Lendo reportagem sobre Lampião na Carta desta semana lembrei-me de minha infância e adolescência. Não que tenha convivido com o bando (não sou tão velho assim), mas sou o quinto filho (chamado de temporão pela distância em relação aos demais irmãos) de uma maravilhosa mãe que nesse ano completa 92 anos.
Ouvi relatos de minha mãe (originada, assim como meus irmãos do legítimo sertão cearense, na cidade de Senador Pompeu) nessa fase da minha vida sobre sua infância no sertão. De como seus pais que tinham uma prole numerosa, para controlarem as fugas dos filhos pelo sertão adentro, incutiam neles o medo de Lampião. Do cangaceiro, que poderia pegá-los logo ali. É claro que minha mãe, assim como os irmãos não sabiam que as andanças do bando de Lampião pelo Ceará eram escassas e assim temiam um encontro fortuito.
Mas, a um bom tempo me entristece não ter tido na época o discernimento de gravar tais relatos. As estórias sobre Lampião, as disputas políticas entre os coronéis da época , entre tantos outros fatos. E hoje estar a 4.200Km de distância com ela já tão senil e com as memórias embotadas.
Recordo-me ter comentado sobre isso com o grande mestre Ricardo Fitz (professor de história e sociologia do CMPA), em que este me relatou ter acontecido com ele algo semelhante, em que conheceu um uruguaio que havia participado da Coluna Prestes, e que lhe relatou ter sido Prestes alguém a ser trabalhado e doutrinado (nada conhecia de comunismo ou algo do tipo).
O Ricardo então marcou uma data de entrevista com o tal senhor para coletar as informações sobre o doutrinamento e detalhes da Coluna. Só que antes precisava se preparar bem para a entrevista, coletou informações disponíveis nos mais diversos meios de pesquisa e por isso a entrevista não havia sido marcada para uma data próxima. O que aconteceu? Bem quando chegou próximo à data, essa rica fonte de dados veio a falecer e levou consigo muitas informações do período.
Pessoas como a entrevistada na Carta, devem ser procuradas e entrevistadas com a maior riqueza de detalhes para que possamos entender todo o processo histórico e social de tais acontecimentos. E mesmo, não tão preparados assim, devemos buscar logo fontes de períodos tão remotos, pois há sempre o risco de perda de tais informações.
Apenas como detalhe. Lampião tinha esse apelido devido a velocidade com a qual disparava sua arma através de uma mudança no seu mecanismo de disparo. Como na época as fagulhas de pólvora resultantes do processo do disparo eram intensas, o brilho de sua parecia não se apagar, daí o Lampião.
Visitei em 1999 a área onde Lampião morreu, assim como o Museu do Cangaço que lá foi feito. Também fui a Xingó, ao Cânion (belíssimo por sinal) e para minha bela surpresa conheci o MAX (Museu Arqueológico do Xingó) que espero tenha continuado a receber recursos para sua manutenção, que apresentava uma grande coleção de múmias indígenas retiradas dos mais diversos sitios arqueológicos que ficaram debaixo das águas de Xingó. Tais belezas precisam ser mostradas e dadas ao conhecimento do povo brasileiro. O Nordeste não é só praias bonitas, o sertão, assim como as áreas serranas mais úmidas também tem o seu encanto.
Ouvi relatos de minha mãe (originada, assim como meus irmãos do legítimo sertão cearense, na cidade de Senador Pompeu) nessa fase da minha vida sobre sua infância no sertão. De como seus pais que tinham uma prole numerosa, para controlarem as fugas dos filhos pelo sertão adentro, incutiam neles o medo de Lampião. Do cangaceiro, que poderia pegá-los logo ali. É claro que minha mãe, assim como os irmãos não sabiam que as andanças do bando de Lampião pelo Ceará eram escassas e assim temiam um encontro fortuito.
Mas, a um bom tempo me entristece não ter tido na época o discernimento de gravar tais relatos. As estórias sobre Lampião, as disputas políticas entre os coronéis da época , entre tantos outros fatos. E hoje estar a 4.200Km de distância com ela já tão senil e com as memórias embotadas.
Recordo-me ter comentado sobre isso com o grande mestre Ricardo Fitz (professor de história e sociologia do CMPA), em que este me relatou ter acontecido com ele algo semelhante, em que conheceu um uruguaio que havia participado da Coluna Prestes, e que lhe relatou ter sido Prestes alguém a ser trabalhado e doutrinado (nada conhecia de comunismo ou algo do tipo).
O Ricardo então marcou uma data de entrevista com o tal senhor para coletar as informações sobre o doutrinamento e detalhes da Coluna. Só que antes precisava se preparar bem para a entrevista, coletou informações disponíveis nos mais diversos meios de pesquisa e por isso a entrevista não havia sido marcada para uma data próxima. O que aconteceu? Bem quando chegou próximo à data, essa rica fonte de dados veio a falecer e levou consigo muitas informações do período.
Pessoas como a entrevistada na Carta, devem ser procuradas e entrevistadas com a maior riqueza de detalhes para que possamos entender todo o processo histórico e social de tais acontecimentos. E mesmo, não tão preparados assim, devemos buscar logo fontes de períodos tão remotos, pois há sempre o risco de perda de tais informações.
Apenas como detalhe. Lampião tinha esse apelido devido a velocidade com a qual disparava sua arma através de uma mudança no seu mecanismo de disparo. Como na época as fagulhas de pólvora resultantes do processo do disparo eram intensas, o brilho de sua parecia não se apagar, daí o Lampião.
Visitei em 1999 a área onde Lampião morreu, assim como o Museu do Cangaço que lá foi feito. Também fui a Xingó, ao Cânion (belíssimo por sinal) e para minha bela surpresa conheci o MAX (Museu Arqueológico do Xingó) que espero tenha continuado a receber recursos para sua manutenção, que apresentava uma grande coleção de múmias indígenas retiradas dos mais diversos sitios arqueológicos que ficaram debaixo das águas de Xingó. Tais belezas precisam ser mostradas e dadas ao conhecimento do povo brasileiro. O Nordeste não é só praias bonitas, o sertão, assim como as áreas serranas mais úmidas também tem o seu encanto.
Virgulino Ferreira da Silva | |
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Nascimento | 7 de julho de 1898[1] Serra Talhada, PE |
Morte | 28 de julho de 1938 (40 anos) Fazenda Angicos, Poço Redondo, SE |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | Cangaceiro |
Cônjuge | Maria Bonita |
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