A euforia do etanol pode acelerar a produção no Brasil a ponto de gerar um desequilíbrio entre oferta e demanda, afirmou nesta semana o investidor George Soros. "A menos que os mercados se abram para o etanol, provavelmente haverá produção demais", disse o americano, que visita o Brasil para participar de um encontro sobre etanol em São Paulo. A reportagem é da revista Exame, 05-06-2007.
Soros reclamou de "tarifas proibitivas" nos Estados Unidos e na Europa e de barreiras no Japão à entrada do combustível e declarou que é papel do Brasil reivindicar mudanças. "Tem de ser chamada a atenção dos países desenvolvidos, porque há uma super-oferta no Brasil e uma fome por biocombustíveis no mundo todo", disse o investidor.
Soros criticou principalmente os Estados Unidos, dizendo que os estados americanos estão atentos à necessidade de um combustível alternativo, ao contrário do governo federal. Segundo ele, o presidente George W. Bush está "deixando o problema para seu sucessor". Além do risco de uma demanda represada, os produtores de etanol também devem sofrer com as flutuações dos preços da cana até que se forme um mercado internacional de etanol. "A cana é suscetível à variação dos preços porque tem um período de crescimento de cinco anos", afirma.
Estes são temores que o próprio Soros enfrenta. Dono de uma fortuna de 8,5 bilhões de dólares, o americano de 76 anos é sócio, desde 2004, de uma empresa que está apostando no etanol brasileiro, a argentina Adecoagro, dona de negócios ligados a açúcar, álcool, café e algodão. A companhia já possui uma usina em Minas Gerais, adquirida em 2005, que produz 30 milhões de litros de etanol, além de fazendas cafeicultoras e algodoeiras na Bahia. Em 2006, os sócios - brasileiros e estrangeiros - da Adecoagro decidiram expandir as operações de álcool e investir 900 milhões de dólares na construção de três novas usinas de etanol no Mato Grosso do Sul. O empreendimento deve ficar pronto entre 2011 e 2015, e será capaz de produzir 1 bilhão de litros do combustível, que serão vendidos para o mercado interno e externo. A primeira das usinas iniciará as operações já em meados de 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário