darussia.blogspot - Segunda-feira, Março 04, 2013
A figura do dirigente soviético José Estaline, que
faleceu há 60 anos, continua a provocar forte polémica e a dividir a
sociedade russa, e quase metade da população considera o seu papel
positivo.
No dia em que passam exatos 60 anos depois da sua morte,
as sondagens mostram que a popularidade do homem que dirigiu a URSS com
braço de ferro não pára de aumentar na Rússia.
"Em 1988, menos
de 1 por cento dos respondentes consideravam Estaline uma grande figura
que seria recordada dentro de 20-30 anos. Hoje, ele encontra-se na lista
das figuras mais significativas dessa época na consciência social",
constata Lev Gudkov, diretor do Centro Analítico Levada-Tsentr.
"Segundo
as sondagens, atualmente 48 por cento dos respondentes reconhecem o
papel positivo de Estaline, 22 por cento avaliam a sua personalidade de
forma extremamente negativa", acrescenta Gudkov, frisando que "em 1998,
60 por cento dos inquiridos olhavam para Estaline de forma negativa".
O
sociólogo explica este fenómeno com a "mudança de gerações, perda da
experiência pessoal, formação da sociedade de consumo, influência dos
media e da literatura".
Por outro lado, sondagens realizadas pelo
mesmo centro mostram que 60 por cento dos respondentes estão contra a
proposta de devolver à cidade de Volgogrado o nome de Estalinegrado e 56
por cento não apoiam a construção de um monumento ao ditador comunista
em Moscovo.
Estes sinais contraditórios são alimentados pelas posições ambíguas do Kremlin face ao antigo dirigente soviético.
"O
país mudou radicalmente, transformou-se de agrário em industrial, mas o
campesinato desapareceu? Vencemos a guerra [Segunda Guerra Mundial] e
ninguém tem direito a atirar pedras aos organizadores da vitória",
afirmou Vladimir Putin.
O marechal Gueorgui Jukov, um dos obreiros
da vitória soviética, escreveu sobre as qualidades militares de
Estaline: "Ele foi o criador de alguma operação? Sim, infelizmente. Uma
operação foi planeada e realizada no Báltico, na região de Libava, que
se repetiu várias vezes sem resultado e nada deu além de pesadas
baixas".
Guennadi Ziuganov, atual dirigente do Partido Comunista
da Federação da Rússia, tem uma opinião diferente: "A industrialização,
a vitória na Grande Guerra Pátria [Segunda Guerra Mundial], a
descoberta do átomo e exploração da energia atómica, os voos ao Espaço e
outros grandes feitos, bem como a imagem da grande potência URSS estão
inseparavelmente ligados ao nome de Estaline".
Alexandre
Burdonski, neto de Estaline e conhecido realizador de teatro, tem uma
explicação para a criação do mito em torno do seu avô: "Se na Rússia se
organizasse uma vida normal e se construísse um Estado normal, a
necessidade do mito, do ídolo, passaria cada vez mais para segundo
plano".
"Tal como aconteceu com Hitler na Alemanha, onde não passa
pela cabeça de ninguém discutir hoje sobre a atualidade dessa figura
política", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário