Parece cada vez mais provável uma
intervenção militar estrangeira na Síria para derrubar o regime de Bashar
Assad, o que poderá provocar um conflito de grandes proporções no Médio Oriente
e no Norte de África.
Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Turquia e alguns
países árabes não escondem que estão prontos a enviar tropas suas para apoiarem
a oposição síria a derrotar Bashar Assad.
Do outro lado, o Irão e o movimento Hezbollah prometem
fazer a vida negra aos invasores.
A Rússia e a China estão contra qualquer intervenção
internacional na Síria à revelia do Conselho de Segurança da ONU, mas, não
obstante a retórica dura vinda principalmente de Moscovo, estes países não irão
intervir militarmente no conflito. No melhor dos casos, poderão continuar a
fornecer armas à Síria e ao Irão. POR exemplo, o Kremlin pode decidir fornecer
a Teerão sistemas de defesa antimíssil S-300.
Claro que, devido à sua situação geográfica, Israel
não poderá ficar de fora, devendo juntar-se à coligação anti-Assad.
O argumento para intervenção militar já foi
encontrado: as forças armadas sírias empregaram armas químicas nos arredores de
Damasco, matando centenas de pessoas. Mas aqui coloca-se uma questão: será que
Assad e a sua corte estão completamente loucos para se exporem assim a uma
intervenção externa? Não será isto a repetição do que aconteceu no Iraque, em
que a opinião pública foi simplesmente enganada?
Quanto à chegada da missão de observadores da ONU,
Laurent Fabius, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, já veio dizer que
ela está atrasada.
O destino do atual regime sírio parece estar
predeterminado.
Segundo alguns analistas militares, a coligação
anti-Assad poderá necessitar de uma ou duas semanas para derrubar o regime de
Damasco, mas o pior virá depois. A Síria irá transformar-se em mais um foco de
instabilidade na região, juntando-se ao Iraque, Egito, Líbia, etc.
Além disso, tendo em conta o provável envolvimento do
Irão no conflito, não se pode pôr de lado a possibilidade de os Estados Unidos,
Israel e seus aliados tentarem resolver também o “problema iraniano”, tentando
travar o “programa nuclear de Teerão”, que poderá passar pelo bombardeamento da
Central Nuclear de Busher, etc.
Como tem mostrado a prática, os conflitos nestas
regiões têm levado ao reforço de forças políticas extremistas como é o caso da
Irmandade Muçulmana. Na Síria, país multinacional e multiconfissional, o
resultado deverá ser a desintegração do país e um longo período de
instabilidade.
Com isto não pretendo defender o regime de
Bashar-Assad, que tem sérias responsabilidades na origem do conflito na Síria,
mas também seria errado idealizar a oposição ao regime, ou mais precisamente,
as oposições.
Nesta situação, a comunidade internacional não
conseguiu, mais uma vez, encontrar uma solução para o conflito sírio no seu
início, sendo o Conselho de Segurança da ONU um espelho da total impotência.
Uma guerra de grandes dimensões parece inevitável e
poderá transbordar do Médio Oriente.
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