viomundo - publicado em 13 de março de 2013 às 13:34
Política de comunicação da presidenta Dilma leva mídia independente à pior crise desde a ditadura
12/3/2013 13:17
Por Redação – de São Paulo e Brasília (reprodução parcial)
A política de comunicação do governo Dilma conseguiu produzir, nesta
terça-feira, mais uma baixa entre uma das mais renomadas publicações da
esquerda brasileira. Distante dos anunciantes tradicionais no varejo,
que se vêem forçados a anunciar apenas nos diários de corporações
líderes de venda na imprensa brasileira, sob pena de perder as
negociações comerciais nestes veículos da mídia conservadora; e sem
qualquer reconhecimento por parte do poder público, sejam municipais,
estaduais ou federal, a revista Caros Amigos foi vítima da “asfixia financeira”, como classifica a agência brasileira de notícias Carta Maior,
promovida pela política em curso na Secretaria de Comunicação da
Presidência da República. Desde a ditadura militar, a mídia independente
no país vive sua pior crise.
A revista, fundada em 1997 por intelectuais e jornalistas, detentora
de sete distinções do prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, entra
em crise, a redação faz greve e é demitida. “Na origem do problema, a
asfixia financeira, decorrente das decisões do governo federal de
suprimir publicidade de utilidade pública nos veículos da mídia
alternativa. Criada pelo renomado jornalista Sergio de Souza, Caros Amigos
tornou-se uma referência pela qualidade de suas grandes reportagens e
entrevistas. A revista resistiu ao ciclo tucano dos anos 90, mas não
suportou os ‘critérios técnicos’ da Secom no governo Dilma, cuja
prioridade é concentrar recursos nos veículos conservadores”, afirma a Carta Maior, em sua edição desta terça-feira.
Opinião sensata
Em sua página em uma rede social, o cartunista e intelectual Gilberto Maringoni, que integra a redação da agência Carta Maior, escreveu sobre o drama vivido pela Caros Amigos.
“Vou dizer uma coisa e espero não ser mal interpretado. Não vale a pena atacar o editor da Caros Amigos,
Wagner Nabuco, como se ele fosse inteiramente responsável pela
dramática situação da revista. Sei perfeitamente o que é ficar sem
receber e sem ter direitos trabalhistas respeitados. Mas é injusto
demonizar Wagner como se fosse um patrão da grande imprensa, um Frias ou
Marinho da vida.
“Wagner batalha há mais de 30 anos pela transformação social e sofre o
cerco e o descaso de um governo que dá importância zero à pluralidade e
à democratização das comunicações. Estive com ele na Confecom, em 2009,
e sei das investidas que faz para manter a publicação. Sou inteiramente
solidário aos jornalistas de lá, muitos deles meus amigos. Eles devem
buscar fazer valer seus direitos. Mas é preciso centrar as baterias
contra o responsável principal por esta situação, o governo federal que
tem absoluta preferência pelos monopólios da mídia. Na situação em que
estamos, Caros Amigos será apenas a primeira a cair… Lamentavelmente”, prevê Maringoni.
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