luisnassif - sex, 03/05/2013 - 10:40
Por Marco Antonio L.
Da Carta Capital
Paulo Daniel
Quando a crise internacional explodiu, há pouco mais de cinco anos,
alguns diziam que o neoliberalismo estava derrotado. Outros mostraram
certa incredulidade no que observavam do processo econômico. Os mais
otimistas, porém, estavam ansiosos para, de fato, implementarem medidas
que contornassem a crise e pudesse provocar novos ciclos virtuosos na
economia global.
Infelizmente, exceto no combate à crise de confiança e crédito, nada de novo no front foi
nos apresentado. Pelo contrário. A tese segundo a qual o neoliberalismo
estava em xeque desmanchou-se no ar. As medidas para o enfrentamento da
crise foram, na realidade, a intensificação do neoliberalismo
implementado a partir dos anos oitenta.
Basta observar o que vem ocorrendo na Eurolândia: redução dos
direitos trabalhistas, demissões, contenção de gastos públicos etc. A
receita típica para concentração de capital e concentração da renda.
Isso sem contar a baixa credibilidade na política, haja vista, Itália e
Grécia. A primeira enfrentou seríssimas dificuldades em formar um
governo que coordenasse e implementasse, oxalá, novas formas de execução
de política econômica. A segunda optou-se por eleger ou omitir-se, em
não formar um governo que pudesse enfrentar a crise com certa altivez,
mesmo com desemprego em alta, equivalente a mais que o dobro da média do
bloco europeu, 12% da PEA (população economicamente ativa) sendo que
50% dos jovens gregos estão desempregados.
É praticamente comum, nas mais variadas opiniões, que o enfrentamento
dessa crisetenha mais contornos políticos do que econômicos. No
entanto, a política patina. Por quê? Por uma razão muito simples: as
grandes corporações estão no domínio sobre os ditames da política
econômica; portanto, mesmo com efêmeros avanços na política, como na
França, a margem de manobra de mudanças na condução econômica são
praticamente nulas, pois há um conjunto de engenhocas econômicas e
financeiras beneficiando o grande capital podendo interferir diretamente
nos rendimentos, podendo ameaçar sua competitividade, concentração e
liderança de mercado e, é claro, a chantagem ao desemprego. Neste
sentido, é mais do que evidente que conquistas daqueles(as) que vivem do
trabalho estão completamente ameaçados via arrocho salarial,
desemprego, redução e precarização das políticas públicas, sociais e de
previdência.
O vencedor desta batalha poderá ditar novas formas de organização
econômica e social como ocorreu no fim dos anos 70 e início dos anos 80,
contaminando todo planeta. Não vamos esquecer que os países mais pobres
ou menos desenvolvidos, principalmente na década de 90, viveram anos
funestos até o início da primeira década do século XXI.
Portanto, a crise europeia e sua possível solução atrasada ou tardia
nos interessa, não só devido às relações econômicas, comerciais e
financeiras, mas também porque é necessário saber como as grandes
corporações se comportarão frente ao novo cenário desenhado.
Aos curtoprazistas preocupados com a inflação do próximo mês e/ou se o
Banco Central elevará a Selic ou não, devemos pensar em como nos
preparar para o próximo passo, ou seja, em como enfrentaremos uma
possível nova onda neoliberal? E a competitividade de nossas indústrias?
A ampliação da renda e do investimento? Como e em que medidas o Estado
brasileiro será altivo em relação ao novo cenário? Para tal, dois
ingredientes são essenciais: educação e inovação tecnológica, além
daquilo que produzimos e representamos mundo afora na conjuntura
multipolarizada atual. Se nos reivindicamos capitalistas, então
deveremos pensar nas expectativas futuras e como construí-las.
Somente os iludidos acreditavam nisso. Quando os malefícios da globalização eram expostos por Joseph Stiglitz, Pedro-Pablo Kuczynski em seu livro: Depois do Consenso de Washington, já declarava que as medidas neoliberais não davam certo por problemas decorrentes da sua correta instalação por parte dos países, ou seja, se os adotassem de forma correta o neoliberalismo, o "Sr.Mercado" tudo resolveria.
É, "alguéns" da área econômica não estam com a leitura em dia.
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