Ataque contra xiitas mata 161 no Iraque
Bombas explodem em mercados e praças de bairro de Bagdá, no pior ataque desde 2003; governo fecha os aeroportos
Sunitas atacam também ministério, em confronto de três horas, e revide xiita mata dez; líderes de três facções vão à TV pedir calma
DA REDAÇÃO
Pelo menos 161 pessoas morreram e 257 ficaram feridas ontem, na mais devastadora série de ataques desde a invasão do Iraque, em março de 2003. Cinco carros-bomba e dois morteiros explodiram numa ação coordenada, no distrito xiita de Sadr City, periferia de Bagdá. O caos que se seguiu levou o governo a determinar toque de recolher por tempo indeterminado e a fechar os aeroportos de Bagdá e Basra -que teve também o porto interditado-, praticamente isolando o país.
Os xiitas revidaram quase imediatamente aos atentados, com três ataques com morteiros a alvos sunitas, matando dez pessoas e ferindo 35. Mais cedo, insurgentes sunitas já haviam atacado o Ministério da Saúde, chefiado por um xiita, numa batalha que se estendeu por três horas e só acabou após a intervenção de tanques iraquianos e helicópteros dos EUA.
O distrito de Sadr City é o quartel-general da milícia xiita Exército Mehdi, fiel ao clérigo xiita Muqtada al Sadr. A milícia é acusada pela morte de milhares de sunitas e pelo seqüestro de dezenas no Ministério do Ensino Superior, chefiado por sunitas, no dia 14.
Altas autoridades tiveram uma reunião de emergência na casa do líder do maior partido xiita, Abdul Aziz al Hakim. O presidente Jalal Talabani, curdo, o vice Tariq al Hashimi, sunita, e o embaixador dos EUA, Zalmay Khalilzad, estavam presentes. Os três líderes iraquianos foram à TV pedir calma à população e exortar os políticos a trabalharem pela redução da tensão sectária. "Pedimos a revisão dos planos de segurança do governo para Bagdá, para proteger civis inocentes", disseram.
O premiê, o xiita Nuri al Maliki, também na TV, rogou à população que "evite agir no calor dos acontecimentos". Os últimos apelos do tipo foram feitos em fevereiro, após a destruição de um templo xiita, mas a violência só cresceu desde então.
A Casa Branca condenou os "atos de violência sem sentido que claramente têm como objetivo diminuir a esperança do povo iraquiano em um Iraque pacífico e estável".
Bagdá fora da rota
Os eventos de ontem, que elevam a novo patamar a violência, acentuam o fracasso da ação dos EUA, que debate alternativas para sua atual política no Iraque desde a derrota republicana nas eleições legislativas do último dia 7 de novembro. Nos próximos dias, tanto o presidente George W. Bush quanto seu vice, Dick Cheney, estarão no Oriente Médio para discutir o caos no Iraque.
Mas nenhum dos dois vai a Bagdá. Cheney chega hoje à Arábia Saudita, onde espera obter do rei Abdullah a promessa de pressionar os sunitas. Já Bush vai na próxima semana à região se encontrar com Maliki. A reunião vai ocorrer na Jordânia. Numa outra mostra da piora do quadro, nenhuma alta autoridade foi ao país celebrar o Dia de Ação de Graças com os soldados -há três anos, o próprio Bush encontrou as tropas.
Entre as opções que estão sendo cogitadas pelo governo americano está o envio de mais 20 mil ou 30 mil soldados ao Iraque, para se unir aos 141 mil já no país. Mas os últimos eventos mostram que o aumento das tropas pode não ser suficiente.
A ação em Sadr City ocorreu à tarde. Suicidas explodiram três carros-bomba em seqüência, em intervalos de 15 minutos, em dois mercados e uma praça. Ao mesmo tempo, dois morteiros atingiram duas praças.
Outros dois carros-bomba explodiram ao mesmo tempo -um no centro do distrito e outro junto ao quartel-general do Sadr. Um sexto carro foi interceptado pela polícia e detonado em segurança.
As explosões deixaram as ruas cheias de corpos em chamas, de adultos e crianças, e cobertas de sangue. Moradores corriam de um lado para o outro à procura de familiares, enquanto militantes gritavam contra os sunitas e atiravam para o alto. No total, 233 pessoas foram mortas ou tiveram os corpos encontrados ontem.
