, o seu longo traçado original, 1,5 mil
quilômetros de Açailândia (MA) à Estrela D’Oeste (SP), a Norte-Sul teima
em não sair do papel e o adiamento de sua operação preocupa empresários
e especialistas. Edson Tavares, superintendente do porto seco de
Anápolis (GO), afirma que diversas indústrias estão prontas para operar
com contêineres vindos do litoral. “A chegada dos trens representaria
ainda a largada para vários investimentos”, completa.
Desde a sua retomada, em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, após quase duas décadas de total abandono, a União gastou R$ 6 bilhões, que foram insuficientes para torná-la realidade. Embora tecnicamente próxima da conclusão, a ferrovia que incorporou mais dois trechos, se estendendo até Barcarena (PI) e Panorama (SP), precisa de revisão em diferentes partes, sobretudo no trecho goiano.
Com demoradas paradas sofridas em virtude de escândalos de corrupção desde a primeira licitação, em 1987, no governo Sarney, ou de trâmites burocráticos, a obra sofreu um último baque em julho de 2011. Foi quando o engenheiro e político goiano José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-presidente da Valec Engenharia, estatal responsável pela construção da ferrovia, chegou a ser preso pela Polícia Federal, na operação Trem Pagador. Ele chefiou a empresa desde o começo da gestão petista, em 2003, tendo tido salto espetacular no patrimônio.
Os 680 quilômetros dos cinco lotes oficialmente em construção têm novo prazo para ser entregue até o fim do próximo ano, quando termina o mandato da presidente Dilma Rousseff. Até o momento, 15% das obras desse percurso estão prontas. Com orçamento total de US$ 6,7 bilhões, os trabalhos foram suspensos por causa dos escândalos do ex-presidente da Valec desbaratados pela PF e por relatórios do Tribunal de Contas da União de 2010, apontando superfaturamento em diferentes fases.
DESOLAÇÃO Preocupada em entregar a “espinha dorsal do país” ainda em seu governo, Dilma realizou uma faxina na Valec e no Ministério dos Transportes e aumentou a pressão política para acelerar o cronograma, sem mais “surpresas”. Ela visitou o ramal de Anápolis e o município de Goianira em março e avisou que só voltaria para inaugurar “a chegada do trem”, quando a Norte-Sul estaria operando de fato. Indiretamente, fazia alusão à repetida inauguração de trechos com apenas trilhos colocados, que marcou a gestão Lula. A presidente deu a entender que não mais desfilaria em locomotivas usadas em obras, cercada de políticos e assessores. “Quero ver a estrada funcionando, do Maranhão até aqui”, sublinhou.
Apesar da vontade da presidente, não há qualquer movimento da obra desde junho de 2011, pouco antes da prisão do presidente da Valec, diz um morador local. A cena mais impressionante é a do alojamento de máquinas da mineira SPA, que estava envolvida na obra com a Constran. Uma fila de tratores, caminhões e escavadeiras são consumidos pelo tempo. A construtora não respondeu aos pedidos de entrevista.
Desde a sua retomada, em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, após quase duas décadas de total abandono, a União gastou R$ 6 bilhões, que foram insuficientes para torná-la realidade. Embora tecnicamente próxima da conclusão, a ferrovia que incorporou mais dois trechos, se estendendo até Barcarena (PI) e Panorama (SP), precisa de revisão em diferentes partes, sobretudo no trecho goiano.
Com demoradas paradas sofridas em virtude de escândalos de corrupção desde a primeira licitação, em 1987, no governo Sarney, ou de trâmites burocráticos, a obra sofreu um último baque em julho de 2011. Foi quando o engenheiro e político goiano José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-presidente da Valec Engenharia, estatal responsável pela construção da ferrovia, chegou a ser preso pela Polícia Federal, na operação Trem Pagador. Ele chefiou a empresa desde o começo da gestão petista, em 2003, tendo tido salto espetacular no patrimônio.
Os 680 quilômetros dos cinco lotes oficialmente em construção têm novo prazo para ser entregue até o fim do próximo ano, quando termina o mandato da presidente Dilma Rousseff. Até o momento, 15% das obras desse percurso estão prontas. Com orçamento total de US$ 6,7 bilhões, os trabalhos foram suspensos por causa dos escândalos do ex-presidente da Valec desbaratados pela PF e por relatórios do Tribunal de Contas da União de 2010, apontando superfaturamento em diferentes fases.
DESOLAÇÃO Preocupada em entregar a “espinha dorsal do país” ainda em seu governo, Dilma realizou uma faxina na Valec e no Ministério dos Transportes e aumentou a pressão política para acelerar o cronograma, sem mais “surpresas”. Ela visitou o ramal de Anápolis e o município de Goianira em março e avisou que só voltaria para inaugurar “a chegada do trem”, quando a Norte-Sul estaria operando de fato. Indiretamente, fazia alusão à repetida inauguração de trechos com apenas trilhos colocados, que marcou a gestão Lula. A presidente deu a entender que não mais desfilaria em locomotivas usadas em obras, cercada de políticos e assessores. “Quero ver a estrada funcionando, do Maranhão até aqui”, sublinhou.
Apesar da vontade da presidente, não há qualquer movimento da obra desde junho de 2011, pouco antes da prisão do presidente da Valec, diz um morador local. A cena mais impressionante é a do alojamento de máquinas da mineira SPA, que estava envolvida na obra com a Constran. Uma fila de tratores, caminhões e escavadeiras são consumidos pelo tempo. A construtora não respondeu aos pedidos de entrevista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário