Especialistas criticam estratégia policial
Professor diz que combate ao tráfico é priorizado e crimes nas ruas, menosprezados
O assassinato de Ana Cristina Johannpeter reacendeu a discussão entre especialistas em segurança sobre a banalização da violência. A vítima foi baleada quando estava tirando o relógio. O médico Marcelo Câmara, chefe do plantão do Hospital Miguel Couto anteontem à noite, contou a conversa que teve com uma das filhas de Ana Cristina:
- A moça me disse que a mãe estava entregando tudo, quando o rapaz se descontrolou e, subitamente, atirou - disse Câmara, acrescentando que, sangrando muito, Ana Cristina chegou a ser levada para o centro cirúrgico.
Para o psiquiatra Marco Antônio Brasil, chefe do Serviço de Psicologia Médica e Saúde Mental do Hospital do Fundão, pessoas que se tornam assassinas são criadas num ambiente em que a vida humana não tem valor.
- Essas pessoas aprendem a banalizar a morte - afirmou Brasil. - Mas elas não são pessoas doentes, não têm nenhum transtorno psiquiátrico. São produtos de uma sociedade doente.
O cientista social e professor da Uerj Geraldo Tadeu Monteiro ressaltou que a morte de Ana Cristina é mais um caso a indicar que, hoje, já não há mais bairros e ruas a salvo da delinqüência cotidiana, não ligada ao crime organizado. O caso mostra ainda, segundo Monteiro, que a estratégia da Secretaria de Segurança, de privilegiar a prisão de chefes do tráfico, está errada:
- Falta estratégia para combater a criminalidade comum, o que aumenta a sensação de insegurança e banaliza a violência - acrescentou ele.
O professor Marcelo Bretas, doutor em história e que tem estudos sobre polícia, também destacou que, hoje, o nível de violência está tão alto que matar passou a ser algo fácil.
- Antes, tirar a vida de alguém incomodava ao próprio autor. Hoje, ele mata e vai em frente.
Professor diz que combate ao tráfico é priorizado e crimes nas ruas, menosprezados
O assassinato de Ana Cristina Johannpeter reacendeu a discussão entre especialistas em segurança sobre a banalização da violência. A vítima foi baleada quando estava tirando o relógio. O médico Marcelo Câmara, chefe do plantão do Hospital Miguel Couto anteontem à noite, contou a conversa que teve com uma das filhas de Ana Cristina:
- A moça me disse que a mãe estava entregando tudo, quando o rapaz se descontrolou e, subitamente, atirou - disse Câmara, acrescentando que, sangrando muito, Ana Cristina chegou a ser levada para o centro cirúrgico.
Para o psiquiatra Marco Antônio Brasil, chefe do Serviço de Psicologia Médica e Saúde Mental do Hospital do Fundão, pessoas que se tornam assassinas são criadas num ambiente em que a vida humana não tem valor.
- Essas pessoas aprendem a banalizar a morte - afirmou Brasil. - Mas elas não são pessoas doentes, não têm nenhum transtorno psiquiátrico. São produtos de uma sociedade doente.
O cientista social e professor da Uerj Geraldo Tadeu Monteiro ressaltou que a morte de Ana Cristina é mais um caso a indicar que, hoje, já não há mais bairros e ruas a salvo da delinqüência cotidiana, não ligada ao crime organizado. O caso mostra ainda, segundo Monteiro, que a estratégia da Secretaria de Segurança, de privilegiar a prisão de chefes do tráfico, está errada:
- Falta estratégia para combater a criminalidade comum, o que aumenta a sensação de insegurança e banaliza a violência - acrescentou ele.
O professor Marcelo Bretas, doutor em história e que tem estudos sobre polícia, também destacou que, hoje, o nível de violência está tão alto que matar passou a ser algo fácil.
- Antes, tirar a vida de alguém incomodava ao próprio autor. Hoje, ele mata e vai em frente.
As punições existem, mas não são suficientes para desestimular os homicídios - disse Bretas, acrescentando que a morte de Ana Cristina fará reacender o debate sobre a antecipação da maioridade penal.
Para o professor da Uerj Ignácio Cano, o nível de brutalidade chegou a tal ponto que, a qualquer sinal que possa ser interpretado como uma reação, tanto bandidos como policiais atiram:
- É um ciclo de violência. Ou seja, os criminosos estão mais violentos, a polícia responde com mais violência, e os criminosos acham que não têm nada a perder. A saída está em pacificar a cidade, reduzir as taxas de homicídio. A polícia deveria usar mais a inteligência e a investigação e priorizar os homicídios.
A cientista social Leonarda Musumeci, coordenadora de pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, também chamou a atenção para as altas taxas de homicídio no Rio: 40 por cem mil, segundo a polícia, e 50 por cem mil, de acordo com o DataSus.
- No últimos 15 anos, tivemos 7 mil assassinatos por ano, em média. A taxa de homicídios se mantém em patamar alto. E não estamos levando em conta os desaparecidos. Banalizou-se tanto a violência que nem se enxerga mais. Baixar a taxa de homicídios é o grande desafio - diz.
A banalização das armas de fogo foi lembrada ainda por Leonarda:
- A facilidade de conseguir uma arma de fogo e a falta de controle das autoridades sobre esse armamento contribuem para o aumento da violência.
Para o professor da Uerj Ignácio Cano, o nível de brutalidade chegou a tal ponto que, a qualquer sinal que possa ser interpretado como uma reação, tanto bandidos como policiais atiram:
- É um ciclo de violência. Ou seja, os criminosos estão mais violentos, a polícia responde com mais violência, e os criminosos acham que não têm nada a perder. A saída está em pacificar a cidade, reduzir as taxas de homicídio. A polícia deveria usar mais a inteligência e a investigação e priorizar os homicídios.
A cientista social Leonarda Musumeci, coordenadora de pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes, também chamou a atenção para as altas taxas de homicídio no Rio: 40 por cem mil, segundo a polícia, e 50 por cem mil, de acordo com o DataSus.
- No últimos 15 anos, tivemos 7 mil assassinatos por ano, em média. A taxa de homicídios se mantém em patamar alto. E não estamos levando em conta os desaparecidos. Banalizou-se tanto a violência que nem se enxerga mais. Baixar a taxa de homicídios é o grande desafio - diz.
A banalização das armas de fogo foi lembrada ainda por Leonarda:
- A facilidade de conseguir uma arma de fogo e a falta de controle das autoridades sobre esse armamento contribuem para o aumento da violência.
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