Com agências internacionais
Bombas explodem em mercados e praças de bairro de Bagdá, no pior ataque desde 2003; governo fecha os aeroportos
Sunitas atacam também ministério, em confronto de três horas, e revide xiita mata dez; líderes de três facções vão à TV pedir calma
DA REDAÇÃO
Pelo menos 161 pessoas morreram e 257 ficaram feridas ontem, na mais devastadora série de ataques desde a invasão do Iraque, em março de 2003. Cinco carros-bomba e dois morteiros explodiram numa ação coordenada, no distrito xiita de Sadr City, periferia de Bagdá. O caos que se seguiu levou o governo a determinar toque de recolher por tempo indeterminado e a fechar os aeroportos de Bagdá e Basra -que teve também o porto interditado-, praticamente isolando o país.
Os xiitas revidaram quase imediatamente aos atentados, com três ataques com morteiros a alvos sunitas, matando dez pessoas e ferindo 35. Mais cedo, insurgentes sunitas já haviam atacado o Ministério da Saúde, chefiado por um xiita, numa batalha que se estendeu por três horas e só acabou após a intervenção de tanques iraquianos e helicópteros dos EUA.
O distrito de Sadr City é o quartel-general da milícia xiita Exército Mehdi, fiel ao clérigo xiita Muqtada al Sadr. A milícia é acusada pela morte de milhares de sunitas e pelo seqüestro de dezenas no Ministério do Ensino Superior, chefiado por sunitas, no dia 14.
Altas autoridades tiveram uma reunião de emergência na casa do líder do maior partido xiita, Abdul Aziz al Hakim. O presidente Jalal Talabani, curdo, o vice Tariq al Hashimi, sunita, e o embaixador dos EUA, Zalmay Khalilzad, estavam presentes. Os três líderes iraquianos foram à TV pedir calma à população e exortar os políticos a trabalharem pela redução da tensão sectária. "Pedimos a revisão dos planos de segurança do governo para Bagdá, para proteger civis inocentes", disseram.
O premiê, o xiita Nuri al Maliki, também na TV, rogou à população que "evite agir no calor dos acontecimentos". Os últimos apelos do tipo foram feitos em fevereiro, após a destruição de um templo xiita, mas a violência só cresceu desde então.
A Casa Branca condenou os "atos de violência sem sentido que claramente têm como objetivo diminuir a esperança do povo iraquiano em um Iraque pacífico e estável".
Bagdá fora da rota
Os eventos de ontem, que elevam a novo patamar a violência, acentuam o fracasso da ação dos EUA, que debate alternativas para sua atual política no Iraque desde a derrota republicana nas eleições legislativas do último dia 7 de novembro. Nos próximos dias, tanto o presidente George W. Bush quanto seu vice, Dick Cheney, estarão no Oriente Médio para discutir o caos no Iraque.
Mas nenhum dos dois vai a Bagdá. Cheney chega hoje à Arábia Saudita, onde espera obter do rei Abdullah a promessa de pressionar os sunitas. Já Bush vai na próxima semana à região se encontrar com Maliki. A reunião vai ocorrer na Jordânia. Numa outra mostra da piora do quadro, nenhuma alta autoridade foi ao país celebrar o Dia de Ação de Graças com os soldados -há três anos, o próprio Bush encontrou as tropas.
Entre as opções que estão sendo cogitadas pelo governo americano está o envio de mais 20 mil ou 30 mil soldados ao Iraque, para se unir aos 141 mil já no país. Mas os últimos eventos mostram que o aumento das tropas pode não ser suficiente.
A ação em Sadr City ocorreu à tarde. Suicidas explodiram três carros-bomba em seqüência, em intervalos de 15 minutos, em dois mercados e uma praça. Ao mesmo tempo, dois morteiros atingiram duas praças.
Outros dois carros-bomba explodiram ao mesmo tempo -um no centro do distrito e outro junto ao quartel-general do Sadr. Um sexto carro foi interceptado pela polícia e detonado em segurança.
As explosões deixaram as ruas cheias de corpos em chamas, de adultos e crianças, e cobertas de sangue. Moradores corriam de um lado para o outro à procura de familiares, enquanto militantes gritavam contra os sunitas e atiravam para o alto. No total, 233 pessoas foram mortas ou tiveram os corpos encontrados ontem.
Com agências internacionais
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