Estava ainda a pouco ouvindo a Band News Fm, onde estava sendo transmitido o programa com Rosely Sayão. A temática (pelo menos da parte que eu ouvi) era sobre o uso de maquiagem, salões de beleza e indumentárias por parte de meninas que ainda não estão na idade para fazê-lo.
Impressiona-me como pais conseguem ter um grau tão alto de idiotia para permitir que algo assim seja feito.
Permitir que crianças usem salto, coisa que qualquer ortopedista indicaria como incorreto (por sinal, qual é a razão de nas caixas desses sapatos não ter um aviso de dano a saude como acontece nas embalagens de cigarro?), maquiagem em uma idade precoce, ou mesmo induzir o uso de roupas que são adequadas a uma idade mais adulta.
Reconheço que lutar contra uma propaganda imbecilizante feita por “modelos de conduta”, como Xuxa e divesos ídolos infantis, que aparecem principalmente com suas danças erotizantes é complicado, mas acredito que deva isso se transformar em uma obsessão por parte dos pais. Devemos pensar que, a não ser o que entra pela TV (que mesmo assim podemos filtrar programas e horários), todo o resto só chega a propriedade da criança por nossa responsabilidade. Somos nós os pais que adquirimos os produtos, e é nossa responsabilidade filtrar esse acesso.
Esse é um tema duro, principalmente porquê a legislação brasileira, é do Conar, ou seja, autoregulação (recomenda, mas não tem força de lei).
Com relação ao merchandising parece brincadeira de mau gosto. O presidente de Conar Gilberto Leifert, considera que crianças e adolescentes só serão cidadãos responsáveis e conscientes em relação ao consumo se forem atingidas por publicidade. ???? Desculpem-me, mas é uma declaração tão estapafúrdia que só consegue me causar uma sensação de “O QUE É ISSO?”. Quer dizer que as crianças e adolescentes serem bombardeadas por merchandising consumista vai deixá-las mais responsáveis? Como? Expliquem-me como? Porquê sinceramente não consigo enxergar onde a criticidade é produzida em poucos segundos cujo objetivo principal é garantir a comercialização e o lucro. Em outros países, a legislação sobre o assunto proíbe que sejam veículadas peças publicitárias direcionadas ao público infantil até mesmo nos intervalos comerciais dos programas voltados a esse público. E o Conar me vem com essa… menos, bem menos Sr. Gilberto Leifert.
Voltando à questão dos pais. Já publiquei aqui anteriormente, mas voltarei a carga. O que os pais, principalmente as mães (malucas que levam as crianças aos salões ou lhes compram roupas que não são adequadas) não percebem, é que, a erotização preococe da criança rouba uma parte muito bela da vida. Meninas não conseguem correr porquê estão de salto, não “devem” correr porquê vão estragar a produção do salão, etc.
Outra consequência extremamente desagradável, é que esse tipo de roupa se transforma em um atrativo aos pedófilos. Li um artigo sobre pedofília e facebook, e após lê-lo tenho cada vez mais a certeza de que minha decisão de proibir meu filho mais novo (que agora tem 14 anos) e minha filha (com 13) de terem facebook, twitter ou qualquer uma dessas redes sociais é acertada. Sou constantemente bombardeado com tentativas e argumentos do tipo “todos meus amigos tem”, mas não dá para ceder a esse tipo de argumento que não se sustenta. Porquê será que no facebook e outras redes sociais a idade mínima era de 18 anos? Agora se reduziu para 13 pelo fato dos adolescentes falsificarem a idade. Mas, a falsificação da idade era feita com a permissividade ou displicência dos pais. Será que isso por si só já não demonstra que essa atitude é um equívoco? Somos uma geração de vários equívocos, e estamos produzindo uma série de barbaridades com as novas gerações.
Interessante é que críticas nesse quesito são encontradas até mesmo contra a ONU. Já bati muito nessa tecla. As pessoas esquecem que a ONU é um orgão politico. E enquanto orgão político pode e muitas vezes o é, manipulada pelos países que tem mais poder.
Gostaria de lembrar aos leitores que para as corporações não é uma questão de certo ou errado, é uma questão de ter lucro ou não ter lucro. E nesse caso não se admite a discussão moral da corporação, pois ela (apesar dos advogados terem criado a personificação das corporações) não é uma pessoa, e em ultima estância está realizando o objetivo para qual foi criada, que é garantir lucro a seus investidores.
Cabe a nós enquanto sociedade e pais, lutar contra a permanência de tal estados das coisas. Criticidade é o que nos falta.
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